Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um sujeito
está praticando atividades físicas numa academia a cinco meses más o resultado
do corpo não é visível para as outras pessoas. Então seu amigo lhe disse você
não está com um corpo sarado ainda está jogando dinheiro fora indo para a
academia.
Na
psicanálise, podemos interpretar essa situação considerando os três elementos
da estrutura psíquica: id, ego e superego. Vamos analisar cada um deles:
O
id – Representa os desejos e impulsos básicos, como o desejo de ter um corpo
musculoso e bem definido. O sujeito quer ver resultados e sentir prazer ao ser
reconhecido pelos outros.
O
ego – Representa a parte racional da mente, que tenta equilibrar os desejos do
id com a realidade. Ele sabe que mudanças no corpo levam tempo e que o esforço
contínuo é necessário para alcançar os objetivos.
O
superego – Representa as normas sociais e a voz crítica interna. Nesse caso, o
superego do amigo está julgando o progresso do sujeito, dizendo que ele
"não está sarado" e que está "jogando dinheiro fora".
Agora,
vamos interpretar o impacto dessa fala:
Quando
o amigo diz que "ele está jogando dinheiro fora", pode despertar no
sujeito um conflito interno entre continuar se esforçando ou desistir por achar
que não vale a pena.
O
superego crítico do amigo pode ativar no sujeito sentimentos de frustração,
culpa ou insegurança, reforçando a ideia de que ele não está atingindo o padrão
desejado.
O
ego do sujeito precisa decidir: ele continuará indo à academia confiando no seu
progresso ou deixará o julgamento do amigo afetar sua motivação?
Se
o sujeito ceder à crítica e desistir, pode ser que o superego rígido e o medo
do julgamento externo estejam dominando sua decisão. Se ele continuar,
significa que seu ego está conseguindo equilibrar o desejo (id) com a paciência
e a disciplina necessárias para alcançar resultados a longo prazo.
Essa
situação mostra como o julgamento dos outros pode ativar conflitos internos, e
como o ego precisa lidar com isso para manter o equilíbrio psicológico.
O
amigo, ao ver que o sujeito está indo à academia há cinco meses sem mudanças
visíveis, pode estar acionando alguns mecanismos de defesa para lidar com seus
próprios sentimentos e percepções. Aqui estão alguns que podem estar em jogo:
Projeção
– O amigo pode estar projetando no sujeito suas próprias frustrações ou
inseguranças em relação ao próprio corpo ou à falta de disciplina para manter
uma rotina de exercícios. Ele critica o outro porque, inconscientemente, pode
sentir que ele mesmo não conseguiria manter esse esforço sem resultados
rápidos.
Desvalorização
– Para minimizar o esforço do sujeito, o amigo pode estar usando a
desvalorização, dizendo que "está jogando dinheiro fora". Isso pode
ser um mecanismo para diminuir a importância do progresso do outro e
justificar, talvez, sua própria falta de empenho em atividades físicas.
Racionalização
– O amigo pode estar tentando encontrar uma justificativa lógica para a falta
de resultados visíveis, concluindo que a academia "não vale a pena"
porque o progresso não é imediato. Esse mecanismo serve para proteger sua visão
de mundo e evitar reconhecer que mudanças corporais levam tempo e esforço
contínuo.
Inveja
Recalcada – Embora não seja um mecanismo de defesa clássico, o amigo pode
sentir uma certa inveja inconsciente da disciplina do sujeito e, em vez de
reconhecer isso, tenta diminuir a motivação dele, como uma forma de aliviar seu
desconforto interno.
Identificação
Projetiva – O amigo pode estar tentando fazer com que o sujeito se sinta da
forma como ele mesmo se sente (por exemplo, frustrado com a falta de progresso
físico). Ao sugerir que o sujeito desista, ele pode estar tentando transferir
seu próprio desânimo ou descrença para o outro.
Essa
análise mostra como, muitas vezes, julgamentos e críticas vêm de processos
inconscientes e não apenas de uma opinião racional.
Se
o sujeito não estiver consciente desses mecanismos de defesa acionados pelo
amigo, ele pode acabar internalizando a crítica e se sentindo desmotivado. Isso
pode levar ao acionamento de seus próprios mecanismos de defesa, como:
Introjeção
– Ele pode absorver a fala do amigo como se fosse uma verdade absoluta,
começando a duvidar do próprio esforço e se convencendo de que realmente está
desperdiçando tempo e dinheiro.
Racionalização
– Para evitar se sentir mal, ele pode justificar a crítica do amigo com
pensamentos como: "Talvez eu realmente não esteja me esforçando o
suficiente, então faz sentido o que ele disse." Isso pode levá-lo a
desistir da academia ou mudar seus hábitos sem uma análise realista do
progresso.
Repressão
– Se a fala do amigo gerar um desconforto muito grande, ele pode reprimir o
incômodo e fingir que não se importa, mesmo que, inconscientemente, aquilo
esteja corroendo sua motivação.
Deslocamento
– Ele pode descontar a frustração gerada pela crítica em outras áreas da vida,
como se irritando facilmente com outras pessoas ou perdendo o ânimo em outras
atividades.
Compensação
– Para aliviar o sentimento de fracasso, ele pode buscar outras formas de
validação, como exagerar na alimentação para sentir prazer imediato ou gastar
dinheiro em algo que o faça se sentir bem rapidamente.
Se
o sujeito tem um ego forte e bem estruturado, ele pode reconhecer que a fala do
amigo não reflete a realidade do seu progresso e, em vez de se deixar
influenciar, pode usar a crítica como motivação para continuar treinando.
