Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. A
supervisora disse ao fiscal de caixa se dá para ele entrar no dia seguinte
às 9 horas porque a fiscal de
caixa sexo feminino não vai
conseguir. O Fiscal responde que sim. Então ela pergunta vai ficar três fiscais do sexo masculino. O
Fiscal dê Caixa responde sim.
Na
psicanálise, podemos interpretar essa situação analisando os possíveis
significados inconscientes por trás da comunicação e dos papéis de gênero
envolvidos. Vamos desconstruir uma interação:
Situação:
A
supervisora pede que o fiscal de caixa entre mais cedo
porque um fiscal de caixa do sexo feminino não poderá ir.
Em
seguida, ela observa que haverá três fiscais do sexo masculino no turno.
Interpretação
psicanalítica (iniciante):
Mensagem
direta (consciente):
Um
supervisor está organizando uma equipe para que as operações funcionem sem
problemas, ajustando os cronogramas dos fiscais.
Possíveis
mensagens inconscientes:
Observação
sobre os gêneros: Quando ela comenta que há três fiscais do sexo masculino,
isso pode refletir uma preocupação inconsciente com a diversidade de gênero no
ambiente de trabalho. Talvez, deliberadamente, ela esteja considerando como a
ausência de uma mulher pode influenciar a dinâmica da equipe.
Papel
do superego: O superego do supervisor (parte da mente que regula normas sociais
e valores) pode estar sinalizando a importância de equilibrar gêneros ou
reforçando padrões sobre como uma equipe "deveria" ser composta.
Ego
do fiscal: O fiscal, ao responder "sim" sem hesitação, demonstra um
ego equilibrado, capaz de aceitar a solicitação sem resistências. Isso indica
que ele está alinhado ao princípio da realidade, ajustando-se às demandas
externas.
Mecanismos
de defesa:
Racionalização:
Um supervisor pode estar racionalizando sua observação sobre os três homens
como uma forma de expressar, sem críticas diretas, um desconforto ou
curiosidade sobre a ausência da colega do sexo feminino.
Sublimação:
Caso ela sinta, deliberadamente, que a ausência de diversidade de gênero é algo
importante, o comentário pode ser uma tentativa de sublimar essa preocupação
para o nível consciente.
Ensino
implícito:
Um
supervisor, ao observar a composição de gênero, pode estar ensinando de forma
indireta que a diversidade é percebida e considerada no ambiente de trabalho,
mesmo que não seja explicitamente dita.
Em
resumo, pela psicanálise, essa interação revela como aspectos conscientes e
inconscientes (como normas sociais, observações de gênero e ajustes de papéis)
podem emergir de forma sutil em um contexto aparentemente simples de
organização do trabalho.
Ego
do fiscal: O fiscal, ao concordar prontamente em entrar no horário solicitado,
demonstra maturidade emocional e adaptação às necessidades do ambiente
(princípio de realidade). Ele parece compreender a posição e as demandas
organizacionais sem oferecer resistência ou expressar insatisfação.
Id
e superego do fiscal: Internamente, o id (desejo de buscar conforto ou evitar
esforço) pode ter sido suprimido pela influência do superego, que o incentiva a
manter a imagem de responsabilidade e compromisso com o trabalho.
Possíveis
influências inconscientes da supervisora:
Ansiedade
ou preocupação: O comentário sobre os três fiscais do sexo masculino pode
indicar uma preocupação inconsciente da supervisora relacionada
à composição da equipe. Isso pode refletir
valores internalizados (superego dela) sobre como diferentes gêneros prejudicados para o equilíbrio do ambiente.
Papel
arquetípico: Na sociedade, há arquétipos associados a gêneros no trabalho. Um
supervisor pode, deliberadamente, sentir que a ausência de uma mulher cria um
"desequilíbrio" em termos de harmonia ou sensibilidade na equipe.
Lição
psicanalítica para o fiscal:
A
supervisora, mesmo que de forma implícita, ensina que as dinâmicas de equipe
não são apenas operacionais, mas também subjetivas. Ela destaca que as
características pessoais, como gênero, podem ser percebidas e valorizadas em um
grupo, mesmo que isso não seja verbalizado diretamente.
Para
o fiscal, isso pode ser um aprendizado sobre como as normas sociais e culturais
influenciam até mesmo os aspectos técnicos do trabalho. Ele pode refletir sobre
como a percepção da diversidade e da colaboração vai além do cumprimento das
funções.
