Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. A série A
Influenciadora explora o impacto das redes sociais e da cultura da influência
na vida pessoal e social de seus personagens, especialmente no que diz respeito
à busca por validação, popularidade e poder de influência. Ao abordar essa
série pela psicologia social, vamos analisar alguns temas chave: a necessidade
de aprovação, a comparação social, a manipulação, e a conformidade social.
Busca
por Aprovação e Popularidade: A protagonista e outros personagens da série
estão constantemente buscando aprovação e curtidas online, algo muito comum na
nossa sociedade digital. Na psicologia social, isso se explica pela necessidade
de pertencimento, uma motivação fundamental que nos leva a desejar aceitação
social. A validação das outras pessoas, mesmo que virtual, traz um sentido de
auto-estima. No entanto, essa busca pode criar um ciclo de dependência
emocional, onde a pessoa depende da aprovação dos outros para se sentir bem
consigo mesma.
Comparação
Social: As redes sociais promovem uma comparação constante entre pessoas. No
caso da influenciadora, ela se compara com outras figuras de influência para
avaliar o próprio valor. Segundo a Teoria da Comparação Social (de Festinger),
temos uma tendência a nos comparar com os outros para avaliar nossas
capacidades e status, o que pode aumentar a ansiedade e a insatisfação,
especialmente em um ambiente onde as pessoas sempre mostram seu "melhor
lado".
Manipulação
e Construção de Imagem: A série também mostra como a influenciadora cria uma
imagem específica para manter e aumentar seu poder de influência. Esse
comportamento é estudado na psicologia social como gestão de impressão, onde as
pessoas tentam controlar a percepção dos outros sobre elas. No contexto das
redes, isso é amplificado, pois é possível selecionar o que mostrar ou
esconder. Para manter seguidores, a influenciadora usa estratégias para parecer
autêntica, mesmo que parte disso seja calculado.
Conformidade
e Pressão Social: Os personagens são constantemente influenciados pelo que é
popular ou aceito nas redes. Isso se conecta ao conceito de conformidade
social, que ocorre quando as pessoas mudam seu comportamento para se alinhar ao
grupo. Nas redes sociais, a pressão para seguir certas tendências, mostrar um
certo estilo de vida, ou "ser feliz o tempo todo" pode levar as
pessoas a abrir mão de sua autenticidade em prol da aceitação.
A
Influenciadora explora como as redes sociais não apenas moldam o comportamento
individual, mas também refletem como o desejo de aprovação e a conformidade
social influenciam as decisões e identidades das pessoas. Na psicologia social,
esses fenômenos revelam como a presença (mesmo que virtual) dos outros afeta
nossas escolhas e sentimentos de valor próprio.
Ao
assistir a série A Influenciadora, um psicólogo, pela ótica da psicanálise,
pode perceber vários estímulos conscientes e inconscientes relacionados à
temática da influência, validação e imagem social que a série explora. Vou
detalhar como a psicanálise interpreta esses estímulos no contexto dessa
experiência de forma acessível.
Estímulos
Conscientes
Interesse
Profissional: Conscientemente, o psicólogo pode assistir à série para entender
mais sobre as influências sociais e psicológicas das redes. Ele busca ver como
temas como aprovação e validação digital, manipulação de imagem, e os impactos
das redes sociais sobre o comportamento se refletem na sociedade. Esse
interesse consciente é motivado pelo desejo de compreender e talvez aplicar
esses conhecimentos em seu trabalho, ajudando clientes que se sentem
pressionados pela cultura digital.
Análise
Crítica e Curiosidade: Outra resposta consciente pode ser a análise crítica da
maneira como os personagens manipulam sua imagem e buscam aprovação. O
psicólogo, atento à construção desses personagens, observa conscientemente como
eles lidam com as emoções e os relacionamentos na busca por relevância. Esse
interesse também pode vir da curiosidade de ver como a série dramatiza
problemas atuais, como dependência emocional de redes sociais.
