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A Palavra Que Forma

 Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

CAPÍTULO 1

A Palavra que Forma: Teologia, Simbolismo e a Vocação para Ensinar

A formação subjetiva do educador social e do psicólogo orientador não nasce apenas da técnica, mas da inscrição do sujeito em um campo simbólico antecedente. No caso aqui analisado, o ponto inaugural é a Teologia — não em seu registro dogmático, mas em sua função estruturante enquanto regime de sentido, linguagem e transmissão. Antes de se tornar psicólogo, o sujeito esteve investido na tarefa de interpretar textos sagrados, mediar discursos e ocupar o lugar de porta-voz de uma tradição simbólica. Tal experiência inscreve-se, desde cedo, na economia libidinal do sujeito, moldando o desejo de orientar, ensinar e cuidar.

Freud (1905) afirma que “as primeiras identificações estruturam a vocação futura do sujeito”, apontando que não há profissão que não seja, antes, um destino psíquico. A inserção precoce do autor no universo teológico — como estudante e posteriormente como professor de escola dominical — ofereceu-lhe não apenas um repertório textual, mas um lugar. Lugar de fala, de endereçamento, de responsabilidade simbólica diante do Outro.

A teologia, enquanto campo interpretativo, opera como matriz de significação. A função de professor de adolescentes envolve transmitir não apenas conteúdo, mas um modo de ler o mundo e de localizar-se eticamente dentro dele. Em termos lacanianos, podemos dizer que o sujeito ocupou, desde cedo, a posição do “suplente do discurso do Outro” — aquele que serve de mediador entre o saber e os destinatários do saber (Lacan, 1969). É esta posição enunciativa que será, mais tarde, reeditada na Psicologia e na Educação.

O sujeito que posteriormente se tornará psicólogo, educador social e orientador possui, em sua pré-história subjetiva, um elemento estruturante que antecede qualquer técnica: a palavra investida de sentido e autoridade. Em sua formação teológica, na prática pedagógica religiosa e na enunciação comunitária, ele se confronta com o poder formativo da palavra no campo simbólico.

A teologia não se constitui apenas como um corpus doutrinário, mas como um regime de discurso, uma forma de existência, um modo específico de relação com o Outro. É no campo do Outro — entendido em sentido lacaniano — que a palavra adquire força estruturante. E é nesse campo que o sujeito se instala desde cedo, acolhendo, transmitindo e interpretando discursos dotados de legitimidade simbólica.

Freud afirma que “o homem é feito de palavras” (Freud, 1915), e Lacan radicaliza: “o inconsciente é estruturado como uma linguagem” (Lacan, 1957). Assim, ao lidar com textos sagrados, sermões, narrativas morais e interpretações simbólicas, o futuro psicólogo não apenas aprende um conteúdo: ele se insere em um modo de subjetivação.

1.1. A palavra como lugar de inscrição subjetiva

Quando Paul Tillich define a fé como “a preocupação última que orienta a totalidade da existência” (Tillich, 2005), ele descreve também a operação pela qual a palavra religiosa, interpretada e retransmitida, funda uma forma de vida. O sujeito que se engaja com o texto bíblico não lida apenas com um documento, mas com uma instância simbólica de autoridade. A submissão e a interpretação desse texto constituem modos distintos de relação com o Outro: a autoridade que fala e a voz que retransmite, cada qual com suas funções psíquicas.

Ricœur (1976) propõe que o símbolo “dá a pensar”, ou seja, abre espaço para o trabalho da interpretação e, portanto, para a subjetivação. Quando o sujeito estuda, explica e interpreta textos sagrados, ele internaliza a função hermenêutica: busca sentidos ocultos, aprende a escutar entre-linhas, desenvolve a habilidade de localizar significações latentes.

Tais capacidades serão fundamentais na prática psicológica e educativa, pois ali também se lida com o que é dito e com o que está por detrás do dito.

A palavra religiosa apresenta uma particularidade: ela chega ao sujeito investida de autoridade transcendental. Isso organiza uma economia psíquica específica. Kierkegaard (1849) afirma que “a fé exige uma interioridade absoluta”, indicando que lidar com a palavra religiosa é lidar com um chamado ético e existencial.

Para o jovem teólogo-professor, essa palavra funciona como:

  • uma matriz ética,
  • um eixo interpretativo,
  • um dispositivo de transmissão,
  • e um campo de reconhecimento comunitário.

Ricœur (1975) argumenta que o texto sagrado “não é mero enunciado; é mundo possível”. Ao interpretá-lo diante de adolescentes, o sujeito aprende a produzir sentido sobre sentido, eco sobre eco, em uma função hermenêutica que será, mais tarde, fundamental para o trabalho clínico.

Interpretação, na Psicanálise, não é explicação; é desvelamento da verdade recalcada. Em Teologia, interpretação não é repetição; é recriação do sentido. Os dois campos operam sobre camadas profundas de linguagem.

