Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
Introdução
O
presente livro propõe uma reflexão psicanalítica sobre a trajetória de um
fiscal-psicólogo que enfrenta o dilema entre a continuidade de sua prática
profissional e a frustração decorrente de obstáculos institucionais e
reconhecimento social. A narrativa parte de uma experiência concreta: o
sujeito, em crise com seu trabalho, questiona-se sobre “matar” simbolicamente a
psicologia dentro de si, evidenciando a tensão entre desejo, superego e
realidade externa.
A
análise dos sonhos, dos atos falhos e das resistências internas revela a
dinâmica profunda do inconsciente, mostrando como símbolos, imagens e
sentimentos se articulam para proteger o desejo e orientar a ação.
Inspirando-se
nos conceitos clássicos da psicanálise — Freud, Lacan, Klein — este livro busca
integrar a teoria à experiência clínica e à reflexão sobre a realização
profissional e pessoal de forma ética e simbólica.
Sumário
1.
O Pedido a Deus e o Desejo de Morte Simbólica da
Psicologia
2.
Matar a Frustração e Transformar o Cenário do
Desejo
3.
O Superego, a Projeção e a Idealização do
Psicólogo de Sucesso
4.
O Prazer de Ser Chamado de “Doutor”
5.
O “Doutor” como Metáfora do Pai Ideal
6.
Recusa de Ser Pai e Ética na Psicanálise
7.
Integração Simbólica: O Psicólogo que Escuta o
Desejo
8.
O Ato Falho e o Sonho Esquecido
9.
Interpretação Simbólica do Sonho Esquecido
10. Fragmento
do Sonho Recordado: Discursando para um Público Desinteressado
11. O
Renascimento do Desejo – Integração Simbólica
12. Caminhos
de Ressignificação
13. O
Cenário do Reconhecimento do Desejo
14. Os Corpos do Desejo
15. O novo cadarço do desejo
16. O
retorno do desejo à escuta: quando o silêncio se transforma em palavra
17. O desejo
reencontrado: a travessia do fiscal-psicólogo
18. Conclusão
– A trajetória psicanalítica do fiscal-psicólogo
19. Referências
Bibliográficas
Capítulo
1: O Pedido a Deus e o Desejo de Morte Simbólica da Psicologia
O
fiscal-psicólogo inicia sua reflexão com uma oração íntima, buscando orientação
divina sobre a continuidade de sua prática:
“Me
mostra, por símbolos, imagens ou sensação, se devo matar a psicologia dentro de
mim.”
Segundo
Freud (1900), os desejos inconscientes se manifestam frequentemente por
símbolos e sonhos, revelando conflitos que a consciência ainda não consegue
suportar. O desejo de “matar a psicologia” reflete a tensão entre o superego
moral, a frustração profissional e o id, que persiste em querer realização e
prazer na atividade.
Capítulo
2: Matar a Frustração e Transformar o Cenário do Desejo
A
frustração com poucos pacientes e falta de reconhecimento atua como catalisador
do desejo de abandono da profissão.
Segundo Lacan (1973), o desejo do sujeito nunca se satisfaz plenamente pelo
olhar do Outro, mas o reconhecimento externo frequentemente estrutura a
autoestima.
O capítulo explora estratégias psicanalíticas para transformar a frustração em
oportunidade de redefinição do desejo, incluindo a reflexão sobre atuação
coletiva e institucional.
Capítulo
3: O Superego, a Projeção e a Idealização do Psicólogo de Sucesso
O fiscal
associa seu sucesso ao título de doutor e ao consultório cheio, idealizando
modelos externos de prestígio.
A projeção do superego cria frustração constante: a realidade nunca alcança a
perfeição imaginária.
“O
superego não é uma simples consciência moral; ele é a internalização da censura
paterna, moldando o desejo do ego” (Freud, 1923).
Capítulo
4: O Prazer de Ser Chamado de “Doutor”
O título
“doutor” é mais que um sinal social; é um significante do reconhecimento e da
completude do ego.
Ele simboliza a legitimação do saber e do lugar do sujeito no mundo,
funcionando como uma defesa contra o medo de inadequação.
Capítulo
5: O “Doutor” como Metáfora do Pai Ideal
O título
também cumpre função simbólica paterna, autorizando o sujeito a exercer sua
profissão.
Segundo Lacan, o Nome-do-Pai estrutura o desejo do sujeito e garante a entrada
na ordem simbólica.
O capítulo explora como o reconhecimento pelo Outro sustenta o ego e protege o
desejo, evitando a morte simbólica da psicologia.
Capítulo
6: Recusa de Ser Pai e Ética na Psicanálise
Embora
goste de ser chamado de “doutor”, o sujeito rejeita a função de “pai” nas
sessões, evitando imposição ou autoridade moral sobre o paciente.
Essa recusa é uma defesa ética e inconsciente, protegendo o psicólogo de
reproduzir padrões autoritários internalizados e permitindo que o desejo do
paciente se manifeste livremente.