Estímulos
Inconscientes
Projeção
e Identificação com os Personagens: Inconscientemente, o psicólogo pode se
identificar com certos aspectos dos personagens, especialmente se ele próprio
já passou por situações onde se sentiu pressionado a seguir padrões de
aceitação ou validação social. A psicanálise chama essa reação de
identificação, onde o psicólogo, sem perceber, projeta em si mesmo partes da
história dos personagens. Ele pode sentir uma conexão com o drama de se manter
relevante e aprovado, um desejo comum, ainda que inconsciente, em muitos de
nós.
Superego
e Crítica Moral: O superego, parte da mente que representa normas e ideais
internalizados, pode ser ativado inconscientemente, levando o psicólogo a
julgar criticamente a busca exagerada dos personagens pela aprovação social.
Esse julgamento pode vir com uma sensação de "certo e errado", onde o
superego avalia se esse comportamento é moralmente adequado. Mesmo que o
psicólogo não perceba, o superego está influenciando seu olhar sobre os
personagens e sua percepção de que esses comportamentos podem parecer
"superficiais" ou até "excessivos".
Desejos
Reprimidos de Reconhecimento: A psicanálise sugere que, no fundo, todos temos
desejos de reconhecimento e valorização. Assistir a série pode, sem que o
psicólogo perceba, ativar seus próprios desejos de ser reconhecido e respeitado
em sua profissão. Isso pode ser um desejo reprimido, ou seja, algo que ele não
expressa, mas que se manifesta como uma leve inquietação ou até mesmo uma
sensação de fascínio ao ver os personagens se esforçando tanto para ganhar
visibilidade e relevância.
Mecanismo
de Defesa da Substituição e Controle do Id: Ao ver personagens buscando fama e
validação, o psicólogo pode inconscientemente usar o mecanismo de substituição,
colocando seu desejo de reconhecimento em segundo plano e controlando-o,
acreditando que está acima dessas influências. Este mecanismo é uma forma de
manter o id, que representa os desejos mais primitivos e impulsivos, sob
controle. Assim, ele substitui o desejo inconsciente por fama e aceitação com o
desejo consciente de analisar o tema objetivamente, mantendo o id reprimido.
Resumo
da Interpretação Psicanalítica
Ao
assistir A Influenciadora, o psicólogo é movido por uma combinação de estímulos
conscientes, como interesse profissional e curiosidade, e estímulos
inconscientes, como identificação com o desejo dos personagens por validação,
ativação do superego, e até desejos reprimidos por reconhecimento. A
psicanálise explica que, ao explorar esses sentimentos, ele acessa camadas mais
profundas de sua própria psique, onde estão desejos, medos e julgamentos que
nem sempre são claros à sua consciência. Em última instância, a série o convida
a refletir sobre o quanto os desejos inconscientes de aprovação e validação
fazem parte da experiência humana e como, mesmo que não percebamos, moldam
nosso comportamento e nossas escolhas.
É
bastante possível que o psicólogo tenha esse desejo inconsciente de se tornar
uma figura influente nas redes sociais, compartilhando seu conhecimento em
psicologia para ajudar e impactar mais pessoas. Esse desejo pode estar
reprimido, ou seja, mantido fora da consciência, por várias razões. Vamos
explorar essa ideia pela psicanálise, considerando como o ego e o superego
influenciam essa repressão.
Desejo
Reprimido de Visibilidade e Influência
O
desejo de ser visível nas redes sociais e de influenciar os outros pode
representar o desejo do id por realização pessoal e profissional. Esse desejo
inclui sentimentos de satisfação em poder atingir um público maior, ganhar
reconhecimento, e até mesmo de viver uma experiência nova e desafiadora. No
entanto, o superego – que carrega as normas e ideais internalizados – pode ver
esse desejo como vaidoso, egoísta ou mesmo superficial. Esse julgamento crítico
do superego pode censurar o desejo, considerando que "um bom psicólogo não
deveria buscar fama", e, assim, o ego aciona a repressão como mecanismo de
defesa, impedindo que esse desejo se manifeste de forma consciente.
