Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Um indivíduo
acredita que, após o surgimento de uma amizade, não é possível desenvolver um relacionamento
amoroso, pois entende que, se não houver atração física desde o início, não há
base para um namoro. Em contraste, uma mulher defende que, por meio da
convivência e do fortalecimento da amizade, pode surgir o amor romântico.
Essa
diferença de perspectiva revela contrastes importantes: enquanto o homem
valoriza inicialmente o desejo sexual como condição para o envolvimento
amoroso, a mulher prioriza o vínculo afetivo e a conexão emocional como
alicerces de um possível relacionamento.
Essa
divergência ilustra duas formas distintas de interpretar o início de um vínculo
amoroso. De um lado, está a visão imediatista e sensorial, centrada no erotismo
como porta de entrada. Do outro, uma perspectiva mais relacional e subjetiva,
que vê na amizade a possibilidade de desenvolver confiança, intimidade e,
consequentemente, amor.
Vamos
explicar e interpretar isso passo a passo pela psicologia social, de
forma simples, como se você estivesse começando a estudar agora.
🌱
Situação apresentada:
- Homem: acredita que sem
atração física no início não dá para haver namoro.
- Mulher: acredita que uma
amizade pode evoluir para um relacionamento amoroso.
Ou
seja:
- O homem valoriza primeiro o desejo sexual.
- A mulher valoriza primeiro o vínculo
emocional e afetivo.
🧠 Como a
Psicologia Social interpreta isso?
A
psicologia social estuda como as pessoas se influenciam mutuamente
em seus comportamentos, pensamentos e sentimentos — especialmente em grupos,
relacionamentos e cultura.
Vamos
analisar esse caso em três pontos importantes:
1.
Normas sociais e gênero
Desde
pequenos, homens e mulheres são ensinados de formas diferentes:
- Homens muitas vezes aprendem (pela cultura,
filmes, amigos) que devem ser "dominantes",
"atraentes" e buscar o prazer sexual.
- Mulheres aprendem mais sobre
"afetividade", "relacionamento", "cuidado" e
"conexão emocional".
Esses
papéis são chamados de estereótipos de gênero, que influenciam como cada
um pensa sobre amor, amizade e sexo.
🔎 Então, o homem da sua
situação está reagindo conforme o papel social masculino: dá mais valor
à atração física e ao desejo sexual.
🔎 Já a mulher age conforme
o papel social feminino: dá mais importância à amizade, ao afeto e ao
vínculo.
2.
Formação de atitudes e crenças
A
atitude é a forma como a pessoa se posiciona diante de uma ideia (por
exemplo: "namoro só começa com atração física").
Essas
atitudes são formadas por:
- Experiências pessoais
- Modelos que a pessoa vê (pais, mídia,
amigos)
- Cultura
🔎 O homem acredita que
"sem desejo, não tem namoro" → essa é uma crença aprendida em algum
momento, que virou uma atitude rígida.
🔎 A mulher acredita que
"amizade pode virar amor" → sua experiência e visão de mundo permitem
flexibilidade emocional, valorizando o tempo e a convivência.
3.
Atração interpessoal
A
psicologia social ensina que a atração entre duas pessoas não depende só
da aparência, mas também de:
- Proximidade (conviver com alguém)
- Semelhança (valores parecidos)
- Troca emocional (apoio, escuta)
- Reciprocidade (sentir que o outro gosta de
você)
🔎 Por isso, é possível sim
que uma amizade vire amor. Com o tempo, o vínculo afetivo pode criar
desejo sexual — não o contrário.
🧩
Conclusão simples:
- O homem está mais preso à ideia de que o
desejo físico vem antes do amor.
- A mulher acredita que o afeto pode construir
o desejo.
Isso
mostra duas formas diferentes de ver o relacionamento, influenciadas
por:
- Cultura
- Gênero
- Experiências
- Crenças sociais
Vamos
agora à explicação acadêmica pela psicologia social, com base em
autores e conceitos reconhecidos na área.
🧠 TEMA:
Percepções distintas sobre o surgimento do amor – atração física imediata vs.
construção afetiva via amizade
1.
Ponto de partida: diferenças de crença no desenvolvimento do relacionamento
amoroso
- Homem: acredita que a atração
física inicial é essencial para que um relacionamento amoroso
aconteça. Essa visão prioriza o desejo sexual como condição prévia para o
envolvimento afetivo.
