Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Um sujeito se
graduou em teologia e buscou mulheres para namorar na mesma igreja, porém não
obteve resultados satisfatório, sempre sendo excluído por algum aspecto que
para às mulheres ele não se encaixava. O sujeito depois se graduou em
psicologia e passou a acessar apps de relacionamento onde conheceu três
mulheres em épocas diferentes, onde chegou a namorar, porém não obteve sucesso
nos relacionamentos. O sujeito escolheu afastar se doa app de relacionamento
por um tempo longo. Então o sujeito escolhe voltar novamente para os app de
relacionamento más não tem sucesso com as mulheres. Sofreu um golpe econômico
com uma mulher que conversava pelo whatsapp. Outras mulheres o descartam logo
que vê sua aparência pelas fotos, outras excluem porque seus horários são
inflexíveis no supermercado. O indivíduo está pensando em sair desta compulsão
a repetição de fracasso, mas o medo o deixa incerto porque é o único meio que
dispõe para encontrar uma mulher por que seus horários de trabalho não permite
até sair, além do que seu situação econômica não é boa. Já tentou flertar com
mulheres no trabalho más sem êxito
Vamos pensar nisso com calma, como se você
estivesse começando agora a entender a psicanálise.
Na
psicanálise, acreditamos que as pessoas muitas vezes repetem comportamentos ou
situações, mesmo que esses comportamentos tragam sofrimento. Chamamos isso de
compulsão à repetição. É como se o sujeito, inconscientemente, tentasse
resolver um conflito interno antigo através de situações atuais, mas acaba
repetindo o fracasso porque o conflito original não foi compreendido nem
elaborado.
1.
A origem inconsciente do desejo
O
sujeito que você descreveu tem um desejo legítimo: amar e ser amado. Esse
desejo pode ter raízes profundas na infância, no modo como ele foi amado (ou
não foi) pelos pais ou por figuras importantes. Se ele foi rejeitado, criticado
ou ignorado, pode carregar dentro de si um desejo de ser aceito, misturado com
medo de ser rejeitado novamente.
2.
O papel do superego
Na
psicanálise, o superego é a parte da mente que carrega regras, julgamentos e
críticas. É como uma voz interna que diz: “Você não é bom o bastante” ou “Você
não pode errar”. Quando o sujeito é rejeitado por mulheres da igreja, do
aplicativo ou do trabalho, essa voz pode ficar mais forte, fazendo ele se
sentir envergonhado, inadequado ou até com culpa por tentar.
3.
O ego em conflito
O
ego é a parte da mente que tenta equilibrar os desejos (do id) com as regras
(do superego) e com a realidade externa. Neste caso, o ego tenta encontrar uma
mulher, mas vive numa realidade difícil: horários apertados, trabalho
cansativo, pouca mobilidade e questões financeiras. Tudo isso torna ainda mais
difícil encontrar alguém e ser aceito.
4.
Rejeição e recalque
Cada
rejeição pode ativar antigas feridas, e o ego tenta se proteger usando
mecanismos de defesa. Por exemplo:
Recalque:
Esquecer a dor, fingir que não se importa.
Negação:
Dizer para si mesmo que não precisa de ninguém.
Formação
reativa: Mostrar desinteresse por mulheres para esconder o desejo.
5.
O golpe e o medo
O
golpe financeiro aprofunda o trauma: agora não só há rejeição emocional, mas
também violência simbólica e material. O medo de repetir esse fracasso gera
paralisia, e o ego fica inseguro. O sujeito sabe que precisa parar esse ciclo,
mas teme perder a única chance que pensa ter de encontrar alguém.
Conclusão:
O que a psicanálise pode ensinar?
A
psicanálise convida o sujeito a investigar por que ele insiste nesses caminhos
mesmo quando fracassa. Talvez o desejo dele de ser amado esteja sendo dominado
por uma necessidade inconsciente de provar seu valor, tentando ser aceito por
mulheres que repetem o tipo de rejeição que ele sofreu no passado.