1.2. A formação teológica como ensaio do lugar de educador

Os anos dedicados à docência religiosa funcionam como um laboratório de transmissão. Ensinar adolescentes em contexto religioso exige manejar conflito, dúvidas, resistências, curiosidades e afetos. O professor não é apenas depositário de um saber — ele é investido como figura simbólica que sustenta o campo do discurso.

Essa função é semelhante à do educador social, que opera no registro ético e na construção de espaços de proteção, diálogo e cuidado com populações vulneráveis. A transição da Teologia para a Psicologia revela, portanto, continuidade e não ruptura.

Da mesma forma que o pastorado e o ensino religioso lidam com narrativas de sentido, a Psicologia lida com narrativas de si. Ambos envolvem:

  • escuta,
  • elaboração,
  • interpretação,
  • e transmissão.

Freud (1914) sustenta que a transferência é “a repetição de protótipos infantis aplicados à figura do analista”. Podemos estender tal formulação à figura do docente: o aluno investe o educador com significações transferenciais — de proteção, saber, ideal, julgamento ou cuidado.

Assim, a experiência prévia do autor como professor de escola dominical também o introduziu ao manejo inicial da transferência, ainda que sem a mediação conceitual da psicanálise.

O professor religioso ocupa, muitas vezes sem saber, o lugar estrutural que Lacan denomina Sujeito-suposto-Saber (S.s.S). Esse lugar não significa que o professor sabe tudo; ele significa que o grupo supõe nele um saber.

O saber é suposto.
A autoridade é suposta.
O reconhecimento é suposto.

Essa suposição funda o laço: o aluno dirige ao professor sua pergunta, seu não-saber, seu desejo de saber. Lacan (1964) mostra que é essa suposição que permite a transferência na clínica. No âmbito religioso, essa mesma estrutura organiza a relação pedagógica:

  • adolescentes projetam no professor figuras de ideal,
  • investem a palavra dele com valor simbólico,
  • e esperam orientação ética e existencial.

Assim, a docência religiosa se torna um ensaio transferencial. O sujeito que ocupa esse lugar experimenta o manejo da demanda, do olhar do Outro, do desejo do Outro.

Mais tarde, isso será decisivo para sua atuação como educador social, psicólogo orientador e docente universitário.

1.3. A ética da palavra: cuidado, norma e afeto

O discurso religioso, tal como o discurso clínico, não é neutro. Ele convoca uma ética. Boff (1999) destaca que o cuidado é “uma atitude fundante que antecede toda ação”, e que esse cuidado nasce da percepção do outro como sujeito e não como objeto.

A palavra teológica, quando usada em ambiente educativo, não opera no registro da imposição — mas no da orientação ética. A mesma estrutura emerge no trabalho futuro do psicólogo orientador: ele não dita normas, mas promove reflexão; não determina caminhos, mas ilumina possibilidades.

A teologia, nesse sentido, não é rejeitada pela Psicologia, mas transfigurada. Torna-se um repertório simbólico que amplia a sensibilidade do educador para:

  • temas do sofrimento,
  • questões de sentido,
  • crises existenciais,
  • experiências de perda, culpa e esperança,
  • e a relação do sujeito com o seu ideal.

Levinas (1961) afirma que a ética nasce do rosto do Outro: é o Outro que me convoca. O professor de escola dominical confronta-se com o rosto dos adolescentes — fragilizados, em busca de sentido, atravessados por conflitos morais, desejos e temores.

Essa experiência suscita o que Bion (1962) chamaria de função continente. O educador funciona como:

  • aquele que ampara afetos dispersos,
  • dá forma ao que está caótico,
  • suporta angústias,
  • e oferece limites simbólicos.

A palavra religiosa, quando articulada com sensibilidade, torna-se continente psíquico. Ela acolhe, estrutura, nomeia. A palavra, então, tem efeito clínico.

Não se trata de psicoterapia; trata-se de encarnação da função simbólica de cuidado. O futuro psicólogo já exercia algo dessa função antes de conhecer a teoria psicanalítica.

1.4. A palavra como gesto: da homilia ao discurso educativo

Interpretar textos em púlpito não é apenas falar. É performar. É sustentar um lugar de significação diante de uma comunidade. Goffman (1959) afirma que toda interação social é uma performance, onde o sujeito administra a impressão que deseja causar no outro. No púlpito, a performance é ampliada: a voz, o gesto, o olhar, o ritmo do discurso — tudo compõe a cena.

Essa experiência de enunciação performativa contribui diretamente para a futura atuação como mediador clínico e social: ensinar, orientar e interpretar são atos que se dão no corpo do sujeito, na presença e na palavra.

Na linguagem lacaniana, diríamos que o professor de escola dominical já ocupava o lugar do Sujeito-suposto-Saber — não como saber absoluto, mas como aquele que, na cena educativa, encarna o lugar onde o saber se supõe (Lacan, 1969).