Capítulo
7: Integração Simbólica: O Psicólogo que Escuta o Desejo
A
reconciliação entre o “doutor” (saber) e o “pai” (limite) cria um terceiro
elemento: o psicólogo que escuta e sustenta o desejo do outro sem precisar
impor.
“O
analista é aquele que transforma a escuta em presença e o saber em cuidado”
(Lacan, 1966).
O
sujeito aprende que o reconhecimento não precisa ser externo, pois o desejo
pode ser sustentado internamente.
Capítulo
8: O Ato Falho e o Sonho Esquecido
O fiscal
recorda que sonhou, mas esqueceu o conteúdo.
Segundo Freud, o esquecimento de sonhos funciona como mecanismo de censura,
protegendo o ego do impacto de conteúdos conflitivos.
O ato falho indica que o inconsciente respondeu, mas que o ego ainda não
estava pronto para receber a mensagem completa.
Capítulo
9: Interpretação Simbólica do Sonho Esquecido
O sonho
esquecido revela que a psicologia não deve ser mortificada; o problema está na
forma imaginária do desejo que não se realizou.
“O sonho
é a via régia para o inconsciente” (Freud, 1900).
O inconsciente protege o desejo, sugerindo que ele será realizado de forma
diferente, em contexto coletivo ou institucional.
Capítulo
10: Fragmento do Sonho Recordado: Discursando para um Público Desinteressado
O sonho
rememora o sujeito discursando, mas o público não demonstra interesse.
- Sala = espaço simbólico da atuação social e
profissional.
- Público desinteressado = frustração com
falta de reconhecimento externo.
- Discurso = expressão do desejo.
O
fragmento confirma que o desejo persiste, mas precisa ser resignificado,
buscando formas de realização que não dependam exclusivamente da validação
alheia.
Capítulo 11: O Renascimento do
Desejo – Integração Simbólica
O fiscal-psicólogo, após anos de
frustração, percebeu-se à beira de um ponto crítico: o desejo de atuar em
psicologia parecia morto. O consultório vazio, o número limitado de pacientes e
a falta de reconhecimento externo alimentavam a sensação de morte simbólica.
Ele cogitou “matar” a psicologia dentro de si.
O ato falho e o sonho esquecido
indicam que o inconsciente ainda protege o desejo real, que não morreu, apenas
aguarda uma nova forma de manifestação (Freud, 1900).
O fragmento recente do sonho — discurso
para um público desinteressado — reforça que a psicologia não morreu;
apenas precisa de um espaço que permita expressão e sentido, longe da
dependência exclusiva do reconhecimento externo.
12. Caminhos de Ressignificação
1.
Reconectar-se com o desejo interno
o Sustentar
o prazer em exercer a psicologia independentemente do reconhecimento externo
(Lacan, 1973).
2.
Transformar o campo de atuação
o Migrar
do consultório individual para contextos coletivos ou institucionais;
o Buscar
projetos comunitários ou sociais.
3.
Integrar as figuras internas (“doutor” e
“pai”)
o “Doutor”
= saber;
o “Pai” =
limite ético;
o Integração
gera atuação ética e autêntica.
O renascimento ocorre quando o
sujeito aceita o luto da forma antiga, abre espaço para novas
manifestações do desejo e transforma a frustração em motivação ética e
criativa.
“O que parecia morto dentro de
mim é, na verdade, um embrião. Ele exige paciência, ética e coragem para se
transformar. O reconhecimento externo não cria o sentido; a escuta do desejo e
a presença ética são a verdadeira fonte da vida da psicologia em mim.”
Na psicanálise, isso é
essencial: o desejo não morre; ele se desloca, se encarna em
novos corpos simbólicos.
Vamos então explorar — com rigor
e sensibilidade — quais corpos o desejo de ser psicólogo em tempo integral
pode assumir, quando o consultório tradicional deixa de ser o espaço vivo
desse desejo.
Capítulo 13 – O Cenário do
Reconhecimento do Desejo
No fragmento de sonho que o
fiscal-psicólogo recorda, ele se encontra numa sala discursando para homens
e mulheres, mas ninguém parece interessado no que ele diz.
Esse cenário onírico traduz o drama do sujeito que fala e não é ouvido,
que deseja e não é reconhecido — uma metáfora da sua experiência com a
psicologia e com o mundo.
Segundo Freud (1914), a
frustração narcísica surge quando o eu não recebe do mundo o amor ou a
admiração que espera.
A libido investida no ideal do eu retorna como dor, como ferida narcísica.
No caso do fiscal-psicólogo, a falta de reconhecimento dos ouvintes simboliza a
impossibilidade de sustentar o desejo apoiado apenas no olhar do outro.
Lacan (1958) ensina
que o desejo se constitui no campo do Outro, mas não deve depender do seu
aplauso.
Enquanto o sujeito desejar ser amado pelo Outro, ele permanecerá alienado.
O sonho, portanto, revela o momento da queda do ideal imaginário: o
“psicólogo de sucesso”, o “doutor reconhecido”, o “sábio admirado”.
