Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um
psicólogo conheceu uma mulher militar Americana más a relação não deu certo.
Eles conversavam pelo whatsapp Todos os dias, mas terminam a relação virtual e
o psicólogo a disse a mulher pára bloquea lo, más ela não o bloqueia no
WhatsApp. Como um psicólogo pode elaborar o luto de ter sido enganado e sofrido
um golpe financeiro pôr uma mulher militar americana.
Pela
psicanálise, podemos entender essa situação analisando os estímulos conscientes
e inconscientes que podem influenciar a mulher a não bloquear o psicólogo.
1.
Estímulos Conscientes
No
nível consciente, a mulher pode ter razões racionais e perceptíveis para não
bloquear o psicólogo:
Respeito
e maturidade: Ela pode acreditar que, mesmo com o fim da relação, não há
necessidade de um bloqueio, pois não sente raiva ou mágoa suficiente para tomar
essa atitude.
Curiosidade:
Ela pode querer manter a possibilidade de acompanhar se ele enviará outra
mensagem no futuro.
Dúvida
ou incerteza: Mesmo tendo terminado, pode existir uma pequena parte dela que
não tem certeza absoluta de que cortar contato completamente seja a melhor
decisão.
2.
Estímulos Inconscientes
No
nível inconsciente, a psicanálise sugere que forças psíquicas estão atuando sem
que ela perceba diretamente:
Resistência
à perda: O inconsciente pode estar dificultando o desligamento total porque o
fim da relação representa uma perda. Mesmo que racionalmente ela tenha decidido
terminar, inconscientemente, pode haver um desejo de manter um vínculo mínimo.
Mecanismo
de defesa da repressão: Se o término trouxe emoções desconfortáveis, como culpa
ou saudade, seu inconsciente pode estar reprimindo esses sentimentos, e não
bloquear o psicólogo pode ser uma forma de evitar lidar com essas emoções.
Ambivalência
emocional: A psicanálise mostra que podemos sentir sentimentos opostos ao mesmo
tempo. Mesmo querendo seguir em frente, inconscientemente pode haver um desejo
de não romper completamente, mantendo uma porta aberta.
A
mulher pode acreditar que manter o contato no WhatsApp não faz diferença, mas
no fundo seu inconsciente pode estar influenciando essa escolha para evitar a
sensação de perda ou para manter uma ligação mínima, mesmo que
inconscientemente. Isso mostra como decisões aparentemente simples podem ser
guiadas por conflitos internos entre o desejo consciente e os impulsos
inconscientes.
Na
psicanálise, o luto não ocorre apenas pela perda de uma pessoa, mas também pela
perda de uma expectativa, de um ideal ou de uma ilusão. No caso de ter sido
enganado por uma mulher que se apresentava como militar americana e aplicado um
golpe financeiro, o sofrimento envolve várias camadas emocionais que podem ser
interpretadas pela psicanálise.
1.
O choque inicial e a negação (Mecanismo de defesa da negação)
Quando
alguém descobre que foi enganado, a primeira reação pode ser de incredulidade.
O ego, que busca manter a estabilidade psíquica, pode negar a realidade
temporariamente para evitar uma dor muito intensa. A pessoa pode pensar:
"Isso não pode ser verdade, deve haver um mal-entendido."
2.
A raiva e a culpa (Mecanismo de defesa da projeção e da introjeção)
Depois
que a realidade do golpe se torna inegável, pode surgir raiva. O ego sente-se
ferido porque percebe que confiou em algo ilusório. A raiva pode ser
direcionada para a mulher golpista (projeção: atribuir a culpa apenas ao outro)
ou para si mesmo (introjeção: culpar-se por ter sido enganado, achando-se
ingênuo ou descuidado).
3.
A dor da perda e o trabalho do luto
O
luto, nesse contexto, não é apenas pela perda do dinheiro, mas pelo rompimento
de uma ilusão e da confiança depositada. O superego pode ser severo e gerar
sentimentos de vergonha e humilhação, reforçando pensamentos como "Como eu
fui tolo?". O papel do psicólogo aqui é ajudar o paciente a ressignificar
essa experiência, aceitando a vulnerabilidade humana e compreendendo que a
necessidade de acreditar no outro faz parte da vida.
4.
