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A dor da espera, [Quando Você Não Sabe O Que Fazer]



Outubro/2019. Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208      
  
                A intenção deste artigo é, chamar a atenção do leitor(a) para olhar o fenômeno a dor da espera que potencializa a impaciência no indivíduo anônimo ao fazer uso das redes sociais como, Facebook, Instagram, Blogger, Twitter, Pinterest, WhatsApp e outras eventualidades. Para a sociedade atual, esperar é algo muito irrefletido, incompreendido. O ser humano não foi ensinado no quesito de esperar, por tanto não gostamos e agimos como imediatistas. É mais fácil encontrar citações na Internet sobre aproveitar o dia e fazer algo acontecer, do que simplesmente algo sobre [a esperar quando não saber mais o que fazer]. A conexão de internet caiu, pronto não sei o que fazer.
         No ato de esperar exige do sujeito paciência, longanimidade, lidar com a ansiedade, com a culpa pelo fato de ter que esperar quando não sabe o que fazer, convicção do que deseja, autoconfiança, controle sobre as emoções, resiliência para suportar a dor das angustias oriundas da ociosidade involuntária causada pelo princípio de realidade o mundo externo ou virtual. A espera leva o indivíduo a pensar que não sabe mais o que fazer, embora o sujeito esteja alienado no fato de que não sabe o que fazer por pensar como autômato que esquece-se de refletir e voltar o olhar para si mesmo e ver que já sabe o que fazer que é agir com atitudes citadas acima. Mas o pensamento e a percepção do homem estão voltados apenas para fora de si reproduzindo o pensamento a dor da espera [quando você não sabe o que fazer].
         O nosso ego, ou a nossa mente, sente-se muito desconfortável quando tem que esperar. Nesta hora ouvimos uma voz interior gritando: Tente alguma coisa para sair da condição de esperar, ou seja, ligue para operadora. Qualquer coisa é melhor do que ficar na posição de esperar. E como somos uma sociedade muito voltada para a satisfação momentânea do ego, encontramos muitas opiniões externas que confirmam essa mensagem em nossa consciência.
        
O sujeito se inquieta por estar na incerteza e prefere cometer um erro por menor que seja, a ter que viver em um estado de [não saber o que fazer], enquanto a vida passa e coloca as coisas no lugar. Nós repetimos vários padrões de conduta, tentando prever o futuro com base unicamente em nossas esperanças e medos. Procuramos conselhos, opiniões inconscientemente e incessantemente com os outros sobre o que devemos fazer, esperando que eles tenham as respostas certas para nos dar. Pensamos sobre o que devemos fazer, com base em qualquer medida externa como senso comum, moralidade, religião, valores familiares, finanças e assim por diante. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
         A paciência não é uma das coisas que a nossa sociedade atual mais cultiva. Ser impaciente, no entanto, é algo que nos traz sofrimento, insatisfação e desprazer, já que não nos permite desfrutar, pois estamos sempre pensando no futuro e, quando este chega raras são as vezes em que ele é o suficiente, porque continuamos pensando para a frente, no futuro seguinte. Não sabemos esperar, a sociedade, os familiares, as instituições, as empresas, o mercado de trabalho nos ensinaram somente a correr, a viver estressados e com os prazos e datas limites em nossos calendários todos marcados.
Por isso não temos tempo para esperar nem refletir sobre uma decisão, sobre um resultado, queremos que tudo seja rápido ainda que isso signifique perder uma grande oportunidade para nossa vida ou cometer um grande erro. A sociedade cultiva a impaciência, o ritmo frenético, o estresse que nos deixa levar sem perceber todas as consequências disso, até que elas gritam através de doenças. Em algum momento nos inunda o sentimento de não ter vivido para nós, por nós, porque talvez estejamos sempre voltados para o outro, para o sistema, para o trabalho, e não para dentro de nós.