Tudo isso se desfaz diante da indiferença dos ouvintes — e é nesse vazio que o
desejo verdadeiro pode renascer.
O cenário possível onde o desejo
será reconhecido não é mais o palco, mas o círculo.
O sujeito não encontrará seu desejo num consultório cheio, mas num espaço
coletivo de escuta, numa instituição, num grupo, numa comunidade.
Ali, sua palavra deixará de buscar aplauso e passará a servir.
A fala se tornará laço, e o saber se transformará em ato ético.
O desejo renasce, portanto, no
encontro autêntico, não no reconhecimento imaginário.
O fiscal-psicólogo reencontrará sua vocação quando descobrir que o desejo
não é ser ouvido, mas escutar;
não é ser reconhecido, mas reconhecer-se na função de dar sentido à dor alheia.
Assim, o sonho, que parecia uma
cena de fracasso, torna-se a revelação simbólica da travessia:
a passagem do desejo narcisista ao desejo ético, do sucesso imaginário à
realização simbólica.
Capítulo
14 – Os Corpos do Desejo
O
desejo, quando não encontra lugar para se expressar, não desaparece; ele
apenas muda de corpo.
A travessia do fiscal-psicólogo é também a busca por novos corpos simbólicos
onde o desejo de cuidar, escutar e transformar possa renascer.
A seguir, os principais corpos possíveis que o desejo pode assumir.
🜂
1. O corpo institucional
Aqui,
o desejo se encarna na instituição — hospital, escola, ONG, empresa,
igreja ou serviço público.
O psicólogo deixa de escutar o indivíduo isolado e passa a escutar o laço
social.
O sofrimento é coletivo, e o trabalho se torna mediação entre o sujeito e o
sistema.
O analista, como diz Lacan, “se autoriza de si mesmo e de alguns outros” — e
esses “outros” podem ser o coletivo institucional que o sustenta.
O primeiro corpo possível é o da
instituição — hospital, escola, ONG, comunidade terapêutica, empresa,
centro de assistência social, igreja ou projeto público.
Aqui, o desejo do psicólogo encontra a dimensão coletiva do sofrimento
humano.
Nesse corpo, o psicólogo deixa
de ser “aquele que escuta o indivíduo” e passa a ser aquele que escuta o
laço —
o laço social, familiar, educativo, organizacional.
Ele se torna mediador entre o sujeito e o sistema, entre o inconsciente e as
forças que o atravessam.
“O analista se autoriza de si
mesmo e de alguns outros.” (Lacan, 1967)
Esse “alguns outros” pode ser o coletivo institucional — um novo corpo que
sustenta o desejo.
🌾
2. O corpo da palavra
O
desejo pode habitar a escrita, a fala, a arte verbal, o ensino e a
comunicação.
A palavra torna-se corpo, veículo do inconsciente.
Mesmo fora do setting clínico, o psicólogo continua fazendo o inconsciente
circular pela cultura — em textos, vídeos, palestras, performances, poesia.
É o corpo simbólico da palavra que escuta o mundo.
O desejo do psicólogo pode
também se encarnar no discurso público —
na escrita, na arte, na fala, nos vídeos, nas redes sociais, na literatura.
Esse corpo é simbólico: a
palavra torna-se o meio de escuta ampliada.
Mesmo sem o setting clínico, o psicólogo pode abrir espaços de reflexão
coletiva,
fazer o inconsciente circular nas entrelinhas da cultura.
Freud já dizia que “os poetas
e filósofos descobriram o inconsciente antes de mim”.
Ou seja, o corpo da palavra é também corpo analítico, quando carrega
escuta, simbolização e desejo de elaboração.
🌊
3. O corpo comunitário
Neste
corpo, a psicologia se mistura à vida cotidiana: na vizinhança, no
voluntariado, nos grupos de fé, nas rodas de conversa, nas ações sociais.
O psicólogo reencontra o desejo no gesto simples de cuidar.
A clínica se expande e se dissolve no tecido social, onde o saber psicológico
se torna presença viva.
Há também o corpo da vida
cotidiana — o grupo, a vizinhança, o círculo espiritual, o voluntariado, o
coletivo social.
A psicologia aqui não é profissão, é modo de estar no mundo.
O desejo se encarna no gesto de cuidar, acolher, orientar, educar, ensinar,
brincar, servir.
Esse corpo é ético e
existencial.
O psicólogo descobre que pode ser psicólogo sem precisar ser o “Doutor
Psicólogo” —
porque a ética do cuidado e da escuta o acompanha, qualquer que seja o cenário.
🔥
4. O corpo artístico e simbólico
A
arte é o corpo natural do inconsciente.
O desejo pode se deslocar para a palhaçaria, o teatro, o cinema, a pintura,
a música, o humor.
O artista e o analista compartilham a mesma função: tornar visível o
invisível.
Nesse corpo, o psicólogo expressa o que as palavras clínicas não alcançam.
A arte é um corpo poderoso para
o desejo de quem trabalha com o inconsciente.
