Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a observar a manipulação das
plataformas se utilizando das tecnologias através das redes sociais para manipular
os usuários, onde neste mundo virtual o produto é o ser humano, ou seja, se
você não paga o anuncio, você é o produto. Sabemos que no mundo físico temos
diversos mercados, exemplo, agropecuária, avicultura, vestuários, automobilístico,
imobiliários, financeiro, tecnologias, mercado de tráfico humanos e órgãos
humanos e o que você conseguir pensar enquanto lê o artigo. As redes socias
propagam a desinformação, o discurso de ódio, a polarização política, teorias
da conspiração. Como esses problemas se intensificam nas redes sociais e como
escapar das armadilhas?
Graças
às redes sociais e sua manipulação ideológica, as pessoas modificaram seu
comportamento. O mais visível é a radicalização, a intolerância e a
insuficiência que, sem perceber, são transmitidas nesses espaços. Essas
plataformas reuniram pessoas distantes, encontraram doadores de órgãos com mais
facilidade e ocorreram mudanças sistemáticas significativas nas vidas das
pessoas ao redor do mundo. E com o surgimento destas plataformas observamos também
aspectos positivos, contudo a uma ingenuidade diante dos efeitos colaterais que
não foram levados em consideração e nem previstos.
Observamos
a dinâmica de grupos atuando nas redes sociais, onde o comportamento é
influenciado pelas cognições que se tem do meio, e da realidade em que as
pessoas se situam. Assim o homem é um produto do meio, e alguns objetos, pessoas
ou situações podem adquirir valência do ambiente. Essa valência pode ser
positiva quando satisfaz as necessidades do indivíduo e negativa quando podem
ocasionar algum prejuízo. Parece que as redes ganharam vida própria e como são
usadas é diferente de como se esperava e ninguém se quer teve a capacidade para
refletir sobre as consequências futuras sobre a saúde mental dos usuários
envolvidos na teia virtual, pois o indivíduo não se apercebe viciado diante das
tecnologias, pelo fato de não conseguir se isolar dentro de uma bolha grupal virtual,
exemplo, e-mails coloridos, notificações do Google, Facebook, Instagram, Yotube,
Pinterest e outros. A sociedade vivência a era da desinformação com a chegada
da fake news, ou seja, foi da informação para a desinformação. As ferramentas
criadas estão desfazendo o tecido social da sociedade por meio da cacofonia, ou
seja, a repetição de discursos desagradáveis aos ouvidos humanos causada pelas
industrias da tecnologia que se refere a queixas e escândalos, como roubo de
dados, aumento dos serviços tecnológicos, as fakes news a polarização e
eleições sendo hackeadas. [...] Para ele o sujeito social se constitui
na relação com o outro e a relação do grupo envolve tanto racionalidade quanto
afetividade, não sendo uma relação puramente objetiva. A técnica de grupos
operativos começou a ser sistematizada por Pichon-Rivière, medico psiquiatra,
partir de uma experiência em um hospital de Buenos Aires por ocasião de uma
greve de enfermeiras (BASTOS, 2010).
No
passado as empresas do vale do silício fabricavam software, hardware e vendiam
para os clientes e eram apenas negócios simples, contudo agora nos últimos 10
anos essas mesmas empresas estão no negócio de venda de usuários. Os
anunciantes são os clientes e o ser humano é o produto e neste caso se você não
paga pelo produto, então você é o produto. As redes sociais competem pela
atenção do usuário, ou seja, manter o usuário preso a tela o maior tempo
possível. Fazem com que a pessoa passe o maior tempo possível com coisas banais
nessas plataformas, quanto da sua vida o sujeito consegue dar ou desperdiçar
com acessos as plataformas esquecendo-se que existem coisas mais importantes
para lidarem como a saúde mental, resolução de conflitos familiares, adquirir
recursos internos para aprender a lidar com o desejo exibicionista nas redes
sociais e por aí vai.
A
única forma de manter o produto é modificar o que o indivíduo faz e pensa, isto
é uma mudança gradual leve que influência o pensamento, o comportamento e o
sentimento, podemos chamar da tríade cognitiva da crença da psicologia cognitiva.