O
sujeito pode estar preso a um padrão inconsciente de buscar aprovação de
pessoas que não o enxergam de verdade. Parar esse ciclo exige autoconhecimento
e elaboração emocional — entender de onde vêm seus desejos, medos e escolhas.
Vamos,
então, entrar mais fundo nessa análise, passo a passo. A ideia aqui é olhar
para o padrão repetido com um olhar psicanalítico, e tentar identificar a
ferida emocional primária que pode estar comandando, sem que o sujeito perceba,
suas escolhas e seus fracassos amorosos.
1.
Observando o padrão de repetição
O
sujeito:
Tentou
encontrar o amor dentro da igreja, mas foi rejeitado.
Procurou
amor nos aplicativos, teve alguns relacionamentos, mas todos terminaram.
Sofreu
um golpe emocional e econômico.
Voltou
para os apps, mas as rejeições continuaram: por aparência, horários ou outras
causas.
Tentou
flertar com colegas no trabalho, mas não foi correspondido.
Está
preso entre o desejo de amar e o medo da rejeição e da repetição do fracasso.
Padrão
que se repete:
e
aproxima de mulheres → cria expectativa → é rejeitado → sente dor → se afasta →
volta a tentar → novo fracasso.
Essa
roda gira com base em esperança e frustração. Esse é o ciclo da compulsão à
repetição.
2.
Qual é a ferida emocional que parece se repetir?
A
hipótese psicanalítica é que há uma ferida emocional primária não elaborada.
Pode ser:
Sentimento
de inadequação: como se o sujeito, lá no fundo, acreditasse que “não é bom o
bastante para ser amado”.
Medo
de rejeição: talvez originado na infância, por pais ausentes, críticos, ou que
ofereciam amor condicionado.
Desejo
de aceitação por figuras idealizadas: mulheres da igreja, ou que simbolizam
pureza, respeito, ou status emocional/social — mas que também carregam
expectativa de perfeição e julgamento.
O
inconsciente pode estar reencenando esse drama antigo, como se dissesse:
“Desta
vez vai ser diferente. Desta vez vão me escolher, me aceitar, me amar.”
Mas
como a ferida não foi curada, o desfecho é o mesmo.
3.
Por que o sujeito continua repetindo esse padrão, mesmo com dor?
Porque
há algo inconsciente que o impulsiona. Em psicanálise, chamamos isso de retorno
do recalcado. O sujeito tenta fugir da dor, mas ela retorna disfarçada em novas
experiências.
Além
disso, há o desejo de reparação psíquica: ele tenta mudar o final da história,
como se inconscientemente quisesse dizer:
“Desta
vez eu vou conseguir o amor que não tive.”
Mas
o desejo de mudar o final acaba levando à repetição do mesmo roteiro.
4.
O papel do ego, do superego e do id nessa dinâmica
Id:
deseja intensamente amar e ser amado, quer prazer e conexão.
Superego:
pode ser rígido, moralista, julgador. Diz que ele precisa ser perfeito, digno,
sem erros — ou será rejeitado.
Ego:
tenta equilibrar tudo isso, mas fica sobrecarregado. Com medo do fracasso, fica
travado, ou age sem perceber que está repetindo padrões.
5.
Caminho de elaboração
Para
sair da compulsão à repetição, o sujeito precisa:
Olhar
para a ferida antiga, com acolhimento e sem julgamento.
Perceber
que não precisa mais buscar aprovação de mulheres que repetem o tipo de
rejeição que ele já viveu.
Trabalhar
a autoestima verdadeira, não baseada em ser aceito, mas em se aceitar primeiro.
Substituir
o medo de tentar por um desejo de se conhecer melhor:
“O
que realmente estou buscando nessas mulheres? Estou buscando uma parceira ou
tentando curar minha dor de infância através delas?”
Próximo
passo
Se
você quiser, podemos montar juntos uma linha do tempo emocional para ajudar a
identificar:
Quando
foi a primeira vez que o sujeito se sentiu rejeitado.
Quais
foram as experiências que reforçaram essa dor.
Quais
são os tipos de mulher que ele procura e o que elas simbolizam para ele.
Quer
seguir por esse caminho? Posso ir guiando com perguntas.