O desejo pode se deslocar para a palhaçaria, o teatro, a música, a escrita
poética, o cinema, o humor,
onde o psicólogo continua a tocar o inconsciente — mas agora através da emoção
e do símbolo.
O artista e o psicólogo
compartilham o mesmo gesto: dar forma sensível ao que é invisível.
O corpo artístico permite que o desejo fale sem depender de palavras
racionais,
e isso pode ser profundamente curativo — para o sujeito e para o público.
🌙
5. O corpo espiritual
Há
o corpo do sagrado, onde o desejo se une à fé e ao sentido.
Aqui, a escuta se torna oração silenciosa; a psicologia se funde com a
espiritualidade viva, sem dogmas.
O sujeito reencontra o desejo na transcendência da escuta, onde cada
alma é também um texto sagrado.
Há ainda o corpo do sagrado,
entendido não como dogma, mas como dimensão do sentido.
O psicólogo pode reencontrar o desejo na espiritualidade viva — aquela que se
compromete com o sofrimento humano e busca reconectar o sujeito ao mistério da
vida.
O corpo espiritual é o que
integra fé e escuta, transcendência e psiquismo.
Aqui, a psicologia torna-se uma forma de oração ativa:
escutar é orar pelo outro em silêncio.
🌿
6. O corpo do silêncio e da pausa
Por
fim, há o corpo do não fazer.
O desejo às vezes precisa descansar, morrer um pouco, para poder se
reconfigurar.
Freud chamaria isso de tempo de elaboração psíquica; Lacan, de tempo
para compreender.
O silêncio é o ventre onde o novo desejo é gestado.
O
desejo do psicólogo pode mudar de corpo, mas não de essência.
Ele continuará sendo desejo de escuta, de simbolização e de encontro.
Por fim, há um corpo que poucos
reconhecem, mas é essencial: o corpo do não fazer.
O desejo pode precisar silenciar para se reconstruir.
Esse corpo é o da morte simbólica necessária, o espaço onde o sujeito
não age, apenas espera, sonha, recolhe-se.
Freud chamaria isso de tempo de elaboração psíquica.
Lacan chamaria de tempo para compreender.
Às vezes, o corpo do desejo
precisa repousar para, depois, renascer com nova forma e novo sentido.
✨ Síntese Final
O desejo de atuar como psicólogo
não desaparece;
ele apenas muda de corpo, conforme o sujeito muda de posição diante do Outro.
Os corpos possíveis do desejo
são:
1.
Institucional – o
coletivo como novo espaço de escuta.
2.
Da palavra – o discurso público
como instrumento de elaboração.
3.
Comunitário – a
vida cotidiana como campo de cuidado.
4.
Artístico – o símbolo e a emoção
como linguagem do inconsciente.
5.
Espiritual – a fé e o sentido como
extensão da escuta.
6.
Do silêncio – a
pausa como travessia do desejo.
Capítulo
15 – O novo cadarço do desejo
O
fiscal-psicólogo sonhou que tinha um tênis novo, de aparência bela, diferente
de todos os outros.
O que mais chamava sua atenção era o modo como o cadarço havia sido colocado —
de uma forma incomum, já vinda de fábrica.
Ao tentar calçá-lo, temeu que o cadarço atrapalhasse, mas logo percebeu que o
obstáculo não estava no tênis, e sim na necessidade de aprender a se adaptar ao
novo formato.
O
sonho é, então, a imagem de uma mutação psíquica.
O tênis novo representa o novo caminho libidinal — o percurso simbólico que o
inconsciente fabrica quando o sujeito precisa abandonar uma forma anterior de
viver.
O cadarço diferente é o modo inédito de ligar o desejo à realidade; ele não
segue o padrão conhecido, porque o desejo renascente nunca se amarra da mesma
maneira que o antigo.
Freud
diria que o sonho revela uma reorganização pulsional: as ligações anteriores
entre as pulsões e seus objetos estão sendo desfeitas e refeitas sob novas
condições.
O fiscal-psicólogo, exausto, deseja “matar a psicologia dentro de si” — esse
desejo é o grito do ego saturado, que tenta se proteger da dor de não ver
reconhecida a própria vocação.
Mas o sonho responde:
“O
fabricante já colocou o novo cadarço. Mesmo que você queira desamarrá-lo, ele
faz parte de você.”
Esse
fabricante é o inconsciente — a estrutura que cria, com seus fios e nós, o
tecido do desejo.
O ego pode tentar silenciar a psicologia, mas o desejo já está amarrado à alma.
A tentativa de renúncia não é destrutiva: é o instante de pausa entre uma morte
simbólica e um renascimento.
O
corpo do silêncio e da pausa: o tempo de elaboração psíquica do desejo
Há
um corpo que poucos reconhecem, mas é essencial: o corpo do não fazer.
O fiscal-psicólogo, ao desejar matar a psicologia, entra nesse corpo — o corpo
do silêncio.
