Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo convida o leitor a pensar na questão emprego-salário mínimo. Na abordagem psicanalítica, a análise das
motivações e comportamentos de um indivíduo que só consegue empregar-se em
trabalhos que pagam apenas o salário mínimo pode envolver diferentes fatores.
É
importante lembrar que a psicanálise busca compreender os processos
inconscientes que influenciam o comportamento humano. Vou tentar explicar de
forma simplificada alguns possíveis estímulos, mas lembre-se de que cada caso é
único e complexo, e essa é apenas uma perspectiva:
Inconsciente:
De acordo com a psicanálise, o inconsciente é uma parte da mente que contém
impulsos, desejos, memórias e experiências reprimidas, muitas vezes originadas
na infância. Pode ser que o sujeito tenha crenças inconscientes relacionadas à
sua autoimagem e autovalorização, o que pode levá-lo a aceitar trabalhos com
remuneração baixa, como se sentisse que não merece mais do que o salário
mínimo. E aqui não posso deixar de lado a crença no evangelho.
De
acordo com a psicanálise, a mente humana é composta por três instâncias: o
consciente, o pré-consciente e o inconsciente. O consciente compreende os
pensamentos e sentimentos dos quais temos plena percepção. O pré-consciente
abarca os conteúdos visualizados que não estão imediatamente disponíveis, mas
podem ser trazidos à consciência com facilidade. Por fim, o inconsciente
consiste em desejos, memórias, impulsos e experiências reprimidas que têm um
papel significativo em nossa psique.
A
psicanálise considera que as motivações e desejos inconscientes podem
influenciar nossas escolhas e comportamentos de maneira sutil. No caso
mencionado, a crença religiosa pode desempenhar um papel importante nesse
processo. O indivíduo pode internalizar a ideia de que seu propósito de vida é
pregar o evangelho e servir a Deus. Essa crença pode se manifestar de maneira
inconsciente e influenciar suas escolhas profissionais.
A
psicanálise também postula que as experiências da infância e os relacionamentos
com figuras de autoridade, como pais ou líderes religiosos, podem moldar as
crenças e os valores de um indivíduo. Se uma pessoa foi ensinada desde cedo a
elevar o serviço religioso e acreditar que trabalhar para Deus é sua principal
missão na vida, isso pode afetar suas escolhas profissionais e a forma como
enxerga seu trabalho.
Cada
indivíduo é único e suas motivações podem variar amplamente. Além disso,
fatores sociais, culturais e femininos também desempenham um papel
significativo na escolha de um emprego.
A
abordagem psicanalítica sugere que a crença religiosa pode influenciar
inconscientemente as escolhas de trabalho de um indivíduo, especialmente se
essa crença estiver enraizada em experiências da infância e em experiências
adultas. No entanto, é importante considerar todos os aspectos da vida de uma
pessoa, como contexto social e econômico, ao analisar suas escolhas
profissionais.
De
acordo com a psicanálise, a mente é composta por diferentes partes: o id, o ego
e o superego. O id é a parte mais primitiva e impulsiva da mente, guiada pelos
desejos e necessidades básicas. O superego representa os ideais, normas e
valores internalizados da sociedade e doutrinas religiosas, enquanto o ego
tenta equilibrar as demandas do id e do superego.
No
contexto religioso, a crença em Deus e a adoção de uma religião podem ter um
papel significativo no desenvolvimento do superego de uma pessoa. O superego,
influenciado pelas normas religiosas, pode estabelecer padrões e valores morais
que são considerados como a vontade de Deus par o ego [sujeito]. Nesse caso, o
superego do cristão pode estar internalizando a ideia de que servir a Deus é
uma prioridade acima de buscar sucesso financeiro ou material.
Deste
modo o trabalho realizado pelo cristão em empregos que pagam o salário mínimo,
é provável ser uma expressão inconsciente desse conflito entre as demandas do
superego e do id. O indivíduo pode acreditar que ao trabalhar em empregos com
aprendizagem mais baixa e com gratificações inferiores, está se aproximando de
uma vida mais humilde e aprendendo com os ensinamentos religiosos. Essa pode
ser vista como uma forma de se dedicar ao serviço de Deus, pregando o evangelho
para pessoas com as quais ele entra em contato no ambiente organizacional.