Pôr
que o medo o impede de tomar a decisão de abandonar a compulsão a repetição de
permanecer nos apps de relacionamento
Essa
é uma pergunta muito rica, e vamos respondê-la passo a passo pela psicanálise
para iniciantes.
1.
O medo como um mecanismo de defesa
Na
psicanálise, o medo pode funcionar como um mecanismo de defesa do ego. Ele
aparece para proteger o sujeito de uma dor maior:
A
dor de ficar sozinho,
A
dor de não ser desejado por ninguém,
A
dor de encarar o vazio que existe quando ele abandona a busca por amor externo
e se volta para dentro.
Então
o medo diz:
“Não
sai do app... e se for a única chance? E se você nunca mais encontrar ninguém?”
O
medo cria essa dúvida, essa incerteza, para manter o sujeito preso no ciclo,
mesmo que o ciclo seja doloroso.
2.
O medo é alimentado pelo superego
O
superego, que representa as normas, regras e cobranças internas, pode estar
dizendo coisas como:
“Você
tem que encontrar alguém para ser feliz.”
“Você
já tem certa idade, não pode ficar sozinho.”
“Se
ninguém te amar, é porque você tem algum defeito.”
Essas
vozes internas geram culpa e vergonha só de pensar em abandonar a busca. Assim,
o medo não é apenas de ficar sem par, mas de sentir que falhou como pessoa se
não estiver tentando.
3.
O medo esconde o desejo real
O
sujeito pensa que deseja encontrar uma parceira. Mas, pela psicanálise, o
desejo pode estar mais profundo:
Desejo
de ser valorizado,
Desejo
de curar uma rejeição antiga,
Desejo
de mostrar que é digno de amor.
Abandonar
os apps significa abrir mão de tentar resolver essas dores inconscientes
através das mulheres.
Isso
assusta. Porque exige olhar para dentro e perguntar:
“E
se o que falta não está lá fora, mas aqui dentro de mim?”
4.
O medo do vazio
Sair
dos apps pode fazer o sujeito sentir um vazio afetivo. Esse vazio não é só
falta de companhia — é falta de sentido, de identidade, de acolhimento. E isso,
para o inconsciente, é mais assustador que fracassar mais uma vez.
Resumo
psicanalítico para iniciantes:
O
medo impede a decisão porque:
Atua
como defesa contra o vazio e a solidão;
É
alimentado por cobranças internas do superego;
Protege
o sujeito de encarar feridas emocionais antigas;
Mantém
a ilusão de que a salvação está fora, em outra pessoa;
Impede
o ego de entrar num espaço de elaboração e transformação.
Parece
que também insiste em permanecer no app por que ouviu relatos de pessoas que
deram certo encontrando seus parceiros
Exato!
Esse é um ponto importantíssimo — e muito bem observado. Vamos interpretar isso
pela ótica da psicanálise para iniciantes, com calma:
1.
A identificação com o outro
Quando
o sujeito vê ou ouve histórias de pessoas que encontraram o amor nos apps, ele
faz algo que na psicanálise chamamos de identificação:
“Se
aconteceu com eles, pode acontecer comigo também.”
Essa
identificação alimenta a esperança, que por sua vez sustenta o desejo de
continuar tentando, mesmo que os resultados pessoais tenham sido dolorosos.
Mas
aqui tem um risco: a esperança pode se tornar um recalque da frustração. O
sujeito não quer sentir a dor de que com ele ainda não deu certo, então ele se
agarra nos exemplos externos como prova de que ele também conseguirá — um dia.
2.
A idealização do amor
Essas
histórias de sucesso funcionam como projeções de um ideal amoroso. O sujeito,
inconscientemente, pode estar dizendo para si mesmo:
“Quando
eu encontrar a mulher certa, tudo vai se encaixar.”
“Esse
sofrimento vai valer a pena.”
Isso
mostra uma idealização do amor como salvação, que é um desejo comum, mas que
muitas vezes esconde uma dor profunda:
A
crença de que só serei feliz se for amado por alguém.