Assim, antes mesmo da formação em Psicologia, o sujeito já experimentava:

  • o lugar de transmissão,
  • o lugar da autoridade simbólica,
  • o lugar do mediador da palavra,
  • e o lugar do cuidado ético.

Esta é a matriz subjetiva do futuro educador social.

Goffman (1959) destaca que toda interação social é performativa. No púlpito, essa performatividade é ampliada: gesto, voz, entonação e presença corporal tornam-se instrumentos simbólicos.

A pregação, nesse sentido, é uma forma de enunciação semelhante à do analista e do professor:

  • há um lugar simbólico a ser sustentado,
  • há um discurso que se dirige ao Outro,
  • há um manejo da transferência,
  • há uma ética do silêncio e da palavra.

Foucault (1973) lembra que “todo discurso produz sujeitos”, e o púlpito produz dois: aquele que fala e aquele que escuta. Ambos são constituídos por uma relação de saber-poder, mas também de cuidado e transformação.

O corpo que prega é o mesmo que, no futuro, escutará pacientes e orientará alunos. O gesto já se preparava para o trabalho clínico e pedagógico.

1.5. A vocação: um destino que se anuncia antes da técnica

Em termos psicanalíticos, vocação não é escolha racional, mas repetição elaborada. É aquilo que retorna, mesmo após mudanças de campo, profissão e contexto. Ao deixar a Teologia e ingressar na Psicologia, o sujeito não abandona sua vocação: ele a desloca.

A escrita teológica transforma-se em escrita psicológica.
A interpretação bíblica transforma-se em interpretação clínica.
A docência religiosa transforma-se em educação social.
O púlpito transforma-se em blog, site, vídeo, artigo, live.

O objeto muda; a estrutura permanece.

Freud (1923) declara que “o eu é antes de tudo um eu corporal”, e podemos ampliar a ideia: o eu é, antes de tudo, um eu simbólico. A palavra com a qual o sujeito se constitui desde cedo persiste, atravessa formações, adquire novos contornos. Nesse sentido, o desejo de ensinar e orientar é mais antigo do que o diploma — é fundante.

Vocação, do latim vocare, significa “chamado”. Mas na psicanálise, o chamado não vem do céu — vem do inconsciente. A vocação é o retorno de um traço primordial. Freud (1914) afirma:

“Nada do que foi vivido na infância desaparece; retorna sob formas transformadas.”

A vocação para ensinar, falar, interpretar e orientar já estava presente na infância simbólica do sujeito. A Teologia foi seu primeiro campo de exercício. A Psicologia será o segundo. A Educação Social, o terceiro. A docência universitária, o quarto.

Em cada um desses campos, reaparece a mesma estrutura:

  • o desejo de transmitir,
  • a necessidade de interpretar,
  • o impulso de cuidar,
  • a função de orientar,
  • a relação com o simbólico,
  • o trabalho com a palavra.

Assim, a vocação não é descoberta; é reconhecida. Lacan (1953) afirma: “o desejo do sujeito se lê retroativamente”. A pessoa só reconhece sua vocação ao olhar para trás e perceber que sempre esteve lá.

1.6. A Palavra Teológica como Matriz da Palavra Psicológica

Ambas são palavras de acolhimento:

  • A teologia nomeia o invisível do sagrado.
  • A psicologia nomeia o invisível do sujeito.

Ambas são palavras de interpretação:

  • A teologia interpreta textos e mitos.
  • A psicologia interpreta sintomas e narrativas.

Ambas são palavras de cuidado:

  • A teologia cuida da alma ferida.
  • A psicologia cuida da subjetividade ferida.

Agamben (2011) afirma que toda palavra de autoridade é, no fundo, um ato ritualizado. A palavra do educador social também o é: ela institui espaço de proteção, regulação e transformação.

O sujeito teólogo que se torna psicólogo não abandona seu repertório simbólico; ele o desloca. A hermenêutica bíblica transforma-se em hermenêutica clínica. A docência religiosa transforma-se em intervenção social. O púlpito transforma-se em blog, artigo, vídeo e sala de aula.

A palavra permanece.
O lugar permanece.
O desejo permanece.

O campo é que muda.

CAPÍTULO 2 — A DIALÉTICA ENTRE DESEJO E DEVOÇÃO: O SUJEITO ENTRE DOIS CAMPOS SIMBÓLICOS

2.1. O atravessamento do discurso religioso no processo de subjetivação

A formação teológica antecede a formação psicológica, mas, do ponto de vista psicanalítico, não se trata de uma sucessão cronológica — trata-se de uma coabitação estrutural de discursos. O sujeito não troca um campo simbólico por outro; ele é constituído pela tensão entre ambos.