Possíveis
Razões para a Repressão
Valores
Pessoais e Profissionais: O psicólogo pode ter internalizado a ideia de que seu
trabalho deve ser focado exclusivamente no atendimento pessoal e reservado, não
precisando de reconhecimento público. Essa visão ética e profissional pode
fazer com que ele reprima o desejo de exposição, julgando-o como incompatível
com os valores tradicionais da psicologia.
Medo
de Julgamento Social: O superego também pode se preocupar com como o psicólogo
será percebido se ele se tornar uma figura influente nas redes. O medo de ser
criticado, visto como "superficial" ou "comercial" pela
comunidade de colegas pode ser uma razão inconsciente para manter o desejo
reprimido, já que o superego quer proteger a reputação e a integridade
profissional dele.
Conflito
entre Desejo e Realidade: Inconscientemente, o psicólogo pode sentir que existe
uma diferença entre o ideal que ele tem de si (um profissional dedicado e
reservado) e o que ele precisaria fazer para se tornar influente nas redes (uma
postura mais extrovertida, ativa e voltada para o público). Esse conflito entre
o desejo e a realidade faz com que ele reprima a vontade de influenciar para
evitar a ansiedade de lidar com essas diferenças.
Como
a Repressão se Manifesta
Por
causa desse desejo reprimido, o psicólogo pode não perceber claramente a
vontade de influenciar. Em vez disso, ele pode sentir uma leve insatisfação ou
um incômodo ao ver outros psicólogos ou influenciadores nas redes sociais,
achando que isso "não é para ele". Em outro nível, ele pode
racionalizar essa vontade, dizendo a si mesmo que não precisa desse tipo de
reconhecimento, mantendo o desejo fora de sua consciência.
Benefícios
de Integrar Esse Desejo
A
psicanálise sugere que reconhecer e integrar desejos reprimidos pode ajudar a
pessoa a viver de forma mais autêntica. No caso do psicólogo, ao tomar
consciência desse desejo de influenciar e educar o público, ele poderia começar
a considerar formas de conciliar sua vontade de influenciar com seus valores
éticos, encontrando uma abordagem profissional e equilibrada. Isso poderia
incluir a criação de conteúdo voltado para a psicoeducação ou projetos nas
redes que respeitem sua ética e que contribuam positivamente para a sociedade.
Concluindo,
a psicanálise vê a repressão desse desejo como um conflito entre a busca por
reconhecimento (id) e os ideais e normas internalizadas (superego). Ao trazer
esse desejo reprimido à consciência, o psicólogo pode encontrar maneiras de
satisfazê-lo de maneira que alinhe seu lado profissional e pessoal,
contribuindo de forma positiva e consciente para sua realização e impacto.
Na
série A Influenciadora, diversos fatores externos (agentes ou
"atores") podem influenciar o psicólogo a manter o desejo de
influenciar pessoas nas redes reprimido. Esses agentes refletem pressões
sociais e culturais que, de forma consciente ou inconsciente, podem reforçar o
conflito interno do psicólogo e estimular a repressão desse desejo de se
expressar e impactar outros. Vou explorar alguns desses agentes externos e como
eles podem afetar o psicólogo.
1.
A Cultura da Imagem e Superficialidade
Na
série, a cultura digital frequentemente valoriza mais a imagem e o apelo visual
do que o conteúdo profundo. Esse ambiente pode influenciar o psicólogo a
reprimir seu desejo, pois ele pode julgar o mundo das redes sociais como
superficial e contraditório aos princípios da psicologia. Ele pode pensar que
ser ativo nas redes o faria ser visto como “superficial” e menos sério, o que
vai contra seu ideal de psicólogo comprometido com um trabalho ético e
profundo.
2.
Pressão de Aparência e Padrões de Sucesso
A
série mostra como influenciadores seguem padrões específicos de aparência e
comportamento para manter seguidores e relevância. Esse padrão de sucesso pode
fazer o psicólogo se sentir inadequado, imaginando que, para ser bem-sucedido
nas redes, teria que adaptar-se a uma estética ou comportamento que considera
não autêntico. Esse fator pode reforçar a repressão, pois ele pode pensar que
não quer, ou não deveria, se submeter a esses padrões.
3.