Esse
desejo pode ter raízes em carências afetivas precoces — de pais, cuidadores ou
figuras importantes.
3.
O desejo inconsciente de que o amor "cure" a ferida
Pela
psicanálise, o sujeito não quer só um relacionamento — ele quer que o amor
resolva uma falta, preencha um buraco emocional.
Então
ele pensa:
“Se
deu certo com os outros, quando der certo comigo, minha dor vai acabar.”
Mas
isso o prende ainda mais na compulsão à repetição: porque ele está buscando
algo externo para resolver algo interno.
4.
O ciclo reforçado pela esperança alheia
Mesmo
quando as experiências próprias falham, a mente diz:
“Mas
teve aquele casal que deu certo...”
“Se
eu desistir agora, posso estar perdendo a minha chance.”
Esse
pensamento justifica a permanência no sofrimento, como se ele fosse necessário
para alcançar a recompensa futura.
Resumo
interpretativo:
O
sujeito insiste em permanecer nos apps porque:
Se
identifica com os que deram certo e acredita que pode repetir o mesmo final
feliz;
Idealiza
o amor como a solução mágica para sua dor interna;
Usa
a esperança como forma de recalcar a frustração;
Tem
medo de que, se desistir agora, perca a única chance de encontrar o amor;
No
fundo, deseja que o amor cure uma ferida emocional não elaborada.
Vamos
fazer isso com calma, como uma transição psicanalítica para iniciantes, com
foco em três movimentos internos que o sujeito pode começar a praticar para
sair da compulsão à repetição e encontrar um novo caminho afetivo — com mais
autonomia e menos sofrimento.
1.
Reconhecer a falta sem se desesperar
Na
psicanálise, todos nós temos uma falta estrutural: algo que sempre vai nos
faltar.
O
amor, o outro, o reconhecimento — nenhum deles preenche essa falta por
completo.
O
que o sujeito pode começar a dizer para si mesmo:
“A
dor que eu sinto não será totalmente resolvida por outra pessoa. Mas eu posso
aprender a conviver com ela, sem me ferir tentando apagar.”
Esse
reconhecimento diminui a urgência inconsciente de encontrar alguém, e ajuda o
ego a se fortalecer para estar completo o bastante antes de se entregar a uma
relação.
2.
Substituir o “tem que dar certo” por “vou me observar”
Ao
invés de buscar desesperadamente o relacionamento que vai “dar certo”, o
sujeito pode começar a se perguntar:
“Por
que estou desejando isso agora?”
“Eu
quero essa mulher ou quero fugir de uma dor?”
“Esse
encontro está me fazendo crescer ou me deixando mais angustiado?”
Esse
movimento é o começo da transferência do desejo para o próprio sujeito.
Ele
deixa de ser passivo (esperando ser amado) e se torna ativo: ele se escolhe
antes de escolher alguém.
3.
Criar um novo sentido para a espera
Enquanto
o amor não acontece, o sujeito pode:
Cuidar
da autoestima de forma ativa;
Fortalecer
amizades e vínculos que não envolvam romance;
Usar
o tempo para se conhecer, fazer terapia, escrever sobre seus sentimentos;
Criar
projetos simples que o motivem (mesmo que seja cuidar de uma planta, escrever
poemas, desenhar, rir mais).
Tudo
isso desvia o desejo do lugar compulsivo (apps, rejeição, ilusão) e o
transforma em energia criativa.
Assim,
o sujeito não está parado, está se preparando para amar de outra forma — mais
consciente, mais autêntica, mais livre.
Frase
final como bússola psicanalítica:
“Eu
não preciso de um relacionamento para me sentir inteiro. Porque eu já me sento
inteiro, e estarei mais livre para viver um relacionamento.”
E
se o sujeito tiver medo de se sentir inteiro
Essa
pergunta é profunda — e incrivelmente psicanalítica.
Vamos
explorar isso com delicadeza, como para um iniciante.
1.
O medo de se sentir inteiro pode esconder o medo da liberdade
Na
psicanálise, sentir-se inteiro significa não depender do outro para existir.