Lacan (1953/1998) afirma que “o sujeito é efeito de discurso”. Logo, o discurso religioso não é simplesmente uma lembrança da juventude, mas um elemento estruturante do modo como o sujeito:

– interpreta a falta;
– lida com a castração simbólica;
– organiza culpa e responsabilidade;
– sustenta ideais e injunções superegóicas.

Para o psicólogo-teólogo, essa coabitação discursiva molda uma subjetividade que é, desde cedo, treinada a nomear o incompreensível. A teologia — por meio do texto sagrado, da hermenêutica e da exegese — introduz o sujeito numa cultura que privilegia o significante como mediação do indizível. Assim, antes de se tornar psicólogo, esse sujeito já estava imerso numa prática de interpretação que fazia do texto o lugar privilegiado de investigação da verdade.

Freud (1913/2006) já apontava que a religião, assim como a psicanálise, é uma tentativa de responder ao desamparo originário (Hilflosigkeit). A diferença é que a religião oferece um Outro garantidor, enquanto a psicanálise revela que esse Outro é faltante.

O teólogo que se tornará psicólogo percorre, portanto, um trajeto de deslocamento da garantia para a falta. E esse deslocamento é decisivo para sua vocação como escritor e educador.


2.2. A ética do cuidado antes da técnica do cuidado

A docência religiosa — especialmente com adolescentes — foi o primeiro cenário de elaboração do que Winnicott (1965/1990) chamaria de função de sustentação (holding). Antes mesmo de compreender conceitos como transferência, relação de objeto ou função materna, o sujeito já exercia:

– atenção empática;
– escuta do sofrimento alheio;
– mediação de conflitos;
– elaboração simbólica de angústias;
– transmissão de sentido.

Era, na prática, um precursor da função clínica.

A psicanálise compreende essa experiência como um ensaio do cuidado, anterior à técnica, mas já enraizado na ética. Foucault (1984/2006) descreve o “cuidado de si” como uma forma de relação consigo e com os outros, sustentada por práticas discursivas. A função do professor de escola dominical é precisamente este gesto: ofertar significantes que permitam ao adolescente lidar com a própria falta.

Assim, quando o sujeito ingressa na Psicologia, a práxis teológica não desaparece; ela se reinscreve no campo clínico, transformando-se em fundamento ético para a escrita.


2.3. O supereu teológico e a paixão pela escrita

Escrever artigos, compor pregações, elaborar estudos bíblicos — tudo isso representou um modo de o sujeito lidar com aquilo que Freud (1924/2011) denomina formações reativas. A escrita era:

– sublimação do desejo de saber;
– defesa contra a angústia da castração;
– tentativa de organizar o caos interno;
– gesto de inscrição simbólica.

A escrita era, portanto, um sintoma estruturante — não no sentido patológico, mas no sentido lacaniano de sinthoma: a amarração singular entre Real, Simbólico e Imaginário (Lacan, 1975-76/2007). O teólogo-escritor não escrevia por hobby, mas porque, sem escrever, o sujeito se desenlaçaria.

Quando a faculdade de Psicologia oferece a disciplina de Produção de Texto, ela funciona como o que Lacan chamaria de encontro contingente (tuché): um ponto de real que encontra a história simbólica do sujeito e faz marca.

O desejo encontra via.

O que antes era pregação, estudo, reflexão devocional, torna-se agora artigo, ensaio, análise psicanalítica, intervenção social. Mas o movimento é o mesmo: escrever para existir e para fazer existir o outro.


2.4. A produção escrita como dispositivo de cura

Escrever mil artigos não é um ato comum. É um fenômeno clínico. Testemunha uma pulsão de saber (Freud, 1925/2011) que busca incessantemente inscrever, organizar, interpretar.

A escrita aqui cumpre três funções:

1. Função terapêutica

O sujeito elabora, por meio da palavra, aquilo que escapa ao domínio consciente.

2. Função epistêmica

A escrita é lugar de produção de conhecimento, onde textos se tornam “formações do inconsciente” passíveis de interpretação (Lacan, 1957/1998).

3. Função social

Ao publicar, o sujeito oferece significantes para outros se reencontrarem com suas próprias faltas — função profundamente winnicottiana e freudiana.

Assim, quando o sujeito escreve, ele cura e se cura.


2.5. A preparação para a docência e a emergência do educador social

A prática teológica produziu o estilo hermenêutico;
a prática psicológica refinou a análise da subjetividade;
a escrita contínua consolidou o método discursivo.

A conjunção dessas experiências produz o que Foucault (1971/2009) chama de intelectual específico: alguém capaz de intervir no real, no cotidiano, na vida concreta de sujeitos vulneráveis.

Por isso, a emergente vocação para:

– educador social,
– psicólogo orientador,
– professor universitário,

não é fruto do acaso, mas uma consequência estrutural do percurso do sujeito.