Crítica e Expectativas da Comunidade Profissional
Na
série, há uma tensão entre quem busca fama nas redes e quem enxerga a cultura
de influência com reservas. O psicólogo pode ser influenciado pela expectativa
de que profissionais sérios não “se expõem” ou não “precisam” de validação
online. A opinião de colegas ou mentores que julgam as redes sociais como um
meio que banaliza a psicologia pode aumentar a repressão do seu desejo de
influenciar. Ele pode temer ser visto como menos profissional ou ético caso
adote essa postura pública.
4.
Influência dos Seguidores e Feedback
A
série mostra que o feedback dos seguidores pode moldar o comportamento de
influenciadores, influenciando o que publicam e como se apresentam. O
psicólogo, ao observar isso, pode temer que, ao buscar influência, ele acabe
comprometendo sua autenticidade e sendo “forçado” a adaptar seu conteúdo para
agradar aos outros. Esse medo de perder o controle de sua autenticidade pode
ser um agente externo que reforça a repressão de seu desejo, pois ele pode se
preocupar em ser moldado pelos gostos e preferências dos outros.
5.
Crítica Moral e Padrões Culturais da Sociedade
A
série aborda como a sociedade vê com desconfiança os que buscam visibilidade,
muitas vezes rotulando-os como narcisistas ou egoístas. Esses julgamentos
externos refletem uma crítica moral da sociedade sobre o desejo de ser
influente e visível. O psicólogo, por sua vez, pode internalizar esses
julgamentos, considerando que o desejo de influenciar nas redes é uma ambição
vaidosa. Assim, esse agente social pode ativar seu superego, que reprime o
desejo para evitar a “vergonha” de parecer ambicioso ou vaidoso aos olhos dos
outros.
6.
Conformidade e Pressão Social para Manter uma Imagem Tradicional
Por
fim, na série, muitos influenciadores sofrem pressão para manter uma imagem
específica, o que também é uma forma de conformidade social. O psicólogo, ao
observar essa pressão, pode inconscientemente temer que, ao se expor, precise
adaptar-se a uma imagem que não corresponde ao que acredita ser o ideal de um
profissional da psicologia. Ele pode pensar que a imagem ideal de um psicólogo
deve ser reservada, centrada, e discreta, e que romper com isso comprometeria
sua reputação.
Esses
agentes externos – como a cultura da imagem, a pressão por padrões de sucesso,
as expectativas profissionais, a influência do feedback, a crítica moral e a
pressão para manter uma imagem tradicional – funcionam como forças de
repressão. Eles intensificam o conflito do psicólogo ao fazer com que ele se
sinta dividido entre o desejo de influenciar e o medo de perder autenticidade
ou ser mal interpretado. Na psicanálise, isso se torna um confronto entre o id
(o desejo de influenciar) e o superego (as normas e julgamentos internos),
levando o ego a acionar mecanismos de defesa, como a repressão, para tentar
manter esse desejo sob controle.
Na
série A Influenciadora, a personagem principal, que busca sucesso e
visibilidade nas redes sociais, frequentemente aciona diferentes mecanismos de
defesa para lidar com a pressão, inseguranças e críticas que vêm com a
exposição pública. Esses mecanismos ajudam a personagem a proteger-se dos
sentimentos de ansiedade, culpa, e medo de rejeição, mantendo uma imagem
idealizada de si mesma.
Aqui
estão alguns dos mecanismos de defesa mais prováveis que a influenciadora
utiliza:
1.
Racionalização
A
influenciadora pode justificar certas escolhas ou comportamentos – como
publicar conteúdos controversos ou que não refletem sua personalidade autêntica
– dizendo a si mesma que "é o que o público quer" ou que “é
necessário para o sucesso nas redes”. Essa racionalização a ajuda a amenizar a
culpa que poderia sentir por adaptar-se a padrões que, no fundo, pode não
concordar totalmente.
2.
Projeção
A
influenciadora pode projetar nos outros (críticos, seguidores ou até colegas)
características ou intenções que, na verdade, são suas. Por exemplo, se sente
inveja de outra influenciadora, pode acusá-la de “querer ser igual a ela”. Esse
mecanismo permite que ela desvie a atenção de suas próprias inseguranças,
externalizando sentimentos que são desconfortáveis de reconhecer em si mesma.