A rede social é o mercado que nunca existiu, mas que negocia exclusivamente
futuros de humanos, assim como existe mercados que negociam futuros de
petróleo, carnes suínas. Agora temos o mercado que negocia futuros de humanos
em escala que tonaram as empresas de internet mais rica da história da
humanidade e os usuários tornaram este feito possível a elas.
Tudo
que o ser humano faz online está sendo rastreado, medido, ou seja, cada simples
acesso está sendo monitorado, gravado, exemplo, uma imagem que você para e
observa, quantos cliques você deu hoje, existe possibilidade de saber quando as
pessoas estão sozinhas, tristes, vendo uma foto do ex-namorado até o que a
pessoa está fazendo tarde da noite, se o sujeito é introvertido ou
extrovertido, tipos de neuroses que a pessoa tem, tipo de personalidade. As redes
de negócios têm mais informações dos usuários do que se imagina na história
humana, e isso é sem precedentes. Todos os dados que as pessoas estão inserindo
nas plataformas estão lá e não possuem supervisão humana, porém apenas tecnologia
e isto faz com que as ferramentas tecnológicas criem previsão do que os humanos
vão fazer ou como vão agir diante das cores que emitem emoções na psique do
indivíduo gerando angustia, ansiedade, satisfação, prazer. [...] “A
angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele
que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser e juntar os
pedaços a que é reduzido pela imersão na monotonia e na indiferenciação da vida
cotidiana. A angústia faria o homem elevar-se da traição cometida contra si
mesmo, quando se deixa dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, até o
autoconhecimento em sua dimensão mais profunda” (CHAUÍ, 1996 p.8-9).
As
pessoas tem falso conceito de que os dados estão sendo vendidos para operadoras
de telefonia ou até outras plataformas, todavia não é interesses de as
plataformas revelarem os dados de seus usuários. Com os dados elas constroem
modelos [avatar] que preveem as ações dos usuários e a rede de negócio que
tiver o melhor avatar vence a concorrência. Exemplo, os vídeos que as pessoas
assistiram, os cliques, as curtidas, as pesquisas no Google, tudo isso é
copilado dentro de um modelo cada vez mais preciso e depois pode prever as
coisas que está pessoa faz. Exemplo, prever onde a pessoa quer ir, o vídeo que deseja
assistir, o que ele gosta de pesquisar no Google, que tipo de emoção mexe com
ela por meio de cores, que tipo de tênis quer comprar, automóvel, vestuário e
outros.
No
entanto a meta de engajamento para aumentar o uso da pessoa conectada, meta de
crescimento para fazer a pessoa retornar com o máximo de amigos, meta da
propaganda para ganhar o máximo de dinheiro possível, onde cada uma destas
metas funciona a base de algoritmos e tem a função de mostrar o que fazer para
continuar os números crescendo, ou seja, a manipulação ideológica de ajustes é
necessário para crescer as metas, como marcas, exemplo, eu quero mais usuários
no Brasil hoje, aciona-se o ajuste de propagandas, aumentar a monetização.
As
plataformas criaram o mundo virtual, onde a conexão online é primordial para a
geração Millennial. A conexão só é possível porque ao conectar duas pessoas
online uma terceira pessoa está pagando para manipular as duas pessoas que se
encontram conectadas através da cultura da manipulação ideológica com todo seu
significado inserindo engano e falsidade. As redes sociais são um fenômeno novo demais
para ponderar com exatidão o peso de seus efeitos. No entanto, o que sabemos é
que elas têm impactos perturbadores na mente humana, nas emoções e no estilo de
vida do indivíduo.
