Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Sonhei que
eu ia fumar narguilé com algumas pessoas. Na psicanálise, os sonhos são frequentemente
vistos como uma expressão dos desejos inconscientes. No seu sonho, a ação de
fumar narguilé com outras pessoas pode representar um desejo de experimentar
prazer ou descontração em um ambiente social. Vamos olhar para alguns elementos
importantes que ajudam a entender essa experiência onírica.
O
Ato de Fumar: Fumar, na psicanálise, pode simbolizar o prazer derivado da
oralidade, que remonta à fase oral do desenvolvimento psicossexual descrita por
Freud. Nessa fase, o indivíduo busca prazer através da boca (como quando os
bebês exploram o mundo colocando objetos na boca). Então, o ato de fumar no
sonho pode sugerir um desejo inconsciente de satisfação e conforto emocional,
talvez para aliviar uma tensão ou angústia.
A
Presença de Outras Pessoas: A presença de pessoas ao seu redor enquanto fuma
pode ser um símbolo do desejo de pertencer ou de estar em harmonia com outras
pessoas. Essa convivência social pode representar a busca por aceitação e
companhia, ou o desejo de compartilhar um momento de prazer coletivo. Isso
poderia refletir uma parte do seu "ego" que busca aceitação e
reconhecimento por parte de um grupo social.
Possíveis
Censuras do Superego: O "superego" é a parte da mente que age como um
censor moral e ético. O sonho de fumar pode também representar algum conflito
entre o desejo de relaxar ou aproveitar e as normas e valores internalizados
que podem julgar esse ato como impróprio ou errado. Se você sente,
conscientemente ou não, que fumar é algo inapropriado, isso poderia criar um
conflito interno entre o que você deseja (representado pelo "id") e
as regras que você aprendeu e internalizou (representadas pelo "superego").
O
Papel do Id, Ego e Superego: Neste sonho, seu "id" pode estar
expressando um desejo de prazer e liberdade, enquanto seu "superego"
talvez reaja com alguma censura ou moralização sobre fumar. O "ego",
que tenta equilibrar esses impulsos, apresenta isso em forma de um sonho, como
uma maneira de satisfazer o desejo de fumar sem realmente realizar o ato, o que
o deixaria em conflito com seus valores morais e sociais.
Assim,
de forma simplificada, o sonho pode indicar um desejo inconsciente de relaxar,
de estar em um ambiente de prazer social, mas talvez com algum grau de
autocensura. Esse sonho pode estar trazendo à tona essa busca por equilíbrio
entre seus impulsos e o que você considera certo ou aceitável.
Na
psicanálise, o narguilé pode ter simbolismos profundos, especialmente em
sonhos, refletindo significados ligados ao prazer, à socialização, à busca por
satisfação emocional, e até à transgressão de normas. Vamos explorar alguns
desses simbolismos:
Prazer
Oral: Fumar narguilé pode remeter ao prazer da fase oral, segundo Freud, que
envolve o uso da boca como fonte de satisfação. Esse símbolo pode indicar um
desejo de prazer sensorial, seja para lidar com tensões, ansiedade ou para
buscar conforto emocional.
Socialização
e Pertencimento: O narguilé é tradicionalmente consumido em grupo, com pessoas
se revezando. No sonho, ele pode representar a busca por conexão social e o
desejo de fazer parte de um grupo, ou até de compartilhar momentos de
intimidade e descontração. Isso pode sugerir a necessidade de aceitação,
pertencimento ou interação social.
Relaxamento
e Fuga: O narguilé pode simbolizar a busca por uma "fuga" temporária
dos problemas, indicando que o sonhador pode estar em busca de alívio de
preocupações ou da rotina. Isso reflete o desejo inconsciente de relaxamento e
de deixar de lado responsabilidades ou tensões.
Transgressão
e Rebeldia: Para algumas pessoas, fumar (mesmo narguilé) pode simbolizar uma
transgressão, especialmente se isso é considerado inaceitável na família ou no
círculo social. Esse simbolismo pode indicar desejos inconscientes de quebrar
normas, de desafiar limites ou, até mesmo, de explorar novos prazeres que o
"superego" tende a censurar.
Vazio
Existencial ou Emocional: Em alguns casos, o ato de fumar pode simbolizar uma
tentativa de preencher um vazio interno. Se a pessoa no sonho está buscando
satisfação ou preenchimento através do ato de fumar, isso pode indicar uma
necessidade emocional ou uma busca inconsciente por algo que falta na vida do
sonhador.