3.
Negação
A
personagem provavelmente utiliza a negação para lidar com o impacto negativo de
suas ações nas redes sociais, como quando recebe críticas intensas. Ela pode
recusar-se a reconhecer que está se expondo a um nível prejudicial, acreditando
que "não é tão sério" ou que “as pessoas estão exagerando”. A negação
a protege temporariamente da ansiedade e da responsabilidade sobre os efeitos
de suas ações.
4.
Formação Reativa
Ao
sentir insegurança ou até ressentimento em relação ao seu papel de
influenciadora, ela pode compensar isso exagerando sua dedicação ao conteúdo
que produz, mostrando-se extremamente confiante e entusiasmada nas redes, mesmo
que internamente sinta o oposto. Isso é uma formação reativa: adotar um
comportamento contrário ao que realmente sente para esconder seus verdadeiros
sentimentos.
5.
Idealização
A
influenciadora provavelmente idealiza o estilo de vida que aparenta ter nas
redes, focando nos aspectos positivos e perfeitos de sua vida pública. Essa
idealização a ajuda a suportar as dificuldades e a lidar com a realidade menos
glamourosa dos bastidores, pois ela sustenta uma visão idealizada de si mesma
como uma pessoa de sucesso e de vida perfeita.
6.
Deslocamento
A
personagem pode deslocar sentimentos de frustração ou raiva que surgem nas
redes (como críticas ou a pressão por engajamento) para outras pessoas em sua
vida pessoal. Por exemplo, se irritar com familiares ou amigos após receber
críticas online. O deslocamento é um meio de redirecionar a tensão para alvos
“mais seguros”, evitando conflitos diretos nas redes.
7.
Regressão
Quando
a influenciadora enfrenta críticas intensas ou situações de rejeição, pode
recorrer a comportamentos regressivos, como buscar aprovação constante ou agir
de maneira excessivamente dependente dos seguidores, esperando que reafirmem
sua importância. Esse retorno a comportamentos mais imaturos é uma maneira de
buscar segurança e alívio temporário.
8.
Sublimação
Ela
também pode utilizar a sublimação, transformando impulsos ou sentimentos
negativos em comportamentos socialmente aceitáveis. Por exemplo, canalizando a
frustração com sua própria imagem em estratégias criativas, como produção de
conteúdos inovadores ou parcerias que elevem sua autoimagem.
Esses
mecanismos de defesa ajudam a influenciadora a manter uma imagem idealizada e a
lidar com os desafios e inseguranças de estar sob os holofotes. No entanto,
muitos desses mecanismos oferecem apenas um alívio temporário, deixando a
personagem presa em um ciclo constante de insatisfação e dependência da
aprovação dos outros para sustentar sua autoestima.
Quando
o psicólogo se compara à influenciadora e sente que não consegue ou até evita
se tornar visível e influente nas redes sociais, ele pode estar usando uma
série de mecanismos de defesa para lidar com a frustração e ansiedade que
surgem dessa comparação. Esses mecanismos ajudam a proteger seu ego do
desconforto de não atender ao desejo de influenciar, ao mesmo tempo em que
tenta manter sua autoestima e sua identidade profissional.
Aqui
estão alguns dos mecanismos de defesa que o psicólogo pode estar utilizando:
1.
Racionalização
O
psicólogo pode justificar sua ausência nas redes sociais dizendo a si mesmo que
“a psicologia séria não precisa de exposição” ou que “só a qualidade do
trabalho importa, e não a visibilidade”. Essa racionalização alivia a tensão,
ajudando-o a lidar com o desconforto de não estar nas redes ao afirmar que o
valor do seu trabalho não depende de seguidores ou influência pública.
2.
