Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. O
supermercado enfrenta uma elevada taxa de turnover entre os operadores de caixa.
Observa-se que grande parte dos colaboradores recém-contratados não permanece
até o final do período de experiência, e aqueles que o ultrapassam tendem a se
desligar da função em um curto intervalo de tempo.
Embora
existam motivos pessoais envolvidos, é perceptível que muitos desses operadores
demonstram carência de competências socioemocionais essenciais para o bom
desempenho da função. Entre as habilidades deficitárias, destacam-se a baixa
adaptabilidade, a limitada tolerância à frustração, dificuldades na regulação
emocional e no gerenciamento do estresse.
Essas
competências são fundamentais para lidar com as pressões diárias do cargo, que
exige atenção constante, contato direto com o público, capacidade de resolver
conflitos e resiliência diante de situações adversas. A ausência dessas
habilidades compromete o bem-estar emocional dos colaboradores, afeta seu
desempenho e contribui significativamente para o desejo de desligamento
precoce.
Essa
realidade aponta para a necessidade de ações estratégicas voltadas ao
desenvolvimento socioemocional dos operadores, promovendo um ambiente mais
acolhedor, estável e propício à permanência e ao crescimento profissional.
Vamos
entender isso juntos, como se você estivesse começando na psicologia
organizacional.
Situação
apresentada:
Um
supermercado está enfrentando alta rotatividade (turnover) de operadores
de caixa. Isso quer dizer que:
- Muitos não completam nem os 90 dias
(período de experiência).
- Os que ficam um pouco mais, acabam se
demitindo logo em seguida.
Além
dos motivos pessoais, você observou algo muito importante:
Muitos desses operadores não têm competências socioemocionais bem
desenvolvidas, como:
- Adaptabilidade
- Tolerância à frustração
- Regulação emocional
- Gerenciamento do estresse
O
que a Psicologia Organizacional explica sobre isso?
A
psicologia organizacional estuda o comportamento das pessoas dentro das
empresas, com foco no bem-estar do colaborador e na eficiência da
organização.
Vamos
ver ponto por ponto, de forma simples:
1.
Competências Socioemocionais são essenciais para o cargo
O
cargo de operador de caixa exige:
- Lidar com clientes impacientes ou
agressivos
- Ter atenção constante com o dinheiro,
códigos de produtos, troco
- Trabalhar sob pressão e ritmo acelerado
- Controlar emoções
mesmo quando se sente cansado, frustrado ou mal tratado
Se
a pessoa não está preparada emocionalmente, ela se sente
sobrecarregada rapidamente. E isso leva a:
- Ansiedade
- Irritabilidade
- Queda no desempenho
- Vontade de sair do trabalho
2.
Baixa adaptabilidade e tolerância à frustração = maior risco de desistência
Quando
alguém tem dificuldade de se adaptar ou de lidar com frustrações comuns do dia
a dia (como filas longas, clientes rudes ou metas exigentes), o trabalho se
torna emocionalmente desgastante.
A
pessoa pode pensar:
“Isso
não é pra mim” ou “Não consigo aguentar esse tipo de pressão”.
E
então, pede demissão.
3.
Falta de treinamento emocional e suporte psicológico
Muitas
empresas treinam os operadores em procedimentos técnicos (como usar o
caixa ou lidar com o sistema), mas não preparam emocionalmente os
funcionários.
A
psicologia organizacional defende que é preciso desenvolver também
habilidades emocionais no ambiente de trabalho. Isso pode ser feito por
meio de:
- Treinamentos de inteligência emocional
- Oficinas sobre comunicação, empatia e
controle do estresse
- Rodas de conversa e escuta ativa
- Supervisão e apoio da liderança
4.
A cultura organizacional influencia o emocional dos operadores
Se
a empresa tem uma cultura muito rígida, impessoal ou baseada na cobrança
excessiva, os operadores se sentem pressionados e inseguros. Isso acelera
o turnover.
Por
outro lado, se a empresa cria um clima de apoio, respeito e escuta, os
operadores se sentem valorizados e têm mais chance de permanecer.
Resumo
com linguagem simples:
- Os operadores de caixa precisam mais do que
saber usar o caixa: eles precisam estar emocionalmente preparados
para o dia a dia.
- Quando isso não acontece, muitos desistem
logo no começo porque não aguentam a pressão.
- A psicologia organizacional ajuda a empresa
a perceber isso e criar ações para desenvolver essas habilidades
nos funcionários, diminuindo o turnover e melhorando o clima de trabalho.
O
que está acontecendo no supermercado?
O
supermercado está contratando operadores de caixa, mas muitos pedem demissão
rapidamente, alguns nem chegam aos 90 dias (período de experiência)
e outros saem logo depois disso.
