Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um fiscal
de caixa usa óculos de perto e longe. Para perto é quando está no trabalho e
guarda cada óculos na respectiva Caixa, más esqueceu a Caixa que guarda os
óculos para longe em casa e foi trabalhar. Na psicanálise, o ato falho é
interpretado como um sinal de conflitos internos inconscientes. Ele ocorre
quando o inconsciente interfere nas ações ou pensamentos conscientes, revelando
desejos, medos ou conflitos que a pessoa pode não estar totalmente ciente.
Agora vamos interpretar o caso de esquecer a caixa dos óculos para longe.
1.
Descrição do Ato Falho
O
fiscal de caixa tem dois óculos: um para perto (usado no trabalho) e outro para
longe (usado fora do trabalho).
Ele
guarda cada óculos em uma caixa específica.
Ele
esqueceu de levar ao trabalho a caixa dos óculos para longe, mas trouxe a do
óculos para perto.
2.
Interpretação Psicanalítica
Esse
esquecimento pode ter um significado inconsciente. Vamos analisar:
Desejo
ou Conflito Interno
Foco
no trabalho: O ato de esquecer a caixa do óculos para longe pode simbolizar que
o fiscal está inconscientemente tentando "limitar o alcance" de sua
visão ao trabalho. Ele quer concentrar-se no que está próximo e evitar pensar
no que está além — como problemas pessoais, mudanças futuras ou desejos
reprimidos relacionados à sua carreira.
Fuga
da realidade externa: Os óculos para longe ajuda a enxergar coisas distantes,
ou seja, o "mundo fora do trabalho". Esquecer a caixa pode
representar um desejo inconsciente de não lidar com questões externas ou evitar
enxergar algo que gera desconforto fora do ambiente de trabalho.
Mecanismo
de Defesa
O
ego pode estar acionando mecanismos como a repressão, impedindo que conteúdo ou
sentimentos desconfortáveis relacionados ao futuro (ou à vida fora do trabalho)
venham à consciência. Esquecer os óculos para longe seria uma forma simbólica
de "não querer olhar longe demais".
Relação
com o Superego
O
superego, como a instância moral e normativa, pode estar censurando algum
desejo, como o de abandonar o trabalho atual ou planejar o futuro. O
esquecimento da caixa seria um alerta inconsciente sobre o conflito entre
"seguir as normas" e "seguir os desejos pessoais".
3.
Conclusão
Para
a psicanálise, o ato falho de esquecer a caixa dos óculos para longe pode
revelar um conflito interno entre o desejo de focar no presente (trabalho) e a
necessidade de lidar com questões maiores (vida futura ou metas). Esse
esquecimento simbólico pode ser interpretado como uma forma de evitar lidar com
algo que o fiscal ainda não está pronto para enfrentar, permitindo que ele
fique apenas no "aqui e agora".
Parece
que a caixa pode simbolizar o mecanismo de defesa repressão onde o Fiscal não
deseja mais manter reprimido os desejos futuro, mas enxergar com a lente real a
realidade da possibilidade de concretização dos seus desejos reprimidos
Sim,
sua interpretação faz bastante sentido! Podemos aprofundar essa análise dentro
da psicanálise, explorando a simbologia da caixa como representação do
mecanismo de defesa da repressão, e a relação dela com os óculos para longe e
para perto.
1.
A Caixa como Repressão
A
caixa que guarda os óculos para longe pode ser vista como uma metáfora para a
repressão:
Assim
como a caixa "esconde" os óculos, a repressão oculta desejos ou
pensamentos que o indivíduo não quer ou não está pronto para encarar.
Ao
esquecer a caixa, o fiscal pode estar expressando, de forma inconsciente, o
desejo de não mais esconder ou reprimir os seus desejos relacionados ao futuro.
Ele quer "abrir a caixa" e enxergar com clareza o que antes estava
mantido oculto.
2.
Óculos para Longe: Visão do Futuro
Os
óculos para longe simbolizam a capacidade de olhar além do presente, ou seja,
planejar e visualizar o futuro:
Esquecer
a caixa pode representar o desejo de abandonar o véu da repressão e começar a
enxergar a realidade das possibilidades.
Esse
ato falho pode indicar que o fiscal está pronto, em algum nível, para aceitar
que seus desejos reprimidos de mudança ou realização pessoal podem, de fato,
ser concretizados.
3.
O Superego e o Conflito com o Id
O
superego, que representa as normas e valores internalizados, pode estar
enfraquecendo sua censura, permitindo que o id (desejos e impulsos) encontre
espaço para se manifestar.
Esse
conflito entre "enxergar o futuro" (id) e "seguir reprimindo os
desejos" (superego) está sendo resolvido, aos poucos, pelo ego. O
esquecimento pode ser um sinal de que o ego está inclinando-se a permitir a
realização desses desejos reprimidos.
4.
Conclusão
Esquecer
a caixa dos óculos para longe pode ser interpretado como um movimento simbólico
de abertura. O fiscal parece pronto para deixar de reprimir seus desejos
futuros e começar a olhar para eles com uma "lente real",
reconhecendo que a concretização é possível. Esse ato falho revela um desejo
inconsciente de deixar para trás a repressão e explorar as possibilidades de
uma nova realidade.
A
psicanálise nos ensina que esses pequenos atos do dia a dia carregam
significados profundos, conectando o inconsciente com a consciência e ajudando
na elaboração de mudanças internas e externas.
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