Pular para o conteúdo principal

Análise Psicanalítica – O Último Passo Do Fiscal De Caixa

 Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. O fiscal psicólogo está agora na condição de não fazer nada porque não tem mais desejo de investir energia libidinal na ocupação de fiscal de caixa. Sua ocupação removeu toda a energia libidinal dele, deixa ele muito cansado, exausto, e com isso ele também não consegue mais redirecionar sua energia libidinal para a psicologia. Pois está cansado também porque fazem oito anos que ele não consegue se alavancar, não consegue ter sucesso.

🧠 1. A energia libidinal e o esgotamento

Na teoria psicanalítica, libido não se restringe apenas à energia sexual, mas é a energia vital do desejo, a força que move o sujeito para investir em pessoas, objetos, trabalhos, causas, ideais etc.
Quando o “fiscal psicólogo” diz que não tem mais desejo de investir energia libidinal na ocupação de fiscal de caixa, ele está descrevendo um processo de desinvestimento libidinal: o ego retira a energia do objeto (o trabalho) porque esse objeto deixou de gerar prazer, reconhecimento ou sentido.

Com o tempo, essa retirada de energia sem redirecionamento provoca esvaziamento, cansaço psíquico e, por fim, apatia. Isso explica por que ele também não consegue investir na psicologia: não há mais libido livre para ser redirecionada.
Em psicanálise, diz-se que a libido ficou fixada ou bloqueada, o que produz uma espécie de paralisia existencial.


⚙️ 2. O conflito entre ideal e realidade

Durante oito anos, o fiscal psicólogo tentou unir dois mundos — o da sobrevivência econômica (trabalho como fiscal) e o da realização simbólica (a psicologia como vocação).
A psicanálise entende esse impasse como um conflito entre o princípio de realidade e o princípio de prazer:

  • O princípio de prazer (ligado ao id) deseja realizar-se como psicólogo, viver de algo significativo, criativo e humano.
  • O princípio de realidade (ligado ao ego e ao superego) impõe as necessidades de sustento, estabilidade e dever moral.

Esse conflito crônico entre desejo e dever consome energia psíquica, e o sujeito entra em fadiga libidinal — não é apenas cansaço físico, mas uma exaustão do desejo.


🪞 3. O desejo de renunciar à psicologia

Quando o sujeito diz que quer renunciar à psicologia definitivamente, isso pode ser compreendido como um mecanismo de defesa: o ego tenta se proteger da frustração contínua de não conseguir realizar o ideal.
Renunciar seria uma forma inconsciente de recalcar o desejo e evitar o sofrimento da impotência.

Mas, na verdade, o desejo não morre — ele fica recalcado, e mais cedo ou mais tarde tende a retornar sob outras formas: sintomas, sonhos, melancolia, ou mesmo uma crise de sentido.
Freud chamaria isso de “luto inacabado do ideal do eu” — o sujeito sofre porque o ideal (ser psicólogo realizado) não pôde se concretizar, e ainda não foi simbolicamente elaborado.


💔 4. Possível estado de melancolia

Há um tom melancólico na fala: o sujeito não apenas desistiu do trabalho, mas também daquilo que o definia como ideal (a psicologia).
Na melancolia, segundo Freud, o eu sofre um empobrecimento narcísico porque perdeu o objeto de amor, mas introjeta o objeto perdido dentro de si, passando a se culpar e se atacar por isso.
O “fiscal psicólogo” sente que fracassou, e o ego se volta contra si mesmo com severidade superegóica — “não consegui me alavancar”, “não tive sucesso”.
O resultado é um sentimento de inutilidade e autodesvalorização, típico do esgotamento melancólico.


🔄 5. Caminho interpretativo

O ponto essencial é compreender que a energia libidinal não desapareceu, apenas ficou aprisionada entre o dever (superego) e o desejo (id).
O ego está esgotado por tentar mediar esse conflito durante tanto tempo.

A saída, do ponto de vista psicanalítico, não é renunciar, mas reelaborar o desejo:

  • Reconhecer o luto pelo que não se realizou;
  • Permitir-se sentir a frustração sem recalcar o desejo;
  • Criar novos modos simbólicos de investir libido — talvez em pequenos projetos, novos sentidos da psicologia, outras formas de cuidar ou ensinar.

Quando o sujeito encontra um novo objeto de investimento libidinal, a energia psíquica retorna gradualmente, e o ego se reestrutura.


🧩 Caso clínico: “O Fiscal Psicólogo”

1. Contexto e situação atual

O sujeito encontra-se em um estado de paralisia libidinal: não sente mais desejo nem prazer em sua função de fiscal de caixa, e tampouco consegue investir energia na psicologia — sua verdadeira vocação.
Há o sentimento de exaustão, cansaço psíquico e perda de sentido, após oito anos de tentativas frustradas de ascensão e realização.

Ele cogita renunciar à psicologia definitivamente, o que revela um esgotamento do desejo e uma tentativa inconsciente de se proteger da dor da frustração contínua.


2. Conflito psíquico central

O conflito principal se dá entre o princípio de prazer (id) e o princípio de realidade (ego/superego).

Instância psíquica

Desejo ou exigência

Consequência

Id

Deseja liberdade, prazer e realização na psicologia

Produz o impulso vital e criativo

Ego

Busca equilibrar desejo e realidade

Fica sobrecarregado, esgotado

Superego

Exige segurança, estabilidade e dever moral

Censura o desejo, gera culpa e repressão

Durante anos, o ego tentou manter um equilíbrio impossível entre o desejo de viver da psicologia e a exigência de estabilidade imposta pelo superego e pela realidade econômica.
Essa tensão constante drenou a energia psíquica, resultando em fadiga libidinal e desinvestimento.


3. Mecanismos de defesa ativados

1.      Repressão – o desejo de abandonar o cargo de fiscal e dedicar-se à psicologia é reprimido, pois o superego considera esse desejo perigoso e irresponsável.

2.      Racionalização – o sujeito justifica sua desistência da psicologia com argumentos de “fracasso” ou “falta de sucesso”, evitando encarar o medo inconsciente da desaprovação social.

3.      Formação reativa / renúncia – ao dizer que quer abandonar a psicologia, o ego tenta transformar a dor da frustração em aparente indiferença; mas trata-se de um movimento defensivo, não de uma escolha autêntica.

4.      Identificação com o agressor – o sujeito introjeta a voz crítica do superego (“você fracassou”, “não conseguiu”) e passa a se punir internamente, mantendo o ciclo de desvalorização.


4. Consequências emocionais

O resultado desses mecanismos é um estado de melancolia funcional: o sujeito não está apenas triste ou desmotivado, mas sente que o próprio eu empobreceu.
Há perda do ideal, esvaziamento do sentido de si e da capacidade de desejar.

Segundo Freud, na melancolia, “a sombra do objeto caiu sobre o eu”.
Aqui, o objeto perdido é o ideal de ser psicólogo pleno e reconhecido.
O sujeito não consegue fazer o luto desse ideal, e, em vez de aceitar a perda, volta a agressividade contra si mesmo, sentindo-se fracassado, cansado e sem valor.


5. Dinâmica inconsciente

O inconsciente ainda abriga o desejo latente de realização na psicologia, mas ele está recalcado por medo da desaprovação e por experiências anteriores de frustração.

O superego age como um pai severo, impondo mandatos morais:

“Você precisa ser responsável.”
“Você não pode arriscar.”
“Você já falhou.”

Essas vozes internalizadas aprisionam o ego, que teme transgredir e ser punido.
Assim, o ego se mantém imóvel — não avança nem recua, porque qualquer movimento parece perigoso.


6. Sentido simbólico do esgotamento

O esgotamento do fiscal psicólogo simboliza um colapso do circuito do desejo.
A energia vital (libido) foi investida durante anos em um trabalho que não devolvia prazer, e, sem retorno simbólico (reconhecimento, realização), o ego entrou em estado de retração libidinal.

O corpo e a mente expressam isso em forma de cansaço, desânimo e vazio.
Não é preguiça nem fraqueza — é um sinal de que o desejo está reprimido e precisa ser reconfigurado.