Complexo
de inferioridade: O sujeito pode ter desenvolvido um complexo de inferioridade,
sentindo-se inadequado ou desvalorizado. Esse complexo pode estar ligado a
experiências passadas de rejeição, comparação com outras pessoas ou críticas
negativas. Como resultado, ele pode buscar empregos com salário mínimo, talvez
inconscientemente, como forma de reforçar seu senso de inferioridade e
confirmar suas crenças negativas sobre si mesmo.
Medo
do sucesso: Algumas pessoas têm um medo inconsciente do sucesso, muitas vezes
relacionado a ansiedades profundas. Pode ser que o sujeito associe o sucesso
com expectativas elevadas, pressões adicionais ou medo de não conseguir
corresponder às suas próprias conquistas. Nesse caso, trabalhar em empregos com
salário mínimo pode ser uma forma de evitar o sucesso e a responsabilidade
associada a ele.
Dinâmicas
familiares: A psicanálise também considera as influências familiares no
desenvolvimento psicológico. Padrões aprendidos na infância, dinâmicas
familiares disfuncionais ou modelos parentais podem ter um impacto
significativo na forma como o sujeito se percebe e busca sua própria
sustentação. Se o sujeito cresceu em um ambiente onde o salário mínimo era
comum ou onde não havia exemplos de sucesso financeiro, ele pode internalizar
essas experiências e reproduzi-las em sua vida adulta.
É
importante ressaltar que essa explicação é apenas uma perspectiva da abordagem
psicanalítica e que cada situação é única. Outras abordagens psicológicas podem
oferecer diferentes explicações e entender os estímulos de forma distinta. É
recomendável buscar a ajuda de um profissional qualificado, como um
psicanalista, para uma análise mais aprofundada e personalizada do caso.
Repetição
de padrões: A psicanálise enfatiza a tendência humana de repetir padrões
inconscientemente. Se o sujeito cresceu em um ambiente onde a escassez
financeira era predominante, pode ocorrer uma repetição desses padrões na vida
adulta. Isso significa que, mesmo que existam oportunidades de emprego com
salários mais elevados disponíveis, o sujeito pode inconscientemente buscar situações
que reproduzam o familiar ambiente de escassez.
Identificação
com figuras de autoridade: Durante a infância, a criança tende a se identificar
com figuras de autoridade, geralmente os pais ou cuidadores. Se essas figuras
de autoridade tinham uma atitude negativa em relação ao dinheiro, associando-o
a problemas, ganância ou corrupção, o sujeito pode internalizar essas atitudes
e desenvolver uma aversão inconsciente a ter mais dinheiro. Assim, ele pode se
sentir mais confortável em trabalhos com salário mínimo, como uma forma de
evitar as conotações negativas que o dinheiro pode ter para ele.
Satisfação
inconsciente em ser submisso: Algumas pessoas podem experimentar uma satisfação
inconsciente em assumir papéis submissos ou dependentes. Isso pode ser
resultado de dinâmicas de poder na infância, como a relação com pais
autoritários ou a internalização de ideias sobre o valor de ser
"humilde" ou "submisso". Novamente a religião prega a
importância da humildade. Nesse contexto, o sujeito pode se sentir mais
confortável em trabalhos com salário mínimo, pois isso pode reforçar sua
posição submissa e evitar o confronto com seu próprio poder e autonomia.
Medo
do julgamento social: O sujeito pode ter medo do julgamento social associado a
trabalhos que ofereçam uma remuneração maior. Isso pode ser resultado de uma
preocupação inconsciente de ser percebido como ambicioso, ganancioso ou
egoísta. O sujeito pode preferir se conformar com um trabalho que paga o
salário mínimo, acreditando que isso o tornará mais aceitável socialmente e
evitará possíveis críticas ou inveja.
Cada
indivíduo é único, e múltiplos fatores psicológicos e contextuais podem
influenciar sua relação com o trabalho e a remuneração.
Autoestima
e autossabotagem: A autoestima desempenha um papel crucial na busca por
oportunidades de emprego e no estabelecimento de metas. Se o sujeito tem uma
baixa autoestima ou falta de confiança em suas habilidades, pode se auto
sabotar ao buscar apenas empregos com salário mínimo. Isso ocorre porque a
remuneração mais baixa corresponde às suas crenças limitantes sobre seu próprio
valor e competência, evitando a possibilidade de enfrentar desafios e
responsabilidades maiores.
Conflito
entre prazer e realização: De acordo com a teoria psicanalítica, o ser humano
busca a satisfação de impulsos e desejos, que podem ser classificados em duas
categorias principais: o princípio do prazer e o princípio da realidade. O
princípio do prazer refere-se ao desejo imediato de gratificação e evitação do
desconforto, enquanto o princípio da realidade envolve a consideração das
restrições e demandas externas.