O desejo, cansado de lutar contra a realidade que o nega, precisa silenciar
para se reconstruir.
Esse
corpo é o da morte simbólica necessária:
o espaço onde o sujeito não age, apenas espera, sonha e recolhe-se.
Freud chamaria isso de tempo de elaboração psíquica — o intervalo em que o ego,
impossibilitado de agir, se volta para dentro e elabora a perda, permitindo que
novas ligações libidinais se formem.
Lacan o chamaria de tempo para compreender, o momento suspenso entre o saber e
o agir, em que o sujeito escuta o murmúrio do inconsciente e reconhece o que,
até então, estava recalcado.
No
sonho, o tênis novo não é calçado para caminhar; ele é apenas experimentado.
O gesto contido — o “quase movimento” — é a forma onírica de representar esse
tempo de suspensão:
o momento em que o corpo se aquieta para que o desejo possa respirar.
O cadarço, com seu novo formato, exige paciência; o ego precisa reaprender a
calçar o desejo com delicadeza, sem forçar os laços.
Nesse
silêncio,
- o fiscal morre
simbolicamente,
- o psicólogo
recolhe-se,
- o desejo
adormece,
- e o
inconsciente trabalha em segredo, refazendo o cadarço da alma.
Esse
é o corpo da pausa, o corpo do não fazer.
É nele que o desejo repousa para, depois, renascer com nova forma e novo
sentido.
A pausa não é fracasso, é elaboração.
O silêncio não é ausência de desejo, é o intervalo sagrado em que o desejo
aprende a falar uma nova língua.
O
corpo do silêncio é, assim, o corpo da gestação simbólica.
Nele, o sujeito descansa o ego, entrega-se ao inconsciente e permite que Eros
reorganize o que Thanatos quis destruir.
O não fazer se revela como o gesto mais profundo de elaboração: é o repouso do
desejo antes de seu renascimento.
Capítulo 16 – O retorno do
desejo à escuta: quando o silêncio se transforma em palavra
Depois do silêncio, vem o
murmúrio.
E é nesse murmúrio interno — quase imperceptível — que o desejo volta a se
manifestar.
O fiscal-psicólogo, que antes quis matar a psicologia dentro de si, percebe
agora que o silêncio não a extinguiu, apenas a preservou.
Como uma semente guardada sob a terra, a psicologia esperava o momento certo
para brotar novamente.
O sonho do tênis novo havia
anunciado essa possibilidade: um novo modo de caminhar.
Agora, desperto de seu luto simbólico, o sujeito começa a ouvir o chão sob
os pés.
Cada passo torna-se um gesto de retorno à escuta — uma escuta diferente,
amadurecida, que nasce do sofrimento e do tempo de elaboração.
A escuta que renasce
Freud escreveu que, após o
trabalho de luto, a libido liberta-se do objeto perdido e pode ser reinvestida
em novos objetos.
No caso do fiscal-psicólogo, essa libido antes aprisionada no conflito — entre
o dever do trabalho e o desejo de cuidar — começa a se deslocar para uma nova
forma de presença.
A escuta que retorna não é mais a do terapeuta idealizado, nem a do
fiscal que vigia, mas uma escuta humanizada, que nasce da própria
experiência de perda e reconstrução.
Ele descobre que a verdadeira
escuta psicanalítica não acontece apenas diante do paciente, mas dentro de
si mesmo.
Escutar-se é o primeiro gesto ético do renascimento.
O silêncio vivido não foi um vazio inútil — foi a travessia do deserto,
onde o sujeito aprendeu a ouvir o som da própria falta.
Do silêncio à palavra
Lacan nos lembra que o sujeito
só se constitui na relação com o significante, e que o silêncio, quando
bem elaborado, prepara o retorno da palavra com outro valor simbólico.
Assim, quando o fiscal-psicólogo volta a falar — seja com colegas, clientes ou
futuros pacientes —, ele fala a partir de um novo lugar do desejo.
A palavra não é mais defesa, mas reconexão.
O fiscal, antes identificado com
a função de controle, transforma-se simbolicamente no guardião da escuta.
A função de fiscalizar se sublima: ele não vigia mais para punir, mas observa
para compreender.
A escuta psicanalítica reaparece, mas não como profissão apenas — como modo
de estar no mundo.
O corpo que antes estava
esgotado de tanto conter, agora fala com leveza.
As pausas, antes vividas como morte, agora são respirações.
O silêncio, antes resistência, agora é campo fértil de acolhimento.
O desejo não precisa mais gritar; ele sussurra e é ouvido.
A reconciliação do fiscal e do
psicólogo
O renascimento do desejo não
exige apagar o passado, mas reconciliá-lo.
O fiscal e o psicólogo — que antes se confrontavam como opostos — tornam-se
agora dois registros de uma mesma subjetividade.
O fiscal aprende a escutar; o psicólogo aprende a organizar.
Ambos se reconhecem como partes de um mesmo sujeito que se transformou pela
dor, pelo silêncio e pelo sonho.