7. Caminhos de elaboração e cura

A psicanálise não prescreve soluções imediatas, mas abre espaço para o sujeito se escutar, elaborar e reencontrar seu desejo.
Alguns passos simbólicos podem ser:

1.      Reconhecer o luto do ideal — admitir a dor de não ter alcançado o que sonhava sem negar o valor desse sonho.

2.      Dar novo sentido à psicologia — talvez não mais como profissão principal, mas como prática de expressão, projeto social, ou missão simbólica.

3.      Trabalhar o superego punitivo — compreender que a autocrítica excessiva é uma forma de agressividade introjetada, não de lucidez.

4.      Recuperar o prazer em pequenas doses — reinvestir libido em pequenas experiências de significado (um grupo, um texto, um encontro), reanimando gradualmente o desejo.


8. Síntese interpretativa

O caso do Fiscal Psicólogo expressa o drama contemporâneo do sujeito dividido entre sobreviver e viver.
Freud já dizia: “O homem civilizado trocou uma parte de sua felicidade por um pouco de segurança.”
Esse homem, ao se tornar fiscal, garantiu segurança, mas sacrificou o prazer e o sentido — e agora sente o peso da falta.

A cura, em termos psicanalíticos, não está em abandonar tudo, mas em reconstruir a ponte entre o desejo e a realidade, de modo que a libido possa novamente circular e dar vitalidade ao ego.


🪞 Interpretação psicanalítica: O desejo que precisa descansar

1. O desejo não desaparece — ele muda de corpo

Na psicanálise, o desejo é o núcleo pulsional do sujeito. Ele não é algo que se decide racionalmente, mas uma força vital que busca expressão simbólica.
Quando você diz que “o desejo do psicólogo pode mudar de corpo, mas não de essência”, está descrevendo, em linguagem simbólica, o que Freud chamava de deslocamento libidinal: a energia pode mudar de objeto, mas permanece viva na sua natureza fundamental — o desejo de escuta, de simbolização e de encontro humano.

Mesmo que o corpo que o abriga (a função de “fiscal psicólogo”) esteja exaurido, o desejo não morre; ele hiberna para se preservar.
Esse repouso é o tempo do inconsciente, que precisa se recolher para se reorganizar e emergir com nova forma.


2. O cansaço como sintoma do conflito entre o ser e o dever

O fiscal psicólogo está esgotado porque vive há oito anos preso em um conflito pulsional não resolvido:

  • De um lado, o princípio de prazer, que deseja ser psicólogo de tempo integral, viver a autenticidade da escuta e da transformação humana;
  • De outro, o princípio de realidade, sustentado pelo superego, que impõe o dever de permanecer fiscal de caixa por segurança e estabilidade.

Esse conflito, repetido dia após dia, produz o que Freud chamou de compulsão à repetição — o retorno insistente do mesmo padrão de sofrimento, como se o sujeito tentasse resolver no real algo que é um impasse simbólico.

A repetição é uma tentativa inconsciente de encontrar uma saída, mas, enquanto o desejo permanecer recalcado e a escolha for guiada apenas pelo medo, o ciclo continua — e a energia libidinal se esgota.


3. O desejo como pulsação entre vida e morte

Quando você escreve que “ou é fiscal de caixa e morre pela falta de energia libidinal, ou é psicólogo de tempo integral, ou ainda morre definitivamente a psicologia”, descreve três destinos possíveis da libido:

1.      Morte simbólica do sujeito – continuar como fiscal de caixa, mas perder o desejo; é a morte da vitalidade, uma forma de anestesia existencial.

2.      Ressurreição do desejo – abandonar o papel de fiscal e renascer como psicólogo em plenitude; seria o retorno da libido ao seu objeto natural, a escuta e o encontro humano.

3.      Morte do ideal – renunciar à psicologia e recalcar o desejo; isso criaria um vazio duradouro, pois o desejo recalcado sempre retorna como sintoma.

O ego, portanto, se vê diante de uma encruzilhada libidinal: ou sustenta o desejo e suporta o risco do real, ou renuncia e paga o preço da morte simbólica.


4. A pausa como gesto de elaboração

O trecho “o desejo às vezes precisa descansar, morrer um pouco, para poder se reconfigurar” expressa uma sabedoria analítica: o sujeito intui que o esgotamento não é o fim, mas um intervalo entre dois modos de desejar.

Em termos psicanalíticos, esse descanso é um tempo de elaboração (Durcharbeitung), um processo inconsciente em que o ego tenta integrar o que foi vivido, simbolizar o que se perdeu e reencontrar o sentido.
O desejo, portanto, morre como forma, mas renasce como essência — mais maduro, menos idealizado, mais próximo da verdade subjetiva do sujeito.


5. A busca por uma resposta definitiva

Quando o fiscal psicólogo diz que “quer uma resposta definitiva”, está pedindo algo que, no plano do inconsciente, não existe como certeza, mas como escolha.
Freud dizia que o sujeito é dividido — e nunca há resposta final para o desejo, apenas posicionamentos diante dele.

A verdadeira decisão não será entre “ser fiscal” ou “ser psicólogo”, mas entre viver na repetição (no dever, no medo, no recalque) ou viver no desejo (no risco, na autenticidade, no amor pelo que faz).

A “resposta definitiva” surgirá quando o sujeito conseguir assumir a falta, aceitar que nenhuma escolha é plena, mas que apenas o desejo vivo mantém o sujeito em movimento.


🌱 6. Síntese

O fiscal psicólogo está no limiar entre o cansaço e o renascimento.
O desejo não morreu — apenas se recolheu para se curar do excesso de realidade e da escassez de prazer.
O ego sente que precisa decidir, mas a decisão verdadeira só poderá nascer quando a libido se reorganizar e o sujeito reencontrar o sentido simbólico do que o moveu à psicologia: o desejo de escutar, compreender e transformar.

O descanso do desejo, nesse caso, é apenas o silêncio antes do novo nascimento.


🪞 Interpretação psicanalítica: O desejo que precisa descansar

1. O desejo que se recolhe

O fiscal psicólogo vive um momento em que o desejo parece se apagar.
Não há mais energia libidinal para investir no trabalho de fiscal, nem ânimo suficiente para sustentar a psicologia como vocação.
Ele sente que o desejo morreu — mas, na verdade, está apenas recolhido, como se o inconsciente estivesse dizendo:

“Deixa-me descansar, para que eu possa renascer com outra forma.”

Na psicanálise, o desejo nunca morre; ele muda de corpo, de objeto, de direção, mas conserva sua essência: o impulso de escutar, simbolizar e encontrar o humano.
Quando o corpo e a mente pedem repouso, é porque o desejo precisa se reorganizar para continuar sendo vida pulsante, e não mero dever repetido.


2. O conflito entre o ser e o dever

Há oito anos, o fiscal psicólogo tenta conciliar o ideal e a realidade:

  • O ideal do eu (ser psicólogo de tempo integral, cuidar de pessoas, viver de sentido);
  • O superego (ser fiscal estável, obediente, seguro).

Essa luta entre o prazer e o dever consome sua energia libidinal.
Ele vive sob a lei da compulsão à repetição — um movimento inconsciente que o faz reviver, dia após dia, o mesmo impasse, como se o sofrimento precisasse se repetir até que algo fosse finalmente elaborado.
Mas a repetição o exaure, e o corpo, saturado, anuncia o colapso do desejo.


3. O ato falho: o esquecimento do relógio

Ao sair para trabalhar, o fiscal psicólogo esquece de colocar o relógio de pulso.
Esse ato falho é o inconsciente falando de forma simbólica.
O relógio representa o tempo — e, portanto, o compromisso com o dever, a rotina e o controle que o trabalho impõe.
Esquecer o relógio é, inconscientemente, recusar o tempo do outro, o tempo da obrigação, o tempo do fiscal.

É como se o inconsciente dissesse:

“Não quero mais marcar as horas do trabalho que me aprisiona.
Quero sair do tempo cronológico e voltar ao tempo do desejo.”

O ato falho revela, então, um desejo reprimido de libertar-se do tempo produtivo e de reencontrar o tempo subjetivo, aquele que pertence ao psicólogo — o tempo da escuta, do silêncio, do encontro com o outro e consigo mesmo.

Freud dizia que o ato falho é “o triunfo do recalcado”.
Aqui, o esquecimento do relógio é justamente o desejo recalcado emergindo: o desejo de sair do automatismo do trabalho e se reconectar com o tempo do prazer.