A escrita foi o treinamento simbólico para que ele pudesse ocupar profissionalmente aquilo que, inconscientemente, sempre foi seu destino subjetivo: transmitir saber, sustentar o outro e produzir significantes que transformam vidas.


Referências do Capítulo 2

Foucault, M. (1984/2006). A hermenêutica do sujeito. Martins Fontes.
Foucault, M. (1971/2009). Microfísica do poder. Graal.
Freud, S. (1913/2006). Totem e tabu. Imago.
Freud, S. (1924/2011). O Ego e o Id. Imago.
Freud, S. (1925/2011). A negativa. In ESB. Imago.
Lacan, J. (1953/1998). Função e campo da fala e da linguagem. In Escritos. Zahar.
Lacan, J. (1957/1998). A instância da letra no inconsciente. In Escritos. Zahar.
Lacan, J. (1975-76/2007). O Seminário, livro 23: O sinthoma. Zahar.
Winnicott, D. W. (1965/1990). O ambiente e os processos de maturação. Artmed.


CAPÍTULO 3 — A ESCRITA COMO SINTOMA, SUBLIMAÇÃO E DESTINO SUBJETIVO

3.1. Escrever como resposta à falta estrutural

A psicanálise compreende que todo sujeito é convocado a dar uma forma simbólica à falta que o constitui. Lacan (1960/1998) afirma que “o desejo é a metonímia da falta-a-ser”. A escrita do psicólogo, assim, funciona como modalidade privilegiada de inscrição do desejo: é a forma singular pela qual o sujeito transforma a falta em produção simbólica.

Escrever é, então, simultaneamente:
– defesa contra o excesso pulsional;
– tentativa de circunscrever o real;
– gesto de elaboração;
– modo de existir.

3.2. Escrita como sublimação

Freud (1908/1996) descreve a sublimação como destino pulsional que converte energia libidinal em produção cultural. A escrita teológica e psicológica cumpre precisamente essa função: desloca a pulsão para um trabalho de elevação simbólica, sem repressão excessiva e sem acting out.

A palavra escrita é, nesse sentido, uma forma ética de manter a pulsão viva, mas domestificada.

3.3. A escrita como sinthoma

Para Lacan (1975-76/2007), o sinthoma é a amarração singular que impede a desintegração do sujeito. A escrita milenar produzida pelo psicólogo faz exatamente isso: cria uma borda para o real.

Sem escrever, o sujeito não sustenta o mundo interno; ao escrever, ele cria o ponto de consistência do seu próprio ser.

3.4. A vocação docente emergindo da escrita

Ao transformar o saber em texto, o sujeito realiza sua vocação de transmissor. Barthes (1973/2007) descreve a escrita como gesto que cria não apenas significados, mas também posições de sujeito. Escrever é ocupar, desde cedo, a posição de professor.

Por isso, a escrita não prepara apenas aulas — ela prepara o professor.


CAPÍTULO 4 — A ESTRUTURA DO SUPEREU: ENTRE A LEI RELIGIOSA E A ÉTICA DA PSICANÁLISE

4.1. O supereu teológico

Freud (1930/2010) afirma que o supereu exige “mais do que o eu pode dar”. No campo religioso, essa voz é reforçada pela ideia de perfeição moral. Para o psicólogo-teólogo, essa instância superegóica moldou anos de vida subjetiva, criando:

– exigência de pureza;
– disciplina;
– temor de errar;
– idealização extrema do dever.

4.2. A transição para o supereu psicanalítico

A clínica psicanalítica, ao contrário, opera com a falta, e não com a perfeição. Lacan (1959-60/2008) mostra que o supereu lacaniano é paradoxal: quanto mais obedecemos, mais ele exige. O psicólogo, ao migrar para a psicanálise, descobre que a ética não é a da perfeição, mas da responsabilidade pelo próprio desejo.

Esse deslocamento foi crucial para abrir o caminho profissional e docente.

4.3. A travessia do fantasma e a libertação do ideal tirânico

A passagem da teologia para a psicologia exigiu uma “travessia do fantasma” (Lacan, 1960-61/2008): renunciar ao ideal imaginário de salvador para ocupar a posição de sujeito dividido, limitado, mas ético. Essa travessia foi o que permitiu que a vocação educativa emergisse sem culpa.


CAPÍTULO 5 — DO PÚLPITO À SALA DE AULA: A TRANSFORMAÇÃO DA FUNÇÃO DE TRANSMITIR

5.1. A continuidade estrutural da função de transmissão

A psicanálise afirma que a posição de mestre não é abolida; é transformada. Lacan (1969-70/1992) descreve no Discurso do Mestre a função de organizar e dirigir o saber.

Como teólogo, o sujeito ocupava o lugar do Mestre clássico; como psicólogo educador, ele ocupa o lugar do Mestre moderno: aquele que sustenta o desejo de saber no outro.

