Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Na
psicanálise, o corpo musculoso como objeto de desejo na sociedade pode ser
interpretado a partir da relação entre o id , o ego e o superego , além de
conceitos como o narcisismo e o princípio de prazer .
1.
O Desejo do Id: O Prazer e o Corpo Musculoso
O
id representa nossos desejos mais básicos, impulsivos e inconscientes, guiados
pelo princípio do prazer . O desejo por um corpo musculoso pode ser entendido
como uma busca por:
Prazer
estético: sentir-se bem com a própria aparência.
Aprovação
e admiração: obtenha o desejo e a atenção dos outros.
Força
e poder: o corpo forte pode simbolizar superioridade e controle, o que traz
satisfação ao id.
Aqui,
o desejo pelo corpo musculoso pode ter relação com a busca de prazer, poder e
reconhecimento.
2.
A Função do Superego: Censura e Normas Sociais
O
superego representa as normas sociais, valores morais e o que é considerado
“aceitável”. A sociedade muitas vezes impõe a ideia de que o corpo musculoso é
um ideal de beleza e sucesso. Isso gera:
Pressão
social: a crença de que ter um corpo musculoso traz respeito e valor social.
Culpa
e vergonha: caso o indivíduo não atinja esse padrão, o superego pode gerar
sentimentos de inadequação.
O
superego, então, censura e controla o desejo do id, fazendo com que a pessoa
sinta que precisa se enquadrar nesse padrão corporal para ser aceita.
3.
O Papel do Ego: Equilíbrio entre Desejo e Realidade
O
ego atua como mediador entre o desejo do id e a critério do superego, levando
em conta o princípio da realidade .
O
ego avalia o que é possível fazer para atingir o corpo musculoso (dieta,
academia, cirurgia, etc.).
Ele
também lida com o medo de destruição caso o corpo ideal não seja atingido.
Se
o ego sente que não pode atender ao desejo do id e às expectativas do superego,
podem surgir mecanismos de defesa , como:
Recalque:
reprimir o desejo de ter um corpo musculoso para evitar frustração.
Racionalização:
explica a falta de um corpo musculoso dizendo que não é importante.
Projeção:
criticar quem valoriza o corpo musculoso para esconder o desejo reprimido.
4.
Narcisismo e o Corpo Musculoso
O
conceito de narcisismo na psicanálise também ajuda a entender essas
características. O corpo musculoso pode ser um reflexo do amor exagerado pela
própria imagem. Isso pode ocorrer porque:
A
busca individual pela admiração externa para estimular a autoestima.
Há
uma tentativa de preencher um vazio emocional com a valorização da aparência.
Essa
valorização pode esconder inseguranças profundas, e o corpo musculoso se torna
um objeto narcísico , simbolizando sucesso, poder e amor-próprio.
5.
Desejo, Falta e Sociedade
Na
visão psicanalítica, o desejo nasce da falta . A sociedade cria e reforça a
ideia de que o corpo musculoso preenche uma lacuna: status, facilidade, prazer
sexual e autoestima. No entanto, muitas vezes, mesmo após atingir esse ideal, a
pessoa pode continuar sentindo insatisfação, pois o desejo é insaciável.
O
id deseja o corpo musculoso pelo prazer, poder e facilidades.
O
superego impõe o padrão corporal e gera culpa se ele não for atingido.
O
ego tenta equilibrar o desejo e as critérios sociais, podendo recorrer a
mecanismos de defesa.
O
corpo musculoso pode ser um símbolo do narcisismo , buscando validação externa.
A
sociedade reforça a ideia de que esse corpo preenche uma falta , mas o desejo
permanece, pois ele nunca se satisfaz totalmente.
Na
psicologia social , o corpo musculoso como objeto de desejo é analisado a
partir das influências que a sociedade, o grupo social e a cultura exercem
sobre o comportamento, os desejos e as percepções individuais. Vamos entender
isso de forma simples.