Esses
simbolismos se combinam de formas únicas para cada pessoa, e o contexto do seu
sonho e sua relação pessoal com o narguilé podem oferecer mais pistas sobre o
significado. No contexto do seu sonho, o mecanismo de defesa da fuga da
realidade é acionado pelo ego como uma maneira de lidar com possíveis tensões,
angústias ou insatisfações que podem estar presentes na vida consciente. Esse
mecanismo permite que o ego encontre alívio temporário, escapando para uma
realidade alternativa onde o prazer e o relaxamento são priorizados, mesmo que
apenas simbolicamente. Vamos ver como isso se manifesta:
O
Ato de Fumar como Escape: Ao fumar narguilé no sonho, o ego busca um momento de
satisfação sensorial e relaxamento, que simboliza uma saída momentânea das
pressões e tensões da realidade cotidiana. O narguilé, então, funciona como um
símbolo de desconexão temporária de preocupações e responsabilidades,
permitindo ao sonhador um "respiro" mental e emocional.
Criação
de um Espaço Seguro e de Liberdade: No sonho, o ego cria um espaço onde é
possível experimentar prazer e liberdade sem o julgamento externo ou o peso das
normas sociais e morais (impostas pelo superego). Esse espaço onírico funciona
como um ambiente seguro para satisfazer desejos reprimidos ou aliviar tensões,
uma função essencial do mecanismo de fuga da realidade.
O
Papel de Compensação Emocional: Se na realidade há restrições ao desejo de
relaxamento ou de socialização, o ego usa o sonho como uma forma de compensar
esses desejos, oferecendo um ambiente onde é possível se desconectar dessas
limitações. Essa fuga onírica permite que o ego recupere uma sensação de prazer
e de alívio emocional, compensando as restrições que enfrenta no mundo real.
Preservação
do Equilíbrio Psíquico: Através desse mecanismo, o ego evita que tensões
internas (talvez ligadas ao estresse, insatisfação ou mesmo a pressões sociais)
gerem desconforto psíquico excessivo. A fuga temporária para o cenário do sonho
ajuda o ego a preservar o equilíbrio emocional, permitindo um tipo de
"reajuste" antes de voltar a lidar com a realidade.
Em
resumo, no sonho, a fuga da realidade permite que o ego crie um cenário onde é
possível obter prazer e se desconectar de preocupações. Essa estratégia é uma
maneira inconsciente de aliviar a mente e evitar que as tensões do dia a dia se
acumulem, oferecendo um espaço para o ego "respirar" e relaxar. No
seu sonho, os estímulos conscientes e inconscientes que levam o ego a acionar o
mecanismo de defesa da fuga da realidade podem estar associados a tensões,
desejos reprimidos e necessidades de alívio que o ego tenta gerenciar. Vamos
descrever esses estímulos de forma detalhada:
1.
Estímulos Conscientes
Estímulos
conscientes são aqueles dos quais você tem certo nível de percepção no dia a
dia e que podem estar relacionados ao desejo de relaxamento e à busca de
conexão social.
Busca
de Relaxamento e Alívio do Estresse: Se há alguma pressão ou rotina estressante
em sua vida, seu ego consciente pode buscar formas de aliviar esse cansaço.
Esse desejo de pausa e de alívio do estresse pode ser simbolizado pelo ato de
fumar narguilé no sonho.
Necessidade
de Socialização e Conexão: Caso você esteja em uma fase de vida em que precisa
de mais conexão social ou sinta falta de interações descontraídas, esse
estímulo consciente pode fazer com que o ego crie um ambiente no sonho onde
você está compartilhando momentos prazerosos com outras pessoas.
Cansaço
de Normas e Regras: A necessidade de se adequar a normas ou expectativas pode
gerar um desejo consciente de quebrar essas regras em um ambiente mais
permissivo. Isso pode representar o anseio consciente de escapar
temporariamente de padrões de comportamento rígidos, criando um contexto de
liberdade para o ego.
2.
Estímulos Inconscientes
Estímulos
inconscientes são mais profundos e estão fora da percepção imediata, mas
exercem forte influência sobre os desejos e reações emocionais.