Se
o sujeito associa trabalhos que pagam o salário mínimo com menor pressão, menor
responsabilidade e maior liberdade para buscar prazeres pessoais fora do
trabalho, pode preferir essa opção em detrimento de empregos mais desafiadores
que ofereçam uma remuneração melhor.
Embora
possa ser o contrário o indivíduo tem consciência que o trabalho com salário
mínimo tem maior pressão, maior responsabilidade e menor liberdade na busca das
satisfações pessoais, mas se enxerga na compulsão a repetição e não consegue
demover-se desta posição.
Relação
com o trabalho e identidade: A psicanálise também explora a relação entre o
trabalho e a identidade de um indivíduo. O tipo de trabalho que escolhemos ou
conseguimos pode estar ligado à nossa percepção de nós mesmos e ao nosso senso
de identidade. Se o sujeito possui uma visão negativa do trabalho em geral,
pode associar empregos com salário mínimo a um maior grau de liberdade, menos
pressão e menos envolvimento emocional.
Ou
menor grau de liberdade, maior pressão e mais envolvimento emocional, nenhuma
aplicação e prática dos saberes técnicos ou acadêmicos. Essa percepção pode se
tornar parte de sua identidade, limitando suas opções de emprego e reforçando a
tendência de buscar trabalhos com remuneração mais baixa. Ou se afadigando por
estar ceceado ante as aplicações e prática da formação seja, acadêmica ou
técnica.
Resistência
à mudança: A psicanálise também destaca a resistência à mudança como um aspecto
psicológico comum. Mesmo que o sujeito esteja insatisfeito com empregos que
pagam o salário mínimo, ele pode encontrar dificuldade em buscar novas
oportunidades ou se aventurar em empregos com remuneração melhor. Essa
resistência pode estar relacionada ao medo do desconhecido, ao medo de falhar
ou ao receio de enfrentar novos desafios e responsabilidades.
É
importante lembrar que a psicanálise busca analisar os processos mentais
inconscientes e que as influências em cada indivíduo podem ser complexas e
multifacetadas. Essas explicações são apenas algumas possibilidades dentro da
abordagem psicanalítica e não devem ser consideradas como uma explicação
definitiva para todos os casos. A consulta a um profissional qualificado em
psicanálise ou psicologia pode ajudar a entender os estímulos específicos que
podem estar influenciando o comportamento do sujeito em relação aos empregos
que escol
Padrões
de gratificação imediata: A psicanálise também explora a busca por gratificação
imediata e a resistência em adiar recompensas. Se o sujeito valoriza mais o
prazer imediato do que investir em seu crescimento profissional a longo prazo,
ele pode se sentir mais inclinado a aceitar empregos com salário mínimo, mesmo
que isso signifique uma estagnação financeira. Esse padrão de gratificação
imediata pode estar ligado a impulsos inconscientes, dificuldade em adiar a gratificação
e baixa tolerância à frustração.
Relação
com o dinheiro: A psicanálise reconhece que a relação de um indivíduo com o
dinheiro é influenciada por fatores psicológicos. Se o sujeito tem uma relação
conflituosa com o dinheiro, pode manifestar comportamentos auto sabotadores
relacionados a empregos com salário mínimo. Isso pode incluir sentimento de
culpa em ter mais dinheiro, crenças negativas sobre a obtenção de riqueza ou
uma associação negativa entre dinheiro e felicidade.
Esses
fatores podem levar o sujeito a se contentar com um emprego que ofereça apenas
o salário mínimo, como uma forma de aliviar a tensão psicológica associada ao
dinheiro. Ou chegando até pensar que se não tem muito poder aquisitivo, não
pode ser novamente roubado por familiares.
Influências
socioculturais: A psicanálise também considera a influência do ambiente
sociocultural na formação da psique de um indivíduo. Normas sociais, valores
culturais e sistemas de crenças podem afetar a percepção de sucesso, trabalho e
remuneração. Se o sujeito foi criado em um ambiente em que o valor do trabalho
era desvalorizado, ou se a cultura dominante enfatiza a subserviência e a
conformidade em relação à remuneração, isso pode afetar sua busca por empregos
que pagam apenas o salário mínimo.
