Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. um fiscal
de caixa que trabalha numa equipe do supermercado ver os seus colegas pedindo a
conta e isso gera nele uma uma insegurança gera nele uma inveja criativa que
ele está totalmente insatisfeito também com o ambiente quer sair mais porém
parece que existe um medo de que pensar que o leva a pensar que não vai
conseguir então quando vê os colegas saindo isso fala Puxa vida quando será que
eu vou sair desse ambiente aqui também me explique sobre a inveja que esse
fiscal de caixa sente em relação aos seus colegas de trabalho e também o
mecanismo de contratransferência que ele sente em relação a essa situação. Me
explica e interpreta como se eu fosse um iniciante pela abordagem da
psicanálise.
Na
psicanálise, a inveja criativa não é apenas um sentimento negativo, mas um
impulso que pode levar ao crescimento. Vamos entender o que acontece com esse
fiscal de caixa.
O
que é a inveja criativa nesse caso?
Ele
vê os colegas pedindo demissão e sente inveja porque eles conseguiram sair do
supermercado, enquanto ele ainda está preso nessa realidade. Mas essa inveja
não é só um desejo de que os outros fracassem – é um desejo de também ter
aquilo que eles conquistaram: a liberdade de sair. O problema é que, ao mesmo
tempo, ele sente medo de não conseguir.
A
inveja criativa pode servir como um empurrão para ele se movimentar. Ou seja,
ele pode usar esse sentimento para refletir:
"Se
meus colegas conseguiram sair, por que eu não consigo? O que me impede? Será
que estou me segurando por medo?"
Se
ele canalizar essa inveja para a ação, pode começar a planejar sua saída do
supermercado, como estudar possibilidades, juntar dinheiro ou buscar uma nova
oportunidade.
O
medo que paralisa
Ao
mesmo tempo que sente inveja, ele sente medo. Esse medo pode vir do superego,
que funciona como um juiz interno cheio de regras e crenças. Talvez o superego
dele diga coisas como:
"E
se eu sair e não conseguir outro emprego?"
"E
se eu falhar e me arrepender?"
"Será
que estou sendo ingrato por querer sair?"
O
superego pode estar censurando o desejo dele de sair, mantendo-o preso pelo
medo.
O
que é a contratransferência nesse caso?
A
contratransferência acontece quando um profissional (como um psicólogo) sente
emoções pessoais ao ouvir o relato de alguém. No caso desse fiscal de caixa,
ele pode sentir contratransferência ao ver os colegas saindo porque se
identifica com a situação.
Se
ele estivesse atendendo um paciente que está preso em um trabalho que não
gosta, ele poderia sentir essa angústia também, porque ele próprio está vivendo
isso. Isso pode fazer com que ele reaja emocionalmente, talvez ficando ansioso,
impaciente ou até encorajando demais o paciente a sair sem analisar os riscos.
Ou
seja, a contratransferência pode ser um reflexo da própria insatisfação dele, e
ele precisa estar atento para não deixar isso interferir na forma como vê sua
própria situação e a dos outros.
Conclusão
Esse
fiscal de caixa sente uma mistura de inveja criativa e medo, e isso reflete um
conflito interno entre seu id (o desejo de sair) e seu superego (o medo do
fracasso). Se ele entender essa dinâmica, pode transformar essa inveja em um
impulso positivo para sair do supermercado de forma planejada, sem deixar que o
medo o paralise.
Se
esse fiscal de caixa não tomar consciência dessa dinâmica psíquica, ele pode
acabar permanecendo no supermercado por tempo indefinido, sempre invejando os
colegas que saem, mas sem agir. Isso pode gerar um ciclo de frustração e
ressentimento.
Agora,
vamos aprofundar um pouco mais na interpretação psicanalítica dessa situação.
1.
O Ego no Conflito entre o Id e o Superego
Na
psicanálise, o id representa os desejos primitivos e impulsivos, o superego
representa as normas e censuras internas, e o ego tenta equilibrar os dois para
tomar decisões realistas.