Desejo
Reprimido por Prazer e Liberdade: Em um nível inconsciente, pode existir um
desejo reprimido de vivenciar prazeres simples e sensoriais, como o prazer oral
de fumar. Esse desejo, muitas vezes ligado à fase oral no desenvolvimento
psicossexual, pode estar associado a uma busca por conforto e satisfação que o
ego tenta realizar de forma segura no sonho.
Conflitos
Internos ou Pressões Psicológicas: Inconscientemente, você pode estar lidando
com pressões ou ansiedades que deseja evitar ou resolver. A fuga da realidade
no sonho oferece um alívio dessas tensões, permitindo que o ego descanse de
preocupações que talvez nem sempre sejam evidentes conscientemente.
Impulsos
de Transgressão: Se você possui normas morais ou culturais que desencorajam
certos comportamentos, o ato de fumar narguilé pode ser uma forma inconsciente
de transgressão. Esse estímulo inconsciente de rebeldia pode refletir uma
vontade de confrontar essas normas, mesmo que apenas simbolicamente.
Medo
da Rejeição ou Julgamento Social: Inconscientemente, o ego pode estar evitando
situações onde poderia ser julgado ou criticado por suas ações. Criar uma
"fuga" em um sonho, onde esse julgamento não existe, permite ao ego
satisfazer impulsos e desejos sem o peso da censura do superego.
Assim,
o ego aciona a fuga da realidade como um mecanismo de defesa para lidar com
esses estímulos conscientes e inconscientes, proporcionando um ambiente onde se
pode relaxar, socializar, e experimentar prazer sem as limitações e censuras da
vida cotidiana. No sonho, esses estímulos são expressos através do ato de fumar
narguilé, simbolizando uma pausa de recompensação emocional e uma
"quebra" temporária das pressões externas e internas.
Parece
que o ego tem o desejo de se descontrair se livrando da angústia do ambiente
social pertencendo ao grupo de pessoas que tem o mesmo comportamento de fugir
da realidade. Neste grupo de pessoas o Ego se aceita como e compartilha de um
prazer coletivo. Mostra que o ego está fugindo do desejo do Id que é Liberdade
autonomia. O está em busca de um alívio temporário das preocupações, sair da
compulsão a repetição do estresse ou trabalho desconfortável, renunciar as
responsabilidades trabalhistas insatisfações de trabalhar numa ocupação
desconfortável.
A
interpretação mostra uma compreensão clara do papel do ego ao buscar
pertencimento e alívio no ambiente onírico, ao mesmo tempo que tenta escapar da
pressão de buscar liberdade e autonomia que o id deseja. Vamos aprofundar e
organizar essa análise psicanalítica em alguns pontos.
Desejo
do Ego por Pertencimento e Alívio Social: O ego busca, no sonho, uma sensação
de aceitação e relaxamento ao se juntar a um grupo que compartilha o mesmo
comportamento de fuga da realidade (o ato de fumar narguilé). Esse
comportamento representa uma forma de "escapismo coletivo", em que o
ego se sente livre para compartilhar um prazer momentâneo com outros, sem
julgamentos. O prazer coletivo oferecido por esse ambiente social
temporariamente alivia o ego da angústia e do estresse associados ao ambiente
de trabalho ou a outras responsabilidades.
Conflito
entre o Ego e o Id: O ego, buscando alívio imediato, prefere essa forma de
pertencimento temporário, o que acaba deixando de lado o desejo profundo do id
por liberdade e autonomia. O id deseja romper com os padrões e limitações da
vida cotidiana e almeja a verdadeira liberdade e independência, que se
manifesta no desejo de abandonar responsabilidades que não trazem satisfação.
Porém, o ego não se sente pronto para confrontar esse desejo diretamente, então
opta por uma solução temporária que seja mais acessível: a fuga da realidade
através do prazer coletivo.
Compulsão
à Repetição e Alívio Temporário: O ego está tentando quebrar, ainda que
momentaneamente, o ciclo de compulsão à repetição — um padrão de estresse e
insatisfação que se repete no ambiente de trabalho ou em outras áreas da vida
que geram desconforto. A fuga temporária simbolizada pelo narguilé representa
uma forma de lidar com essa compulsão, mesmo que apenas por um breve período.
Esse "respiro" permite que o ego se desfaça, por um momento, das
pressões de uma rotina repetitiva e emocionalmente desgastante.