Assim, o fiscal-psicólogo
compreende que sua vocação não morreu — ela apenas mudou de forma.
A psicologia não é mais apenas um título ou profissão, mas um modo de
presença simbólica.
A escuta se torna um gesto cotidiano:
ao ouvir um colega, um cliente, um silêncio no corredor, o sujeito reconhece
ali um eco de si mesmo.
Capítulo 17 – O desejo
reencontrado: a travessia do fiscal-psicólogo
Há travessias que não se fazem
com os pés, mas com o inconsciente.
A jornada do fiscal-psicólogo foi uma dessas: um caminho invisível, percorrido
entre a culpa e o desejo, entre a função e a vocação, entre o real que sufoca e
o simbólico que chama.
Durante muito tempo, ele
acreditou que seu trabalho como fiscal consumia toda sua energia libidinal.
O corpo estava cansado, o desejo, silenciado.
Chegou a pensar que precisava matar a psicologia dentro de si — para não
sofrer a dor de desejar o impossível.
Mas o inconsciente, paciente como o tempo, guardou essa psicologia no lugar do
sonho.
No silêncio noturno, o sonho do tênis
novo apareceu como um gesto de misericórdia do próprio desejo.
O inconsciente lhe mostrou que o fabricante já havia colocado o novo cadarço,
e que não havia mais retorno possível à forma antiga de viver.
A psicologia estava inscrita em sua alma, e a tentativa de matá-la apenas
revelou o quanto ela era viva.
A travessia da renúncia à escuta
Freud dizia que o trabalho de
luto é uma travessia entre a perda e o reencontro.
O fiscal-psicólogo fez essa travessia, não com pressa, mas através da pausa
— o corpo do silêncio que o sustentou enquanto o desejo se reorganizava.
Nesse tempo de não fazer, ele elaborou a morte simbólica de sua antiga
identidade e acolheu o vazio que a perda deixou.
Lacan diria que ele atravessou o
tempo para compreender e chegou ao momento de concluir: o
instante em que o sujeito aceita que o desejo não é algo a ser possuído, mas
algo a ser escutado.
Ao voltar a escutar, o fiscal-psicólogo percebe que a função de fiscalizar
se sublima em atenção, e a função de escutar se humaniza em presença.
A psicologia que renasce nele não é profissão, é modo de ser-no-mundo.
O reencontro com o desejo
No reencontro com o desejo, ele
descobre algo essencial: o desejo não se mata, ele muda de corpo.
O desejo que antes se expressava como urgência de mudar de trabalho, agora se
expressa como presença transformadora onde quer que esteja.
O inconsciente não lhe pede pressa, mas constância.
Cada gesto cotidiano — uma conversa, um olhar, um silêncio diante de alguém —
torna-se espaço de escuta, de elaboração e de cuidado.
Freud chamaria esse estado de sublimação,
quando a energia pulsional se desloca para um fim mais elevado e simbólico.
O fiscal-psicólogo, agora reconciliado, transforma o que antes era cansaço em ato
criador: fiscaliza com empatia, orienta com escuta, age com consciência.
O trabalho deixa de ser cárcere e se torna campo de experiência psíquica,
onde o sujeito se reconhece inteiro.
A travessia concluída
O luto do fiscal-psicólogo não
foi pela psicologia, mas pelo modo antigo de sustentá-la.
Ele precisou deixá-la morrer dentro de si para reencontrá-la com nova forma e
sentido.
Agora, o desejo que um dia se quis matar vive serenamente, sem precisar
de reconhecimento externo para existir.
O sujeito aprendeu que o verdadeiro renascimento não acontece fora, mas no
silêncio interior que se torna palavra.
Lacan diria que ele fez a traversée
du fantasme — a travessia do fantasma —, aquela em que o sujeito deixa de
se identificar com o ideal e passa a se reconciliar com seu próprio desejo.
O fiscal-psicólogo já não busca aprovação, mas sustenta a diferença que
o constitui.
Ele descobriu que o desejo não precisa ser perfeito — basta ser verdadeiro.
[...] O sonho do tênis novo
apareceu como um gesto de misericórdia do próprio desejo.
O inconsciente lhe mostrou que o fabricante já havia colocado o novo cadarço, e
que não havia mais retorno possível à forma antiga de viver.
A psicologia estava inscrita em sua alma, e a tentativa de matá-la apenas
revelou o quanto ela era viva.
O novo calçado simbólico do ego
Se quisermos expandir essa
leitura para o percurso do fiscal-psicólogo, o sonho mostra o ego
aprendendo a andar com um novo calçado simbólico:
não o sapato pesado da função fiscalizadora, que representava o superego
rígido e normativo,
mas o tênis leve e criativo do psicólogo, expressão de um desejo mais
livre, autêntico e humanizado.
O inconsciente, como fabricante
secreto da subjetividade, sinaliza:
“O novo modelo já foi produzido.
Basta aprender a calçá-lo.”
O tênis, com seu cadarço
diferente, indica a nova forma de amarrar o desejo — não mais pelos laços
da repressão, mas pelos fios da elaboração simbólica.