Traumas
e experiências passadas: A psicanálise também reconhece a importância das
experiências traumáticas passadas na formação da psique de um indivíduo. Se o
sujeito passou por experiências traumáticas relacionadas a trabalho, exploração
ou exploração financeira, isso pode criar uma associação negativa com o sucesso
financeiro. Esses traumas podem influenciar suas escolhas profissionais,
levando-o a buscar empregos com remuneração baixa como uma forma de evitar
reviver essas experiências dolorosas.
Conflitos
e ambivalências internas: A psicanálise reconhece que os indivíduos podem
experimentar conflitos internos entre desejos e motivações opostas. No contexto
do emprego e da remuneração, o sujeito pode sentir uma ambivalência em relação
ao sucesso financeiro. Por um lado, ele pode desejar ter uma vida confortável e
melhores condições financeiras. Por outro lado, pode haver uma resistência
inconsciente a se destacar, atrair atenção indesejada ou enfrentar as demandas
e expectativas associadas a empregos mais remunerados. Essa ambivalência pode
levar o sujeito a buscar trabalhos com salário mínimo como um compromisso entre
essas forças internas conflitantes.
Autorregulação
emocional: A psicanálise também destaca a importância da autorregulação
emocional na forma como lidamos com o trabalho e a remuneração. Se o sujeito
tiver dificuldade em lidar com emoções intensas, como ansiedade, estresse ou
pressão, ele pode preferir trabalhos com salário mínimo, que oferecem menos
responsabilidade e menor exposição a essas emoções desafiadoras. Assumir um
emprego com maior remuneração pode ser percebido como um risco emocionalmente
mais elevado, o que pode levar o sujeito a evitar essas situações.
Autoconceito
e identificação profissional: A forma como o sujeito se enxerga
profissionalmente e o seu autoconceito podem influenciar suas escolhas de
emprego. Se o sujeito tem uma autoimagem negativa em relação às suas
habilidades, qualificações ou competências, ele pode se sentir mais confortável
em buscar trabalhos que correspondam a esse baixo autoconceito, como aqueles
que pagam apenas o salário mínimo. A identificação com empregos de baixa
remuneração pode se tornar parte da identidade profissional do sujeito,
reforçando sua visão limitada de si mesmo.
História
de relacionamentos e dependência emocional: A psicanálise reconhece a
importância das relações interpessoais na formação da psique de um indivíduo.
Se o sujeito tem um histórico de relacionamentos marcados por dependência
emocional, em que ele busca a aprovação ou segurança de outros, ele pode
repetir esse padrão nos empregos. Aceitar trabalhos com salário mínimo pode ser
uma forma de buscar essa dependência e proteção, evitando a necessidade de se
posicionar de forma mais autônoma e independente.
Conformidade
social e pertencimento: A psicanálise reconhece a necessidade humana de
pertencer a um grupo e de se conformar às normas sociais. Se o sujeito cresceu
em um ambiente onde a maioria das pessoas ao seu redor está empregada em
trabalhos com salário mínimo, ele pode sentir uma pressão inconsciente para se
conformar a esse padrão. O medo de se destacar ou de ser visto como diferente
pode levar o sujeito a buscar empregos que correspondam às expectativas e ao
padrão social estabelecido.
Fantasias
e desejos inconscientes: A psicanálise também explora os desejos e fantasias
inconscientes que podem influenciar as escolhas de emprego. O sujeito pode ter
fantasias ocultas de dependência financeira ou de ser cuidado por outros. Essas
fantasias podem se manifestar na busca de empregos com salário mínimo, em que o
sujeito se sente mais protegido e amparado financeiramente, evitando assim a
responsabilidade e o desafio de assumir um trabalho com remuneração mais alta.
Recreação
de dinâmicas familiares: A psicanálise também considera a influência das
dinâmicas familiares na formação da psique de um indivíduo. Se o sujeito
cresceu em um ambiente onde a figura principal de cuidado estava empregada em
trabalhos com baixa remuneração, ele pode reproduzir essa dinâmica na sua vida
adulta. Essa reprodução pode ocorrer como uma forma de manter uma ligação
inconsciente com a figura de cuidado e perpetuar padrões familiares
estabelecidos.
Medo
do sucesso e autorrealização: A psicanálise aborda o medo do sucesso como um
estímulo que pode influenciar as escolhas profissionais. O sujeito pode ter um
medo inconsciente de se destacar, de alcançar o sucesso financeiro ou de
atingir suas metas profissionais. Esse medo pode estar relacionado a questões
de autoestima, ao medo de ser julgado ou ao medo de lidar com as
responsabilidades e as mudanças que o sucesso pode trazer. Buscar empregos com
salário mínimo pode ser uma forma de evitar enfrentar esses medos e se manter
em uma zona de conforto familiar.