O desejo e a repetição (Compulsão à repetição)
Se
o paciente não elabora bem esse luto, pode cair na "compulsão à
repetição", buscando novas relações parecidas, tentando inconscientemente
reparar a dor da primeira experiência. Isso ocorre porque o inconsciente tende
a repetir situações não resolvidas para tentar obter um desfecho diferente.
5.
A sublimação e o crescimento
O
ideal é que, ao elaborar essa experiência, o sujeito encontre formas de
transformar essa dor em aprendizado. Isso pode ocorrer por meio da sublimação,
mecanismo pelo qual a energia emocional é canalizada para algo produtivo, como
ajudar outras pessoas a evitar golpes ou fortalecer suas habilidades de
discernimento e análise crítica.
A
psicanálise ajuda a entender que ser enganado não é apenas uma questão
financeira, mas um golpe na autoestima e na confiança no outro. O papel do
psicólogo é auxiliar a pessoa a elaborar esse luto sem que o superego a puna
excessivamente, ajudando-a a aceitar a experiência como parte da vida, sem
permitir que o medo e a desconfiança passem a dominar seus relacionamentos
futuros.
Para
aprofundar essa elaboração, podemos explorar mais alguns conceitos psicanalíticos
e estratégias terapêuticas que ajudam a lidar com o luto do engano e da perda
financeira.
6.
O Ego Ferido e a Restauração da Autoimagem
Ser
vítima de um golpe pode abalar profundamente a autoimagem. O ego, que busca
manter uma visão coerente e positiva de si mesmo, sente-se ameaçado pelo
sentimento de ter sido enganado. Isso pode gerar um conflito interno, pois o
sujeito pode sentir que sua identidade foi abalada: “Eu sou uma pessoa esperta,
como pude cair nisso?”. Esse conflito pode gerar vergonha, um afeto que Freud
associa à autocensura imposta pelo superego.
Aqui,
o trabalho analítico ajuda a desfazer essa identificação excessiva com o papel
de vítima e resgatar a autoconfiança, mostrando que cair em um golpe não
significa ser ingênuo ou tolo, mas sim que houve uma vulnerabilidade emocional
explorada por outra pessoa.
7.
A Ilusão e a Idealização (Mecanismo de Idealização e Desilusão)
Na
psicanálise, o desejo inconsciente muitas vezes nos faz idealizar pessoas e
situações. Se a mulher que aplicou o golpe era vista como alguém especial,
admirável ou até como uma possível parceira afetiva, então a vítima pode ter
projetado nela seus próprios desejos inconscientes de segurança, afeto ou
pertencimento.
Quando
essa ilusão se desfaz, surge a desilusão, que é uma experiência dolorosa porque
representa a perda de um ideal. O trabalho psicanalítico aqui é compreender que
essa idealização foi, em parte, uma criação do próprio sujeito, e que esse
desejo por algo grandioso pode ser redirecionado para novas formas de
satisfação mais realistas e saudáveis.
8.
O Luto do Objeto Perdido e a Superação da Melancolia
Freud,
no texto Luto e Melancolia (1917), explica que o luto ocorre quando se perde um
objeto investido libidinalmente (no caso, a mulher militar e o que ela
representava). Quando o luto segue um caminho saudável, o ego aceita a perda e
redireciona sua energia para novos investimentos emocionais. Porém, se o
superego se torna muito punitivo, pode haver um estado melancólico, onde o
sujeito se culpa excessivamente, sentindo-se fracassado ou incapaz.
O
psicólogo, então, ajuda a evitar que o luto se transforme em melancolia,
trabalhando a autocompaixão e a reconstrução da confiança.
9.
O Reencontro com a Realidade e a Autonomia Emocional
A
última fase desse processo é a aceitação da realidade e o fortalecimento da
autonomia emocional. O sujeito aprende a reconhecer seus desejos inconscientes,
suas vulnerabilidades e a importância de estabelecer limites e critérios mais
claros em seus relacionamentos. O golpe pode ser visto não apenas como uma
perda, mas como um aprendizado que fortalece a capacidade de discernimento.
Conclusão:
O Psicólogo como Facilitador da Elaboração
O
psicólogo não busca apagar a dor do paciente, mas ajudá-lo a ressignificar a
experiência, reduzindo a culpa imposta pelo superego e permitindo que o ego se
reorganize de maneira mais equilibrada. O paciente deve entender que confiar
não é um erro, mas sim um traço humano essencial, e que essa confiança pode ser
reconstruída de forma mais consciente e segura.