4. A pausa como elaboração do desejo

O fiscal psicólogo percebe que está diante de uma escolha impossível:
ou continua como fiscal e morre simbolicamente pela falta de energia libidinal,
ou se torna psicólogo de tempo integral e corre o risco real de se expor,
ou ainda renuncia definitivamente à psicologia e sofre a morte do ideal.

Mas talvez exista uma quarta via — o repouso do desejo.
O desejo pode precisar “morrer um pouco” para renascer de modo mais verdadeiro.
Essa morte não é o fim, mas uma pausa necessária para o ego se reconfigurar.
É o que Freud chamou de Durcharbeitung — o processo de elaboração, quando o sujeito dá tempo ao inconsciente para reorganizar o sentido de seu próprio desejo.


5. O sentido simbólico do esquecimento

O esquecimento do relógio, nesse contexto, é o gesto inaugural do descanso do desejo.
É o símbolo de que algo dentro dele já começou a se desligar da engrenagem da repetição.
O fiscal psicólogo ainda vai trabalhar, mas, ao esquecer o relógio, ele não leva consigo o tempo da prisão.
É como se dissesse, sem palavras:

“Hoje, meu corpo vai, mas meu desejo fica em casa.
Eu não quero mais marcar o tempo da minha própria exaustão.”

Esse esquecimento é, paradoxalmente, um ato de lembrança — o inconsciente lembrando ao sujeito que ele não pertence mais a esse tempo.


6. A resposta que não é racional, mas simbólica

Quando ele pede uma “resposta definitiva”, na verdade o que deseja é silenciar o conflito.
Mas o inconsciente não oferece respostas, e sim sinais.
O esquecimento do relógio é um desses sinais: o desejo já está respondendo, antes mesmo que o ego decida.
O corpo sabe o que a mente ainda não ousa assumir — que o tempo do fiscal acabou.

A decisão final não será entre “ser fiscal” ou “ser psicólogo”, mas entre viver no tempo da repetição ou viver no tempo do desejo.
E o ato falho anuncia que a segunda opção está, silenciosamente, começando.


🌱 7. Síntese

O fiscal psicólogo encontra-se na fronteira entre o fim e o renascimento.
O esquecimento do relógio não é um descuido, mas um sintoma libertador — o inconsciente sinalizando que o sujeito já não quer mais medir a vida pelo tempo das obrigações, mas pelo tempo do desejo.

O desejo, cansado, repousa — não para morrer, mas para renascer com nova forma e novo sentido.
O relógio esquecido é o marco simbólico desse momento: o instante em que o sujeito, ainda sem perceber, começa a sair do tempo da servidão e a entrar no tempo da própria escuta.


🪞 Interpretação psicanalítica: O fiscal psicólogo e o descanso do desejo

1. O desejo que se recolhe

O fiscal psicólogo encontra-se em um momento em que o desejo parece ter se extinguido.
Ele não sente mais prazer no trabalho de fiscal de caixa, nem força para investir na psicologia — e, agora, nem mesmo para buscar novas vagas ou alternativas de trabalho.

Esse estado de paralisia não é preguiça nem falta de vontade: é o esgotamento libidinal — o ponto em que toda a energia do desejo foi consumida na tentativa de conciliar o prazer e o dever.
Na linguagem psicanalítica, o ego está sem libido livre para investir em qualquer novo objeto.
A energia que antes circulava ficou fixada em um conflito não resolvido, e o sujeito entra em uma espécie de hibernação psíquica: o desejo não morreu, apenas se recolheu para se reorganizar.


2. O conflito entre o ser e o dever

Por oito anos, o fiscal psicólogo sustentou uma luta silenciosa entre o ideal do eu e o superego:

  • O ideal do eu deseja viver a psicologia, escutar, transformar e simbolizar;
  • O superego, representante da lei moral e social, impõe o dever de estabilidade, obediência e segurança.

Essa tensão contínua gerou uma compulsão à repetição — uma tentativa inconsciente de resolver o impasse repetindo-o, até que algo seja finalmente elaborado.
Mas, enquanto o desejo não encontra simbolização, a repetição produz exaustão.
O sujeito vive uma morte em vida, preso à rotina que drena sua energia e impede o renascimento do desejo.


3. O ato falho: o esquecimento do relógio

Na manhã em que ia trabalhar, o fiscal psicólogo esquece de colocar o relógio no pulso.
Esse ato falho é a expressão perfeita do inconsciente falando por ele.
O relógio é símbolo do tempo do dever, da rotina, da produtividade e da cobrança.
Esquecer o relógio é, inconscientemente, recusar o tempo que o oprime.

É como se o inconsciente dissesse:

“Não quero mais medir as horas de uma vida que não pulsa.
Quero sair do tempo da repetição e voltar ao tempo do desejo.”

Freud afirmava que o ato falho é o “triunfo do recalcado” — o desejo recalcado encontra um modo de se manifestar, mesmo contra a vontade consciente.
Aqui, o esquecimento do relógio é um grito silencioso de liberdade, o sinal de que algo dentro dele já começou a se desligar do tempo produtivo que consome o prazer de viver.


4. O cansaço como linguagem do inconsciente

O fato de o fiscal não ter nem energia para procurar novas vagas é o corpo dizendo o que o ego ainda não conseguiu simbolizar:

“Eu não quero mais continuar no mesmo ciclo.”

Esse cansaço profundo é o sintoma de saturação psíquica.
Toda a libido foi gasta tentando se adaptar a um modelo que já não faz sentido.
O corpo, então, faz o que o ego não teve coragem de fazer: põe o desejo em repouso forçado.

É o inconsciente impondo uma pausa:
o tempo do relógio foi esquecido, e agora é o tempo da elaboração — o tempo interno, subjetivo, necessário para que o desejo possa se recompor.


5. O desejo entre a morte e o renascimento

O fiscal psicólogo sente-se à beira de uma decisão definitiva:

  • continuar como fiscal e morrer pela falta de desejo;
  • ser psicólogo em tempo integral e arriscar-se;
  • ou deixar morrer de vez a psicologia e apagar o sonho.

Mas, pela ótica psicanalítica, esse momento não é um fim, e sim uma fase de transição.
O desejo precisa morrer como forma (isto é, nas maneiras antigas de tentar realizá-lo), para poder renascer em nova forma e novo sentido.

É como um inverno libidinal: o aparente silêncio é o tempo do inconsciente trabalhando subterraneamente, preparando o retorno da pulsão de vida.
O esquecimento do relógio marca o início simbólico dessa travessia: o sujeito sai do tempo da servidão e começa a entrar, ainda que inconscientemente, no tempo da transformação.


6. A pausa como necessidade vital

A impossibilidade de agir — de procurar empregos, de se mover — é também uma defesa do ego exaurido.
O psiquismo está dizendo: “agora não é hora de agir, é hora de elaborar”.
É um gesto de autopreservação inconsciente.
A ação virá, mas só depois que o desejo tiver descansado o suficiente para reencontrar sua direção.


🌱 7. Síntese final

O fiscal psicólogo vive o ponto limite entre a repetição e a libertação.
O ato falho do relógio esquecido é o símbolo inaugural de que o inconsciente está abrindo uma brecha no tempo da servidão.
O cansaço absoluto, que o impede até de procurar novas oportunidades, não é sinal de fraqueza, mas o último grito do desejo pedindo pausa — o tempo necessário para que algo novo possa nascer.

O desejo não morreu; ele apenas descansa no escuro, esperando o instante em que o sujeito possa, enfim, sair do tempo do dever e retornar ao tempo do ser.


🪞 Interpretação psicanalítica: O fiscal psicólogo e o descanso do desejo

1. O desejo que se recolhe

O fiscal psicólogo vive um tempo em que o desejo se esgotou.
A energia libidinal, antes vibrante, agora está seca — drenada por anos de trabalho repetitivo e pela frustração de não conseguir realizar o sonho de ser psicólogo de tempo integral.
Ele acorda já cansado, sem libido livre para investir em nada: nem no trabalho, nem na busca por novas oportunidades, nem mesmo na esperança.