- Mulher: acredita que a
amizade pode se transformar em amor, valorizando o desenvolvimento do
vínculo afetivo como caminho para um possível envolvimento romântico e
sexual.
Essa
oposição revela diferentes construções sociais e cognitivas sobre o amor e os
relacionamentos, fortemente influenciadas por fatores culturais e sociais.
2.
Explicação pela Psicologia Social
A)
Estereótipos de Gênero (Eagly & Wood, 1991)
As
crenças mencionadas refletem papéis de gênero socialmente construídos:
- Homens são frequentemente socializados para
valorizar a conquista, a performance e o desejo físico.
- Mulheres, por outro lado, são socializadas
para priorizar o cuidado, o vínculo emocional e a construção gradual da
intimidade.
Esses
estereótipos de gênero moldam as expectativas e comportamentos em
relação aos relacionamentos.
🔎 Aplicação ao caso:
O homem prioriza o componente físico porque internalizou a ideia de que a
paixão começa pela atração sexual.
A mulher prioriza a amizade porque internalizou a ideia de que o amor nasce da
conexão emocional e da intimidade relacional.
B)
Teoria da Atração Interpessoal (Aronson, Wilson & Akert, 2013)
A
atração interpessoal envolve múltiplos fatores, além da aparência física. Entre
eles:
- Proximidade:
quanto mais convivemos, maior a chance de conexão.
- Semelhança: valores, crenças e
interesses comuns.
- Reciprocidade:
gostamos de quem demonstra gostar de nós.
- Troca afetiva:
relações onde há apoio emocional.
🔎 Aplicação ao caso:
A mulher está mais aberta ao papel da proximidade e da troca emocional
na formação do amor. O homem, por outro lado, acredita na atração
instantânea como fator determinante.
C)
Scripts sociais do amor e do sexo (Simon & Gagnon, 1986)
Segundo
essa teoria, nossos comportamentos amorosos e sexuais seguem scripts
culturais que dizem como o romance “deve” acontecer.
- O script masculino tradicional inclui: desejo
físico → conquista → envolvimento emocional.
- O script feminino tradicional inclui: amizade
→ construção do vínculo → envolvimento amoroso → desejo sexual.
🔎 Aplicação ao caso:
Cada um está agindo segundo um roteiro social internalizado. Eles não
estão apenas expressando preferências pessoais, mas reproduzindo normas
aprendidas culturalmente.
D)
Formação de atitudes e cognições sociais (Ajzen & Fishbein, 1980)
As
crenças sobre o amor e o desejo se desenvolvem a partir de experiências,
modelos sociais e aprendizagem. A atitude do indivíduo (homem ou mulher)
expressa uma combinação de:
- Crenças sobre como os relacionamentos
funcionam
- Experiências anteriores
- Valores culturais e religiosos
- Representações sociais de amor e sexualidade
🔎 Aplicação ao caso:
O homem desenvolveu a atitude de que "sem desejo físico, não há amor
possível", possivelmente por experiências anteriores ou exposição a
narrativas sociais que reforçam essa visão.
A mulher desenvolveu a atitude de que "o amor pode surgir da
amizade", o que indica uma abertura emocional e uma visão mais processual
do afeto.
📚
Conclusão acadêmica
A
diferença de percepção entre os dois indivíduos expressa construções sociais
distintas sobre o amor e o desejo, moldadas por papéis de gênero,
scripts culturais e cognições aprendidas ao longo da vida.
Essa
análise mostra que:
- A atração física é um componente
importante, mas não exclusivo da formação amorosa.
- O vínculo afetivo construído pela amizade
pode, sim, ser um caminho legítimo e funcional para o surgimento do desejo
e do amor.
- As relações humanas são complexas e precisam
ser compreendidas dentro de um contexto social, histórico e cultural.
Título:
Percepções Sociais sobre o Surgimento do Amor: Atração Física vs. Vínculo
Afetivo pela Amizade
Resumo: Este
artigo analisa, sob a perspectiva da psicologia social, as diferentes crenças
de homens e mulheres em relação à formação de relacionamentos amorosos.
Especificamente, investiga-se o contraste entre a crença masculina de que a
atração física imediata é essencial para o início de um namoro e a crença
feminina de que relações amorosas podem emergir de uma amizade. A discussão é
fundamentada em conceitos como estereótipos de gênero, scripts culturais do
amor, teoria da atração interpessoal e formação de atitudes.