Além
disso, é fato que envolvem mecanismos de manipulação ideológica nem sempre
visíveis em uma análise superficial. A rede de internet funciona como um mágico
ou poder ilusionismo que enganam os adultos com doutorado, pós-graduação,
mestrado, professores, médicos, psicólogos, psicanalistas, advogados,
enfermeiros, coletores de lixo, telemarketing, engenheiros, técnicos,
tecnólogos e o que você conseguir pensar agora em termos de profissão inclusive
você que está lendo o artigo. A tecnologia hoje exerce um poder de controle
muito alto sobre as pessoas e tem a capacidade de modificar os comportamentos
de acordo com os objetivos do seu criador tecnológico.
Os
criadores de tecnologia usam a tecnologia para modificar o comportamento
através da persuasão, mas não para causar a autonomia, mas sim para
aprisionamento, tornando os seres humanos em autômatos e alienados. A
tecnologia faz uso da psicologia comportamental e do Behaviorismo de Skinner.
Quando o usuário marca o outro numa foto é uma forma de aumentar a atividade
fazendo com pessoas marquem umas às outras o dia inteiro sem perceber que estão
na compulsão a repetição da marcação inconsciente apenas achando a atitude
legal, bacana levando-a a agir impulsivamente e não racionalmente, ou seja,
está na bolha grupal da alienação. [...] Freud no seu texto “Recordar
repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da
compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado
esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto
mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou
o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
As
emoções que impulsionam em maior medida a compartilhar conteúdos na Internet
estão ligadas ao espanto. Pode ser pela parte negativa, como a indignação por
um fato reprovável que nos surpreende, como em sua vertente positiva, como o
humor. lembrando que nas redes de negócios encontramos mais ações que nos
parecem censuráveis do que em pessoa. Existe uma equipe de engenheiros cuja
função é manipular a psique dos usuários com a intenção de obter mais
crescimento, mais assinantes, mais engajamentos, fazer com você convide mais
pessoas, tudo isto são táticas de manipulação, experimentos com cobaias
humanas, ou seja é o mesmo que o experimento de condicionamento do behaviorismo
do ratinho de Skinner com a finalidade de fazer os usuários enxergarem mais
propaganda tornando-se viciados, para que possam ganhar mais dinheiro.
As
plataformas fazem uso de mensagens subliminares criando uma pandemia, uma espécie de contagio para
levar ao indivíduo a atuar do modo como desejam, no caso estas mensagens foram
usadas para influenciar nas eleições e com isto podem afetar o comportamento do
mundo real e as emoções dos sujeitos, sem que ao menos desencadeie a
consciência do usuário e esses usuários não fazem a menor ideia que agem como
autômatos, robôs, são pessoas sem autonomia para o exercício da consciência.
Para
as redes sociais como empresas o comportamento humano é uma mercadoria. Elas
têm a capacidade de estudá-lo com o objetivo de conhecê-lo, compreendê-lo e,
principalmente, modificá-lo. Juntamente com a manipulação ideológica que orienta
o mercado e o consumo, há também maneiras de fazer com que pensemos política e
humanamente de uma forma ou de outra. Observamos
a inteligência artificial apontada para o próprio indivíduo para induzir por
engenharia reversa o que causa reação no próprio sujeito. É como um experimento
de circuito fechado, onde coloca-se as pessoas dentro de uma simulação com todo
dinheiro, dados de toda atividade para lucrar e não tem como saber o que está
acontecendo de real com essas pessoas. O que importa é descortinar como
manipular, para injetar a dose de dopamina e isto foi executado por todos os
aplicativos de redes sociais. Ou seja, explorar a vulnerabilidade da psique
humana, é isto que fazem os criadores, inventores de redes sociais de modo
consciente.
A
ferramenta está alocada esperando pacientemente apenas o usuário aproximar-se
dela para que possa exigir coisas, exemplo, está usando de sedução,
manipulação, quer retirar o melhor de cada de sujeito levando o sujeito a ter
um sentimento de pertença com a tecnologia, contudo ainda não percebeu que faz
parte de um ambiente tecnológico viciante. A rede social não é instrumento
esperando para ser usado, pois ela tem seus próprios objetivos, próprios meios
de obter o usuário acessando a psique do sujeito sem que o mesmo se aperceba. E
quando o indivíduo não se enxerga conectado a este mundo virtual tem sentimento
de culpa. [...] Através do sentimento de culpa, a cultura domina nossa
inclinação à agressividade, debilitando-a, desarmando-a, e colocando em seu
interior um agente para cuidar dela “como uma guarnição numa cidade
conquistada” (FREUD, 1997, p.84).
