Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Um vai indivíduo a
academia e todos os dias coloca o relógio de pulso no braço, porém hoje o
sujeito saiu e trancou o portão e o meio do caminho informado que esqueceu de
colocar o relógio de pulso, originado em voltar para casa e colocar o relógio,
mas decidi ir até a academia sem relógio pois lembrei que na academia tem um
relógio na parede.
Na
psicanálise, um ato falho é quando algo que faz de maneira inconsciente se
manifesta através de erros ou esquecimentos que parecem "acidentais",
mas têm um significado mais profundo. Esses atos são explicados como uma forma
de o inconsciente revelar desejos, conflitos ou sentimentos reprimidos que não
percebemos diretamente.
No
caso de indivíduos que esqueceram de colocar o relógio de pulso antes de ir
para a academia, o esquecimento pode ser interpretado como um ato falho. O
relógio representa algo importante para ele no cotidiano, como a necessidade de
controlar o tempo, estar organizado ou seguir uma rotina. No entanto, ao
esquecer o relógio, o inconsciente pode estar tentando comunicar um desejo de
se libertar dessa pressão, ou talvez de deixar de se preocupar tanto com o
controle do tempo e permitir-se relaxar mais.
Ao
decidir não voltar para buscar o relógio e lembrar que há um relógio na parede
da academia, o sujeito está, de certa forma, monitorando que pode abrir mão
desse controle absoluto, confiando em uma solução externa para manter o
controle (o relógio da parede). O ato de esquecer o relógio sugere que ele
poderia estar, de forma consciente, tentando desafiar a necessidade constante
de seguir suas próprias regras, abrindo espaço para mais flexibilidade em sua
vida.
Ao
aprofundar esta análise, podemos ver que o esquecimento do relógio de pulso
também pode estar relacionado com uma tensão entre o desejo do id e a imposição
do superego. O id, na psicanálise, é a parte inconsciente que busca prazer
imediato e liberdade das regras e normas, enquanto o superego representa a
consciência moral, as regras internalizadas e o autocontrole.
Nesse
caso, o id poderia estar manifestando um desejo de maior liberdade ao esquecer
o relógio, uma forma de “quebrar” a rotina e as normas estritas que uma pessoa
se impõe. O ato de esquecer o relógio pode indicar uma vontade inconsciente de
relaxar ou diminuir a pressão sobre o controle do tempo, de não se sentir tão
"preso" a compromissos ou à necessidade de soluções constantes.
Por
outro lado, o superego, ao lembrar o sujeito de que há um relógio na academia,
intervém rapidamente para garantir que ele não perca o controle e continue
seguindo uma estrutura. Ao não voltar para pegar o relógio, mas aceitar a
presença de um substituto (o relógio na academia), o ego — a parte da mente
responsável por mediar os desejos do id e as investigações do superego —
encontra um equilíbrio. Ele regularmente deseja não seguir tão rigidamente a
rotina, mas ao mesmo tempo, acata a necessidade de manter certo controle.
Portanto,
esse ato falho revela um conflito interno entre o desejo de se libertar das
regras e a necessidade de mantê-las, refletindo uma tentativa do inconsciente
de trazer flexibilidade para a vida cotidiana do sujeito. O esquecimento não é
um simples erro, mas sim uma expressão de uma tensão psíquica entre o controle
e a liberdade.
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