Essa
interação simples pode ser comprovada pela psicanálise como uma troca em que
conteúdos inconscientes, como normas sociais, percepções de gênero e adaptações
emocionais, emergem na comunicação. O fiscal de caixa pode aprender que as
relações de trabalho não se limitam a tarefas e horários, mas envolvem aspectos
simbólicos, como a influência das expectativas sociais e culturais. Além disso,
ao observar a dinâmica entre id, ego e superego (dele e da supervisora), ele
pode perceber como essas forças moldam a forma como ambas se adaptam às
situações no ambiente organizacional.
Um
supervisor pode, de maneira inconsciente, estar expressando preconceitos,
estereótipos ou até mesmo discriminação ao mencionar que há três homens na
equipe e nenhuma mulher. Vamos aprofundar essa análise pela psicanálise:
1.
Preconceitos e Estereótipos Inconscientes:
Estereótipos
de gênero: A supervisora pode estar deliberadamente
associando a ausência de
mulheres na equipe a uma possível
mudança na dinâmica de trabalho. Isso pode
refletir sobre internalizadas de que homens e mulheres desempenham papéis diferentes no ambiente
profissional (por exemplo, mulheres sendo vistas como mais cuidadosas ou
conciliadoras).
Normas
culturais: O comentário pode estar carregado de influências culturais
internalizadas (superego da supervisora), que valorizam a diversidade de gênero
como algo essencial para o equilíbrio de uma equipe. Isso não necessariamente
reflete discriminação, mas pode ser uma preocupação inconsciente com a
conformidade a essas normas.
2.
Possível Discriminação ou Preocupação Inconsciente:
Desconfiança
velada: Um supervisor pode, deliberadamente, acreditar que uma equipe composta
apenas por homens terá dificuldades em manter a mesma eficiência, harmonia ou
cuidado no trabalho, o que revela um preconceito implícito contra homens em
determinados contextos.
Desvalorização
simbólica: Ao mencionar a ausência de mulheres, ela pode ser atribuída, mesmo
sem perceber, um papel simbólico às mulheres como indispensável para o
funcionamento ideal da equipe. Isso pode gerar uma expectativa desigual sobre
os papéis do gênero.
3.
Conflito entre Id, Ego e Superego:
O
superego do supervisor pode estar censurando ou reforçando normas sociais de
que equipes diversas (em termos de gênero) são mais equilibradas. Ao comentar
sobre a ausência de mulheres, ela manifesta uma preocupação que pode não ser
totalmente consciente.
O
ego busca expressar isso de maneira diplomática, sem parecer acusatório, mas a
menção em si pode revelar internas relacionadas a preconceitos.
O
id , por outro lado, pode estar direcionando o desconforto dela para a equipe
como uma forma de descarregar ansiedades pessoais ou culturais.
4.
Impacto na Equipe e no Fiscal:
Para
o fiscal, o comentário pode ser percebido como uma observação neutra ou como
uma crítica velada à capacidade de uma equipe exclusivamente masculina. Isso
pode levar a reflexões sobre como os estereótipos de gênero influenciam a
percepção de competência no trabalho.
A
equipe como um todo pode sentir que a ausência das mulheres é vista como uma
"falha", o que pode estimular desigualdades ou divisões inconscientes
no ambiente de trabalho.
5.
Como Trabalhar Essas Questões no Ambiente de Trabalho:
Conscientização:
É importante que um supervisor (e equipe) reflita sobre como os preconceitos
implícitos podem influenciar decisões ou comentários no ambiente profissional.
Educação
sobre estereótipos: Treinamentos sobre diversidade e inclusão podem ajudar a
trazer à tona esses preconceitos inconscientes, alterando seu impacto negativo.
Autopercepção:
Um supervisor pode se beneficiar ao explorar suas próprias opiniões e
ansiedades, talvez com a ajuda de feedbacks ou até supervisão psicológica, para
entender melhor como essas influências inconscientes afetam sua liderança.
Um
supervisor pode estar expressando preconceitos, estereótipos ou discriminação
inconscientemente. Comentários como esse revelam a presença de normas sociais
internalizadas e mostram como questões de gênero afetam a percepção das
dinâmicas de equipe. Pela abordagem psicanalítica, isso destaca a importância
de trazer esses conteúdos inconscientes para a consciência, promovendo um
ambiente de trabalho mais justo e equilibrado.
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