1.
Construção Social do Corpo Ideal
A
sociedade desenvolveu e definiu padrões sobre o que é considerado um “corpo
ideal”. Em muitos contextos atuais, o corpo musculoso representa:
Força
e poder: associado à virilidade, resistência e capacidade de proteção.
Sucesso
e disciplina: ter um corpo musculoso pode indicar autocontrole, esforço e
capacidade de atingir metas.
Atração
sexual: muitas culturas apresentam o corpo musculoso como símbolo de beleza e
desejo, reforçado por mídias, filmes e redes sociais.
Ou
seja, o desejo pelo corpo musculoso não surge “do nada” — ele é moldado por
aquilo que a sociedade valoriza e admira.
2.
Influência da Mídia e Cultura de Consumo
A
mídia tem um papel central na criação desse desejo. Comerciais, filmes,
revistas e redes sociais mostram constantemente imagens de corpos musculosos
como símbolos de sucesso e felicidade. Isso gera um interesse chamado:
Padrão
de beleza hegemônico: um corpo ideal que todos deveriam almejar.
Comparação
social: as pessoas comparam seus corpos com os corpos idealizados, gerando
sentimentos de insatisfação e crenças de que, para serem desejados ou
bem-sucedidos, precisam alcançar esse padrão.
Essa
comparação pode influenciar a autoestima, fazendo com que as pessoas desejem um
corpo musculoso para se sentirem aceitas ou admiradas.
3.
Pressão Social e Conformidade
A
pressão social surge quando as pessoas sentem que precisam se encaixar em
certos padrões para pertencer a um grupo ou serem aceitas. Isso pode acontecer
através de:
Normas
sociais: regras não ditas que determinam o que é “normal” ou “desejável”. Por
exemplo, em algumas culturas, um corpo musculoso pode estar associado à
masculinidade “verdadeira”.
Conformidade:
o desejo de se ajustar ao que a maioria valoriza. Assim, a pessoa busca o corpo
musculoso para não se sentir restaurado ou restaurado.
4.
Identidade Social e Status
A
teoria da identidade social sugere que as pessoas constroem sua identidade com
base nos grupos aos quais pertencem. Um corpo musculoso pode ser visto como um
marcador de status , sinalizando que uma pessoa pertence a um grupo admirado
(como atletas, influenciadores fitness ou celebridades).
Isso
faz com que o desejo por esse tipo de corpo não seja apenas individual, mas uma
forma de promover um pertencimento e conquistar status social.
5.
Estereótipos e Masculinidade
Na
psicologia social, os estereótipos são predominantemente generalizados sobre
grupos de pessoas. O corpo musculoso muitas vezes está relacionado ao
estereótipo de um homem forte, dominante e bem sucedido. Isso gera uma
expectativa social para que homens (especializados) desenvolvam corpos
musculosos para atender a esse ideal de masculinidade.
Quem
não atende a esse padrão pode enfrentar discriminação ou estigmatização , o que
reforça ainda mais o desejo de se encaixar nesse ideal corporal.
6.
Autopercepção e Influência Social
A
teoria da autopercepção sugere que as pessoas formam suas crenças sobre si
mesmas, observando seu próprio comportamento e como os outros reagem a ele.
Quando
alguém com um corpo musculoso recebe elogios, atenção ou benefícios sociais, os
outros observam isso e desenvolvem o desejo de também alcançar esse padrão,
acreditando que isso pode trazer os mesmos resultados positivos.
7.
Desejo Socialmente Aprendido
Por
fim, na psicologia social, entendemos que o desejo pelo corpo musculoso é
aprendido socialmente , e não algo inato.
Desde
cedo, as pessoas são expostas a mensagens culturais que reforçam a ideia de que
o corpo musculoso é mais atraente, saudável e admirável.
Esse
desejo se perpetua porque está conectado à necessidade humana de acessibilidade
social, pertencimento e valorização.