Ao
final desse processo, o sujeito pode recuperar sua capacidade de se relacionar
sem carregar o peso da desconfiança excessiva ou do medo de ser enganado
novamente, encontrando um novo equilíbrio entre emoção e razão.
Para
aprofundar ainda mais a elaboração psicanalítica desse luto, podemos explorar
alguns aspectos adicionais da dinâmica psíquica e estratégias para fortalecer o
ego diante da experiência do golpe.
10.
O Superego Punitivo e a Necessidade de Autocompaixão
Quando
alguém sofre um golpe financeiro, principalmente por ter confiado em outra
pessoa, o superego pode se tornar extremamente punitivo. Ele atua como um juiz
interno que critica e julga:
"Você
deveria ter sido mais esperto."
"Como
pôde acreditar nisso?"
"Você
nunca mais pode confiar em ninguém."
Esse
ataque do superego pode gerar sentimentos de culpa e vergonha, impedindo a
elaboração saudável do luto. Na terapia, o trabalho consiste em suavizar essa
autocrítica, ajudando o sujeito a compreender que sua confiança foi explorada
por um manipulador e que isso não define sua inteligência ou valor pessoal. A
autocompaixão é um recurso essencial nesse processo.
Intervenção
terapêutica:
Trabalhar
a reestruturação cognitiva para reduzir pensamentos autodepreciativos.
Explorar
experiências passadas de confiança saudável para restaurar a crença na própria
capacidade de julgamento.
Utilizar
técnicas de relaxamento e mindfulness para diminuir a autocensura do superego.
11.
O Narcisismo Ferido e a Restauração da Autoestima
Freud,
em Introdução ao Narcisismo (1914), explica que o narcisismo é um investimento
libidinal no próprio ego. Quando alguém é enganado, essa autoestima pode ser
profundamente abalada, porque a pessoa sente que sua capacidade de
discernimento foi comprometida. Isso pode gerar um estado de retraimento
emocional, onde o sujeito passa a evitar novos relacionamentos ou oportunidades
por medo de ser enganado novamente.
Intervenção
terapêutica:
Explorar
a autovalorização além da experiência do golpe, resgatando aspectos positivos
da identidade do paciente.
Trabalhar
a percepção de que cair em um golpe não define a inteligência ou valor pessoal.
Incentivar
a retomada de atividades que proporcionem senso de competência e controle.
12.
O Desejo Inconsciente e a Vulnerabilidade Explorada
Na
psicanálise, todo comportamento tem raízes no inconsciente. Muitas vezes, a
pessoa enganada foi seduzida por promessas que respondiam a desejos internos
profundos:
Segurança
financeira.
Afeto
e atenção.
Status
ou pertencimento.
A
manipulação ocorre quando o golpista reconhece e explora essas
vulnerabilidades. Compreender que a vítima foi enganada porque tocou em um
desejo inconsciente ajuda a ressignificar a experiência e evitar que isso se
repita no futuro.
Intervenção
terapêutica:
Explorar
o que a vítima desejava profundamente na relação com o golpista.
Trabalhar
a identificação de padrões inconscientes de desejo e carência emocional.
Desenvolver
uma postura mais crítica e consciente diante de futuras interações.
13.
O Medo de Repetição e a Reintegração da Confiança
Após
um golpe, o sujeito pode desenvolver um medo exagerado de confiar novamente em
alguém, levando a um estado de vigilância constante. Esse medo pode prejudicar
não apenas a vida financeira, mas também a vida afetiva e social. A compulsão à
repetição pode fazer com que a vítima, inconscientemente, procure situações
semelhantes para tentar “corrigir” o erro, recaindo no mesmo padrão.
Intervenção
terapêutica:
Trabalhar
o equilíbrio entre confiança e prudência.
Explorar
o medo da repetição do trauma e desenvolver estratégias para prevenir novas
situações semelhantes.
Reforçar
a capacidade de discernimento do paciente sem gerar paranoia ou isolamento.
14.
A Sublimação e a Transformação da Experiência
A
psicanálise entende que o sofrimento pode ser transformado por meio da
sublimação, que é o redirecionamento da energia psíquica para atividades
produtivas. O paciente pode usar essa experiência dolorosa para desenvolver
maior inteligência emocional, auxiliar outras pessoas e fortalecer sua própria
jornada de autoconhecimento.
Intervenção
terapêutica:
Incentivar
o paciente a encontrar um propósito na experiência, como educar outras pessoas
sobre golpes e manipulações.