O
ser humano está na condição alienante de refém, de vítima da tecnologia, pois
só consegue apenas apertar botão, exemplo botão para curtir, botão para marcar
alguém, botão de cliques, botão para selfie e outros e em alguns momentos não
consegue mesmo evitar, escapar desta atitude impensada. Cada pessoa está mais
propensa a alguma rede social. E você está mais propensa a qual rede? Já
repensou em interromper o vício?
Alguns
são viciados em e-mail por causa das cores na caixa de entrada, perda de
60minutos no celular checando as mensagens de WhatsApp, 40minutos de postagens
no Facebook, vão ao banheiro com o smartfone e por aí vai. As redes sociais
fazem com que o sujeito, sem que perceba, se torne parte de uma bolha de
ideologias. Elas constroem um relato da realidade projetado especialmente para os
indivíduos que conhecem seus medos, necessidades, gostos, desejos. A princípio,
parece que é o sujeito que decide o que quer seguir ou quais tópicos lhe
interessam, dando a impressão de estar no controle da situação, por meio do
mecanismo de defesa da fantasia. No entanto, um robô está atento a isso, e com
base no que observa faz com que a pessoa receba uma informação ou outra. [...]
Mecanismo defesa Fantasia, é um processo psíquico em que o indivíduo concebe
uma situação em sua mente, que satisfaz uma necessidade ou desejo, que não pode
ser, na vida real, satisfeito. É um roteiro imaginário em que o sujeito está
presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos
defensivos, a realização de um desejo e, em última análise, de um desejo
inconsciente.
Será
que é possível renunciar ao telefone hoje em dia? Penso não ser possível, mas
impossível, porém reduzir o acesso ao celular sim. Contudo isto ainda exige do
indivíduo a vontade e o desejo, associado as consequências do uso exagerado das
tecnologias que geram doenças psicossomáticas. A rede social é literalmente uma
droga, um convite para tornar-se um sujeito viciado, pois o ser humano tem
necessidade biológica básica de se conectar com o outro ou viver em grupo em
comunidade, e isto afeta a produção de dopamina no sistema de recompensa e
milhões de anos de evolução estão por trás deste sistema tecnológico que ordena
que nos aproximemos um do outro, vivamos em comunidades, achemos companheiros
para procriar a espécie. Sem dúvida a rede social é um veículo que otimizou a
conexão entre as pessoas e é lógico que terá um potencial viciante.
Agora
repense nesta cena que acontece todos os dias no ceio da família. O ser humano
está reunido em família ao redor da mesa, todavia o celular faz parte da
extensão de cada membro da família e ao renunciar o celular por poucos minutos,
em alguns acabará gerando ansiedade, angustia, insegurança, desprazer,
desconforto, insatisfação, inquietação, irritabilidade, falta de comunicação,
falta de diálogo, preocupação. As pessoas perdem até a noção de tempo que
passam na frente dos celulares, computador, Instagram, Facebook, WhatsApp. É
isto que causa as redes sociais naqueles que não cuidam da saúde mental ou
ainda não tem compreensão da manipulação tecnológica.
As
redes sociais não foram projetas por profissionais da área da saúde como
psicólogos para proteger as pessoas, porém por profissionais que trabalham com
algoritmos que faz a ferramenta recomendar o próximo vídeo, tirar fotos usando
filtro, direcionar a atenção para onde eles desejam, penetram na consciência alterando
o senso de autoestima e a identidade das crianças e até adultos. O indivíduo
não evoluiu para aceitar o que várias pessoas vão pensar a seu respeito quando
recebe críticas e julgamentos nas redes sociais devido a atitudes de reprovação
do outro, não houve ainda evolução para ter reprovação social dosada a cada 15 minutos.