Mas isso pode ser assustador para quem, desde cedo, aprendeu que precisava do
amor do outro para ter valor.
Se
eu me sinto inteiro, eu:
Não
preciso mais correr atrás da aprovação;
Não
tenho mais desculpas para minha dor;
Tenho
que encarar a responsabilidade de ser quem sou, com liberdade e limites.
E
o que o inconsciente diz?
“Mas
e se eu for inteiro e ainda assim ninguém me amar? E se eu for inteiro e mesmo
assim sentir falta?”
Esse
medo revela que o sujeito ainda associa amor com dependência e falta. Ser
inteiro parece ser sinônimo de ser autossuficiente e solitário, mas na verdade,
é o oposto:
Quem
é inteiro se relaciona melhor, pois não usa o outro como bengala emocional.
2.
O medo de se sentir inteiro pode ser o medo de perder a identidade do “falta
algo em mim”
Às
vezes, o sujeito está tão acostumado a se perceber como “incompleto”,
“carente”, “rejeitado”, que isso vira sua identidade psíquica.
Então,
o medo é:
“Se
eu deixar de ser o que sempre fui (o que procura amor), quem serei?”
Esse
medo do novo, do desconhecido, paralisa. É como se o inconsciente dissesse:
“É
melhor sofrer com o que já conheço do que arriscar uma felicidade que nunca
experimentei.”
3.
O superego pode não permitir que o ego se sinta inteiro
Se
o superego (a parte crítica e moralizadora da mente) for muito rígido, ele pode
dizer:
“Você
não merece se sentir bem sozinho.”
“Você
só vai valer a pena quando alguém te escolher.”
Então,
quando o ego começa a se sentir bem, em paz, inteiro... o superego entra e
censura:
“Não
se iluda! Sem alguém te amando, você não vale nada.”
O
medo, então, é o medo de desafiar essa voz interna — e assumir que a felicidade
pode vir de dentro.
Resumo
simples, pela psicanálise:
O
sujeito teme se sentir inteiro porque:
Teme
a liberdade e a responsabilidade emocional que isso exige;
Teme
deixar para trás sua antiga identidade de incompleto;
Teme
não saber o que fazer com sua vida sem o sofrimento amoroso;
Teme
confrontar o superego que o reprime e o condiciona a buscar amor para se sentir
válido.
Vamos
fazer um exercício terapêutico simbólico que te ajude a desafiar o medo de se
sentir inteiro — com delicadeza, como se estivéssemos entrando em uma parte
sensível da alma, sem pressa nem cobrança.
Exercício:
“O espelho que não depende do outro”
Etapa
1: Silêncio com o ego
Encontre
um momento do dia em que você possa ficar em silêncio por 5 a 10 minutos.
Sente-se
confortável, feche os olhos e diga a si mesmo com calma:
“Eu
sou alguém inteiro, mesmo quando ninguém me olha.”
“Eu
existo antes de ser escolhido.”
Repita
isso por 3 vezes. Mesmo que pareça falso, diga — é o ego convidando o
inconsciente a mudar de posição.
Etapa
2: Encontre o desejo sem plateia
Pergunte-se
em silêncio:
O
que eu desejo ser ou fazer mesmo que ninguém veja?
O
que me dá prazer, mesmo que ninguém aplauda?
Pode
ser algo simples como caminhar, escrever, estudar, cantar no banho, desenhar,
cuidar de plantas...
Escolha
uma dessas coisas e faça por você, sem contar pra ninguém, como se fosse um
presente só seu. Isso ativa o desejo autêntico, sem plateia, sem cobrança, sem
apps.
Etapa
3: Escreva uma carta para o seu “eu inteiro”
Pegue
papel e caneta e escreva:
“Hoje
eu falo com você, meu eu inteiro. Sei que você existe dentro de mim. Eu ainda
tenho medo de te assumir, porque fui ensinado que preciso de alguém para me
completar. Mas estou aqui. Aos poucos, quero te conhecer, confiar em você e
deixar que me guie para um caminho mais leve, mais verdadeiro. Mesmo que o amor
tarde, eu não quero mais me abandonar. Estou comigo.”