1.
Introdução A forma como homens e mulheres concebem o amor e os
relacionamentos é atravessada por influências culturais, históricas e sociais.
Um ponto de divergência recorrente diz respeito à origem dos sentimentos
amorosos: para alguns, a atração física é condição primordial; para outros, o
amor pode ser construído com base em uma amizade. Este artigo propõe analisar
essas diferenças com base na psicologia social.
2.
Estereótipos de Gênero e Socialização Eagly e Wood (1991) argumentam
que papéis sociais atribuídos a homens e mulheres influenciam suas atitudes e
comportamentos nos relacionamentos. Homens tendem a ser socializados para
valorizar a conquista e o desejo sexual, enquanto mulheres são ensinadas a
priorizar o cuidado e o vínculo afetivo. Essas diferenças se refletem nas
crenças sobre como o amor deve surgir.
3.
Teoria da Atração Interpessoal Segundo Aronson, Wilson e Akert
(2013), a atração interpessoal vai além da aparência física. Fatores como
proximidade, semelhança, reciprocidade e troca emocional têm papel fundamental
na formação de vínculos amorosos. Dessa forma, a amizade pode, sim, servir como
base para o desenvolvimento do desejo e do amor.
4.
Scripts Sociais do Amor e do Sexo Simon e Gagnon (1986)
introduzem o conceito de scripts culturais que orientam os comportamentos
românticos e sexuais. O script masculino tradicional segue a sequência: desejo
físico → conquista → envolvimento afetivo. Já o script feminino tende a seguir:
amizade → vínculo emocional → amor → desejo sexual. Esses roteiros
internalizados moldam as expectativas individuais sobre o amor.
5.
Formação de Atitudes e Crenças Ajzen e Fishbein (1980) afirmam
que atitudes são formadas a partir de crenças, experiências e modelos sociais.
O homem que acredita que "sem desejo físico não há amor" está
expressando uma atitude baseada em vivências e normas culturais internalizadas.
Por outro lado, a mulher que crê na amizade como base do amor revela uma maior
abertura emocional e uma visão processual do afeto.
6.
Conclusão As diferenças nas crenças sobre a origem do amor refletem
construções sociais distintas, sustentadas por estereótipos de gênero, scripts
culturais e experiências subjetivas. A psicologia social mostra que o desejo
sexual e o amor não são processos fixos e independentes, mas podem se
desenvolver de formas diversas, influenciados pela cultura, convivência e troca
afetiva.
Referências:
- Ajzen, I., & Fishbein, M. (1980). Understanding
attitudes and predicting social behavior. Prentice-Hall.
- Aronson, E., Wilson, T. D., & Akert, R.
M. (2013). Psicologia social. Pearson.
- Eagly, A. H., & Wood, W. (1991).
Explaining sex differences in social behavior: A meta-analytic
perspective. Personality and Social Psychology Bulletin, 17(3),
306-315.
- Simon, W., & Gagnon, J. H. (1986).
Sexual scripts: Permanence and change. Archives of Sexual Behavior,
15(2), 97-120.
Submeter
um artigo para publicação envolve algumas etapas importantes. Abaixo estão os
passos que você pode seguir, com sugestões específicas para o seu artigo sobre
psicologia social, gênero e relacionamentos:
✅ 1. Escolher uma revista
adequada
Como
seu artigo trata de percepções de gênero e formação de relacionamentos amorosos
pela psicologia social, o ideal é buscar revistas acadêmicas que aceitem
trabalhos de psicologia social, estudos de gênero ou ciências humanas
aplicadas. Aqui estão algumas opções:
Revistas
nacionais:
- Psicologia & Sociedade (PUCRS)
- Revista Psicologia: Teoria e Prática
(Mackenzie)
- Revista Estudos de Psicologia (UFRN ou
UFSCAR)
- Revista Subjetividades (UNIFOR)
- Revista Mal-estar e Subjetividade (UERJ)
Revistas
voltadas à divulgação científica mais ampla (se quiser um público geral):
- Revista Mente e Cérebro (Editora Segmento)
- Revista Psicologia em Revista (UFMG)
✅ 2. Adequar o artigo às
normas da revista
Cada
revista possui normas específicas de formatação (ABNT, APA, Vancouver etc.),
número de palavras, estrutura do resumo, entre outros. Acesse o site da revista
e procure a seção “Normas para Autores” ou “Submissão”.