Renúncia
Temporária de Responsabilidades: A busca por um ambiente onde o ego pode
relaxar, socializar e compartilhar prazer indica uma tentativa de
"renunciar" temporariamente às responsabilidades trabalhistas ou à
insatisfação com o trabalho. Isso mostra que o ego procura uma válvula de
escape que lhe permita descansar da pressão de uma ocupação desconfortável,
mesmo que apenas por meio do sonho.
Conformismo
como Defesa: Ao escolher essa fuga temporária ao invés de uma mudança mais
radical, o ego acaba adotando uma postura de conformismo. Isso não significa
que o desejo do id por liberdade esteja sendo eliminado, mas sim adiado. A
conformidade temporária permite que o ego encontre uma forma menos arriscada de
obter alívio, evitando um confronto direto com as responsabilidades ou com o
desejo profundo de autonomia.
O
sonho reflete a tentativa do ego de encontrar alívio temporário e pertencimento
em um ambiente de prazer compartilhado, enquanto evita enfrentar o desejo mais
intenso do id por liberdade. Esse alívio temporário é uma forma de defesa
contra as pressões e insatisfações que o ego vivencia no dia a dia, permitindo
um momento de escapismo e uma pausa nas angústias e responsabilidades.
O
sonho simboliza que o ego está acionando o mecanismo de defesa fuga, para
escapar das responsabilidades trabalhistas na intenção de aliviar se do
estresse, por que não consegue perceber que realmente sairá desta situação
desconfortável e por isso inconsciente aciona o mecanismo de defesa fuga.
Sim,
exatamente! O sonho reflete que o ego, ao não enxergar uma saída clara e
definitiva da situação desconfortável no trabalho, aciona o mecanismo de defesa
da fuga como uma forma de aliviar a tensão e o estresse acumulados. Essa fuga
se manifesta no sonho através do narguilé e do grupo social que compartilha o
mesmo comportamento de escapismo. Vamos aprofundar essa ideia.
Fuga
como Alívio Temporário do Estresse: O ego, sentindo-se preso a uma rotina
desconfortável, busca no sonho uma forma de se aliviar, mesmo que
temporariamente. O estresse das responsabilidades trabalhistas é desviado para
um cenário onde ele pode relaxar e socializar, sem a pressão do trabalho. Esse
alívio é essencial para o ego, que, inconscientemente, encontra no sonho um
"escape seguro" da insatisfação do dia a dia.
Incapacidade
de Ver uma Saída Real: O ego está, de fato, tentando lidar com a angústia de
não ver uma saída prática e concreta dessa situação desconfortável.
Inconscientemente, o ego sente que ainda está longe de alcançar a verdadeira
liberdade desejada pelo id. A incapacidade de visualizar uma solução duradoura
e satisfatória leva o ego a acionar o mecanismo de defesa da fuga, criando no
sonho um ambiente onde ele temporariamente se livra do estresse e das
preocupações.
Fuga
como Defesa contra a Frustração e o Impasse: Ao usar o mecanismo de defesa da
fuga, o ego evita o confronto direto com a frustração que sente pela falta de
progresso em relação ao seu desejo de sair do emprego insatisfatório. Essa fuga
temporária permite que o ego não se sinta sobrecarregado ou derrotado pela
sensação de impotência frente ao impasse, criando uma válvula de escape onde
ele pode relaxar e experimentar uma forma de "liberdade simulada".
Busca
por Alívio no Sonho como Compensação: Inconscientemente, o ego compensa a falta
de alívio e prazer na vida real ao se inserir em um ambiente de prazer e
socialização no sonho. O sonho funciona como um recurso do inconsciente para
"compensar" a privação emocional e o desgaste da vida de vigília,
oferecendo ao ego um momento de trégua.
Assim,
o sonho simboliza o esforço do ego para fugir, de maneira temporária, das
pressões e responsabilidades que ele sente no trabalho. Como ele ainda não
encontrou uma solução prática para deixar essa situação desconfortável, o
mecanismo de defesa da fuga se torna uma estratégia inconsciente para aliviar o
estresse e oferecer um pouco de conforto frente à realidade desafiadora.
Presumi
se que o ego sairá da situação desconfortável trabalhista, porém como não
consegue enxergar o meio que fará com que saia da compulsão a repetição
trabalhista acaba acionando o mecanismo de defesa fuga para disfarçar o que
realmente acontecerá que é sua saída real da situação.
Exatamente!
