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Comentário Maldoso do Fiscal De Caixa

 Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um Fiscal de caixa está conversando com outro um assunto específico e de repente fala ao outro eu não sou como você que têm medo de perder o emprego eu confio nas minhas qualidades.

Vamos interpretar essa fala pela psicanálise de maneira simples.

Quando alguém diz "Eu não sou como você que tem medo de perder o emprego, eu confio nas minhas qualidades", essa pessoa pode estar expressando um conflito interno. Na psicanálise, o ego é a parte da mente que tenta equilibrar os desejos do id (impulsos e vontades) e as regras do superego (moral, normas e expectativas sociais).

Aqui, podemos ver alguns mecanismos de defesa em ação:

Projeção – Ele pode estar projetando no outro o próprio medo de perder o emprego. Em vez de admitir que ele mesmo sente essa insegurança, ele coloca essa característica no colega, para se afastar dela.

Racionalização – Ele pode estar tentando justificar sua posição no trabalho como segura e baseada no mérito ("eu confio nas minhas qualidades"), o que o protege de encarar a realidade de que o emprego pode ser instável.

Repressão – Pode ser que, inconscientemente, ele também tenha medo de perder o emprego, mas reprime esse medo, negando-o de forma consciente.

No fundo, essa frase pode ser uma tentativa do ego de se proteger da ansiedade que o medo da perda do emprego gera. Se ele admitir esse medo, pode se sentir vulnerável. Então, para se sentir forte e seguro, ele afirma que confia nas próprias qualidades.

Exato! Ele está enxergando o outro como alguém inseguro e medroso, e isso pode revelar um mecanismo de defesa chamado projeção.

Na projeção, uma pessoa atribui a outra características ou sentimentos que, na verdade, podem estar dentro dela mesma, mas que ela não quer reconhecer.

 

Vamos pensar assim:

Se ele realmente confiasse plenamente em suas qualidades, precisaria comparar-se ao outro e enfatizar que "não é como ele"?

Será que, no fundo, ele também sente algum medo de perder o emprego, mas tenta negar isso ao se colocar como alguém superior e confiante?

Além disso, essa atitude pode demonstrar um conflito entre o ego e o superego. O superego pode estar cobrando dele uma postura forte e autossuficiente, levando-o a rejeitar qualquer traço de insegurança, inclusive quando vê isso em outra pessoa.

Ou seja, ao enfatizar a "fraqueza" do outro, ele pode estar tentando reafirmar para si mesmo que não tem medo, como se estivesse se convencendo de algo. Isso pode ser um sinal de que, no fundo, o medo está presente, mas ele o reprime para não entrar em contato com essa angústia.

Será que o outro fiscal de caixa demonstra insegurança quanto a perder o emprego e este sinal fica visível para o fiscal de perceber e comentar.

Sim, é bem provável que o outro fiscal de caixa demonstre sinais de insegurança quanto a perder o emprego, e isso pode ter ficado evidente para o colega. Na psicanálise, entendemos que muitas emoções e estados internos se manifestam de forma sutil no comportamento, no tom de voz, na linguagem corporal e até na forma como a pessoa se expressa.

Se o fiscal que recebeu o comentário realmente está inseguro sobre perder o emprego, ele pode estar:

Expressando verbalmente preocupações sobre demissão.

Demonstrando ansiedade em relação ao desempenho no trabalho.

Evitando tomar decisões por medo de errar.

Buscando constantemente aprovação dos superiores.

O outro fiscal, ao perceber esses sinais, pode ter feito o comentário tanto de forma espontânea quanto como uma forma de reforçar sua própria posição. Mas essa observação pode ter duas intenções:

Uma crítica – Ele pode estar julgando o colega, reforçando uma visão de que ser inseguro é algo ruim.

Uma defesa pessoal – Ele pode estar reafirmando sua própria confiança para se proteger de qualquer medo inconsciente que possa ter.

Se o fiscal inseguro realmente se sente ameaçado pela possibilidade de perder o emprego, esse medo pode estar ligado ao superego, que internalizou normas como: "É preciso ter um trabalho para ser valorizado", "Perder o emprego significa fracasso". Isso pode gerar angústia, que se reflete em sua postura e comportamento.

O fiscal que fez o comentário pode ter percebido essa insegurança e reagido a partir do seu próprio conjunto de defesas psicológicas. Talvez ele realmente se sinta mais seguro ou, paradoxalmente, também tema a perda do emprego, mas esteja reprimindo esse medo ao enfatizar sua confiança.

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