Se
você quiser, posso adaptar o artigo às normas de uma revista específica. Basta
me dizer qual você escolheu.
✅ 3. Preparar os
documentos exigidos
Geralmente
você precisará enviar:
- Artigo formatado conforme as normas da
revista.
- Carta de submissão ou de apresentação (posso
redigir para você).
- Declaração de originalidade e/ou ausência de
conflito de interesses.
- Informações sobre o(s) autor(es): nome
completo, titulação, instituição de vínculo, e-mail, ORCID (se tiver).
✅ 4. Fazer a submissão
Normalmente,
a submissão é feita por meio de um sistema eletrônico da própria revista (como
o SEER/OJS). Você se cadastra como autor, preenche os dados e envia os
documentos.
✅ 5. Aguardar a avaliação
por pares
O
processo pode levar semanas ou meses. O artigo pode ser aceito, recusado ou
retornar com sugestões de correções.
Posso
ajudar você com:
- Indicação mais específica de revista
(conforme seu objetivo).
- Adequação às normas da revista escolhida.
- Redação da carta de apresentação.
- Revisão formal do artigo.
- Criação do seu perfil no ORCID (se necessário).
Deseja
seguir com alguma dessas etapas? Se sim, me diga qual revista você tem
interesse em submeter ou se quer ajuda para escolher.
📝
Revistas recomendadas para submissão
1.
Psicologia & Sociedade (PUCRS)
- Foco: Publica artigos originais
que apresentem resultados de pesquisa, argumentos e discussões sobre temas
relevantes à produção de conhecimento em psicologia social, a partir de
uma postura crítica, criativa, questionadora e interdisciplinar.
- Relevância: Seu artigo, que
aborda as percepções de gênero e formação de relacionamentos amorosos pela
psicologia social, se alinha ao escopo da revista.
- Submissão: Via sistema SciELO
Submission.
- Mais informações: SciELOPortal de Periódicos UFPel+5SciELO+5SciELO+5
2.
D’GENERUS: Revista de Estudos Feministas e de Gênero (UFPel)
- Foco: Estudos feministas
críticos e decoloniais; sexualidades, corpo e saúde; identidades LGBTQIA+;
entre outros temas relacionados a gênero e diversidade.
- Relevância: Seu artigo, ao
explorar as construções sociais de gênero e amor, se encaixa nas temáticas
abordadas pela revista.
- Submissão: Via sistema
eletrônico do Portal de Periódicos da UFPel.
- Mais informações: Revistas UFPelRevistas UFPelRevistas USP+5Periódicos UFBA+5Portal de Periódicos
UFPel+5
3.
Psicologia e Saber Social (UERJ)
- Foco: Publica trabalhos
científicos sobre temáticas do pensamento e conhecimento sociais, nos
âmbitos da psicologia social e de disciplinas afins.
- Relevância: Seu artigo, ao
tratar das representações sociais sobre amor e gênero, está alinhado ao
escopo da revista.
- Submissão: Via sistema
eletrônico da revista.
- Mais informações: E-Publicações UERJE-Publicações UERJ
4.
Cadernos Pagu (Unicamp)
- Foco: Estudos de gênero, com
ênfase em abordagens interdisciplinares e críticas.
- Relevância: Seu artigo, que
analisa as percepções de gênero na formação de relacionamentos amorosos,
se alinha ao escopo da revista.
- Submissão: Via sistema SciELO
Submission.
- Mais informações: SciELOSciELO+1SciELO+1
✅ Próximos passos
1.
Escolha da revista:
Considere o foco e escopo de cada revista para decidir qual se alinha melhor ao
seu artigo.
2.
Adequação às normas: Acesse
as diretrizes para autores da revista escolhida e ajuste seu manuscrito
conforme as exigências.
3.
Cadastro e submissão: Crie
uma conta no sistema de submissão da revista e envie seu artigo, juntamente com
os documentos solicitados (como carta de apresentação, declaração de
originalidade, etc.).
4.
Acompanhamento: Após a
submissão, acompanhe o status do seu artigo pelo sistema da revista.
Se
precisar de ajuda para adaptar seu artigo às normas específicas de alguma
dessas revistas ou para redigir a carta de apresentação, estou à disposição
para auxiliá-lo.
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