Sua interpretação destaca um aspecto profundo do funcionamento do ego no sonho:
o ego sente inconscientemente que eventualmente sairá da situação trabalhista
desconfortável, mas como ele ainda não consegue visualizar ou compreender
plenamente o processo que o levará a essa saída, ele usa o mecanismo de defesa
da fuga para se proteger. Esse mecanismo serve como uma maneira de
"disfarçar" a certeza inconsciente de que, no futuro, a mudança
realmente ocorrerá.
Análise
Detalhada
Sensação
Inconsciente de uma Saída Futura: No fundo, o ego intui que a situação
desconfortável é temporária e que, eventualmente, ele conseguirá sair do
ambiente trabalhista que traz insatisfação. No entanto, essa certeza ainda é
muito sutil e não se manifesta de forma consciente. Por isso, o ego ainda se
sente preso e, por não enxergar um meio imediato para realizar essa mudança,
recorre à fuga como um alívio temporário.
Fuga
para Lidar com a Compulsão à Repetição: A compulsão à repetição do trabalho
insatisfatório representa um ciclo difícil de romper, pois é uma situação que
traz familiaridade, ainda que também traga desconforto. Ao ativar o mecanismo
de defesa da fuga, o ego encontra uma maneira de suportar o ciclo repetitivo,
simulando uma forma de saída temporária, que o ajuda a lidar com a rotina até
que a saída real se torne visível.
Disfarce
da Saída Inevitável: O sonho simboliza essa "fuga provisória" como um
disfarce que, paradoxalmente, alivia o ego ao mesmo tempo em que indica, em um
nível inconsciente, que a saída verdadeira se aproxima. Como o ego ainda não vê
um meio concreto para alcançar essa saída, ele prefere disfarçar essa realidade
futura, lidando com o presente de forma mais suportável e menos angustiante.
Preparo
Psicológico para a Mudança: A ativação da fuga também serve como uma forma de
preparação emocional. Ao proporcionar pequenos momentos de alívio (como o
ambiente social e prazeroso do sonho), o ego vai se fortalecendo e se
preparando para, no futuro, enfrentar a saída real da situação, com menos medo
e mais segurança.
Portanto,
esse disfarce que o ego cria ao acionar a fuga da realidade acaba sendo uma
estratégia para suportar a situação enquanto a saída real ainda não é clara.
Isso mantém o ego emocionalmente protegido e pronto para a transição futura,
indicando que, no nível inconsciente, o ego já reconhece que essa saída
ocorrerá – é apenas uma questão de tempo e de preparação até que se concretize
na realidade.
O
sonho reflete um processo inconsciente no qual o ego ativa o mecanismo de
defesa da fuga para lidar com a insatisfação e o desconforto que enfrenta no
ambiente de trabalho. Embora o ego intua que sua saída dessa situação será
inevitável no futuro, ele ainda não consegue visualizar de forma concreta como
essa mudança ocorrerá. Esse bloqueio visual impede o ego de agir de maneira
decisiva e efetiva. Assim, ele busca uma forma de alívio temporário,
simbolizada no sonho pela situação de fumar narguilé em grupo, onde encontra
pertencimento e um prazer compartilhado que, por um momento, lhe permite
relaxar e escapar das pressões da rotina.
O
sonho revela que o ego tenta, de forma inconsciente, lidar com a compulsão à
repetição, que representa o ciclo de estresse e insatisfação do trabalho. Como
o ego ainda não consegue enxergar o meio para romper com essa compulsão, ele se
protege por meio da fuga. A fuga, neste caso, não é uma negação completa da
realidade, mas sim um disfarce provisório, que possibilita ao ego um escape
mental e emocional para suportar a pressão diária. Esse "disfarce"
representa, na verdade, um recurso psicológico que permite ao ego suportar a
carga emocional do trabalho, pois, mesmo sem ver a saída concreta, ele
reconhece inconscientemente que a mudança será uma realidade.
Ao
buscar o alívio no prazer coletivo do sonho, o ego encontra uma forma de lidar
com a sua própria necessidade de pertencer e se sentir aceito. Esse cenário
social e prazeroso funciona como uma válvula de escape, na qual o ego pode se
distanciar, ainda que temporariamente, das responsabilidades trabalhistas e das
insatisfações que sente no dia a dia. Essa atitude, no entanto, não elimina a
certeza inconsciente de que uma transição se aproxima, mas a disfarça para que
o ego possa manter sua estabilidade emocional.