Resumindo:
O
desejo pelo corpo musculoso é influenciado por padrões sociais, culturais e
midiáticos.
A
mídia e a cultura de consumo reforçam a ideia de que o corpo musculoso
representa sucesso, poder e beleza.
As
normas sociais e a pressão do grupo incentivam a conformidade a esse padrão.
O
corpo musculoso funciona como um símbolo de status e identidade social.
Estereótipos
de gênero e ideais de masculinidade também fortalecem esse desejo.
Esse
desejo é socialmente aprendido e interrompido através da observação de
recompensas sociais.
O
corpo musculoso, na perspectiva da psicologia social, é um objeto de desejo
moldado por influências culturais, sociais e midiáticas. A sociedade define
padrões sobre o que é considerado ideal e admirável, e, nesse contexto, o corpo
musculoso surge como símbolo de força, poder, disciplina e sucesso. Esse ideal
corporal é constantemente reforçado por imagens na mídia, que associa músculos
definidos à atração sexual, autoestima elevada e competência. A valorização
desse padrão cria um ciclo de desejo e busca incessante, em que a aparência
física torna-se um passaporte para reconhecimento e acessibilidade social.
A
mídia desempenha um papel central nesse processo, promovendo um padrão de
beleza hegemônico e estimulando comparações sociais. Redes sociais, filmes e
campanhas publicitárias reforçam a ideia de que o corpo musculoso está
diretamente ligado à felicidade e à prestígio. Essa exposição constante gera
insatisfação corporal e a sensação de que o sucesso e o desejo dos outros
dependem da adequação a esse modelo. Assim, a busca por um corpo musculoso não
se restringe ao desejo individual; ela representa a internalização de
expectativas sociais que moldam o comportamento e as percepções pessoais.
A
pressão social exerce uma influência significativa ao ditar normas implícitas
sobre o que é considerado atraente e indesejado. Em muitos contextos culturais,
o corpo musculoso é tratado como um requisito para a verdadeira masculinidade.
Esse padrão exige a necessidade de conformidade, pois o indivíduo percebe que o
reconhecimento e a inclusão em determinados grupos sociais estão condicionados
à sua aparência física. A busca por músculos definidos, nesse cenário, é
impulsionada pelo desejo de pertencimento e pela prevenção da exclusão.
Além
disso, o corpo musculoso é um marcador de status e identidade social. Pertencer
a grupos admirados, como atletas ou influenciadores do fitness, conferem
classificação e validação social. Esse reconhecimento reforça a noção de que o
corpo musculoso é um símbolo de superioridade e poder. A psicologia social
explica que a identidade de uma pessoa está diretamente ligada aos grupos aos
quais ela pertence. Dessa forma, o desejo por um corpo musculoso também reflete
a tentativa de afirmar essa identidade em um contexto social competitivo.
Os
estereótipos relacionados à masculinidade agravam ainda mais essa busca. A
crença generalizada de que homens fortes e musculosos são dominantes,
confiantes e bem-sucedidos alimentam o desejo por esse tipo corporal. A não
conformidade com o padrão pode gerar discriminação e estigmatização, reforçando
o ciclo de desejo e insatisfação. A pressão para atender a esses estereótipos,
muitas vezes internalizados desde a infância, leva o indivíduo a buscar o corpo
musculoso como forma de acessibilidade e valorização.
Por
fim, a psicologia social revela que o desejo pelo corpo musculoso é um aspecto
socialmente aprendido. As pessoas observam o comportamento dos outros e
percebem que aqueles que possuem corpos musculosos recebem recompensas sociais,
como elogios, oportunidades e status. Essa observação gera uma crença de que a
obtenção desse ideal corporal proporcionará os mesmos benefícios. Assim, o
desejo pelo corpo musculoso é mantido e reconstruído, pois atende à necessidade
humana de facilidade, pertencimento e valorização em um contexto social que
enaltece a aparência física como símbolo de sucesso.
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