O ser humano vive a vida através de uma pseudo percepção, pois o sujeito é
recompensado a curto prazo com ações de curtidas, e é sentido isto como valor e
introjeta no superego como verdade, mas na verdade é uma popularidade frágil
falsa de curto prazo e que deixa ainda mais o sujeito fútil, num vazio
existencial, pois está dentro de uma compulsão a repetição viciosa do que
precisa saber ou precisa fazer gerando desprazer, desconforto. [...] Em
sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão
a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram
satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Junto
com as redes sociais há um aumento de casos de depressão, suicídio é a geração
Z, crianças nascidas após 1996 que tiveram redes sociais antes do ensino médio,
como esses estudantes passam o seu tempo nas redes sociais na escola, nas
residências, uma geração inteira ansiosa, frágil, vulnerável, deprimida,
insegura pois não assumem riscos e nem responsabilidades. A rede de negócio trouxe uma grande mudança
em uma geração, todavia se observar é uma mudança com aspecto negativo e não
positivo. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa,
e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma
situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162)
Qual
é o seu tempo médio sem o celular? Compreendo que a adulto de hoje faz uso de
uma chupeta digital que atrofia a capacidade de lidar com as consequências que
o uso exacerbado das redes lhe incute no pensamento, no sentimento e
comportamento que podemos chamar de a crença da tríade cognitiva. A
inteligência artificial das redes criada para prever o que vai viciar, atrair, seduzir
ou permitir que anunciantes testem dezenas de textos ou variações de cores para
descobrir a manipulação perfeita para a sua mente, isto é poder ilusionismo e
influência.
São
métodos usados para manipular pessoas para tornarem viciadas, que a narrativa
mostra que o ser humano se adaptará convivendo com os dispositivos, mas o fato
mais perigoso é que está sendo impulsionado pela tecnologia que avança
exponencialmente. A inteligência artificial já domina o mundo, pois existem imensas
salas de computadores interconectados uns aos outros com algoritmos tão
complexos que se pode chamar de inteligência otimizados para obter sucesso que
estão submersas em água. São aprendizados de maquinas que melhoram a cada vez
que o usuário passa mais tempo no produto que escolheu. O algoritmo tem vontade
própria, onde o criador constrói a máquina e ela modifica si mesma e acaba alterando
o comportamento dos usuários para atingir os propósitos escusos de sucesso
financeiro.
Cada
usuário tem diante de si a própria
realidade de acordo com os fatos apresentados pelas redes sociais e isto
dá a pseudo sensação de que todos concordam com a sua opinião, pois todos são o
seu feed de notícia, ou seja se parecem, se identificam com o indivíduo e ao
chegar neste estado se é facilmente manipulado pelos mágicos, ilusionistas as plataformas
redes sociais e não percebem que tudo já foi esquematizado, manipulado antecipadamente
para o usuário escolher os amigos que deseja no Facebook, escolhas os links que
deseja seguir, pois a rede social está direcionando e no controlo do feed notícias e tudo mais.
Notamos
que o ser humano não está sendo indivíduo objetivo e muito menos construtivo, por
que está numa sociedade dividida. A polarização na sociedade é o tempo
assistido que a pessoa gasta assistindo a vídeos, noticias, propagandas
compartilhando coisas para manter a atenção delas online. O que o sistema de
recomendação faz é recomendar o vídeo, a propaganda, a notícia que a pessoa
assistiu com outras parecidas ou que se aproximem do gosto do usuário. Depois
são os algoritmos que decidem pela pessoa. Eles indicam quais são os contatos
que o sujeito verá com mais frequência e quais são as publicações que o
indivíduo deve encontrar ao navegar. O fato de um dos seus contatos não
aparecer em um lugar de destaque na sua rede não significa que sua última
postagem tenha sido há muito tempo. Simplesmente, o sistema não selecionou suas
publicações para que apareçam em suas atualizações diárias.