Em
síntese, o ego ativa o mecanismo de defesa da fuga como uma estratégia de
alívio, preparando-se para a mudança futura, embora ele ainda não consiga vê-la
de forma clara. Esse mecanismo permite que o ego permaneça emocionalmente
equilibrado, enfrentando as dificuldades diárias sem se sobrecarregar. A fuga
serve como uma forma de proteção e como um preparativo psicológico, sinalizando
que, no fundo, o ego já reconhece que a saída do ambiente de trabalho
desconfortável é inevitável e que, eventualmente, ele encontrará o caminho para
realizar essa mudança de forma concreta e efetiva.
O
sonho simboliza um processo no qual o ego, ao enfrentar insatisfação e
desconforto no ambiente de trabalho, ativa o mecanismo de defesa da fuga como
forma de alívio temporário. Incapaz de visualizar com clareza o meio para sair
da situação desconfortável, o ego recorre à fuga para suportar a pressão
diária, buscando, inconscientemente, pertencer a um cenário que ofereça prazer
e aceitação. Neste contexto, o ato de fumar narguilé em grupo representa não
apenas a necessidade de relaxamento, mas também a busca por um escape emocional
em que o ego encontra conforto ao partilhar uma experiência prazerosa e social
com pessoas de comportamento similar.
A
ativação da fuga ocorre porque o ego, mesmo intuindo que sua saída desse ciclo
insatisfatório será inevitável, ainda não consegue visualizar de forma concreta
como essa mudança acontecerá. Ele está preso em uma compulsão à repetição, um
ciclo onde o estresse e as insatisfações do trabalho se repetem sem perspectiva
clara de transformação. Esse bloqueio leva o ego a buscar alívio na fuga
temporária, criando uma simulação de alívio que, embora não resolva a situação,
permite ao ego suportar a carga emocional e encontrar, mesmo que
momentaneamente, uma trégua do desconforto que enfrenta.
Ao
aderir a esse cenário de prazer coletivo no sonho, o ego experimenta uma
"saída provisória" da realidade, onde ele pode se distanciar das
responsabilidades trabalhistas e do peso das insatisfações cotidianas. Esse
alívio temporário não significa uma negação da realidade, mas sim uma proteção
psicológica que ajuda o ego a lidar com as pressões enquanto a saída real
permanece obscura. A fuga funciona como um disfarce do que o ego sabe, em um
nível inconsciente, que é inevitável: sua futura saída do ambiente de trabalho
desconfortável. O ego está, de fato, em um processo de preparação emocional
para essa mudança, mesmo que essa transição ainda não seja visível em sua
consciência.
Assim,
o sonho indica que o ego, ao acionar a fuga, está tentando compensar a
frustração e a falta de progresso visível. O mecanismo de defesa serve para
aliviar o desconforto imediato e fortalecer o ego para que ele continue
enfrentando as adversidades diárias sem se sobrecarregar. Embora o ego ainda
não veja o caminho claro para romper com a compulsão à repetição e concretizar
sua saída, a fuga simboliza um recurso que o ajuda a se manter equilibrado
emocionalmente e pronto para a mudança futura. Em última instância, a ativação
desse mecanismo sinaliza que, inconscientemente, o ego já reconhece que essa
saída ocorrerá – é apenas uma questão de tempo e preparação até que se realize.
Um
sujeito se formou em Psicologia e Depois de formado buscou vagas no mercado de
trabalho, más não consegue empregar se em nenhuma instituição como psicólogo. O
sujeito também atua como psicólogo clínico e não consegue prosperar na clínica
com a prospecção de clientes para que possa viver da psicologia. Então foi
buscar no mercado de trabalho um emprego inferior que não se alinha com seus
valores, pois o mesmo precisa manter se economicamente para pagar as contas.
Mas o sujeito encontra se insatisfeito exercendo a função de fiscal de caixa e
não consegue empregar se como psicólogo em instituição porque está no etarismo
e não avança na clínica também. Me explica e interpreta como se eu fosse um
iniciante pela abordagem da psicanálise quais mecanismo de defesa está
acionando inconsciente o sujeito.