O ego, ao tentar calçar o tênis, estranha o modo como o cadarço foi tecido.
Teme que ele atrapalhe, mas descobre que é apenas uma questão de adaptação:
o aprendizado de uma nova economia psíquica, mais flexível e criativa.
Freud diria que, nesse instante,
o ego realiza o trabalho de elaboração da perda.
Ao deixar de investir libido no antigo “sapato da função fiscal”, ele
redireciona essa energia para o novo objeto simbólico — o tênis do
desejo renascido.
Lacan acrescentaria que esse momento é o da reinscrição do sujeito no campo
do desejo, quando o significante do antigo papel social se desfaz, e o
sujeito passa a se representar por um novo significante: o de psicólogo
desejante.
O fiscal-psicólogo, portanto,
aprende que o desejo não é algo externo que se conquista, mas algo que se
calça — algo que se veste por dentro, que molda o corpo e o modo de
caminhar no mundo.
Ao aceitar o novo cadarço, ele aceita também uma nova forma de se amarrar à
vida, mais leve, criativa e fiel ao seu próprio inconsciente.
18.Conclusão
– A trajetória psicanalítica do fiscal-psicólogo
A
trajetória psicanalítica do fiscal-psicólogo revela que o desejo não morreu,
apenas se transformou.
A tensão entre o superego, o ego e o id criou resistências que culminaram em
frustração e desejo de morte simbólica da psicologia.
No entanto, a análise dos sonhos, atos falhos e simbolismos mostra caminhos de
ressignificação:
- Transformar frustração em reconstrução do
desejo;
- Integrar o saber (“doutor”) com a função de
sustento (“pai”) de maneira ética;
- Redefinir o espaço profissional, focando no
coletivo, na instituição ou em formas alternativas de realização.
O sonho,
esquecido e fragmentado, atua como guia simbólico, mostrando que a psicologia
ainda pulsa dentro do sujeito, aguardando novas formas de expressão e
significado.
A
análise revela que o desejo do fiscal-psicólogo não morreu; ele apenas passou
por um processo de metamorfose simbólica. A integração de sonhos, atos
falhos, figuras internas e frustrações mostra que o caminho para a realização
não depende unicamente de aprovação externa, mas de ética, presença e
resignificação do desejo.
A
psicologia renasce como missão, serviço e expressão autêntica do sujeito,
demonstrando que a vida psíquica e profissional podem ser reconstruídas mesmo
após momentos de desânimo profundo.
O sonho
ensina que a morte simbólica do desejo não é o fim, mas o início de uma
reconstrução.
O ego, ao aceitar o corpo do silêncio e da pausa, permite que a psicologia —
antes sufocada pelo cansaço — renasça como vocação amadurecida.
Assim, o fiscal-psicólogo compreende que “matar a psicologia dentro de si” era
apenas um modo inconsciente de preservá-la, guardando-a no sono, no
silêncio, no sonho —
até que o novo cadarço do desejo esteja firme o bastante para sustentar o
próximo passo.
O sonho
ensina que a morte simbólica do desejo não é o fim, mas o início de sua
reconstrução.
O ego, ao aceitar o corpo do silêncio e da pausa, permite que a psicologia —
antes sufocada pelo cansaço — renasça com nova vitalidade.
Assim, o fiscal-psicólogo compreende que “matar a psicologia dentro de si” era
apenas um modo inconsciente de protegê-la, guardando-a no tempo do
sonho, onde o inconsciente a preserva até que o sujeito esteja pronto para
calçar novamente o novo cadarço do desejo.
O desejo
retorna, mas não como antes.
Ele volta amadurecido pelo luto, silenciado pela pausa, reconfigurado
pelo sonho.
O ego, que antes quis matar a psicologia, agora entende que o desejo não morre
— apenas se transforma para sobreviver.
O
fiscal-psicólogo retoma a caminhada, calçando o novo tênis.
Cada laço do cadarço é uma lembrança:
do silêncio que o curou, do sonho que o advertiu, da escuta que renasceu.
Freud
diria que o sujeito atravessou o luto e reinvestiu sua libido.
Lacan diria que o sujeito passou do tempo para compreender ao momento de
concluir.
E ele mesmo diria, em silêncio:
“Agora
posso andar. Agora posso escutar. O desejo voltou, e ele fala baixinho — mas eu
o ouço.”
O
fiscal-psicólogo completou sua travessia.
Do fiscal que fiscalizava o outro, tornou-se o psicólogo que escuta a si mesmo.
Do homem dividido, fez-se sujeito em processo.
Do trabalho que o adoecia, extraiu a experiência que o transformou.
Agora
ele caminha com seu tênis novo — não mais temendo o cadarço diferente, mas
reconhecendo que nele está o desenho do próprio inconsciente.
O fabricante do sonho o preparou para isso: para andar em silêncio, escutar
o desejo e transformar a dor em sentido.
O luto
terminou, mas a escuta continua.