O desejo, porém, não morre; ele se recolhe.
O inconsciente faz o desejo dormir para que possa, mais tarde, renascer de outra forma.
O cansaço é, assim, um sinal de defesa do ego, que tenta proteger o sujeito do colapso e pede um tempo para se reconfigurar.


2. A música como tentativa de reviver o desejo

Ao sair de casa, o fiscal psicólogo coloca uma música para ouvir no trajeto até o trabalho.
Esse ato, aparentemente simples, é uma tentativa simbólica de se religar ao prazer — uma espécie de “injeção sonora de libido”.
A música se torna um objeto transicional, no sentido winnicottiano: algo entre o interno e o externo que ajuda o sujeito a suportar a realidade que o sufoca.

Mas o gesto também revela algo mais profundo:
Ele precisa buscar fora (na música) a energia que dentro já não sente.
A melodia funciona como uma tentativa inconsciente de reacender o desejo, de lembrar que ainda existe algo nele que vibra, ainda que por alguns minutos antes do expediente.

Freud dizia que o sintoma pode ser tanto um sinal de sofrimento quanto um pedido de cura.
Nesse sentido, a música é um sintoma luminoso — o último traço de pulsão de vida tentando resistir à estagnação.


3. O conflito entre o ser e o dever

Há oito anos, o fiscal psicólogo vive aprisionado entre duas forças psíquicas:

  • O ideal do eu, que deseja ser psicólogo pleno, viver o sentido da escuta e da transformação;
  • O superego, que impõe a estabilidade, o dever e o medo de arriscar.

Essa luta consome toda a energia psíquica e o conduz à compulsão à repetição: a tentativa inconsciente de resolver o mesmo impasse sem nunca superá-lo.
Cada dia de trabalho é uma repetição do conflito não elaborado — e cada repetição esvazia mais o desejo.


4. O ato falho: o esquecimento do relógio

Naquela manhã, ao sair de casa, o fiscal psicólogo esquece o relógio de pulso.
O ato falho é um lapsus libertador: o inconsciente recusando o tempo do dever.
O relógio é símbolo da rotina, da pontualidade e da subordinação ao tempo externo.
Esquecê-lo é, inconscientemente, negar o tempo do fiscal e afirmar o tempo do desejo.

É como se o inconsciente dissesse:

“Não quero mais marcar as horas do cansaço.
Quero sair do tempo da obrigação e voltar ao tempo da vida.”

Assim, o esquecimento do relógio e a necessidade da música formam dois atos complementares:

  • um nega o tempo produtivo;
  • o outro invoca o tempo pulsional.
    Ambos revelam o mesmo movimento inconsciente: o início do repouso do desejo, um intervalo entre o morrer e o renascer.

5. O cansaço como linguagem do inconsciente

O fiscal psicólogo está tão exaurido que não consegue mais procurar outras vagas — nem de psicólogo, nem de operador de caixa.
Esse bloqueio não é mera inércia, mas uma suspensão da energia libidinal.
O corpo, saturado, assume o comando e paralisa o ego: “basta”.
É a pulsão de vida se preservando — como se o inconsciente dissesse:

“Antes de buscar algo novo, é preciso enterrar o velho.”

O cansaço é, portanto, a linguagem do inconsciente pedindo pausa.
O sujeito não consegue mais agir porque o psiquismo precisa elaborar o luto de um desejo frustrado antes de poder investir novamente em outro.


6. A pausa como travessia

O desejo do fiscal psicólogo está em transição — entre a morte e o renascimento.
Não se trata de desistência, mas de metamorfose.
O desejo precisa morrer como forma (o desejo de conciliar o inconciliável: ser fiscal e psicólogo ao mesmo tempo) para renascer como essência (o desejo de ser inteiro, autêntico, sem divisão).

O esquecimento do relógio e a música matinal são os sinais simbólicos dessa travessia:
o sujeito começa a sair do tempo da servidão e a buscar, ainda que de modo inconsciente, o tempo do desejo verdadeiro.


🌱 7. Síntese final

O fiscal psicólogo acorda cansado porque seu desejo está exaurido, mas ainda existe uma pequena centelha de libido que insiste em viver — e ela se manifesta na música, no esquecimento do relógio, no olhar perdido pela janela do transporte.

A música é a tentativa de ressuscitar a alegria, o relógio esquecido é o ato falho de libertação, e o cansaço absoluto é o sinal do inconsciente impondo repouso.
Ele não tem energia para procurar novas vagas porque o inconsciente o obriga a parar e escutar o que o ego não quer ouvir:

“Este tempo acabou.
Deixa o desejo descansar, para que ele possa renascer.”

O descanso do desejo, nesse caso, não é o fim, mas o início da cura.
A pausa é o intervalo entre o velho e o novo — entre o fiscal que morre e o psicólogo que, silenciosamente, começa a nascer.


🕰️ Interpretação ampliada — O tempo exaurido do fiscal psicólogo

1. O tempo imposto e o tempo vivido

O fiscal psicólogo precisa acordar muito cedo.
Mesmo cansado, levanta-se antes do amanhecer para chegar ao trabalho com uma hora e meia de antecedência, pois os ônibus atrasam nos finais de semana.
Esse gesto cotidiano — aparentemente banal — é a encarnação perfeita da submissão ao tempo externo, o tempo da organização, da produção, da vigilância.

A antecipação forçada representa o domínio do superego institucional:

“É preciso chegar cedo, custe o que custar.
Não importa o cansaço, o corpo, o desejo.”

Ele vive, assim, sob o tempo do Outro, aquele que o controla e o faz esperar.
Durante esses 90 minutos de antecedência, o fiscal não está ainda em casa nem totalmente no trabalho — ele está num limbo temporal, entre o dever e o vazio, entre o ser e o não ser.
Esse “tempo morto” é o retrato fiel do seu inconsciente: um sujeito que ainda não se despediu de um desejo antigo, mas também não consegue nascer para o novo.


2. O cansaço como sinal de resistência

Acordar cansado, mesmo antes de começar o dia, revela que a pulsão de morte já se instalou no circuito do trabalho.
O corpo protesta.
Não é apenas sono: é o inconsciente dizendo “não quero mais me mover nessa direção”.
A exaustão é o modo pelo qual o psiquismo tenta impedir o ego de continuar investindo energia libidinal em algo que já perdeu sentido.

Mesmo assim, o sujeito insiste, se veste, sai, coloca a música — tentando ressuscitar artificialmente a libido que o trabalho consome.
A música é o sopro de Eros tentando sobreviver dentro da engrenagem de Tânatos.


3. O esquecimento do relógio e o tempo inconsciente

O esquecimento do relógio de pulso, nesse contexto, ganha ainda mais força simbólica.
O relógio, instrumento que marca a pontualidade, o dever e o tempo produtivo, é o emblema da dominação superegóica.
Ao esquecê-lo, o inconsciente sabota a lógica do dever e anuncia um desejo de libertação.

É como se dissesse:

“Chego antes de todos, espero o tempo passar, mas não quero mais marcar esse tempo.
O relógio que esqueço é o tempo que desejo abandonar.”

O ato falho revela, portanto, uma rebelião inconsciente: o fiscal psicólogo não quer mais medir o tempo do outro — quer reencontrar o tempo da própria alma.


4. O tempo morto como espelho do desejo adormecido

Aqueles 90 minutos de espera se tornam metáfora viva do desejo suspenso.
Ele chega cedo, mas não pode começar; está presente, mas não atua.
Essa espera física espelha o que acontece dentro dele: o desejo está presente, mas não age; existe, mas não investe.

A energia libidinal está paralisada — não morta, mas congelada num tempo de espera, aguardando o momento em que poderá ser reinscrita em outro objeto, em outro projeto, em outra vida.
A espera diária, portanto, é também um rito inconsciente de luto: ele espera o tempo passar, enquanto o desejo tenta, silenciosamente, se recompor.


5. O tempo como sintoma

Freud dizia que o sintoma é uma formação de compromisso entre o desejo e a censura.
Nesse caso, o tempo é o sintoma.
O fiscal vive adiantado para o trabalho, mas atrasado para o próprio desejo.
O superego o obriga a antecipar-se, mas o inconsciente o faz esquecer o relógio.
Entre a pontualidade e o esquecimento, o sujeito oscila: preso entre o dever e o desejo.