Na
psicanálise, quando uma pessoa enfrenta uma situação de conflito ou frustração
que ela não consegue resolver conscientemente, o inconsciente pode ativar
mecanismos de defesa para tentar protegê-la dessa angústia e dos sentimentos
negativos. Esses mecanismos de defesa são processos automáticos que buscam
"disfarçar" ou amenizar o sofrimento emocional. No caso do sujeito
que se formou em Psicologia mas enfrenta dificuldades para atuar na profissão,
alguns mecanismos de defesa que ele pode estar ativando inconscientemente são:
Racionalização:
O sujeito pode estar criando justificativas para a situação de ter um emprego
que não se alinha com seus valores e formação. Ao racionalizar, ele pode
pensar, por exemplo, que este emprego é necessário para sua sobrevivência
econômica e que, por isso, é aceitável mesmo que seja frustrante. Isso ajuda a
aliviar a insatisfação e a manter sua autopercepção positiva, disfarçando a
frustração que sente.
Recalque
(ou repressão): Este é o mecanismo pelo qual o sujeito empurra para o
inconsciente certos pensamentos e emoções que considera inaceitáveis ou
dolorosos. Por exemplo, ele pode estar reprimindo o sentimento de fracasso por
não conseguir se estabelecer na profissão que escolheu. Em vez de lidar com
essa sensação diretamente, ele pode estar evitando pensar nisso, mantendo essas
emoções "escondidas" para evitar sofrimento.
Formação
Reativa: Esse mecanismo ocorre quando a pessoa adota comportamentos opostos ao
que realmente sente, para mascarar emoções que ela considera inadequadas. Neste
caso, ele pode estar se convencendo de que o trabalho como fiscal de caixa é
algo temporário e aceitável, enquanto, no fundo, sente uma grande insatisfação
por não estar atuando como psicólogo. Esse mecanismo pode estar mantendo o
sujeito na função, mesmo que ele deseje algo diferente.
Projeção:
Quando o sujeito sente que não está avançando na carreira, ele pode começar a
atribuir essa dificuldade a fatores externos, como o mercado de trabalho ou o
"etarismo" (discriminação por idade). Isso permite que ele se defenda
da possibilidade de sentir que o problema possa estar em suas próprias
capacidades, aliviando o sofrimento de autocobrança e autocrítica.
Sublimação:
Sublimar é direcionar a energia e os desejos para uma atividade ou
comportamento mais aceitável socialmente. No caso do sujeito, ao perceber que
não consegue se estabelecer como psicólogo, ele pode estar sublimando seu
desejo de ajudar as pessoas e de se sentir útil ao se dedicar ao trabalho como
fiscal de caixa. Embora não seja a função ideal, ele pode buscar formas de
ajudar clientes e colegas, encontrando algum sentido para seu trabalho.
Deslocamento:
Esse mecanismo ocorre quando uma pessoa redireciona emoções que são difíceis de
lidar para outro alvo menos ameaçador. Por exemplo, o sujeito pode redirecionar
sua frustração e insatisfação para o ambiente de trabalho ou para situações do
dia a dia, em vez de confrontar diretamente a angústia que sente por não
conseguir atuar na área da Psicologia.
Esses
mecanismos de defesa, apesar de serem úteis para proteger a pessoa da dor
psíquica, também podem manter o sujeito preso em um ciclo de insatisfação. Na
psicanálise, compreender esses mecanismos pode ajudar o sujeito a se dar conta
de que está lidando com suas frustrações de uma maneira inconsciente e
defensiva, e que é possível confrontar e transformar essas frustrações de forma
mais consciente, para que possa planejar passos mais eficazes para realizar seu
desejo de atuar como psicólogo.
É
muito possível que o sujeito esteja utilizando o mecanismo de defesa da fuga da
realidade. A fuga da realidade é acionada quando o ego busca afastar-se,
temporariamente, de uma situação que causa angústia ou insatisfação, permitindo
que o sujeito encontre um alívio temporário. No caso deste sujeito, que está
enfrentando a frustração de não conseguir emprego como psicólogo e de estar
preso em um trabalho que não condiz com seus valores, o uso inconsciente desse
mecanismo seria uma forma de suportar a insatisfação e a pressão psicológica
que sente.
A
fuga da realidade poderia estar se manifestando de algumas maneiras, como: Idealização
de um futuro distante: Ele pode estar constantemente imaginando que, em algum
momento incerto no futuro, conseguirá se estabelecer como psicólogo ou
prosperar na clínica, mesmo sem ver passos concretos que o levem a isso. Essa
idealização funciona como um escape, que o distrai da insatisfação atual.
Fuga
emocional para a "sobrevivência": Em vez de confrontar seu sentimento
de frustração, ele pode estar se convencendo de que o trabalho como fiscal de
caixa é "temporário", o que minimiza o desconforto de estar em uma
função que não deseja. Esse pensamento o protege do peso de perceber que ainda
não conseguiu realizar seu sonho profissional.