Comportamentos
auto sabotadores: A psicanálise considera a presença de comportamentos auto sabotadores
na busca de empregos com salário mínimo. O sujeito pode se sabotar
inconscientemente, evitando oportunidades de trabalho com melhor remuneração,
por medo de falhar, de não corresponder às expectativas ou de ser confrontado
com seus próprios medos [ser roubado por familiares] e limitações. Esses
comportamentos auto sabotadores podem ser uma manifestação das dinâmicas
internas e dos conflitos psicológicos do sujeito.
Estrutura
psíquica: A psicanálise considera a estrutura psíquica de um indivíduo,
composta pelo id, ego e superego. Se o sujeito possui um id mais dominante, que
busca a gratificação imediata de desejos e impulsos, ele pode ter dificuldade
em adiar a gratificação financeira e se sentir mais inclinado a aceitar
empregos com salário mínimo, mesmo que isso signifique uma recompensa
financeira menor a longo prazo. Nesse caso, a busca por prazer imediato pode
prevalecer sobre considerações de realização profissional e crescimento
financeiro.
Falta
de recursos e oportunidades: A psicanálise também reconhece que o contexto
socioeconômico de um sujeito pode influenciar suas oportunidades de emprego. Se
o sujeito cresceu em um ambiente com acesso limitado a recursos educacionais,
treinamento profissional ou conexões profissionais, ele pode ter menos opções
disponíveis e ser direcionado a trabalhos que pagam o salário mínimo. A falta
de oportunidades e recursos pode limitar suas perspectivas de emprego e
dificultar o acesso a empregos com remuneração mais alta.
Repetição
de padrões familiares: A psicanálise enfatiza a repetição de padrões familiares
como um fator que influencia a vida adulta de um indivíduo. Se o sujeito
cresceu em uma família em que os pais ou cuidadores estavam empregados em
trabalhos com salário mínimo, ele pode internalizar essa dinâmica como uma
expectativa e reproduzi-la em sua própria vida. A repetição desses padrões pode
ser uma forma inconsciente de manter a familiaridade e a sensação de
pertencimento ao replicar as circunstâncias familiares do passado.
Apego
ao familiar e conforto conhecido: A psicanálise também considera a influência
do apego emocional às figuras familiares e ao ambiente familiar conhecido. Se o
sujeito tem um forte apego emocional à sua família ou se sente mais seguro em
um ambiente familiar, ele pode ter uma tendência a buscar empregos que
correspondam ao nível socioeconômico familiar, como aqueles que pagam o salário
mínimo. Essa busca pode ser impulsionada pelo desejo de manter a proximidade
emocional e a sensação de segurança proporcionadas pela família. E também
empresas com hierarquia paternalista de cunho familiar.
Influência
dos traços de personalidade: A psicanálise destaca que os traços de
personalidade de um indivíduo podem influenciar suas escolhas de emprego. Por
exemplo, se o sujeito possui uma personalidade mais passiva, que esquiva ou com
baixa autoestima, ele pode sentir-se mais confortável em trabalhos com salário
mínimo, onde a demanda emocional e as responsabilidades são menores. Além
disso, a falta de confiança em suas habilidades pode levá-lo a evitar empregos
com remuneração mais alta, onde ele pode sentir-se exposto ao fracasso ou à
pressão.
Auto
sacrifício e negação de desejos pessoais: A psicanálise considera que algumas
pessoas podem ter uma tendência a se sacrificar em prol dos outros [e do
evangelho] ou a negar seus próprios desejos e aspirações. Essa dinâmica pode se
refletir na escolha de empregos com salário mínimo, onde o sujeito pode
sentir-se mais confortável em dedicar-se ao bem-estar dos outros ou em colocar
as necessidades dos outros acima das suas próprias. Isso pode estar ligado a
fatores como a busca por aprovação ou o medo de ser egoísta.
Regulação
da autoestima: A psicanálise destaca a importância da autoestima na formação da
identidade e das escolhas profissionais. Se o sujeito possui uma baixa
autoestima, ele pode acreditar que não merece ou não é capaz de obter empregos
com remuneração mais alta. Essa percepção limitada de si mesmo pode levá-lo a
buscar trabalhos que correspondam a essa visão depreciativa, como empregos que
pagam apenas o salário mínimo. Dessa forma, a remuneração se torna um reflexo
da autoimagem e da autovalorização.