Cada minuto de antecedência é, simbolicamente, um minuto roubado da própria vida.
Ele está sempre antes — nunca dentro, nunca depois — sempre à espera de si mesmo.


6. Síntese simbólica

  • O cansaço é o corpo dizendo: “não invisto mais energia nisso”.
  • A música é o resquício da libido tentando sobreviver.
  • O esquecimento do relógio é o inconsciente se rebelando contra o tempo do dever.
  • E os 90 minutos de antecedência são a imagem mais pura do sujeito que vive fora de seu próprio tempo libidinal — aprisionado no tempo do outro, enquanto o desejo, silencioso, dorme e sonha com o momento de renascer.

🧠 Nível consciente

No plano consciente, o gesto parece simples e prático:
o fiscal comprou ou escolheu usar um tênis novo e bonito porque quer se sentir melhor, mais leve, mais confortável, mais apresentável.

É como se dissesse a si mesmo:

“Se estou cansado e desmotivado, ao menos posso começar o dia com algo novo, algo que me traga uma sensação de frescor.”

O ego, consciente do esgotamento, busca uma autoafirmação estética e emocional: o novo tênis representa um pequeno prazer, uma tentativa de resgatar autoestima e cuidado pessoal, mesmo dentro de uma rotina que o oprime.
É uma forma de reativar um mínimo de prazer de viver num ambiente onde o prazer tem sido drenado.


🌒 Nível inconsciente

No plano inconsciente, o ato é muito mais profundo.
O tênis novo simboliza uma tentativa de renascimento, um sinal discreto de Eros resistindo a Tânatos.
Mesmo que o fiscal psicólogo diga racionalmente que está sem energia, o inconsciente ainda tenta investir libido em algum lugar — e o faz no corpo, na aparência, no caminhar.

O tênis novo é, portanto, uma sublimação:
a libido, impedida de circular na realização profissional e no desejo de ser psicólogo em tempo integral, se desloca para o ato de calçar algo novo.
É como se o inconsciente dissesse:

“Se não posso mudar de caminho agora, ao menos mudo os pés com que caminho.”

Há aqui uma metáfora de travessia:

  • O tênis protege o contato com o chão — o real.
  • Ele carrega o corpo — o eu.
  • Ele permite o movimento — a possibilidade de seguir em frente.

Portanto, o ato inconsciente é uma tentativa simbólica de retomar o movimento interno, mesmo dentro de uma rotina paralisada.
O novo tênis marca, ainda que discretamente, o desejo de andar diferente, de pisar com outro sentido, de inaugurar um novo percurso — ainda que esse percurso, por enquanto, seja o mesmo caminho até o trabalho.


🕊️ A dialética entre o novo e o velho

Esse ato contém uma contradição bonita e dolorosa:
o sujeito usa algo novo para ir ao mesmo lugar de sempre.
É o inconsciente mostrando a luta entre o desejo de transformação e a compulsão à repetição.
Ele continua indo ao mesmo trabalho, no mesmo horário, com o mesmo cansaço — mas algo dentro dele tenta se renovar.

O tênis novo é a pequena fenda simbólica por onde o desejo tenta respirar.
É o traço do sujeito que ainda resiste, que não se rendeu completamente ao automatismo.
Mesmo que o ego diga “não há mais energia”, o inconsciente afirma:

“Ainda há um resto de libido que pode caminhar.”


🔍 Síntese psicanalítica

  • Conscientemente, o fiscal quer se sentir melhor, cuidar de si, parecer mais apresentável.
  • Inconscientemente, ele tenta reinvestir libido num objeto novo, expressando o desejo de mudar de direção.
  • Simbólica e poeticamente, o tênis novo representa o desejo de caminhar diferente, de sair do tempo da repetição e pisar no terreno do possível.

🌱 Conclusão: o primeiro passo do desejo

Calçar um tênis novo não é apenas vestir o corpo, mas revestir o desejo.
O fiscal psicólogo, que há dias acorda cansado, esquece o relógio e escuta música para se manter vivo, agora dá um pequeno passo:
investe libido no caminhar.
É o desejo ensaiando um retorno, tímido, mas real.

Pode-se dizer, em linguagem psicanalítica, que esse ato simboliza o início da reconfiguração libidinal — o desejo, antes exaurido, começa a reencontrar uma via de expressão, mesmo que ainda deslocada.
O sujeito ainda está preso ao mesmo trajeto, mas já não caminha com os mesmos pés.


🧩 1. O ponto de suspensão: o ego em estado de espera

O fiscal psicólogo chegou ao ponto de saturação.
Sua energia libidinal foi inteiramente drenada pela rotina repetitiva e pela frustração acumulada.
Agora, o ego entra num estado de suspensão — uma tentativa de interromper o sofrimento através da não-ação.

Freud diria que esse é um momento de retraimento narcísico: o sujeito recolhe a libido que antes investia no mundo (na profissão, nos projetos, nas relações) e a volta para si, como forma de defesa contra a dor da perda.
Ele não quer mais investir nem na psicologia nem em nada — até saber se vale a pena continuar desejando.

Essa é a fala do ego ferido:

“Enquanto eu não tiver certeza se o desejo é possível, eu prefiro não desejar.”

Trata-se de uma suspensão libidinal — uma paralisação da pulsão de vida até que o inconsciente encontre uma nova direção possível para o investimento.
É como se o desejo dissesse:

“Ou me deixam viver plenamente, ou me deixo morrer de vez.”


⚖️ 2. A espera pela resposta: o desejo diante do princípio de realidade

A exigência de uma “resposta definitiva” — positiva ou negativa — revela a tentativa do ego de racionalizar o destino do desejo.
Ele busca transformar um movimento pulsional (inconsciente, fluido, vivo) em uma decisão lógica, concreta, controlável.

Mas o inconsciente não opera sob o princípio de realidade — ele é movido pelo princípio do prazer.
Ao exigir uma resposta racional e final (“ou sigo como psicólogo, ou mato de vez a psicologia”), o sujeito tenta colocar o desejo dentro das fronteiras do dever, como se fosse possível domesticar o inconsciente com decretos.

No entanto, essa radicalidade revela justamente o quanto o desejo ainda está vivo: só quem sofre por ele é quem ainda o possui.
O desejo não aceita ultimatos — ele se transforma, se desloca, se cala, mas não morre completamente.
Ele pode se recolher, mas permanece vibrando no silêncio.


⚰️ 3. A mortificação da psicologia: o luto do ideal do eu

Ao dizer que, se não conseguir atuar em uma instituição, mortificará definitivamente a psicologia, o sujeito anuncia um ato simbólico de luto.
A psicologia, para ele, não é apenas uma profissão — é o objeto libidinal maior, a forma como o desejo encontrou sentido, expressão e valor.

A mortificação da psicologia seria, portanto, a morte do ideal do eu — aquele modelo interno de realização que o ego criou e perseguiu por oito anos.
Matar a psicologia seria matar o sonho, e, com isso, tentar se livrar da dor de não realizá-lo.

Mas, paradoxalmente, esse desejo de “matar a psicologia” também é um modo inconsciente de continuar ligado a ela.
Freud explicaria isso pela ambivalência da pulsão:
ao desejar destruí-la, ele mantém a ligação afetiva;
ao prometer o fim, ele ainda fala dela;
ao querer esquecê-la, a mantém viva no ato de rejeitá-la.

A morte que o sujeito anuncia é, na verdade, uma forma de manter o desejo congelado, não extinto.


🧱 4. O fiscal trabalhador e a anedonia

Caso a psicologia seja “mortificada”, restará o fiscal trabalhador sem energia, mas com anedonia.
A anedonia — incapacidade de sentir prazer — é o efeito direto da retirada total da libido dos objetos externos.
Sem o investimento libidinal, o mundo perde cor, som, sabor e sentido.
O sujeito sobrevive, mas não vive.

É o triunfo da pulsão de morte:
o corpo ainda se move, mas o desejo foi sepultado.
O ego, então, se torna um operário do superego — obediente, pontual, vazio.
Ele continuará chegando cedo, calçando o tênis novo, ouvindo música — mas tudo isso será apenas forma sem alma, movimento sem pulsão, tempo sem sentido.