Projeção
Ele
pode projetar no meio das redes sociais (ou em influenciadores, como a
personagem da série) características que, na verdade, refletem seus próprios
receios. Por exemplo, pode ver influenciadores como pessoas “vaidosas” ou
“narcisistas”, enquanto talvez ele mesmo tenha o desejo de reconhecimento, mas
se sente desconfortável ao reconhecê-lo. A projeção permite que ele externalize
e critique essas características, evitando admitir que, em parte, ele também
deseja ser reconhecido e admirado.
3.
Desvalorização
O
psicólogo pode desvalorizar o trabalho dos influenciadores, pensando que a
visibilidade deles é “vazia” ou que “não contribuem para o conhecimento
verdadeiro”. Isso o ajuda a lidar com a frustração de não ter a mesma presença
pública, pois ele passa a valorizar sua atuação de modo oposto, considerando-a
mais autêntica e valiosa por não se basear em “exposição desnecessária”.
4.
Formação Reativa
Quando
o psicólogo sente um desejo reprimido de influenciar nas redes, ele pode reagir
de maneira contrária, adotando uma postura mais reservada e até exageradamente
crítica em relação à influência digital. Por exemplo, ele pode reforçar que
prefere “a discrição e o anonimato” e que sua missão é apenas ajudar as pessoas
diretamente. Esse comportamento é uma formação reativa que tenta neutralizar o
desejo de ser visto e admirado.
5.
Identificação com Valores Tradicionais
Ele
pode defender valores tradicionais, como “ética” e “profissionalismo”, para
justificar sua ausência nas redes, convencendo-se de que esses valores são
incompatíveis com a busca de visibilidade. Ao se identificar fortemente com
esses valores, ele reafirma sua identidade profissional de um modo que evita a
tensão de querer algo que parece “contrário” ao que acredita ser adequado para
um psicólogo.
6.
Inibição
A
inibição pode ser uma resposta direta ao seu medo de julgamento ou fracasso nas
redes. Ele evita explorar ativamente o mundo digital, impedindo-se de realmente
se expor e se tornar influente, o que pode ser uma forma de proteger-se de
críticas e da possibilidade de “não ser bom o bastante” nesse ambiente. Assim,
ele limita seu desejo por meio de uma auto-restrição.
7.
Sublimação
O
psicólogo pode redirecionar sua frustração ou desejo de influenciar para
atividades que considera mais “aceitáveis” ou “alinhadas” com sua ética, como
escrever artigos ou dar palestras, que são formas de influenciar de maneira
mais indireta. A sublimação permite que ele expresse seu desejo de visibilidade
de um modo que sente ser mais compatível com sua imagem de profissional
reservado e sério.
8.
Repressão
Esse
é o mecanismo central que pode estar presente, pois o psicólogo provavelmente
reprime o desejo de influenciar nas redes sociais ao considerar que tal desejo
não é “apropriado” para seu papel. Ele pode até evitar pensar no assunto para
não confrontar esse desejo ou, quando o faz, rapidamente o descarta como algo
“desnecessário”. Assim, a repressão mantém o desejo no inconsciente, o que
impede que ele tome ações concretas para realizá-lo.
9.
Comparação Defensiva
Ao
se comparar com a influenciadora, ele pode reduzir sua ansiedade dizendo a si
mesmo que é “melhor” não estar exposto como ela, pois considera sua profissão
mais reservada e focada em ajuda direta. Essa comparação defensiva alivia o
desconforto de não estar na posição de destaque que, em algum nível, ele também
desejaria.
10.
Auto-sabotagem
O
psicólogo pode inconscientemente criar barreiras que dificultam sua atuação nas
redes, como procrastinar a criação de conteúdo ou não investir tempo para
aprender a usar as redes sociais. Isso o impede de realmente se envolver nesse
mundo, mantendo-o numa posição confortável, embora limitada.
Esses
mecanismos de defesa protegem o psicólogo do desconforto de desejar algo que
ele considera “impróprio” para sua profissão e, ao mesmo tempo, de lidar com o
medo de fracassar ou de se sentir inadequado nas redes. Ao mantê-los, ele evita
confrontar seu desejo, mas, paradoxalmente, pode também impedir-se de explorar
um potencial que talvez realmente traga satisfação e um novo tipo de
contribuição social.
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