Medo
da mudança e da incerteza: A psicanálise também aborda o medo da mudança como
um estímulo que pode influenciar as escolhas de emprego. O sujeito pode ter um
medo inconsciente de enfrentar a incerteza, as demandas e os desafios
associados a empregos com remuneração mais alta. Isso pode levar ao apego a
empregos com salário mínimo, que são percebidos como mais estáveis e
familiares, mesmo que isso signifique uma remuneração limitada. O medo da
mudança pode ser alimentado por ansiedades e resistências internas em lidar com
o desconhecido.
Satisfação
com a zona de conforto: A psicanálise reconhece que os seres humanos têm uma
tendência natural a buscar e manter uma zona de conforto. Se o sujeito se sente
satisfeito e seguro em sua situação atual de emprego com salário mínimo, ele
pode resistir a sair dessa zona e buscar oportunidades com maior remuneração. A
zona de conforto oferece familiaridade, estabilidade emocional e redução da
ansiedade. A busca de trabalhos que pagam o salário mínimo pode ser uma forma
de evitar riscos e manter-se em um ambiente conhecido e confortável.
Complexo
de inferioridade: A psicanálise considera que o complexo de inferioridade pode
influenciar as escolhas de emprego de um sujeito. Se o sujeito possui uma
percepção profunda de inferioridade em relação aos outros, ele pode buscar
empregos que correspondam a essa crença, como empregos com salário mínimo. Isso
pode estar relacionado a sentimentos de inadequação, incapacidade de competir
com os outros ou a uma visão negativa de si mesmo. Buscar empregos com salário
mínimo pode ser uma maneira de evitar o confronto com essas crenças internas.
Identificação
com figuras de autoridade: A psicanálise considera a influência das figuras de
autoridade na formação da personalidade e das escolhas profissionais. Se o
sujeito teve figuras de autoridade em sua vida, como pais ou professores, que
estavam empregados em trabalhos com salário mínimo, ele pode internalizar essas
referências como modelos a serem seguidos. A identificação com essas figuras
pode levar o sujeito a buscar empregos semelhantes, reproduzindo as escolhas
profissionais dos modelos de autoridade.
Traumas
e experiências passadas: A psicanálise reconhece a importância das experiências
passadas, incluindo traumas, na formação da psique de um indivíduo. Se o
sujeito teve experiências traumáticas relacionadas a empregos com remuneração
mais alta, como demissões, exploração ou abuso, ele pode desenvolver uma
aversão inconsciente a esses tipos de emprego. Essa aversão pode levá-lo a
buscar empregos com salário mínimo como uma forma de evitar a repetição dessas
experiências negativas.
Padrões
de autocuidado e autorresponsabilidade: A psicanálise considera que a
capacidade de autocuidado e autorresponsabilidade influencia as escolhas
profissionais de um indivíduo. Se o sujeito tem dificuldade em cuidar de si
mesmo de maneira adequada ou em assumir a responsabilidade por suas ações, ele
pode buscar empregos com salário mínimo, onde há menos pressão e exigências
nesse sentido. Essa escolha pode refletir uma preferência por um estilo de vida
mais tranquilo e menos demandante.
Influências
culturais e sociais: A psicanálise destaca a influência da cultura e da
sociedade na formação da identidade e nas escolhas profissionais. Se o sujeito
cresceu em um ambiente cultural e social em que empregos com salário mínimo são
predominantes ou valorizados de alguma forma, ele pode internalizar essas
normas e expectativas. A busca de empregos com salário mínimo pode ser
influenciada pela conformidade social e pela necessidade de pertencer a um
grupo cultural ou social específico.
Resistência
à mudança e à realização pessoal: A psicanálise considera que a resistência à
mudança e à realização pessoal pode ser um fator que influencia as escolhas de
emprego. Se o sujeito tem um medo inconsciente de enfrentar mudanças
significativas em sua vida ou de se confrontar com seu potencial máximo, ele
pode se sentir mais confortável em trabalhos com salário mínimo, onde há menos
pressão para crescer e se desenvolver. Essa resistência pode estar ligada a uma
falta de confiança em suas habilidades ou a um medo de enfrentar novos
desafios.
É
importante ressaltar que essas são apenas algumas perspectivas dentro da
abordagem psicanalítica e que cada indivíduo é único, com sua própria história
e experiências.
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