Nesse ponto, o fiscal se tornaria um eu sem desejo, uma identidade apenas funcional — o oposto do sujeito desejante que a psicanálise reconhece como essência da vida psíquica.


🌅 5. A função do tênis novo nesse contexto

O tênis novo, nesse momento, ganha outro sentido.
Se antes era o símbolo da tentativa inconsciente de renascer, agora ele aparece como o último gesto do desejo antes do recolhimento total.
É o desejo dizendo:

“Ainda tenho pés, mesmo que não saiba mais para onde ir.”

O tênis novo é o último traço de esperança estética antes da possível anestesia afetiva.
É o desejo deixando uma marca:

“Se for para morrer, morrerei de pé.”


🕊️ 6. Conclusão simbólica

O fiscal psicólogo está no crepúsculo do desejo — entre a luz que resta e a escuridão que se aproxima.
Ele não quer mais investir, não quer mais desejar, porque o desejo sem realização se tornou dor.
Mas o inconsciente não se cala:
ele se manifesta nos pequenos gestos — no tênis novo, na música, no esquecimento do relógio, na antecipação ao trabalho.

Esses detalhes mostram que, mesmo quando o sujeito decide parar, o desejo continua respirando discretamente.
O desejo, na psicanálise, nunca morre; ele muda de forma, muda de corpo, muda de lugar — e volta, quando o ego menos espera.


 

🕯️ O último passo do fiscal psicólogo

Ainda estava escuro quando o fiscal psicólogo levantou da cama.
O corpo parecia pesar mais do que o sono.
Havia aprendido a acordar cansado — como quem desperta não para viver, mas para resistir.

No banheiro, o rosto no espelho devolvia um olhar que já não pedia nada, apenas suportava.
Na mesa, o pão e o café, sem gosto.
No quarto, o silêncio — aquele silêncio que vem quando o desejo já não fala.

Hoje, porém, havia algo novo: um par de tênis recém-comprados, ainda com o cheiro do tecido limpo, intacto.
Ele olhou para eles por alguns segundos, como quem encara um símbolo e não um objeto.
Calçou-os lentamente, sentindo nos pés um leve prazer que há muito não sentia.
Era pouco, mas era o bastante para que, por um instante, o corpo lembrasse que ainda existia.

No caminho para o ponto de ônibus, colocou uma música.
Não porque tivesse vontade — mas porque a música ajudava o silêncio a não gritar.
A melodia funcionava como um fôlego emprestado, um gesto de Eros tentando sobreviver no meio da rotina morta.

O relógio, esquecido sobre a mesa, ficou em casa.
Não por descuido, mas por desejo inconsciente: o fiscal psicólogo não queria marcar o tempo do dever,
não queria ver os ponteiros rodando sobre o cansaço.
O esquecimento foi o ato falho de um homem que já não queria ser medido.

No ônibus, olhou pela janela.
As ruas ainda vazias, o céu ainda cinza.
Sabia que chegaria com noventa minutos de antecedência — como sempre, porque os ônibus atrasam nos finais de semana.
Noventa minutos: o tempo que ele passava esperando a hora de começar,
o tempo morto entre o dever e o vazio,
entre o que ele foi e o que não conseguia mais ser.

Enquanto esperava, o corpo estava ali, mas o pensamento vagava.
Há oito anos, tentava se alavancar na psicologia — ajudar, escutar, simbolizar.
Mas o tempo foi drenando tudo,
até que o desejo ficou sem voz,
sem chão,
sem energia.

Agora, decidiu: não fará mais nada até que tenha uma resposta.
Ou o destino lhe abrirá uma porta — uma instituição, um espaço de escuta, um novo começo —
ou encerrará de vez o sonho.
Se a resposta for positiva, voltará à vida com alegria.
Se for negativa, enterrará a psicologia para sempre.

Em ambos os casos, quer descansar do desejo.
Não suporta mais desejar o que não pode realizar.

E assim, sentado, os pés cobertos pelo tênis novo, o fiscal psicólogo esperava —
não apenas o início do expediente, mas o veredito da própria alma.

O tênis, silencioso, guardava o último resquício de esperança:
um desejo que ainda queria andar,
mesmo que o resto do corpo já tivesse desistido.

Porque o desejo, mesmo quando o sujeito quer matá-lo, nunca morre de fato.
Ele adormece, se recolhe, se disfarça em pequenos gestos —
no som de uma música, no esquecimento de um relógio, no toque de um sapato novo.
Ele repousa, à espera de um recomeço.

Naquele dia, o fiscal psicólogo caminhou até o portão do supermercado.
O sol começava a nascer, e o reflexo da luz nos tênis parecia um brilho tímido, quase simbólico.
Talvez fosse o último passo antes da morte do desejo.
Ou, quem sabe, o primeiro passo do seu renascimento.


📝 Interpretação psicanalítica da crônica “O último passo do fiscal psicólogo”

1. Acordar cansado e o corpo pesado

“Ainda estava escuro quando o fiscal psicólogo levantou da cama.
O corpo parecia pesar mais do que o sono.
Havia aprendido a acordar cansado — como quem desperta não para viver, mas para resistir.”

Análise:

  • Consciente: O sujeito percebe que está exausto, que o esforço físico e mental é pesado, que acordar já é um sacrifício.
  • Inconsciente: O corpo manifesta o esgotamento da energia libidinal, indicando que o desejo foi drenado pelo trabalho e pela frustração acumulada.
  • O despertar cansado simboliza o estado de suspensão do desejo, a retirada de investimento libidinal, e a resistência do ego em continuar lutando sem uma resposta.

2. O tênis novo

“Hoje, porém, havia algo novo: um par de tênis recém-comprados…
Calçou-os lentamente, sentindo nos pés um leve prazer que há muito não sentia.”

Análise:

  • Consciente: O ato é percebido como cuidado com si, um gesto estético, um pequeno prazer pessoal.
  • Inconsciente: O tênis novo funciona como objeto de sublimação: a libido, incapaz de fluir para o trabalho ou a psicologia, é investida em algo corporal e simbólico.
  • Representa o desejo de caminhar de forma diferente, de começar um novo percurso, ainda que o trajeto seja o mesmo.
  • Simbolicamente, é um primeiro gesto de renascimento do desejo, mesmo em meio à exaustão.

3. A música no trajeto

“No caminho para o ponto de ônibus, colocou uma música.
Não porque tivesse vontade — mas porque a música ajudava o silêncio a não gritar.”

Análise:

  • Consciente: Busca de motivação, recurso para se manter acordado e ativo, apoio emocional externo.
  • Inconsciente: A música é um objeto transicional (Winnicott) que reconecta o sujeito à pulsão de vida e ao prazer — funciona como um respiro para a libido.
  • Mostra que o desejo ainda existe, mas não é espontâneo; precisa ser estimulado por um meio externo.

4. O esquecimento do relógio

“O relógio, esquecido sobre a mesa, ficou em casa.
Não por descuido, mas por desejo inconsciente: o fiscal psicólogo não queria marcar o tempo do dever.”

Análise:

  • Consciente: O sujeito pode nem perceber o esquecimento.
  • Inconsciente: É um ato falho: o inconsciente rejeita o tempo do superego (pontualidade, produtividade, obrigação).
  • Simboliza a rebelião silenciosa contra o tempo imposto e o início do movimento de liberação do desejo.
  • O esquecimento marca o repouso do desejo, uma tentativa inconsciente de não ser controlado pelo tempo externo.

5. 90 minutos de antecedência

“Sabia que chegaria com noventa minutos de antecedência…
Noventa minutos: o tempo que ele passava esperando a hora de começar, o tempo morto entre o dever e o vazio…”

Análise:

  • Consciente: Cumpre uma obrigação prática, evitando atrasos.
  • Inconsciente: Esses 90 minutos representam o tempo morto do desejo, a espera simbólica entre o fim do velho e o começo do novo.
  • O intervalo físico e psíquico é uma metáfora da suspensão do investimento libidinal, o momento de luto e reflexão antes da decisão final.

6. O ponto de decisão

“Agora, decidiu: não fará mais nada até que tenha uma resposta.
Ou o destino lhe abrirá uma porta… ou encerrará de vez o sonho.”