Por
que isso está acontecendo?
Mesmo
que os motivos pareçam "pessoais", a psicologia organizacional ajuda
a identificar padrões. Neste caso, muitos desses operadores têm dificuldades
socioemocionais, como:
1.
Adaptabilidade: têm
dificuldade de se ajustar a mudanças de escala, chefia, local de trabalho ou
ritmo acelerado.
2.
Tolerância à frustração: se
algo dá errado no caixa, se um cliente reclama ou se a liderança cobra, eles se
sentem derrotados ou irritados rapidamente.
3.
Regulação emocional: não
sabem lidar bem com emoções negativas no trabalho (ficam muito ansiosos,
tristes ou com raiva).
4.
Gerenciamento de estresse: não
conseguem equilibrar o estresse do ambiente com seu bem-estar — acabam se
sobrecarregando e pedindo demissão.
Como
a Psicologia Organizacional interpreta isso?
A
psicologia organizacional estuda o comportamento humano no ambiente de
trabalho. Quando muitos funcionários estão saindo, ela entende isso como um
sinal de alerta.
- Não é só o salário ou a carga de trabalho,
mas como os colaboradores se sentem e lidam com o trabalho.
- Se o ambiente é intenso, rápido e com
pressão constante, pessoas com baixa competência socioemocional
não conseguem se manter.
- A falta de suporte emocional, treinamentos
fracos ou ausência de acolhimento também agravam isso.
O
que pode ser feito (de forma prática)?
A
psicologia organizacional sugere:
1.
Treinamento de habilidades socioemocionais:
ensinar sobre empatia, controle da raiva, resiliência e comunicação.
2.
Acolhimento e integração de novos
colaboradores: ter um processo de boas-vindas mais humanizado.
3.
Mentoria ou apoio psicológico breve: alguém
mais experiente pode acompanhar os novos nos primeiros meses.
4.
Escuta ativa da liderança: o
líder precisa estar treinado para ouvir, orientar e apoiar os
operadores.
5.
Ambiente com mais segurança psicológica: onde
errar não gera medo, mas aprendizado.
📌 Plano
de Intervenção: Fortalecimento Socioemocional dos Operadores de Caixa
🎯
Objetivo Geral
Reduzir
o turnover e promover a permanência dos operadores de caixa, desenvolvendo
competências socioemocionais essenciais para lidar com as exigências da função.
1.
Diagnóstico Inicial – Escuta e Mapeamento
- Ações: Aplicar uma pesquisa
simples de clima organizacional e fazer rodas de conversa com os
operadores (atuais e ex-funcionários, se possível).
- Objetivo: Identificar
emoções recorrentes, fatores de estresse, dificuldades e expectativas em
relação ao trabalho.
- Ferramentas:
Questionários anônimos + reuniões conduzidas por psicólogo ou RH treinado.
2.
Integração Humanizada
- Ações: Reformular o processo de
integração dos novos colaboradores.
- Inclui:
- Apresentação clara do que esperar da
função;
- Roda de boas-vindas com apresentação dos
colegas e líderes;
- Envolvimento de um “colaborador padrinho”
para os primeiros 30 dias.
- Objetivo: Reduzir a
ansiedade inicial e promover senso de pertencimento.
3.
Capacitação em Competências Socioemocionais
- Ações: Realizar encontros
quinzenais curtos (30 a 40 minutos) durante o período de experiência.
- Temas sugeridos:
1.
Autoconhecimento emocional –
identificar e nomear emoções;
2.
Tolerância à frustração – como
reagir a falhas, críticas ou conflitos;
3.
Regulação emocional no atendimento ao
cliente;
4.
Gerenciamento de estresse e autocuidado no
trabalho;
5.
Comunicação assertiva com liderança e
colegas.
- Metodologia:
Atividades práticas, dinâmicas de grupo e exemplos do dia a dia.
4.
Formação da Liderança para Acolhimento
- Ações: Treinar líderes de setor
(fiscais, encarregados) para:
- Fazer escuta ativa sem julgamento;
- Dar feedback com empatia e objetividade;
- Estimular o diálogo e o reconhecimento.
- Objetivo: Fortalecer a segurança
psicológica no ambiente.
5.
Acompanhamento e Avaliação Contínua
- Ações:
- Check-ins semanais com operadores em
experiência (5-10 minutos);
- Indicadores a acompanhar: taxa de
permanência, faltas, pedidos de desligamento, queixas no setor.
- Objetivo: Monitorar o
impacto da intervenção e ajustar o plano conforme necessário.
🧩
Resultados Esperados:
- Aumento do tempo de permanência no cargo;
- Maior engajamento dos colaboradores;
- Redução do número de pedidos de
desligamento;
- Ambiente de trabalho mais saudável
emocionalmente.
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