Trabalhar
a ressignificação do trauma como um aprendizado valioso.
Explorar
formas de canalizar a energia emocional para projetos criativos, intelectuais
ou sociais.
15.
O Fim do Luto e a Reconstrução Psíquica
Elaborar
o luto de um golpe financeiro não significa esquecer a experiência, mas sim
integrá-la de forma saudável à identidade do sujeito. O objetivo é que, ao
final do processo terapêutico, a vítima não se veja mais como um fracassado ou
ingênuo, mas sim como alguém que aprendeu, cresceu e se fortaleceu com a
experiência.
A
psicanálise permite compreender que ser enganado não é apenas um evento
financeiro, mas uma ferida no ego, uma perda narcísica e um confronto com os
próprios desejos inconscientes. O psicólogo, ao guiar o paciente nesse
processo, ajuda a transformar essa dor em aprendizado, permitindo que o ego
saia mais forte, o superego menos punitivo e o id mais consciente de suas
vulnerabilidades e desejos.
Com
essa elaboração, o sujeito pode recuperar sua autoconfiança e seguir sua vida
sem carregar o peso da culpa ou do medo de novas relações.
Parece
que o psicólogo escolheu inconsciente se envolver com a golpista militar
através das fotos que ele visualizava sem saber que estáva sendo manipulado e
enganado más escolheu se mostrar autêntico para ela
Exatamente!
Na perspectiva psicanalítica, podemos interpretar esse envolvimento como um
jogo entre desejo inconsciente, idealização e a busca por reconhecimento. O
psicólogo pode ter projetado na golpista certos ideais ou carências internas,
sem perceber que estava sendo manipulado.
1.
O Desejo Inconsciente e a Escolha de Se Envolver
O
desejo inconsciente é um dos pilares da psicanálise. Muitas vezes, buscamos
relações que parecem "escolhas racionais", mas que, na verdade, são
influenciadas por aspectos mais profundos da nossa psique.
Ao
visualizar as fotos da mulher militar, o psicólogo pode ter ativado desejos
inconscientes de segurança, aventura, ou até de reconhecimento e valorização.
Essa
imagem de uma militar americana pode ter representado uma figura idealizada,
alguém forte, confiável, que evocava admiração e respeito.
Mesmo
sem saber que estava sendo enganado, o desejo de interação pode ter sido mais
forte do que qualquer suspeita inicial.
2.
A Autenticidade Como Resposta do Ego
Ao
escolher se mostrar autêntico, o psicólogo seguiu um caminho oposto ao da
golpista, que atuava com falsidade. Isso revela um aspecto importante: o ego do
psicólogo se manteve fiel a seus princípios, enquanto a outra pessoa usava a
manipulação.
Isso
pode indicar um desejo de validação: "Se eu for verdadeiro, essa pessoa
também será?"
Também
pode ser um teste inconsciente para verificar até que ponto a autenticidade
pode transformar o outro.
No
fundo, pode haver um desejo de acreditar que o mundo é um lugar confiável, onde
a sinceridade será retribuída.
3.
A Ilusão Narcísica e a Quebra da Idealização
Freud
nos ensina que, quando investimos muita libido em uma ideia ou pessoa, criamos
uma ilusão narcisista – um reflexo do que desejamos ver. Ao perceber que essa
pessoa não era real (ou que sua intenção era outra), ocorre a quebra da
idealização, gerando frustração e luto.
O
choque entre expectativa e realidade pode gerar sentimentos de vergonha, raiva
e até dúvida sobre o próprio julgamento.
No
entanto, essa frustração também pode ser um mecanismo de aprendizado para
reconhecer futuras manipulações.
4.
A Escolha Inconsciente e o Processo de Elaboração
Ao
final, esse envolvimento pode ser visto como uma experiência que expôs uma
vulnerabilidade, mas que também permitiu um crescimento psíquico. O desafio do
psicólogo agora é integrar essa vivência sem culpa ou autopunição,
compreendendo que o desejo inconsciente sempre influencia nossas escolhas, mas
que o aprendizado pode torná-lo mais consciente e crítico em novas situações.
A
pergunta que fica para a análise é: O que essa experiência revelou sobre
desejos inconscientes e a forma como a autenticidade foi usada como ferramenta
de conexão? Essa resposta pode ser um caminho para transformar a dor da
frustração em um fortalecimento da identidade e da confiança no próprio
discernimento.