Além disso, vivemos as consequências físicas e mentais de não saber esperar. Aparecem as doenças psicossomáticas e os conflitos pessoais e interpessoais, já que nem tudo é como queremos e os outros podem muitas vezes também não colaborar para que seja tudo para já. A paciência nos permite viver a vida a qualquer momento. Ajustamos nossos comportamentos e seguimos avançando e acompanhando a vida, ajustando nosso pensamento, sentimento e comportamento a isto chamo crença da tríade cognitiva a tudo e ao momento. Trata-se de não querer que seja de outra maneira, todavia sim de saber esperar e manter a calma, a paciência para que as coisas ocorram só quando elas têm que ocorrer de fato.
         Ser paciente não significa ser passivo, muito cuidado com isso se você está pensando assim. Agir e esperar o que cada situação pede, com cautela e respeito, sem forçar um resultado. Não é esperar que a resolução venha por meio de um milagre, mas sim, por meio de reflexões e ponderações. Bons resultados geralmente são frutos de maturação, acontecem aos poucos e se tornam mais duradouros. Paciência requer a capacidade de suportar incômodos e dificuldades, de persistir e agir no tempo certo [Quando Você Não Sabe O que Fazer] e neste momento a paciência é uma proteção vital que fará com você encare a dor de esperar,  pois compreende e reflete que [Quando Você Não Sabe O Que Fazer], só resta ajustar o comportamento para ser o menos afetado possível pela angustia da espera.
         A psicologia do cotidiano está observando nas filas, as sensações de quem espera atendimento no supermercado, na lotérica, no pronto socorro do hospital, por um ônibus e até no teatro, no acessar a internet e redes sociais e outros que você imagina. As filas estão em todo o lugar. Esperar por atendimento é uma tortura, imagina então para a concretização de um objetivo como conseguir emprego, esperar pelo resultado do vestibular, esperar receber o feedback do processo seletivo, esperar pelo sim ao pedir a garota em namoro, isto trás irritação, nervosismo e tédio. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Na fila de espera, os minutos passam, o dia vai ficando mais curto e as demandas para serem resolvidas maiores. Em meio a correria do dia a dia, quem é que gosta de perder tempo? Tempo é vida e o valor da vida não tem preço. Perder tempo em filas é desperdiçar momentos importantes que poderiam ser vividos de uma maneira mais saudável. Mas, o que é possível fazer para que o indivíduo não tenha que esperar tanto? As expectativas das pessoas são afetadas, diretamente da maneira como elas se sentem com relação a fila e ao tempo esperado. A incerteza de não saber quanto tempo terá que aguardar para ser atendida e a falta de informação sobre o motivo da demora tendem a deixar o sujeito estressado e insatisfeito com os serviços quando não sabe o que fazer no ato de esperar.
O que o sujeito precisa compreender e refletir é se o que ele deseja é algo valioso, importante, então será eficaz que pratique a paciência, suporte a dor gerada pelo tempo de espera e entender,  que não é pelo fato de não saber o que fazer que está esperando, mas sim por almejar algo que exige o ato de suportar a dor de esperar, e que neste exato momento age alienado pensando que não sabe o que fazer, embora saiba que deve exercitar a paciência que se apresenta irrefletida na consciência devido ao cultivo da impaciência reproduzida pela sociedade.
Entender que não se tem nada melhor que possa ser feito ou independente do que tentar fazer nada vai produzir ação que o leve a  sair do tempo de espera, ou seja, permanecerá na angustia da espera que exigirá a paciência. A incerteza com relação ao tempo amplifica o estresse relacionado à espera [quando você não sabe o que fazer], e a falta de informações e explicações sobre o motivo da demora experimentada só ajuda a piorar a situação. Portanto, para enfrentar longos momentos de espera que é algo inevitável, em filas sejam elas quais forem, tente ter sempre à mão algo com o que ocupar a mente e o tempo. Pode ser um bom livro, um jogo divertido ou até mesmo uma seleção com músicas que você gosta, o que também poderá ajudar a camuflar as reclamações e os suspiros exasperados dos demais ocupantes da fila.
Já em outras situações de espera, pratique esporte enquanto espera pelo emprego, assista um bom filme, viaje, tome um sorvete e outros exemplos que vier agora em sua imaginação enquanto termina a leitura deste artigo. Contudo o escritor usou da situação e resolveu superar a dor da esperar, ao escrever o artigo e transmitir informações relevantes aos leitores. Crie estratégias e as coloque em prática para superar a dor da espera quando você imagina que não sabe o que fazer, mas você sabe sim o que fazer que é ajustar os pensamentos, os sentimentos e o comportamento para controlar as emoções e exercitar a proteção vital para sua vida a paciência.




Referência Bibliográfica
FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII

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