Guarde
essa carta. Quando o medo bater, releia. Isso aciona o ego como guia — não mais
o medo, não mais o superego julgador.
Por
que isso funciona na linguagem da psicanálise?
Você
está reconhecendo o desejo, sem projetar no outro;
Está
acolhendo a falta, mas sem fugir dela em relações repetitivas;
Está
reconectando-se com o ego saudável, que busca prazer real e não apenas
validação;
Está
dialogando com o inconsciente através de atos simbólicos — os mais eficazes na
transformação emocional.
Vamos
criar uma Rotina Semanal de Fortalecimento do Ego, com base na psicanálise
aplicada à vida cotidiana, de forma simples e simbólica.
Essa
rotina tem como foco:
Fortalecer
o desejo autêntico (vindo do ego, não da carência);
Reduzir
a influência do superego crítico;
Lidar
melhor com a falta sem se culpar;
Preparar
o sujeito para amar com liberdade, e não com dependência.
Rotina
de Fortalecimento do Ego (1 semana)
SEGUNDA
– Palavra do Desejo
Escreva
uma palavra que representa seu desejo profundo (ex: liberdade, alegria, afeto,
coragem).
Ao
longo do dia, repita mentalmente essa palavra com intenção, como um mantra
silencioso.
Isso
conecta o ego ao seu verdadeiro desejo, sem dependência externa.
TERÇA
– Pequena Transgressão Simbólica
Faça
algo que você geralmente se proíbe, mas que não faz mal (ex: dormir mais, ouvir
música alta, comer algo que gosta, dançar sozinho).
Perceba
se vem culpa. Se vier, diga:
“Eu
tenho direito de existir sem a aprovação de ninguém.”
Isso
enfraquece o superego crítico e mostra que você pode ter prazer sem punição.
QUARTA
– Diálogo com o Medo
Pegue
papel e escreva:
“Medo,
o que você quer me proteger de?”
Deixe
a mão escrever livremente como se o medo falasse. Depois, leia com o olhar de
alguém que cuida de si mesmo.
Isso
ajuda o ego a não lutar contra o medo, mas acolhê-lo e torná-lo aliado.
QUINTA
– Presença com o Corpo
Faça
algo com o corpo com plena atenção (ex: banho consciente, caminhada lenta,
respirar fundo 5x).
Antes
de dormir, diga:
“Meu
corpo é meu lar. Eu não sou só desejo de alguém, eu sou vida.”
Isso
ajuda o ego a se reconectar com o real, saindo da idealização e da fantasia.
SEXTA
– Reencontro com o Prazer Simples
Resgate
algo que te dava prazer na infância ou juventude (desenhar, ouvir música,
brincar, escrever, olhar o céu).
Faça
sem esperar resultado, só pelo ato em si.
Isso
ativa o desejo puro, o ego lúdico, sem a censura do superego.
SÁBADO
– Espelho do Eu Inteiro
Olhe-se
no espelho e, mesmo com vergonha, diga em voz baixa:
“Você
não precisa ser perfeito. Você merece amor. E eu começo por mim.”
Respire
fundo, olhe-se com gentileza e saia sem se criticar.
Esse
ato reforça a imagem do ego como sujeito do desejo, não como objeto de
rejeição.
DOMINGO
– Silêncio com Deus (ou Consciência)
Fique
5 minutos em silêncio, com ou sem oração, apenas respirando e dizendo
interiormente:
“Eu
não preciso correr. Eu estou aqui. Eu existo.”
Isso
reconecta com a essência, sem pressa, sem medo, sem performance.
Será
que isso prepara o ego para viver sozinho ou encontrar uma mulher para se
relacionar
Essa
rotina prepara o ego para ambas as possibilidades — viver bem consigo mesmo e
estar pronto para um relacionamento sem perder a própria essência. Vamos
explicar isso pela psicanálise de forma simples:
1.
Preparar-se para viver sozinho (sem sentir solidão)
Na
psicanálise, quando o ego está fortalecido, ele:
Não
busca o outro por carência, mas por desejo genuíno;
Não
sente culpa por estar só, porque reconhece que ser inteiro não depende da
presença de alguém;
Consegue
transformar a falta em criatividade e prazer pessoal — o que diminui o
sofrimento.