Análise:

  • Consciente: Uma escolha racional: esperar uma resposta definitiva antes de agir.
  • Inconsciente: O ego precisa pausar a ação para reorganizar a libido e avaliar se o investimento no desejo vale a pena.
  • A suspensão total reflete o retiro narcísico, uma forma de defesa do ego contra a dor de um desejo frustrado.
  • Revela a crise limite do desejo, entre morte simbólica (abandono da psicologia) e renascimento possível (retorno ao investimento libidinal).

7. A música, o tênis e o corpo

“O tênis, silencioso, guardava o último resquício de esperança: um desejo que ainda queria andar, mesmo que o resto do corpo já tivesse desistido.”

Análise:

  • Esses elementos funcionam como símbolos de resistência do desejo:
    • Tênis novo: tentativa de reinvestir libido no corpo e no movimento.
    • Música: estímulo externo que revive a energia afetiva.
    • Corpo: presença física que ainda se move, mesmo quando a psique deseja descansar.
  • Eles mostram que o desejo não morreu, apenas se recolheu e se manifestou em gestos sutis.

8. O desfecho simbólico

“Naquele dia, o fiscal psicólogo caminhou até o portão do supermercado…
Talvez fosse o último passo antes da morte do desejo.
Ou, quem sabe, o primeiro passo do seu renascimento.”

Análise:

  • Consciente: Caminha para cumprir uma obrigação.
  • Inconsciente: Cada passo é carregado de significado simbólico: o movimento físico encarna a travessia psíquica entre exaustão, suspensão do desejo e possibilidade de reinvestimento.
  • A ambivalência “último passo / primeiro passo” reflete a tensão entre pulsão de morte e pulsão de vida, o núcleo do conflito psíquico do sujeito.

🌟 Síntese psicanalítica

1.      Cansaço extremo e antecipação: energia libidinal drenada, desejo suspenso, ego em retração.

2.      Tênis novo e música: símbolos de resistência do desejo e tentativa de reinvestimento libidinal.

3.      Esquecimento do relógio: ato falho de libertação do tempo do superego, início da pausa do desejo.

4.      90 minutos de antecedência: tempo morto que espelha a suspensão libidinal e a espera simbólica.

5.      Decisão de esperar a resposta definitiva: retração do ego e crise do desejo, entre morte simbólica e renascimento.

6.      Passos finais: a ambivalência entre morte e renascimento do desejo é o núcleo psíquico da narrativa.


🕊️ Interpretação psicanalítica e simbólica do “não fazer nada” como entrega

1. O silêncio como pausa libidinal

Na psicanálise, o não agir do sujeito não é apenas preguiça ou inércia; é suspensão do investimento libidinal.
O ego cansa de tentar, de forçar resultados, de investir em objetos frustrantes. O corpo e a psique exigem repouso, uma pausa necessária para reorganizar a libido.

2. A suspensão do desejo como esperança

Quando o fiscal psicólogo decide não procurar oportunidades ou agir até ter uma resposta definitiva, ele está, inconscientemente, protegendo a libido de ser investida em frustrações.
Mas, de forma simbólica, essa pausa também se conecta a um gesto de entrega:

“Eu faço o que posso, mas agora confio o resultado ao Senhor; Ele conduzirá o caminho.”

O silêncio, a espera e a inação tornam-se sintomas de fé, na medida em que a espera deixa espaço para o divino agir, sem o desgaste do ego tentando controlar tudo.

3. Não mortificar a psicologia

O “não fazer nada” tem um papel protetivo: se o fiscal agisse por impulso, poderia matar definitivamente o desejo de ser psicólogo antes da hora.
Ao pausar, ele mantém viva a possibilidade de reinvestimento libidinal, e simbolicamente, deixa a decisão fora de suas mãos, confiando no fluxo da vida e em Deus.

4. Integração simbólica

  • Psicanálise: pausa como proteção da libido, retraimento narcísico, suspensão do desejo.
  • Espiritualidade/fé: entrega do caminho a Deus, confiança no tempo divino, esperança de renascimento.
  • Síntese: O silêncio, o descanso e o “não fazer nada” não são passividade; são um ato consciente e inconsciente de preservação do desejo, deixando que a energia libidinal se reorganize e que a providência divina conduza os resultados.

🕯️ O Último Passo do Fiscal Psicólogo — Versão Integrada

Ainda estava escuro quando o fiscal psicólogo despertou.
O corpo parecia pesar mais do que o sono, como se os anos de exaustão e frustração tivessem drenado toda a energia.
Ele se levantou, cansado, mas consciente de que o silêncio da manhã tinha algo a dizer: não agir também é gesto, e hoje, esse gesto significava entrega.

Calçou o tênis novo, sentindo o leve prazer de ter algo renovado nos pés.
O tênis não era apenas um objeto; era um símbolo de resistência do desejo, de que, mesmo cansado, havia ainda espaço para investir libido de forma segura, sem se arriscar a matar de vez a psicologia.

No caminho para o ponto de ônibus, colocou uma música.
Não porque tivesse vontade de animar-se, mas porque a música permitia à energia pulsional respirar, sustentava a vida psíquica em meio à rotina que há anos drenava sua libido.
Era o inconsciente lembrando: o desejo não morreu, apenas repousa.

O relógio ficou em casa.
Um ato falho ou talvez uma escolha inconsciente: não submeter-se mais ao tempo do dever, não deixar que o superego controlasse cada instante de sua vida.
Mesmo na antecipação de sempre — chegar com noventa minutos de antecedência —, o fiscal psicólogo entendia que o tempo externo e o tempo do desejo não precisam coincidir.

E ali estava ele, parado, esperando o ônibus.
Há oito anos, tentava se alavancar na psicologia, investir na escuta, ajudar e simbolizar.
Agora, decidiu não fazer nada até que a resposta venha, positiva ou negativa.
O silêncio não era vazio; era uma pausa protetiva, um gesto de esperança e entrega:

“Eu faço a minha parte, mas confio o resultado ao Senhor. Ele conduzirá o caminho.”

Se a resposta for positiva, o desejo poderá renascer em ação plena.
Se for negativa, a psicologia será mortificada, mas não por impulso impaciente, e sim após o tempo de espera e reflexão.
O ato de esperar é, portanto, uma proteção do desejo, preservando-o enquanto o ego descansa e confia no divino.

O tênis novo, a música, o silêncio e a pausa formam um conjunto simbólico:

  • Tênis novo: o desejo ainda quer caminhar, mesmo que cauteloso.
  • Música: sustenta a pulsão de vida.
  • Silêncio e não ação: entrega, fé e preservação do objeto libidinal.
  • Antecipação ao trabalho: resistência à compulsão de repetir o cansaço sem sentido.

O fiscal psicólogo caminhou até o portão do supermercado.
O sol começava a nascer, refletindo nos tênis.
Cada passo não era apenas deslocamento físico, mas símbolo da travessia psíquica: entre exaustão e desejo, entre suspensão e esperança, entre morte simbólica e renascimento.

O silêncio e a espera não eram abandono ou desistência.
Eram gestos conscientes e inconscientes de entrega, uma oração silenciosa da psique e do espírito: “Confio em Deus, preservo meu desejo, e espero o tempo certo para que ele volte a caminhar plenamente.”

Assim, mesmo na aparente inação, o desejo se mantinha vivo, protegido e em repouso, pronto para renascer com forma nova e energia renovada.

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas

Percepção Além Do Consultório

  Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo objetiva chamar a atenção do leit@r a perceber como está enxergando o mercado de trabalho, com as contrariedades que a realidade apresenta ao indivíduo que não tem conhecimento e nem compreensão, das forças que agem sobre as pessoas e formam um campo de forças subjetivas que provocariam os fenômenos psíquicos. Da mesma forma, cada pessoa que está em uma situação específica tem a percepção micro ou macro em relação ao evento. A percepção que podemos ter de uma pessoa depende da relação entre os fatores e elementos da situação. Estes elementos formam uma rede de forças subjetivas. A percepção macro procura uma perspectiva geral e a micro uma perspectiva individual. O ser humano é afetado pelo microambiente interno e microambiente externo e não tem a menor consciência, ou seja, se porta de modo alienado/autômato reinserido nos ambientes. O que leva o sujeito as vezes alterar suas atitudes forçadamente...