Essa
situação exemplifica como interações sociais podem ativar conflitos internos e
como os mecanismos de defesa moldam nossas respostas emocionais e
comportamentais.
Um
sujeito está praticando atividades físicas numa acadêmia a cinco meses más o
resultado do corpo não é visível para as outras pessoas. Então seu amigo lhe
disse você não está com um corpo sarado aínda está jogando dinheiro fora indo
pra academia. Me explica e interpreta como se eu fosse um iniciante pela
abordagem da psicologia social.
Na
psicologia social, essa situação pode ser analisada com base em influência
social, normas e percepção social. Vamos explicar de maneira simples.
1.
Influência Social
O
amigo está tentando influenciar a forma como o sujeito percebe sua própria
experiência na academia. Ele faz isso ao dizer que, como os resultados não são
visíveis, então não vale a pena continuar. Isso pode impactar a motivação do
sujeito, fazendo-o duvidar de si mesmo.
2.
Normas Sociais e Pressão do Grupo
Na
sociedade, existe uma norma implícita de que quem treina deve ter um corpo
musculoso visível para ser considerado bem-sucedido na academia. O amigo está
reforçando essa norma ao afirmar que o sujeito ainda não "está
sarado". Isso cria uma pressão social, onde o sujeito pode sentir que
precisa atender a essa expectativa para ser validado pelos outros.
3.
Comparação Social
As
pessoas tendem a comparar seus resultados com os dos outros para avaliar seu
próprio progresso. O amigo pode estar comparando o sujeito com outras pessoas
que tiveram mudanças físicas mais rápidas, ignorando que cada corpo tem um
tempo diferente de adaptação.
4.
Efeito do Observador
O
amigo está olhando apenas para a aparência externa do sujeito, sem considerar
mudanças internas, como melhora na saúde, força e bem-estar. Esse é um exemplo
do efeito do observador, onde julgamos os outros apenas pelo que é visível, sem
saber o que eles estão vivendo internamente.
5.
Autopercepção e Motivação
Se
o sujeito acredita no que o amigo disse, sua motivação intrínseca (fazer
academia por si mesmo) pode ser substituída por uma motivação extrínseca (fazer
academia apenas para ser reconhecido pelos outros). Isso pode levá-lo a
desanimar ou até desistir, caso não receba aprovação externa.
Conclusão
Essa
situação mostra como as opiniões dos outros podem influenciar nossa motivação e
percepção sobre nós mesmos. Pela psicologia social, é importante que o sujeito
foque em seu próprio progresso e objetivos, sem deixar que a pressão social
defina seu valor ou suas escolhas.
Se
o sujeito não estiver consciente da influência social, ele pode acabar mudando
seu comportamento apenas para se encaixar na expectativa dos outros. Vamos
aprofundar a análise com mais conceitos da psicologia social:
6.
Teoria da Comparação Social (Leon Festinger)
As
pessoas avaliam seu próprio progresso comparando-se com os outros. Se o sujeito
olhar para influenciadores fitness ou amigos que evoluíram mais rápido, ele
pode sentir que está falhando. Isso pode gerar desmotivação e até mesmo a
decisão de desistir.
Por
outro lado, se ele comparar seu desempenho com sua própria condição inicial
(por exemplo, perceber que agora tem mais resistência e força), pode se sentir
mais motivado.
7.
Efeito do Olhar dos Outros (Self Apresentado)
A
teoria do self apresentado sugere que queremos controlar a imagem que os outros
têm de nós. O amigo impõe uma visão negativa ("você não está sarado
ainda") e, se o sujeito aceitar essa visão, pode mudar sua postura – seja
intensificando o treino apenas para provar algo, ou desistindo por sentir que
nunca será suficiente.
8.
Dissonância Cognitiva (Festinger)
Se
o sujeito acredita que ir à academia é um investimento válido, mas o amigo diz
que ele está jogando dinheiro fora, isso cria um conflito interno entre sua
crença e a opinião recebida. Para reduzir essa dissonância, ele pode:
udar
sua crença ("Talvez ele tenha razão, estou perdendo tempo")
Reafirmar
seu propósito ("Estou treinando para minha saúde, e não apenas para ter
músculos visíveis")
Justificar
seu esforço ("Meu progresso é interno, e cada corpo tem um tempo
diferente")
9.
Efeito da Pressão Social (Conformidade de Asch)
O
experimento de Solomon Asch mostrou que as pessoas tendem a concordar com o
grupo, mesmo quando sabem que a resposta do grupo está errada. Se mais amigos
apoiarem a crítica, o sujeito pode sentir pressão para se conformar e desistir
da academia, mesmo sabendo que está no caminho certo.
10.
Efeito Pigmaleão e Profecia Autorrealizável
Se
o sujeito acredita na crítica e internaliza a ideia de que não terá progresso,
pode acabar agindo de forma desmotivada, faltando treinos ou treinando sem
dedicação. Isso pode levar ao resultado esperado pela crítica – falta de
evolução – reforçando a ideia de que ele "não tem um corpo sarado",
mesmo que o motivo seja a própria falta de consistência.
Conclusão
Pela
psicologia social, a percepção que temos de nós mesmos pode ser influenciada
pelos outros. Se o sujeito não tiver consciência disso, pode tomar decisões
baseadas no olhar externo e não em seus objetivos reais. O ideal é desenvolver
uma identidade independente, onde o progresso seja baseado em seu próprio
bem-estar e não na aceitação social.
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