5.2. Da hermenêutica bíblica à hermenêutica subjetiva

O trabalho interpretativo migrou do texto bíblico ao texto do inconsciente. Ricoeur (1965/2013) afirma que interpretar é sempre “desvelar um sentido oculto”. A psicanálise amplia essa hermenêutica: o texto agora é o sujeito.

5.3. O estilo docente como síntese de dois discursos

Na sala de aula, o psicólogo-universitário-in-progresso mobiliza:

– ética do cuidado teológico;
– rigor conceitual psicanalítico;
– capacidade narrativa hermenêutica;
– habilidade didática.

Esse híbrido produz um professor singular, capaz de mobilizar os alunos pelo desejo, e não pelo medo da regra.


CAPÍTULO 6 — O CHAMADO PARA O SOCIAL: EDUCADOR, ORIENTADOR, PSICÓLOGO DO COTIDIANO

6.1. A psicanálise como dispositivo social

Contrariando a visão estritamente clínica, Foucault (1971/2009) mostra que a psicologia também é tecnologia social. O educador social opera na fronteira entre psicanálise, pedagogia e política.

6.2. A escrita preparando a intervenção no mundo

A escrita milenar do sujeito não produziu apenas conhecimento; produziu voz pública. E o educador social, para existir, precisa de voz. Benjamin (1936/2012) afirma que o narrador transmite experiência ao outro — sem isso, não há transformação social.

Assim, a escrita é o ensaio para a intervenção comunitária.

6.3. O educador social como figura do cuidado ético

Winnicott (1965/1990) afirma que o ambiente seguro forma sujeitos. O educador social é essa figura ambiental, capaz de:

– conter;
– sustentar;
– orientar;
– promover autonomia;
– transformar realidades.


CAPÍTULO 7 — A VOCACIONALIDADE COMO DESTINO DO DESEJO

7.1. A vocação não é escolha: é reconhecimento

Para a psicanálise, o desejo não é um querer consciente, mas um “ser desejado pelo Outro” (Lacan, 1960/1998). A vocação para psicólogo-docente não foi escolha racional, mas revelação do desejo estruturante que sempre esteve ativo.

7.2. Escrever, ensinar, cuidar: três nomes do mesmo desejo

O sujeito percebe que:

– escrever;
– interpretar;
– ensinar;
– orientar;
– curar;

são apenas manifestações diferentes de um mesmo núcleo pulsional: o desejo de transmitir vida e simbolização ao outro.

7.3. O encontro com a vaga como ato subjetivo

A vaga profissional não é acaso, mas consequência. Quando o sujeito se encontra preparado, o mundo responde. Não porque Deus ou o destino colocam a vaga — mas porque o sujeito finalmente se autoriza, como Lacan (1967/2003) formula:
“O analista só se autoriza por si mesmo... e por alguns outros.”

Da mesma forma, o professor só se autoriza a sê-lo quando se apropria de seu desejo.


CONCLUSÃO FINAL — O SUJEITO QUE ESCREVE, ENSINA E SE ENCONTRA

O percurso do teólogo que se tornou psicólogo e escritor revela a estrutura da subjetividade em sua forma mais profunda: um sujeito dividido entre discursos, mas fiel ao desejo. A escrita funcionou como sinthoma e como ferramenta de cura. A teologia forneceu o sentido; a psicanálise, a falta; a docência, a transmissão.

O livro mostra que o destino profissional não nasce da necessidade econômica, mas do reconhecimento daquilo que o inconsciente sempre soube. A vaga, o cargo, a função, a oportunidade não aparecem por acaso: elas emergem quando o sujeito finalmente pode vê-las.

Esse é o verdadeiro sentido do encontro:
não é a vaga que escolhe o sujeito, mas o sujeito que, ao se autorizar, passa a reconhecê-la.

O psicólogo educador não é produto de um curso, mas de uma travessia subjetiva.

E, ao final dessa travessia, resta apenas uma certeza freudiana:

“Onde isso era, eu devo advir.”


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (COMPLETAS DO LIVRO)

Barthes, R. (1973/2007). O prazer do texto. Perspectiva.
Benjamin, W. (1936/2012). O narrador. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Brasiliense.
Foucault, M. (1971/2009). Microfísica do poder. Graal.
Foucault, M. (1984/2006). A hermenêutica do sujeito. Martins Fontes.
Freud, S. (1908/1996). O escritor criativo e a fantasia. In ESB. Imago.
Freud, S. (1930/2010). O mal-estar na civilização. Penguin/Companhia.
Freud, S. (1913/2006). Totem e Tabu. Imago.
Freud, S. (1924/2011). O Ego e o Id. Imago.
Freud, S. (1925/2011). A negativa. In ESB. Imago.
Lacan, J. (1953/1998). Função e campo da fala e da linguagem. In Escritos. Zahar.
Lacan, J. (1957/1998). A instância da letra no inconsciente. In Escritos. Zahar.
Lacan, J. (1960/1998). Subversão do sujeito. In Escritos. Zahar.
Lacan, J. (1960-61/2008). Seminário 8: A transferência. Zahar.
Lacan, J. (1967/2003). Proposição de 9 de outubro de 1967. In Outros Escritos. Zahar.
Lacan, J. (1969-70/1992). Seminário 17: O avesso da psicanálise. Zahar.
Lacan, J. (1975-76/2007). Seminário 23: O sinthoma. Zahar.
Ricoeur, P. (1965/2013). Freud: uma interpretação da cultura. Vozes.
Winnicott, D. W. (1965/1990). O ambiente e os processos de maturação. Artmed.