5.
O Conflito entre Desejo e Realidade Psíquica
Na
psicanálise, o desejo inconsciente nem sempre está alinhado com a realidade
externa. O psicólogo, ao se envolver emocionalmente com a imagem projetada da
golpista, pode ter experimentado um conflito psíquico entre:
O
desejo de conexão e reciprocidade, que pertence ao id, buscando satisfação
emocional e afetiva.
A
realidade da manipulação, que o ego não percebeu de imediato, pois estava
imerso na idealização.
O
superego, que, após o golpe, pode agir de forma punitiva, gerando culpa e
vergonha por ter se deixado enganar.
Esse
conflito pode ter criado um estado de dissonância cognitiva, onde o ego teve
dificuldade em aceitar que a relação não era real. Isso explica por que a dor
emocional pode ser tão intensa, pois não é apenas uma perda financeira, mas
também uma perda simbólica: a perda da crença em algo que parecia verdadeiro.
6.
A Ilusão de Controle e a Autenticidade como Defesa
O
fato de o psicólogo ter escolhido se mostrar autêntico pode ser interpretado
como um mecanismo de defesa contra o medo da decepção. No inconsciente, pode
ter existido uma crença de que, ao ser sincero e verdadeiro, ele poderia
"proteger" a relação contra a possibilidade de falsidade.
Essa
é uma defesa contra a angústia do engano: "Se eu for autêntico, o outro
também será."
No
entanto, essa crença parte da suposição de que o outro possui a mesma ética e
valores, o que não era o caso da golpista.
A
experiência desvela uma desilusão psíquica – uma ruptura entre o que se
esperava e o que realmente aconteceu.
7.
O Luto pela Ilusão e a Necessidade de Resignificação
A
frustração gerada por essa experiência não envolve apenas o dinheiro perdido,
mas sim a perda de uma ilusão inconsciente. Em psicanálise, perder uma ilusão
pode ser tão doloroso quanto perder uma pessoa real, porque o psiquismo precisa
reconstruir sua visão de mundo.
Antes
do golpe, havia uma crença inconsciente de que autenticidade e confiança
garantiriam reciprocidade.
Após
o golpe, essa crença foi questionada, e o ego precisa reorganizar sua forma de
perceber novas relações.
Esse
processo pode gerar ressentimento, desconfiança ou isolamento emocional, mas
também pode ser usado como um crescimento psíquico para estabelecer limites
mais saudáveis.
Aqui,
o desafio é evitar que o superego se torne rígido e punitivo ("Nunca mais
confie em ninguém!"), pois isso pode gerar paranoia ou isolamento. A saída
está na ressignificação da experiência, compreendendo que vulnerabilidades
existem, mas podem ser equilibradas com discernimento e prudência.
8.
A Resiliência Psíquica e a Transformação da Experiência
Para
concluir o processo de elaboração do luto e evitar a repetição desse tipo de
situação, algumas estratégias psicanalíticas podem ser úteis:
Analisar
a raiz do desejo: O que exatamente atraiu o psicólogo nessa relação? Foi a
imagem de segurança? O sentimento de ser escolhido por alguém
"especial"?
Trabalhar
a culpa e a autocompaixão: Cair em um golpe não significa fraqueza ou
ingenuidade, mas sim um aprendizado sobre vulnerabilidades inconscientes.
Reforçar
o papel do ego: O ego pode sair mais forte dessa experiência se conseguir
integrar o aprendizado sem cair no extremo da paranoia ou do autojulgamento
severo.
Transformar
o sofrimento em sabedoria: Essa vivência pode se tornar um recurso interno
valioso para reconhecer manipulações futuras e ajudar outras pessoas a
evitá-las.
9.
Conclusão: O Fim do Ciclo e a Integração da Experiência
O
verdadeiro encerramento do luto ocorre quando o psicólogo consegue olhar para
essa experiência sem dor excessiva ou ressentimento. Isso significa que o
psiquismo assimilou o aprendizado e que o ego conseguiu equilibrar desejo,
realidade e prudência.
Em
última instância, a psicanálise nos ensina que não existe "erro", mas
sim caminhos do inconsciente que nos revelam onde precisamos crescer. Se essa
experiência serviu para tornar o psicólogo mais consciente de suas
vulnerabilidades e desejos ocultos, então ela não foi apenas um golpe – foi
também uma oportunidade de transformação.
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