Dinâmica De Poder Nas Instituições – Psicologia Organizacional

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. A dinâmica de poder em uma organização refere-se à distribuição e ao exercício do poder entre os membros e diferentes níveis hierárquicos dentro da empresa. O poder é uma influência que permite que um indivíduo ou grupo afete o comportamento ou as decisões dos outros. Existem diferentes teorias e abordagens para entender a dinâmica de poder em uma organização. Vou apresentar alguns dos principais através da psicologia organizacional. Teoria das bases de poder: Essa teoria, proposta por French e Raven, identifica cinco bases de poder que uma pessoa pode ter na organização. São elas: Poder coercitivo: baseia-se no medo de punição ou consequências negativas. Poder de recompensa: baseia-se na capacidade de recompensar ou oferecer incentivos. Poder legítimo: baseia-se na autoridade formal concedida pela posição hierárquica. Poder de especialista: bas...

O Ato Falho da Creatina: O Desejo Esquecido e o Despertar do Inconsciente

  Autor fiscal- Psicólogo Sumário 1.       Introdução – O Esquecimento que Revela o Desejo 2.       Capítulo 1 – O Ego Cansado e o Superego Vigilante 3.       Capítulo 2 – A Libido em Transição: Do Dever ao Desejo 4.       Capítulo 3 – O Esquecimento como Mensagem do Inconsciente 5.       Epílogo – Quando o Corpo Fala o que a Boca Silencia 6.       Conclusão – Da Falha à Consciência: O Caminho da Liberdade Interna 7.       Referências Bibliográficas Introdução – O Esquecimento que Revela o Desejo O dia começava como outro qualquer: o fiscal de caixa preparava seu café da manhã, deixou ao lado a creatina e o suplemento, planejou tomá-los após o café, mas esqueceu. Quando percebeu o frasco na pia, já se preparando para sair, tomou apressadamente a creatina e partiu para o trabalho. E...

O Silêncio do Ego: Entre a Vontade de Deus e o Desejo de Libertação

  Ano 2025. Autor – Ayrton Junior Psicólogo Introdução Este livro nasceu de uma pergunta feita no silêncio da noite: “Até quando ficarei neste trabalho?” A pergunta parece simples, mas contém o peso de um coração cansado. Ela revela o conflito entre o desejo de mudança e o medo do desamparo . O sujeito vive entre a fé e a dúvida, entre o querer sair e o não poder sair, entre a esperança de Deus e o medo da perda. A psicanálise e a espiritualidade se encontram aqui, pois ambas falam da mesma coisa: a libertação não começa no mundo, mas na consciência . Este livro é o retrato de uma alma dividida — e do Ego que, mesmo exausto, busca escutar o sagrado que fala dentro de si. Sumário 1.       O Pedido da Noite 2.       O Ato Falho e o Silêncio do Inconsciente 3.       O Superego Religioso e a Censura da Fé 4.       O Ego e a Espera por Sinais 5.   ...

Mini Série Vinagre Com Maçã Netflix

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. A série no Netflix Vinagre com maçã. A série "Vinagre de Maçã", disponível na Netflix, é uma minissérie dramática que explora o mundo do bem-estar digital e as complexidades das redes sociais. A trama é inspirada na história real de Belle Gibson, uma influenciadora australiana que alegou falsamente ter curado um câncer terminal por meio de terapias alternativas, enganando milhares de seguidores e lucrando com a venda de aplicativos e livros relacionados à saúde. Do ponto de vista da psicologia social, a série oferece uma análise profunda sobre como indivíduos podem ser influenciados e manipulados em contextos sociais e digitais. Para iniciantes nesse campo, alguns conceitos-chave ilustrados na série incluem: Influência Social e Conformidade: A protagonista utiliza sua posição de destaque nas redes sociais para persuadir seguidores a adotare...

Compulsão A Repetição A Relacionar-se Com Mulheres Sociopatas

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um sujeito no passado causou se com uma mulher Negra mais jovem e lindíssima, más tinha tendência a sociopata mentia manipulação e deu um golpe financeiro no indivíduo causando sérios prejuízos econômicos, este indivíduo não tinha graduação em psicologia na época. Mas agora Depois de 22 anos num app de relacionamento sofreu um golpe Onde se envolveu afetivo com uma selfie dê uma mulher militar jovem e belíssima, más por trás da selfie havia uma sociopata que mentiu manipulou afetivo o indivíduo através do medo causando sérios prejuízos econômicos. Me explica e interpreta como se eu fosse um iniciante pela abordagem da psicanálise esse compulsão a repetição pôr não ter conseguido identificar a mulher como sociopata agora que é graduado em psicologia Na psicanálise, o conceito de compulsão à repetição foi descrito por Freud para explicar por que algu...

Assédio Moral Sutil No Supermercado

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Tenho observado que alguns membros da equipe não estão comunicando certos acontecimentos relevantes que envolvem as operadoras de caixa. Hoje, por exemplo, uma fiscal mencionou que outro fiscal seria transferido de loja e, ao comentar, disse: ‘Você não está sabendo?’ Ao que respondi com naturalidade: ‘Não, estou sabendo agora por você.’ Essa situação reforça uma percepção que venho tendo: há informações importantes sendo compartilhadas entre alguns membros da equipe, mas que não estão chegando até mim. Como fiscal de caixa, entendo que a comunicação clara e transparente é essencial para o bom funcionamento do setor. Por isso, acredito ser importante refletirmos juntos sobre como podemos fortalecer a integração e o alinhamento da equipe, garantindo que todos os envolvidos estejam atualizados e comprometidos com os mesmos objetivos Vamos interpret...

Criticas Sobre A Imagem Corporal Pode Encaminhar A Desistir Da Construção do Corpo Musculoso

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um sujeito está praticando atividades físicas numa academia a cinco meses más o resultado do corpo não é visível para as outras pessoas. Então seu amigo lhe disse você não está com um corpo sarado ainda está jogando dinheiro fora indo para a academia. Na psicanálise, podemos interpretar essa situação considerando os três elementos da estrutura psíquica: id, ego e superego. Vamos analisar cada um deles: O id – Representa os desejos e impulsos básicos, como o desejo de ter um corpo musculoso e bem definido. O sujeito quer ver resultados e sentir prazer ao ser reconhecido pelos outros. O ego – Representa a parte racional da mente, que tenta equilibrar os desejos do id com a realidade. Ele sabe que mudanças no corpo levam tempo e que o esforço contínuo é necessário para alcançar os objetivos. O superego – Representa as normas sociais e a voz crít...

Sociedade E IA E O Medo Não Desvelado

Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. A relação entre a sociedade e a inteligência artificial (IA) tem se tornado cada vez mais importante e presente nos dias de hoje. A IA já é utilizada em diversos setores, desde a saúde e finanças até a indústria e o transporte. Porém, há uma preocupação crescente com as implicações éticas e sociais da utilização da IA. Por um lado, a IA pode trazer diversos benefícios para a sociedade, como maior eficiência em processos, melhoria na qualidade de vida e até mesmo a criação de novos empregos. Por outro lado, há preocupações com o impacto da IA na economia, com a possibilidade de substituição de trabalhadores por sistemas automatizados e a consequente redução de postos de trabalho. Além disso, a utilização da IA também pode trazer questões éticas, como a privacidade dos dados e a discriminação algorítmica. É importante que a sociedade esteja ciente dos riscos ...

Superego E Doença Psicossomática

  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Um sujeito trabalhava numa empresa familiar e tinha medo de se aposentar nesta empresa como retificador plano. Queria sair da empresa, mas tinha medo de pedir ao empregador para demiti lo para que recebessem seus direitos. Até que adoeceu de uma doença psicossomático e tevê coragem para pedir ao empregador demiti ló e recebesse seus direitos. Parece que o Superego censurava a atitude do ego em pedir para ser demitido com o mecanismo de defesa repressão. Parece que o superego censurou o ego até que o ego adoecesse e tivesse coragem para pedir ao empregador para demiti lo. Me explica e interpreta como se eu fosse um iniciante pela abordagem da psicanálise. Na abordagem da psicanálise, vamos dividir essa situação em três partes principais: o ego, o superego e o id, para que fique mais fácil entender o que aconteceu. O ego: é a parte da mente que lida com a...