 

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  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um sujeito que trabalha como fiscal de caixa em um supermercado e é psicólogo está angustiado porque não consegue perceber um caminho para ser contratado como psicólogo em alguma instituição e compreende que a ausência de Clareza gera angústia que está lhe fazendo mal. Na psicanálise, podemos entender essa situação analisando os três sistemas psíquicos: id, ego e superego, bem como os conceitos de angústia e desejo. O conflito interno: O id representa os desejos e impulsos mais profundos. Nesse caso, o desejo do sujeito é trabalhar como psicólogo, porque isso se alinha ao que ele valoriza e ao prazer de ajudar os outros. O superego é a parte crítica, que internaliza normas e regras sociais. Ele pode estar julgando o sujeito por não ter "chegado lá" ainda, criando sentimentos de culpa e cobrança. O ego, que é o mediador entre o id e o ...

Luto Pela Demissão

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Vamos pensar juntos de forma bem didática, passo a passo, usando a psicologia organizacional para entender esse processo de desligamento emocional e o luto pela demissão. 1. O que é desligamento emocional? Na psicologia organizacional, desligar-se emocionalmente da empresa significa aceitar que aquele ciclo profissional acabou e começar a reconstruir sua identidade fora daquela função. É como terminar um relacionamento: mesmo que o contato físico tenha acabado (foi demitida), a mente e o coração ainda estão presos lá. 2. O que é o luto pela demissão? O luto organizacional é o processo emocional que uma pessoa passa quando perde o trabalho. Não é só tristeza: envolve choque, negação, raiva, tristeza, até chegar à aceitação. Como no luto por alguém que morreu, o cérebro precisa de tempo para entender e reorganizar a vida sem aquela rotina, stat...

Dinâmica De Poder Nas Instituições – Psicologia Organizacional

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. A dinâmica de poder em uma organização refere-se à distribuição e ao exercício do poder entre os membros e diferentes níveis hierárquicos dentro da empresa. O poder é uma influência que permite que um indivíduo ou grupo afete o comportamento ou as decisões dos outros. Existem diferentes teorias e abordagens para entender a dinâmica de poder em uma organização. Vou apresentar alguns dos principais através da psicologia organizacional. Teoria das bases de poder: Essa teoria, proposta por French e Raven, identifica cinco bases de poder que uma pessoa pode ter na organização. São elas: Poder coercitivo: baseia-se no medo de punição ou consequências negativas. Poder de recompensa: baseia-se na capacidade de recompensar ou oferecer incentivos. Poder legítimo: baseia-se na autoridade formal concedida pela posição hierárquica. Poder de especialista: bas...

Dinâmica Poder Instituições - Psicanálise

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para observar a dinâmica de poder na organização a qual trabalha. Claro! Vou explicar a dinâmica de poder em uma organização, utilizando conceitos da psicanálise, de forma que seja compreensível para o leitor. A dinâmica de poder em uma organização pode ser entendida como o modo como as relações de poder se estabelecem e são constituídas entre as pessoas que fazem parte dela. Na psicanálise, podemos analisar essa dinâmica a partir de dois conceitos importantes: o ego e o superego. O ego representa a parte da mente responsável pela tomada de decisões e pela interação com o mundo externo. Ele busca equilibrar as demandas do indivíduo e as exigências sociais. Nas organizações, o ego pode ser associado aos líderes, gerentes ou diretores, que exercem autoridade e têm poder de decisão sobre os demais membros da equipe. Já o superego está relacionado às normas, valores e regra...

Superego E Doença Psicossomática

  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Um sujeito trabalhava numa empresa familiar e tinha medo de se aposentar nesta empresa como retificador plano. Queria sair da empresa, mas tinha medo de pedir ao empregador para demiti lo para que recebessem seus direitos. Até que adoeceu de uma doença psicossomático e tevê coragem para pedir ao empregador demiti ló e recebesse seus direitos. Parece que o Superego censurava a atitude do ego em pedir para ser demitido com o mecanismo de defesa repressão. Parece que o superego censurou o ego até que o ego adoecesse e tivesse coragem para pedir ao empregador para demiti lo. Me explica e interpreta como se eu fosse um iniciante pela abordagem da psicanálise. Na abordagem da psicanálise, vamos dividir essa situação em três partes principais: o ego, o superego e o id, para que fique mais fácil entender o que aconteceu. O ego: é a parte da mente que lida com a...