O
algoritmo tem a capacidade de convencer as pessoas sobre determinadas notícias,
informações com extrema capacidade ilusória de levar o sujeito da informação
para a desinformação, ou seja, é capaz de tornar as pessoas destituídas de informações
verdadeiras no caso o fake News. A fake news tem poder de espalhar-se mais
rápido que a notícia verdadeira, então como será o mundo em que estamos
vivendo. A informação falsa proporciona mais dinheiro para as instituições,
empresas, organizações do que a verdade.
Algo
semelhante acontece com os conteúdos. Não pense que as notícias ou as
informações que o sujeito enxerga são as mais atuais ou as mais relevantes. O
que aparece para a pessoa é uma seleção cuidadosa baseada em seus gostos e
preferências e, é claro, em como o mercado pode capturá-lo. Em suma, é provável
que a pessoa acabe acreditando que o mundo é o que aparece em suas redes,
quando não é. O sujeito tem acesso a uma pequena bolha projetada, em grande
parte, pelo servidor que a fornece para lhe causar os próprios desejos do
criador e o usuário não passa da criatura consumista. [...] Em Freud
(1900/2007a), o desejo é caracterizado por um impulso na busca da reprodução de
uma satisfação original, mas de forma alucinatória; ou seja, faz referência a
um objeto atrelado originariamente à satisfação e não mais encontrado, um
objeto perdido e, então, representado na ordem do Simbólico. Assim, o desejo
pode se realizar sem nunca se satisfazer- diferentemente do que acontece com a
necessidade -, e sempre de forma parcial, na medida em que o encontro com o
objeto, tomado pelo desejo circunstancialmente, também produz remissão ao
mítico objeto perdido para sempre, reabrindo a insatisfação e relançando o
desejo em sua incansável circularidade. Sendo assim, o indivíduo carente
[aquele que sofre a falta de algo], procura identificar-se com algum objeto e
faz deste objeto [emprego específico, namoro, amizades] o que ele próprio
gostaria de experimentar que é o prazer.
A
desinformação é a pandemia da manipulação gerada pela fake news com propósito
de gerar lucros para empresas que se utilizam de boatos. O Facebook é uma
ferramenta de persuasão, agora imagine está rede nas mãos de um ditador que
deseja controlar a população de um país. Essa ferramenta é eficaz para executar
a manipulação em massa. As redes sociais podem ser usadas como arma e causa
danos as pessoas, a comunidade. As plataformas tornarão possível explanar
narrativas de discurso de ódio, de manipulação com uma facilidade fenomenal e
sem fazer uso de muito dinheiro.
A
fake news é absorvida pelo usuário do senso comum sem questionamento, sem
procurar descortinar a verdade como se fosse algo normal, levando o indivíduo a
não ter controle sobre seus desejos, emoções, objetivos e verdades,
influenciado as pessoas acreditarem que mais nada é verdade e tudo é mentira
agora, tudo é teoria da conspiração, não se pode confiar em ninguém ,vivemos e
experienciamos o caos e com isto projetam sentimentos que não conseguem lidar
na realidade, deslocando as emoções de agressividade por meio de linguagem
obscena na internet. [...] Deslocamento, este mecanismo está relacionado
à sublimação e consiste em desviar o impulso de sua expressão direta. Nesse
caso, o impulso não muda de forma, mas é deslocado de seu alvo original para
outro. Ex: Ao ser despedido de uma empresa, um funcionário leal sente raiva e
hostilidade pela forma como foi tratado, mas usualmente tem dificuldade de
expressar seus sentimentos de forma direta.
Observamos
a democracia desmoronar, ou seja, um ataque global em países que realizam
eleições democráticas com vários agentes do Estado com intenção de
desestabilizar um país, uma nação. A indústria da tecnologia existe para
desfazer o tecido da sociedade em diversos países ao mesmo tempo. O Brasil está
sendo implodido na democracia. A manipulação por terceiros não é invasão, eles
usam para legitimar os usuários e aplicação sórdida para atingir os objetivos,
isto é feito sem invadir as fronteiras físicas, ou seja, semear o caos e
dividir a sociedade, rompendo com o dialogo, interação e perda da compreensão
da realidade compartilhada, mas promovendo a violência, na intenção de fazer
uso das forças armadas, da polícia.