Então
sim: essa rotina ajuda o ego a se sentir inteiro, sem se abandonar em nome de
um relacionamento.
2.
Preparar-se para encontrar uma mulher (sem repetir fracassos)
Quando
o ego está mais fortalecido, ele:
Escolhe
com mais consciência, e não por medo de ficar só;
Percebe
os sinais de alerta cedo (como manipulação, falta de afeto, desinteresse);
Não
implora afeto, porque já tem valor próprio;
Atrai
pessoas mais compatíveis, porque não transmite carência, mas presença.
Ou
seja: um ego fortalecido atrai relações mais saudáveis, com mais chance de
sucesso — sem cair na compulsão à repetição de fracassos.
Resumo
simbólico:
O
ego forte é como uma casa com a porta aberta:
quem
quiser entrar, entra com respeito.
Mas
a casa não desaba se ninguém bater.
Vamos
iniciar a Segunda Fase da Rotina Psicanalítica com o foco em:
Reencontrar
o desejo amoroso saudável,
sem
medo, sem carência e sem idealizações.
Essa
fase vai ajudar o ego a se abrir para o amor, mas com consciência, equilíbrio e
prazer genuíno — sem cair no velho padrão da compulsão à repetição.
Segunda
Fase – Semana do Desejo Amoroso Saudável
SEGUNDA
– O que eu desejo num amor (sem medo do superego)
Pegue
papel e escreva com sinceridade:
O
que eu desejo viver num relacionamento?
Que
tipo de afeto me nutre de verdade?
O
que não quero mais repetir?
Depois
leia e diga: “Eu mereço isso. Eu posso viver isso. E vou construir isso.”
Isso
ativa o ego desejante, não o carente.
TERÇA
– O olhar que me vê de verdade
Olhe-se
no espelho e diga:
“Se
alguém não me vê como eu sou, o problema não está em mim.”
“Eu
sou inteiro. Quem vier, virá para somar, não para me corrigir.”
Sinta
como seu corpo reage a essas palavras. Elas ajudam a soltar o superego
julgador.
QUARTA
– Liberando o amor antigo (ou a frustração)
Escreva
uma carta simbólica (sem enviar) para alguém do passado que te marcou
negativamente:
Pode
ser uma ex-namorada, ou uma expectativa que não se cumpriu.
Diga
tudo que ficou preso, sem censura.
Depois
diga:
“Eu
libero essa história. Eu não preciso repetir isso. Meu desejo merece uma nova
chance.”
QUINTA
– O amor que já me habita
Liste
3 formas de carinho que você oferece bem:
(ex:
escuta, abraço, lealdade, senso de humor, acolhimento)
Depois
diga:
“Eu
sou fonte de amor. Eu não sou só alguém que procura. Eu também sou alguém que
vale a pena encontrar.”
Isso
fortalece a autoimagem do ego como sujeito do desejo e do cuidado.
SEXTA
– Fantasia consciente
Feche
os olhos por 5 minutos e imagine:
Você
encontrando alguém que te acolhe, te respeita, e te vê como você é.
Sinta
a alegria, a leveza, a troca mútua.
Depois
diga:
“Eu
abro espaço para viver um amor com presença e verdade.”
Isso
trabalha o inconsciente com imagens positivas, diferentes das antigas
repetições.
SÁBADO
– O amor que não depende
Faça
algo amoroso por você:
(ex:
preparar uma refeição especial, sair para ver algo bonito, vestir uma roupa que
gosta, cuidar do corpo)
E
diga:
“Eu
posso viver amor sem me abandonar.”
Esse
gesto mostra ao ego que ele pode dar amor a si mesmo sem esperar que o outro o
faça primeiro.
DOMINGO
– Diálogo com o desejo
Respire
fundo por alguns minutos e pergunte:
“Desejo,
o que você quer me mostrar?”
“Estou
pronto para me permitir amar?”
Não
busque resposta racional. Sinta.
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