Julho/2019. Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo
CRP 06/147208
Agir
é atuar, comportar-se de que modo na presença de uma situação que provoque
raiva ou apenas uma situação que o leve a consequências catastróficas, estando Ego
subjugado ao Id. Assistindo ao Filme no
Netflix Vis a vis que narra o sistema prisional feminino e numa fala de um ator
no papel de psiquiatra e médico da prisão, onde ele fala para a diretora que é
necessário pensar antes de agir, devido as consequências. No sistema prisional
a pulsão de morte impera drasticamente. O Id é o componente nato dos
indivíduos, ou seja, as pessoas nascem com ele. Consiste nos desejos, vontades
e pulsões primitivas, formado principalmente pelos instintos e desejos orgânicos
pelo prazer.
As
mulheres e todo o sistema prisional são regidos pela pulsão de morte, ou seja,
o Id atuando através do impulso de agressividade é manifestado, antes do
raciocínio lógico, prevalecendo o impulso agressivo verbal, físico ou de
silêncio sobre o pensar. Pude observar diversas cenas que em que os atores se
comportaram impulsivamente. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e
elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à
repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro
de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior
for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que
esse passado recalcado desperta em nós.
O “ego” precisa enfrentar o “id”, pois senão
tomaríamos apenas decisões baseadas em nossos instintos ou tendência ou impulso
espontâneo e irrefletido [não reflete, não pensa, impensado, inconsiderado,
estouvado]. No entanto, Freud também acreditava que a luta entre o id, o
ego e o superego às vezes geram um estresse no processo mental que, por sua
vez, produz sofrimento ou até mesmo psicopatologias. A psicanálise serve para
reequilibrar essas forças que estão em constante luta. ego não existe sem o id;
ao contrário, o ego extrai sua força do id. O ego existe para ajudar o id e
está constantemente lutando para satisfazer os instintos do id. Freud comparava
a interação entre o ego e o id com o cavaleiro montando um cavalo fornece
energia para mover o cavaleiro pela trilha, mas a força do animal deve ser
conduzida ou refreada com as rédeas, senão acaba derrotando o ego racional.
Funções
mentais como sensação, percepção, atenção, memória, pensamento, linguagem,
motivação, aprendizagem e outros, são caracterizadas na psicologia como Processos
Psicológicos Básicos, onde o Pensamento: É a capacidade de
compreender, formar conceitos e organizá-lo. Estabelece relações entre os
conceitos por meio de elementos de outras funções mentais (como as vistas
anteriormente), além de criar novas representações, ou seja, novos pensamentos.
O pensamento possibilita a associação de dados e sua transformação em
informação estando consequentemente associado com a resolução de problemas,
tomadas de decisões e julgamentos. Agora a Emoção: É um estado mental
subjetivo associado a uma ampla variedade de sentimentos, comportamentos e
pensamentos. Ela desempenha um papel central nas atividades humanas, já que as
emoções alteram a atenção e o nível do comportamento resultando em diferentes
respostas do indivíduo. Pode ser considerada como uma espécie de depósito de
influências aprendidas e inatas.
A
principal função das emoções é gerar comportamentos que garantam a
sobrevivência do indivíduo diante de um estímulo externo, seja para proteger ou
impulsioná-lo a realizar algo. A raiva, por exemplo, é uma energia responsável
por impulsionar o indivíduo a agir para superar as dificuldades de forma
construtiva ou destrutiva. Expectativas e desejos frustrados são os principais
causadores desse sentimento, que é muito importante para que indivíduo reaja às
situações que estão prejudicando sua vida. Todos os indivíduos estão
suscetíveis a sentir raiva, uma vez que o ser humano estabelece relações
afetivas em todas as esferas da vida e tende a criar muitas expectativas.
Quando as expectativas não são atendidas, a frustração e a raiva podem se
manifestar. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920,
p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado
experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo
há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram
reprimidos.