Criar
guerras culturais e mentiras para uma classe específica dentro da sociedade. No
Brasil, de acordo com a pesquisa, o uso de práticas desonestas na Internet para
influenciar as pessoas acontece desde 2010. Contas fake, bots, mensagens de
distração, entre outras práticas, foram usadas durante duas campanhas
presidenciais e o impeachment. Contratos entre partidos políticos e as empresas
que viabilizam essas práticas têm valores de até R$ 10 milhões. Em atividades
de grupo, os membros tendem a um constante movimento de criar e desempenhar
papéis individualizando seu modo de participar em determinado processo grupal
de uma específica rede social. O papel desempenhado, que é uma forma de
expressão, não é estático ou fixo, mas, pode ser substituído por outro no
decorrer do grupo rede social. [...] Para Pichon Rivière, um grupo opera
melhor quando há em seu conjunto de pessoas pertinência, afiliação, centramento
na tarefa, empatia, comunicação, cooperação e aprendizagem. A pertinência pode
ser vista como a qualidade da intervenção de cada um no grupo; a afiliação é a
intensidade do envolvimento do indivíduo no grupo; o centramento na tarefa é o
eixo principal da cooperação, refere-se ao grau de interação com que um participante
mantém o vínculo com o trabalho a ser efetuado, e avalia a dispersão e a realização
de esforço útil do indivíduo; a empatia é o modo como o grupo pode ganhar força
para operar cada vez mais significativamente; a comunicação é essencial para
que haja entrosamento; a cooperação é o modo pelo qual o trabalho ganha
qualidade e operatividade; a aprendizagem é o resultado do trabalho e deve ser
essencialmente colaborativa.
No
entanto a inteligência artificial não pode resolver os problemas da fake News e
as plataformas não sabem da verdade e não tem uma práxis de verdade a não ser
um clique. O senso comum não sabe mais concordar com o que é verdade ou o que é
mentira, pois existe o comportamento de manada do grupo que permite a
manipulação da opinião pública por meio da fake. A tecnologia é uma ameaça existencial. Estamos
com o celular, mas onde reside a ameaça existencial. Compreenda, existe do
outro lado da tela um supercomputador liderando e direcionando estímulos de
imagens para o cérebro do sujeito fazendo o assistir aquele vídeo, a
curiosidade ingênua para acessar as mensagens entre outros motivos.
Podemos
avaliar por meio do processo grupal a necessidade de haver um líder no grupo já
era um tema discutido por Le Bon, citado em Freud [1920-22(1976)]. Este autor
faz uma associação do grupo com um rebanho obediente, o qual precisa de um
pastor. Mas salienta que o líder deve ter algumas qualidades, como “prestígio”,
acreditar fielmente nas suas ideias, além de ser imponente. E hoje este papel
de liderança presenciamos não de modo desvelado nos dispositivos, nos robôs, na
inteligência artificial que assumiu o papel de liderar os humanos. Neste caso,
onde está a ameaça existencial?
Nesse
sentido, os fenômenos inconscientes exercem mais influência que nossa vida
consciente. A maior parte de nossos comportamentos é regida pelas leis da
instância psíquica que não temos conhecimento – o inconsciente. Não é em si a
tecnologia a ameaça existencial, mas a capacidade da tecnologia despertar o
pior da humanidade e o pior desta sociedade ser a ameaça existencial, ou seja,
a perda da identidade na sociedade, sinalizando como indivíduos faltantes de identidade,
de autonomia, de livre-arbítrio. O criador da tecnologia conseguiu promover caos
em massa, falta de confiança uns nos outros, revolta, insensibilidade, solidão,
alienação, ansiedade, angustia, polarização, fraude eleitoral, populismo,
distração e a capacidade de focar nos verdadeiros problemas isto é sociedade.
Mas agora a sociedade é incapaz de se restabelecer e cai no caos, isto afeta a
todos mesmos que a pessoa não faça uso dos produtos. O mundo [usuários] está
semelhante a imagens dos criadores das redes sociais.