Aqui,
o id do fiscal quer sair do supermercado porque ele está insatisfeito e quer
liberdade. Mas o superego está impondo um medo, possivelmente baseado em
crenças internalizadas, como:
“Você
precisa de estabilidade.”
“Se
você sair, pode se dar mal.”
“E
se ninguém te aceitar em outro emprego?”
O
ego, então, fica em um impasse. Se ele for influenciado demais pelo superego,
ele pode continuar no supermercado contra sua vontade. Se for impulsionado
apenas pelo id, pode sair sem planejamento e depois enfrentar dificuldades.
2.
A Função da Inveja Criativa
A
inveja que ele sente não é apenas uma emoção negativa, mas um alerta de que
algo dentro dele deseja mudança. No entanto, se ele não souber canalizar essa
inveja, ela pode se transformar em ressentimento e autopiedade, o que pode
levá-lo a se sentir inferior e até menosprezar aqueles que saíram, pensando:
“Eles
só conseguiram porque têm sorte.”
“Eu
nunca vou conseguir.”
“Talvez
eles se arrependam depois.”
Essa
racionalização serve para proteger seu ego contra o medo da mudança. Porém, se
ele encarar essa inveja como um sinal de que também precisa agir, ele pode
começar a elaborar um plano para sair do supermercado de forma consciente.
3.
Contratransferência e Projeção
Se
esse fiscal de caixa também for psicólogo, ele pode vivenciar essa
contratransferência com seus pacientes. Se um paciente falar sobre insatisfação
no trabalho e desejo de mudança, ele pode sentir um incômodo interno porque
essa questão também o afeta.
Esse
incômodo pode levá-lo a:
Projetar
sua própria frustração no paciente, dizendo algo como: “Sim, você tem que sair
logo desse emprego!”, sem ajudar o paciente a avaliar as possibilidades.
Evitar
tocar no assunto, porque não quer lidar com seus próprios sentimentos.
Sentir-se
desconfortável e sem perceber o porquê, pois o caso do paciente ressoa com sua
própria experiência.
A
contratransferência, quando bem trabalhada, pode ser uma oportunidade para o
fiscal entender melhor seus próprios conflitos internos e agir de forma mais
consciente.
4.
Como o Ego Pode Resolver esse Conflito?
Para
que esse fiscal consiga sair do supermercado sem se deixar paralisar pelo medo,
o ego precisa equilibrar o desejo do id e as imposições do superego. Algumas
estratégias psicanalíticas que ele pode usar incluem:
Tomar
consciência do medo – Perceber que seu superego está impondo crenças
limitantes.
Transformar
a inveja em ação – Usar a energia da inveja para planejar uma saída, em vez de
ficar preso à frustração.
Fazer
um planejamento realista – Não agir impulsivamente, mas sim criar um plano para
sair do supermercado com segurança.
Trabalhar
a autoconfiança – Questionar as crenças negativas do superego e construir uma
visão mais positiva de suas capacidades.
Conclusão
A
inveja que esse fiscal sente não é algo ruim em si mesma; ela é um sinal de que
ele deseja mudança. O problema surge quando o medo do superego o paralisa e
impede que ele aja. Se ele conseguir compreender essa dinâmica psíquica, pode
usar essa inveja de maneira construtiva e planejar sua saída do supermercado
sem ser dominado pelo medo.
Se
ele também atua como psicólogo, precisa estar atento à sua contratransferência
para não projetar seus próprios conflitos nos pacientes. Isso pode ajudá-lo a
crescer tanto profissionalmente quanto pessoalmente.
Se
esse fiscal de caixa continuar ignorando esse conflito interno, ele pode entrar
em um estado de estagnação psicológica, onde a insatisfação aumenta, mas ele
permanece no mesmo lugar. Isso pode levá-lo a desenvolver sintomas
psicossomáticos (como ansiedade, insônia ou dores físicas) ou até a uma
desmotivação extrema no trabalho, prejudicando seu desempenho.