Falha Comunicação Entre fiscal Caixa E Liderança

  Ano 202.5. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. comunicação falha entre a equipe de fiscal de caixa de supermercado e a liderança, contudo a liderança culpabiliza e responsabiliza o fiscal de caixa pela falha de comunicação. Me explica e interpreta como se eu fosse um iniciante pela abordagem pela psicologia organizacional   Vamos entender isso passo a passo, como se você estivesse começando agora na psicologia organizacional. 🧠 O que é Psicologia Organizacional? É uma área da psicologia que estuda o comportamento das pessoas dentro das empresas. Ela observa como as relações de trabalho, a comunicação, a liderança e a cultura organizacional afetam o bem-estar e a produtividade dos colaboradores. 💬 O que é uma falha de comunicação? Falha de comunicação é quando uma informação não é passada de forma clara, completa ou no tempo certo. Isso pode gerar mal-entendidos, erros e até conflitos...

Turnover E Competências Socioemocional

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. O supermercado enfrenta uma elevada taxa de turnover entre os operadores de caixa. Observa-se que grande parte dos colaboradores recém-contratados não permanece até o final do período de experiência, e aqueles que o ultrapassam tendem a se desligar da função em um curto intervalo de tempo. Embora existam motivos pessoais envolvidos, é perceptível que muitos desses operadores demonstram carência de competências socioemocionais essenciais para o bom desempenho da função. Entre as habilidades deficitárias, destacam-se a baixa adaptabilidade, a limitada tolerância à frustração, dificuldades na regulação emocional e no gerenciamento do estresse. Essas competências são fundamentais para lidar com as pressões diárias do cargo, que exige atenção constante, contato direto com o público, capacidade de resolver conflitos e resiliência diante de situações ad...

O Ato Falho Do Óculos – A Resposta Já Está Em Mim

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O Ato Falho do Óculos: A Resposta Já Está em Mim O fiscal está em casa, preparando-se para mais um dia de trabalho. Antes de sair, faz um gesto automático: troca os óculos de perto pelos de longe. Guarda os de perto na mochila, coloca os de longe no rosto, fecha o portão e segue seu caminho até o ponto de ônibus. Mas, no meio do trajeto, é interrompido por um pensamento repentino: "Será que esqueci os óculos de longe em cima da mesa?" A dúvida inquieta o ego. Ele para, abre a mochila, procura, mas não os encontra. Então, como se despertasse de um leve transe, percebe: os óculos estão em seu próprio rosto. Esse momento simples, quase banal, revela algo profundo. O fiscal não esqueceu os óculos — ele esqueceu que já os havia colocado . O objeto da dúvida já estava com ele o tempo todo. O que faltava não era o objeto em si, mas a consciência de sua presença. Esse pequeno ato falho é uma metáfora viva de ...

Comentário Maldoso do Fiscal De Caixa

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um Fiscal de caixa está conversando com outro um assunto específico e de repente fala ao outro eu não sou como você que têm medo de perder o emprego eu confio nas minhas qualidades. Vamos interpretar essa fala pela psicanálise de maneira simples. Quando alguém diz "Eu não sou como você que tem medo de perder o emprego, eu confio nas minhas qualidades", essa pessoa pode estar expressando um conflito interno. Na psicanálise, o ego é a parte da mente que tenta equilibrar os desejos do id (impulsos e vontades) e as regras do superego (moral, normas e expectativas sociais). Aqui, podemos ver alguns mecanismos de defesa em ação: Projeção – Ele pode estar projetando no outro o próprio medo de perder o emprego. Em vez de admitir que ele mesmo sente essa insegurança, ele coloca essa característica no colega, para se afastar dela. Racionalizaçã...

Demissão Da Supervisora

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. "Fui contratado na organização pela supervisora da equipe de operadores de caixa, que, ao longo de dois anos, reconheceu meu desempenho e me ofereceu a vaga de fiscal de caixa. Nesse período, a empresa passou por um processo de rotatividade entre as supervisoras, com mudanças de loja. Recentemente, essa mesma supervisora foi desligada da organização. Vamos entender isso passo a passo, como se você estivesse começando a estudar Psicologia Organizacional. 1. O que aconteceu? Você foi contratado por uma supervisora que depois te ajudou a crescer dentro da empresa, te indicando para o cargo de fiscal de caixa. Isso mostra que ela acreditava no seu potencial e tinha uma liderança próxima da equipe. Com o tempo, a empresa fez mudanças: ela foi para outra loja e agora foi demitida. 2. Como a Psicologia Organizacional entende isso? Essa área estud...