A
tecnologia foi criada para atrair a corrida de atenção dos usuários e está mais
integrada as vidas dos indivíduos na sociedade, e as inteligências artificiais
se tornarão melhores e não piores. Pode se pensar em curto prazo em guerra civil,
destruir a população por meio da própria ignorância, degradação das democracias
mundiais, ruir com a economia global. Alguns grupos de religiosos podem até pensar
como juízo final, ou seja, a chegada do apocalipse por que a tecnologia está
acabando com as pessoas, com as crenças, mas não percebem que apenas um grupo
de minoria está no controle atuado como criadores tecnológicos, enquanto que a
grande maioria do senso comum destituídos de informações se permite ser controladas
por elas.
Isto é utopia e distopia, por meio de um botão
no celular um moto boy surge em 300minutos, com a pizza não é sensacional,
maravilhoso, pois não se tem mais paciência para esperar na fila do
estabelecimento, deseja-se as coisas para o aqui-agora. As pessoas estão
aprisionadas num modelo de negócio criado pelas redes de negócios que se torna
quase impossível desvencilhar-se destes padrões incutidos.
O
relacionamento humano nunca foi tão importante para as empresas de tecnologia.
Afinal, o novo consumidor está em busca de marcas coerentes com seus ideais e
objetivos. Por causa disso, a psicologia e a neurociência têm se unido para
apresentar soluções estratégicas, como descobrir o funcionamento da jornada do
cliente e o comportamento nas redes sociais. Não podemos dizer que elas trazem
apenas vantagens, mas também está longe de ser somente uma grande vilã que cria
um exército de usuários que não conseguem se desconectar. As redes sociais
mudaram o comportamento das pessoas, sua maneira de se comunicar e, até mesmo,
o nível de tolerância.
A
Internet não está nos conectando uns aos outros, mas uns aos uns e outros aos
outros. Isso significa que está promovendo micro ditaduras. Pequenos espaços
habitados por seres virtuais que confirmam certas ideias. Como resultado, as
pessoas se tornaram mais radicais e obstinadas com as redes sociais, além de
mais simplistas. No entanto, devemos lembrar que somos melhores e mais
inteligentes quando desenvolvemos habilidades para nos relacionarmos com os
diferentes e não com os iguais. Entendo no grupo, o indivíduo tem um
“sentimento de poder invencível”, segundo Le Bon, citado em Freud
[1920-22(1976)]. Seus instintos são aflorados às vezes até de forma
irresponsável.
Além
disso, há o fenômeno do contágio, que faz com que os sentimentos e atos sejam
contagiosos quando o indivíduo está no grupo. Muitas vezes o interesse coletivo
sobrepõe ao interesse individual. E reconhecer subgrupos dentro dos grupos aos
quais elas pertencem. De um modo geral, existe uma tendência a se gostar,
confiar e favorecer mais os membros do seu próprio grupo (in-group) do que
aqueles identificados como pertencentes a outros grupos (out-group). Dessa
forma, quanto mais homogêneo for o grupo, maior a sua coesão, maior o
comprometimento de seus membros e menor o conflito intergrupal
Estreitamente
ligada à demanda é a definição dos objetivos do grupo de plataformas. Quais
foram a motivação e desejos que os usuários buscam realizar através do seu
pertencimento a esse grupo rede social Facebook, Instagram, Youtube, Pinterest,
WhatsApp, como por exemplo, o desejo de ter segurança, reconhecimento, afeto,
novas experiências, comparar suas experiências com o outro, pensar os seus
problemas, resolver questões, escapar da solidão, obter a tão sonhada liberdade
financeira entre tantos outros.
A
construção de uma Identidade avatar virtual nas redes de negócios grupal. Essa
Identidade indica também um grau de coesão - ou, ao contrário, de dispersão -
no grupo. Quanto maior a sua Integração, Interação, na rede escolhida do
usuário mais forte - e rígida - a sua Identidade avatar virtual.
Referência
Bibliográfica
BASTOS,
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