Agora,
vamos aprofundar ainda mais alguns pontos da psicanálise aplicados a essa
situação.
1.
O Mecanismo de Defesa da Racionalização
Quando
o medo impede o fiscal de agir, ele pode recorrer à racionalização para
justificar sua permanência no supermercado. Isso significa que ele cria
argumentos aparentemente lógicos para não sair, mas que na verdade são formas
de evitar lidar com seu medo.
Exemplos
de racionalização:
Aqui
eu tenho um salário fixo, então é melhor ficar."
"Nem
sempre as pessoas que saem conseguem algo melhor."
"Talvez
eu só esteja exagerando essa insatisfação."
Esses
pensamentos podem dar a ele uma sensação temporária de segurança, mas, no
fundo, não resolvem a angústia. Ele continua insatisfeito, e a inveja dos
colegas que saem continua a reaparecer.
2.
A Repressão do Desejo e o Adoecimento Emocional
Se
o fiscal continuar reprimindo seu desejo de sair, pode acabar desenvolvendo um
quadro de sofrimento psíquico. A psicanálise mostra que desejos reprimidos não
desaparecem, mas encontram outras formas de se manifestar, como:
Desmotivação:
Ele pode se tornar apático, sem energia para o trabalho.
Agressividade:
Pode começar a tratar mal clientes ou colegas sem perceber o motivo.
Tristeza
e frustração: Pode sentir um peso emocional crescente sem saber explicar o
porquê.
Esse
adoecimento emocional é um sinal de que o ego está sobrecarregado tentando
equilibrar o desejo do id e as censuras do superego.
3.
O Complexo de Inferioridade e a Autossabotagem
A
sensação de que "os outros conseguem sair, mas eu não" pode ativar um
complexo de inferioridade. Esse complexo surge quando alguém acredita que é
menos capaz do que os outros, o que pode levá-lo a se autossabotar.
A
autossabotagem pode ocorrer de várias formas:
Procrastinação:
Ele adia constantemente qualquer ação para mudar de emprego.
Autodepreciação:
Ele se convence de que não é bom o suficiente para conseguir outra
oportunidade.
Aceitação
passiva: Ele aceita sua situação como definitiva, sem buscar alternativas.
Para
superar esse complexo, ele precisa reconstruir sua autoconfiança e desafiar as
crenças limitantes impostas pelo superego.
4.
A Inveja como um Caminho para a Transformação
Se
o fiscal conseguir reelaborar essa inveja, ela pode se tornar um combustível
para a mudança. Em vez de sentir ressentimento pelos colegas que saem, ele pode
se perguntar:
"O
que eles fizeram para conseguir sair?"
"Que
passos eu posso dar para fazer o mesmo?"
"O
que me impede de agir?"
Ao
transformar a inveja em admiração e inspiração, ele começa a mudar sua
perspectiva. Isso pode levá-lo a buscar novas oportunidades, se qualificar para
outra função ou até mesmo construir um plano de transição para sair do
supermercado com segurança.
5.
Conclusão Final: A Superação do Conflito
Esse
fiscal de caixa está em um ponto de escolha:
Continuar
onde está, reprimindo o desejo e aumentando o sofrimento.
Usar
essa inveja como um impulso para mudar sua realidade.
Se
ele reconhecer que seu medo vem do superego e que a inveja pode ser um motor de
transformação, ele pode tomar as rédeas da própria vida. O primeiro passo pode
ser pequeno – pesquisar novas oportunidades, conversar com pessoas que saíram
ou traçar um plano de ação. Mas o importante é agir, porque o ego só encontra
equilíbrio quando ele responde ao desejo do id de forma consciente e planejada.
Se
ele ignorar esse conflito, pode permanecer insatisfeito por muito tempo. Mas se
ele transformar essa inquietação em ação, pode finalmente sair do supermercado
e construir a vida profissional que deseja.
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