E em cada passo que dá, ele escuta o eco do sonho dizer:
“O
desejo não morreu. Ele apenas esperava o tempo do silêncio para aprender a
andar contigo.”
A
trajetória do fiscal-psicólogo é a de um sujeito que atravessou, com o corpo e
com a alma, as margens simbólicas do trabalho, da identidade e do desejo.
Seu percurso não é o de uma simples mudança de profissão, mas o de uma mutação
subjetiva, na qual o ego, outrora identificado com o papel de fiscal,
aprendeu a sustentar o peso e a leveza de um novo sentido: o de ser psicólogo
de si mesmo e do mundo.
Durante
muito tempo, ele se percebeu dividido entre o dever e o desejo, entre o
olhar do superego que cobra e o chamado do inconsciente que sussurra.
Na superfície, parecia cumprir ordens e protocolos.
Mas, no subterrâneo da alma, travava-se uma luta entre o fiscal que
fiscaliza o outro e o psicólogo que deseja compreender o humano.
Esse conflito é o ponto de partida da obra: o lugar onde o sujeito sente o
mal-estar de não mais caber na forma antiga de ser.
A morte
simbólica como passagem
A
decisão de “matar a psicologia dentro de si” foi o ápice dessa cisão.
No entanto, como todo gesto que toca o inconsciente, essa morte foi apenas
simbólica — um ato de suspensão para que o desejo pudesse se
reorganizar.
Freud diria que o fiscal-psicólogo entrou em um trabalho de luto, não
por alguém, mas por uma parte de si.
Lacan diria que ele viveu o tempo de compreender, aquele silêncio em que
o sujeito ainda não sabe, mas o inconsciente já trabalha.
Esse foi
o corpo do silêncio e da pausa — o corpo do não fazer — onde o desejo precisou morrer
em sua forma antiga para renascer em uma nova estrutura simbólica.
O ego, cansado, recolheu-se.
E foi nesse recolhimento que o sonho veio como um gesto de ternura do
inconsciente: o tênis novo apareceu como metáfora de um renascimento
psíquico.
O sonho
como chave de transformação
O sonho
do novo cadarço não foi apenas uma imagem onírica, mas um ato de transmissão
simbólica.
Ele revelou que o ego estava pronto para se adaptar a uma nova forma de
caminhar.
O inconsciente, como um fabricante silencioso, já havia construído o modelo: o
tênis leve e criativo do psicólogo.
O sujeito apenas precisava aprender a calçá-lo — isto é, a sustentar o desejo
de ser quem realmente é, mesmo sem o reconhecimento externo que o superego
tanto exigia.
Essa
descoberta transformou a tentativa de renúncia em ato de criação.
O fiscal não precisou abandonar o trabalho para ser psicólogo;
bastou deslocar o olhar, transmutar a função em escuta, e o cotidiano se
transformou em espaço simbólico de elaboração.
O desejo, antes oprimido, reencontrou uma via de sublimação.
O desejo
reencontrado
No final
da travessia, o fiscal-psicólogo não busca mais a validação do outro.
Ele compreende que o desejo não precisa de autorização.
O verdadeiro desejo — o que nasce do inconsciente — é silencioso, persistente e
fiel àquilo que o sujeito é em essência.
Freud
dizia que “aonde o id estava, o ego deve advir”.
No fiscal-psicólogo, o ego enfim adveio, reconciliando-se com seu próprio id e
desarmando o superego tirano.
Lacan completaria: “Não recuem diante do vosso desejo.”
E ele, agora, não recua — apenas caminha, calçando o tênis novo, aceitando os
fios do novo cadarço que o inconsciente teceu com cuidado.
Síntese
final
A
trajetória psicanalítica do fiscal-psicólogo é, em última instância, a história
de um renascimento subjetivo.
O fiscal não foi superado, mas integrado.
A psicologia não foi um destino, mas uma travessia.
E o desejo, longe de ser um ideal, tornou-se modo de presença no mundo.
O
sujeito aprendeu que:
- O silêncio é um tempo de trabalho
inconsciente;
- O luto é o caminho da transformação;
- E o desejo é a força que, mesmo sufocada,
sempre reencontra uma via de expressão.
Hoje, o
fiscal-psicólogo caminha com um novo passo — mais leve, mais simbólico, mais
fiel ao seu inconsciente.
Em cada gesto cotidiano, ele escuta o eco do sonho:
“O
fabricante já produziu o novo modelo. Basta continuar aprendendo a calçá-lo.”
Referências
Bibliográficas
1.
Freud, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos.
Rio de Janeiro: Imago.
2.
Freud, S. (1923). O Ego e o Id. Rio de
Janeiro: Imago.
3.
Lacan, J. (1966). Écrits. Paris: Seuil.
4.
Lacan, J. (1973). O Seminário, Livro 20: Mais,
Ainda. Paris: Seuil.
5.
Klein, M. (1946). Notas sobre a Psicologia
Infantil e as Relações de Objeto. Londres: Hogarth Press.
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