Temos
pensamentos sobre o passado (lembranças) e pensamentos sobre o futuro (sonhos,
imaginações, expectativas, planejamentos). Além dos pensamentos de constatação,
sobre o passado ou sobre o futuro, também podemos aprender sobre nós mesmos
imaginando que certos pensamentos são atribuíveis a um ou mais personagens
internos. Se conseguirmos superar as resistências, podemos vir a entrar em
contato com tais facetas escondidas ou inconscientes de nós mesmos, acelerando
o nosso processo de individuação.
Todos
nós podemos perceber quando estamos chateados, ou quando nos comportamos de
maneira rancorosa e vingativa. No entanto, sabemos identificar bem a situação
que nos deixa com raiva? Como podemos aprender a controlar a raiva e a mostrar
nosso ódio no momento certo e com a pessoa adequada? Tudo isso requer um grande
trabalho pessoal. Aprender a controlar a raiva é um desafio que muitos não
superam. Trata-se de aprender a tolerar a frustração e saber canalizá-la de
forma adequada para não a desviar nem afetar mais campos do que deveria, nem
por mais tempo do que é permitido. Controlar a raiva requer um trabalho
intrapessoal, isto é, consigo mesmo, e interpessoal, com os outros.
Talvez
o erro esteja em acreditar que são as circunstâncias externas e os outros que
provocam a raiva, mas na realidade isso é algo pessoal. Nem todos ficamos com
raiva nem nos irritamos sempre com a mesma coisa. Conhecer a mim mesmo me dá as ferramentas
para saber que há coisas que não posso tolerar porque afetam uma parte de mim
de que não gosto, não conheço, e tenho que seguir trabalhando nela. Ficar com
raiva é normal e saudável, mas nossa responsabilidade também é saber como
controlar a raiva com a pessoa adequada e no momento certo, não deixar que ela
se prolongue e aprender a comunicar aquilo de que não gostamos e que nos causa
infelicidade. Calar o que nos irrita não é uma solução permanente para o
problema.
Saber
pensar e não reagir para controlar a raiva e depois comunicar: Mostrar como eu
me sinto: é importante falar sobre a forma como eu me sinto, e não sobre a ação
ou as palavras do outro. É diferente dizer “Me sinto excluído quando você não
faz planos comigo” e “Sinto raiva quando você sai com seus amigos”. Propor
soluções: aqui está o desafio mais importante: não só mostro como me sinto, mas
também o que quero alcançar “Poderíamos encontrar algum espaço para continuar
fazendo atividades juntos”.
O
objetivo da agressividade é dominar, intimidar, manipular, magoar, e injuriar a
outra pessoa, “Vencer a qualquer custo.” Por outro lado, o objetivo da
assertividade é exprimir sentimentos de Raiva de maneira honesta e construtiva
para com as outras pessoas (reciprocidade). A agressividade é colocado que no
interior do sujeito, como há a pretensão de tornar a pulsão de morte
inofensiva, a agressividade seria vista como versão de Eros; e que quando a
agressividade é colocada no exterior ela seria destruição, uma versão da pulsão
de morte, sendo uma forma ruidosa que o sujeito encontra para se preservar na
cultura do [sistema prisional; ambiente hostil; internação compulsória circuito
fechado]. [...] Para Freud (1996h), quando o superego se estabelece,
grande parte do instinto de destruição acaba por se fixar no ego, gerando
ataques autodestrutivos. A partir desta perspectiva, conter a agressividade é
perigoso, e vê-se muitas vezes num acesso de raiva pessoas que se auto agridem
quando queriam mesmo investir esta agressividade no outro. Por conseguinte,
parte da agressividade permanece no interior do indivíduo, podendo causar a
morte deste, porém isso só ocorre quando sua luta contra o mundo é malsucedida.
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Referência
Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar,
repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
S. (1996h). A mente e o seu funcionamento. In: S. Freud. Moisés e o monoteísmo,
esboço de psicanálise e outros trabalhos (pp. 157-179). Rio de Janeiro: Imago. v.
XXIII. (Original publicado em 1939).
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