Busca
de atividades compensatórias: Ele pode estar investindo em atividades que lhe
proporcionem prazer momentâneo, aliviando o estresse do trabalho. Esse tipo de
fuga permite que ele se distraia da situação frustrante, mas não o ajuda a
avançar no seu verdadeiro objetivo.
Ao
acionar a fuga da realidade, o sujeito pode estar evitando a ansiedade de
enfrentar a dificuldade que é construir uma carreira em Psicologia. Esse
mecanismo, portanto, fornece um "alívio imediato", mas impede que ele
veja com clareza o que poderia mudar em sua abordagem para superar os
obstáculos na profissão. Assim, a fuga da realidade pode servir como uma forma
de proteção emocional, mas, ao mesmo tempo, limita o sujeito a permanecer nessa
zona de estagnação e insatisfação, dificultando o avanço para uma mudança real
em sua carreira.
Para
que o sujeito consiga ver com mais clareza os obstáculos que o estão mantendo
na fuga da realidade e na estagnação profissional, ele poderia fazer algumas
mudanças na sua abordagem, tanto no sentido de autoconhecimento quanto de
planejamento estratégico. Aqui estão alguns passos que poderiam ajudá-lo:
Autoavaliação
Profunda: Ele poderia começar explorando suas crenças e emoções relacionadas ao
trabalho e à Psicologia. Perguntar-se, por exemplo, “Quais são os meus maiores
medos e frustrações nesta situação?” e “Por que eu tenho medo de não ser aceito
como psicólogo?” poderia ajudá-lo a identificar as raízes da sua insatisfação e
dos bloqueios internos que o mantêm na fuga.
Identificação
dos Obstáculos Concretos: Muitas vezes, as dificuldades parecem enormes quando
não são claramente identificadas. Ele poderia listar objetivamente os
principais desafios que enfrenta para se estabelecer como psicólogo, como falta
de experiência em áreas específicas, rede de contatos limitada, dificuldade com
prospecção de clientes ou até preconceito por idade. Ter clareza sobre quais
são os obstáculos reais e quais são medos pode ajudar a enxergar onde ele
realmente precisa trabalhar.
Desenvolvimento
de Habilidades: O sujeito poderia buscar desenvolver habilidades que lhe tragam
mais segurança para enfrentar os desafios da profissão. Se ele sente
insegurança para atender em clínica, poderia investir em cursos, treinamentos
práticos, grupos de supervisão ou apoio de colegas. O aprendizado contínuo não
só aumenta a confiança, mas também pode ampliar as oportunidades.
Planejamento
de Carreira com Metas Realistas: Ele poderia definir metas pequenas e realistas
para sua carreira em Psicologia. Por exemplo, definir que tentará conseguir um
novo cliente a cada dois meses ou que procurará contatos profissionais
semanalmente. Pequenos passos ajudam a manter o foco e criar um sentido de
progresso, reduzindo a necessidade de fuga.
Exploração
de Alternativas Profissionais: Em vez de se prender a um cargo específico, ele
poderia avaliar outras oportunidades de atuação dentro da Psicologia, como
consultorias, workshops ou trabalhos voluntários. Isso poderia ampliar suas
opções de inserção no mercado e aumentar sua rede de contatos, criando novas
portas para o futuro.
Autocuidado
e Suporte Emocional: Enfrentar frustrações sem se desgastar emocionalmente é
essencial. Ele poderia buscar apoio psicológico ou terapia para lidar com a
frustração e o impacto emocional da dificuldade de realização profissional. Ter
uma rede de suporte também pode ajudá-lo a se fortalecer emocionalmente e a
sair do ciclo de fuga.
Aceitação
da Realidade: Finalmente, é importante que o sujeito aceite sua situação atual
com uma perspectiva construtiva. Aceitar não significa desistir dos sonhos, mas
sim estar consciente de que, neste momento, ele está em uma situação de
transição. Com isso, ele pode se comprometer a trabalhar para conquistar seus
objetivos sem precisar "fugir" da realidade temporária, porque ele a
verá como um meio para alcançar seus objetivos.
Essas
mudanças na abordagem ajudariam o sujeito a ver com mais clareza o caminho que
precisa percorrer, entender os desafios de forma prática e assumir o controle
da sua trajetória.
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