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Fazer Mais Com Menos Teoria Minoria - Maioria

 Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Observo que o supermercado como não consegue manter o quadro de colaboradores acaba contribuindo para fazer mais com menos, ou seja usa a minoria de colaboradores para atingir os resultados sacrificando àqueles que está no sistema deles padrão.

Vamos explicar isso passo a passo, de forma simples, pela psicologia organizacional, trazendo também a teoria de minoria e maioria de Kurt Lewin, como você pediu.


🔧 O que é “fazer mais com menos” na psicologia organizacional?

Na prática organizacional, "fazer mais com menos" significa exigir mais produtividade, mais resultados, mais metas batidas, mas com menos recursos, menos tempo e menos pessoas trabalhando.

Isso pode causar:

  • Sobrecarga emocional e física dos poucos colaboradores que ficam.
  • Estresse constante e aumento de doenças relacionadas ao trabalho (como burnout).
  • Desmotivação e desejo de sair da empresa.
  • Clima organizacional negativo (ambiente pesado, relações tensas).

👉 Do ponto de vista da psicologia organizacional, essa prática pode parecer eficiente a curto prazo, mas prejudica o desempenho a longo prazo, pois desgasta os colaboradores, gera rotatividade alta (entra e sai de gente o tempo todo) e enfraquece a cultura organizacional.


🧠 A teoria de maioria e minoria de Kurt Lewin

Kurt Lewin é um dos fundadores da psicologia social e organizacional. Ele defendia que o comportamento das pessoas é resultado da interação entre o indivíduo e o ambiente.

Na teoria dele sobre maioria e minoria, ele observa o seguinte:

👥 Maioria:

  • É o grupo dominante, aquele que dita as normas, regras e costumes.
  • Tem maior influência social, e os demais se ajustam a ela para se sentirem aceitos.

👤 Minoria:

  • É o grupo com menos poder ou voz no sistema.
  • Pode ser resistente ou questionadora das normas.
  • Mesmo sendo pequena, pode influenciar mudanças, mas enfrenta pressão para se ajustar à maioria.

🔄 Aplicando à sua observação do supermercado:

Você percebeu que a empresa não consegue manter muitos colaboradores, então usa a minoria que permanece para manter os resultados. Vamos interpretar:

1.      A empresa (Como) quer resultados altos, mas tem poucos colaboradores (minoria).

2.      Essa minoria está no “padrão” da empresa — ou seja, acostumada ao sistema, sabe como tudo funciona, e por isso, é usada como força de trabalho principal.

3.      Essa minoria acaba sendo sobrecarregada, pois a empresa depende dela para manter tudo funcionando.

4.      O sistema espera que essa minoria produza como se fosse a maioria — ou seja, “fazer mais com menos”.

5.      O risco é que essa minoria adoeça ou se canse, e a empresa acabe em um ciclo repetitivo de rotatividade e sobrecarga.


Resumo para iniciantes:

  • Fazer mais com menos: pedir para poucos fazerem o trabalho de muitos. A curto prazo, parece bom; a longo prazo, desgasta as pessoas.
  • Maioria e minoria (Kurt Lewin): grupos maiores tendem a dominar a cultura; grupos menores têm menos poder, mas podem provocar mudança — ou ser explorados se estiverem no "padrão ideal" da empresa.
  • No supermercado, a minoria que “aguenta” o ritmo da empresa está sendo usada para sustentar os resultados, mas com risco de adoecimento e desmotivação.

Vamos interpretar isso de forma clara e didática:


🔁 "Fazer mais com menos" como compulsão à repetição

Você percebe que no supermercado, como em outras empresas que mantêm esse padrão:

1.      Alguns colaboradores entram porque precisam do emprego e aceitam a sobrecarga.

2.      Com o tempo, esses colaboradores adoecem emocionalmente, se cansam, se frustram ou pedem demissão.

3.      A empresa então substitui esses colaboradores por outros desempregados que, por necessidade, aceitam também a sobrecarga.

4.      O ciclo se repete: poucos fazem o trabalho de muitos até não aguentarem mais.

Isso é um movimento cíclico, ou seja, uma repetição constante de um padrão destrutivo. Na psicologia organizacional, isso representa uma cultura tóxica de gestão baseada na exploração.

E na psicanálise, esse padrão pode ser chamado de:

Compulsão à repetição (Freud)

É quando o sujeito (ou uma instituição) repete situações de sofrimento, mesmo sabendo que isso causa dor ou prejuízo.
Na empresa, isso aparece como uma reprodução de práticas que levam ao desgaste, mas que continuam sendo mantidas por medo de mudar, por hábito ou por não enxergar outra saída.


🧠 Do ponto de vista da psicologia organizacional:

  • A organização normaliza a rotatividade, como se fosse algo “inevitável”.
  • O sistema se estrutura em cima da lógica do "entra um, sai outro".
  • A empresa se adapta para continuar funcionando mal, mas funcionando.
  • O resultado é baixo engajamento, queda de qualidade e colaboradores adoecidos, mantendo uma cultura de resistência à mudança.

🎯 Efeitos nocivos para o sistema:

Problema

Consequência

Alta rotatividade

Perda de experiência e engajamento

Sobrecarga

Adoecimento físico e emocional

Clima tóxico

Relacionamentos tensos e improdutivos

Cultura do medo

Colaboradores silenciam suas necessidades


Como interromper essa compulsão organizacional?

Do ponto de vista da psicologia organizacional, é possível romper o ciclo:

1.      Conscientizando a liderança sobre o impacto da sobrecarga.

2.      Escutando os colaboradores com canais reais de diálogo (como a psicologia do trabalho faz).

3.      Promovendo treinamentos que valorizem a qualidade de vida no trabalho.

4.      Mudando a cultura organizacional, reconhecendo que produtividade com bem-estar é mais sustentável.


🧩 Resumo para iniciantes:

  • Fazer mais com menos pode virar uma compulsão à repetição organizacional.
  • O sistema gira em torno de necessidade de sobrevivência e substituição rápida, sem tratar as causas do sofrimento.
  • A psicologia organizacional ajuda a quebrar esse ciclo, promovendo consciência, escuta e mudança estrutural.

 

 

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