Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Durante uma
conversa, a operadora de caixa compartilhou com o fiscal que possui, em sua
casa, a planta conhecida como comigo-ninguém-pode, e destacou que cuida
muito bem dela. Acrescentou, ainda, que não permite que ninguém entre em sua
casa. Diante dessa afirmação, o fiscal questionou: “Como assim?”. Ela então
explicou que, certa vez, uma pessoa entrou na casa de uma amiga sua e, no dia seguinte,
a planta da amiga amanheceu murcha. O fiscal, ao ouvir o relato, reagiu dizendo
que aquilo se tratava de superstição. A operadora, por sua vez, afirmou com
firmeza: “Mas existe o mal olhado”. O fiscal, curioso, perguntou se ninguém da
família dela entrava em sua casa, ao que ela respondeu de forma direta: “Não
gosto delas”.
Vamos
interpretar essa situação passo a passo, como se você fosse um iniciante na psicanálise,
considerando os principais conceitos: inconsciente, id, ego,
superego, mecanismos de defesa e transferência.
🔍 Resumo
da situação:
- A operadora de caixa contou que tem uma
planta chamada "comigo-ninguém-pode" em casa.
- Disse que cuida bem dela e ninguém entra
na casa dela.
- Contou que na casa de uma amiga, alguém
entrou e a planta ficou murcha no dia seguinte.
- O fiscal disse: “Isso é superstição”.
- Ela respondeu: “Existe mal olhado”.
- O fiscal questiona: “Ninguém da sua
família entra na sua casa?”
- Ela respondeu: “Não gosto delas.”
🧠
Interpretação psicanalítica (nível iniciante):
1.
A planta como símbolo de proteção (fantasia inconsciente):
Na
psicanálise, objetos do cotidiano muitas vezes representam algo inconsciente.
A planta “comigo-ninguém-pode” é um símbolo de proteção contra
invasões ou más energias. O nome da planta já diz muito: "Comigo
ninguém pode".
👉 Inconscientemente, ela
pode estar projetando um desejo de proteção contra pessoas que a machucam
emocionalmente.
2.
Mal olhado como expressão simbólica de inveja e medo inconsciente:
Quando
ela diz que uma pessoa entrou e a planta da amiga murchou, isso pode ser uma
forma simbólica de dizer:
👉 "A presença
daquela pessoa fez mal à energia da casa".
Na psicanálise, isso pode ser um medo inconsciente de ser invadida,
prejudicada ou ferida emocionalmente por outros.
Esse medo pode vir de experiências passadas (reais ou fantasiosas) de rejeição,
inveja ou hostilidade.
3.
A casa como representação do "eu":
Na
psicanálise, a casa pode representar o próprio psiquismo, o "eu",
ou seja, o espaço íntimo da pessoa.
👉 Quando ela diz que ninguém
entra na casa dela, isso pode simbolizar que ela não permite que os
outros entrem em seu mundo interno, emocional.
Essa atitude pode ser uma defesa contra o sofrimento emocional, contra o
“mal olhado” simbólico, que seriam as relações tóxicas ou conflitos
familiares.
4.
"Não gosto delas" (sobre a família) – possível conflito com o
superego:
Quando
ela afirma que não gosta da própria família, isso pode indicar conflitos
emocionais profundos, ressentimentos antigos, ou uma ruptura com
figuras importantes do passado.
O superego (parte moral e crítica do psiquismo) normalmente quer que a pessoa “ame
a família”.
👉 Ao rejeitá-las, ela pode
estar enfrentando culpas inconscientes, repressões ou tentando se
libertar de figuras que causaram dor emocional.
5.
Mecanismos de defesa em ação:
- Projeção: ela pode estar
projetando em outras pessoas a ideia de “mal olhado” para explicar algo
ruim que sente ou teme.
- Recalque: sentimentos
negativos em relação à família podem estar recalcados (escondidos
no inconsciente) e aparecem de forma simbólica (plantas, casas, mal
olhado).
- Racionalização:
usar a superstição como explicação pode ser uma forma de justificar
sentimentos que ela não consegue nomear claramente (como mágoa ou
raiva da família).
💡
Conclusão simples:
Ela
usou a planta e a ideia de mal olhado como uma forma simbólica de dizer:
👉 “Tenho medo de
pessoas que me fazem mal e por isso me protejo e me afasto, até mesmo da minha
família.”
Na visão psicanalítica, o que está por trás disso pode ser dor emocional
reprimida, traumas familiares, ou defesas inconscientes para não
sofrer de novo.
Comentários
Postar um comentário