Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Na
academia, é comum observar que força e aparência física são valores altamente
valorizados. No entanto, algumas pessoas frequentam o ambiente sem interagir
com outras, buscando apenas a companhia de indivíduos familiares a elas — seja
um vizinho, amigo ou alguém com quem se identificam. Esse comportamento de
restrição social pode dar a impressão de que essas pessoas se sentem
superiores, demonstrando uma atitude de arrogância ou soberba.
Ao
passar perto de outros frequentadores, muitas dessas pessoas evitam
cumprimentar ou sequer oferecer um sorriso, como se isso implicasse em uma
superioridade. Esse comportamento de aparente desdém pode, na verdade, indicar
insegurança. Ao utilizarem a rejeição ou o desprezo para evitar interações,
elas aparentam estar tentando projetar uma imagem de status ou superioridade
através do corpo e da atitude.
Entretanto,
ao observar de perto, é possível perceber que, por trás desse culto ao próprio
corpo, há uma necessidade de validação e uma busca por identificação. Essas
pessoas frequentemente só cumprimentam ou interagem com aqueles com quem sentem
uma afinidade imediata. Esse padrão de comportamento sugere que, longe de serem
autossuficientes ou realmente superiores, elas são, na verdade, inseguras e
temerosas, precisando constantemente reafirmar seu valor na presença de seus
pares.
Por
tanto, a valorização da força e da aparência tem muito a ver com como as
pessoas buscam aceitação, reconhecimento e pertencimento a grupos. Esses
fatores estão ligados a conceitos importantes da psicologia social, como
influência social, conformidade e comparação social.
Influência
Social: Na academia, as pessoas observam outras que aparentam força e boa forma
física, o que é considerado "ideal" nesse ambiente. Essa influência
pode ser muito poderosa: ao ver outras pessoas alcançando esse padrão, novos
praticantes sentem que também precisam chegar lá para serem reconhecidos ou
respeitados. É uma forma de "seguir o grupo".
Conformidade:
Esse conceito descreve como as pessoas tendem a adaptar seu comportamento para
se alinhar com o grupo. Na academia, isso pode se manifestar no desejo de ter
um corpo "forte" ou "definido", pois a maioria das pessoas
está buscando isso e, ao fazer o mesmo, o praticante sente que pertence ao
ambiente. É como seguir o padrão para se sentir integrado ao grupo da academia.
Comparação
Social: Esse é o ato de nos compararmos com os outros, um comportamento comum e
até natural. Em um lugar como a academia, onde as mudanças físicas e de
desempenho são visíveis, as pessoas costumam comparar a própria força e
aparência com as dos outros. Ver alguém mais forte pode motivar ou, em alguns
casos, até causar insegurança.
Na
academia, portanto, a busca pela força e aparência não é apenas sobre estar
saudável ou forte, mas também sobre como esses atributos fazem com que alguém
seja visto e tratado pelos outros. Essas dinâmicas de psicologia social mostram
como os padrões de um grupo podem influenciar a motivação individual e a
percepção de si mesmo.
A
autoestima é fundamental quando falamos sobre a busca por força e aparência
para ser valorizado, especialmente em um ambiente como a academia. Vamos
entender isso em passos simples:
Autoestima
e Autoconfiança: Autoestima é o quanto gostamos e valorizamos a nós mesmos.
Quando uma pessoa sente que está ficando mais forte e melhorando sua aparência
física, ela geralmente sente mais autoconfiança. A sensação de “eu consigo” e o
fato de ver progressos nos próprios esforços aumentam o orgulho e a satisfação
pessoal. Com mais autoestima, a pessoa se sente mais segura em suas capacidades
e pode até interagir melhor com os outros.
Reconhecimento
Externo: A autoestima também se alimenta do que vem de fora. Em uma academia, o
feedback dos outros, como elogios sobre a aparência ou sobre o progresso,
reforça o valor pessoal. Isso acontece porque, psicologicamente, os elogios e o
reconhecimento confirmam que o esforço está sendo notado. Para muitas pessoas,
ser reconhecido como forte ou atraente aumenta a autoestima, pois elas sentem
que estão atendendo às expectativas e padrões do ambiente.
Comparação
e Autoestima: No entanto, a autoestima também pode oscilar dependendo de como a
pessoa se compara aos outros. Se alguém se compara a pessoas que já estão em
níveis avançados de força ou definição física, pode sentir sua autoestima
abalada, especialmente se estiver começando ou progredindo mais devagar. Aqui,
a comparação social afeta a autoestima ao fazer com que algumas pessoas duvidem
de seu valor ou de seu progresso.
Valorização
Pessoal e Autoestima Autêntica: Quando a busca por força e aparência está
equilibrada com uma autoestima que vem de dentro (ou seja, a pessoa valoriza
suas conquistas, independente da comparação com os outros), a academia se torna
um lugar onde a pessoa se sente bem consigo mesma. Isso é chamado de autoestima
autêntica, pois não depende apenas da opinião externa ou da conformidade com
padrões.
Então,
na academia, a força e a aparência podem ajudar a fortalecer a autoestima, mas
o desafio é equilibrar o reconhecimento externo com uma valorização genuína de
si mesmo e dos próprios avanços, o que é essencial para uma autoestima
saudável.
Quando
pessoas evitam cumprimentar ou interagir com certas pessoas na academia, isso
pode refletir vários aspectos da dinâmica social e psicológica que ocorrem ali.
Vamos entender alguns fatores:
Exclusão
Social e Sentimento de Pertencimento: A academia é um espaço social onde muitos
buscam a sensação de pertencimento a um grupo. Quando algumas pessoas não são
cumprimentadas ou recebem menos interações, isso pode fazer com que se sintam
excluídas. Essa exclusão social diminui a sensação de pertencimento, o que pode
impactar a autoestima e motivação para continuar frequentando o espaço.
Formação
de Grupos e Tribos: É comum que pessoas formem grupos na academia, como aqueles
que praticam os mesmos tipos de exercício, têm horários semelhantes ou níveis
de experiência parecidos. Esses grupos podem se tornar mais fechados e, sem
intenção, podem acabar ignorando quem é "de fora". Isso reflete um
fenômeno social de grupalidade, em que as pessoas se sentem mais confortáveis
interagindo com quem é semelhante a elas, tanto fisicamente quanto em
interesses e nível de prática.
Pressão
Social e Autoestima: A falta de interação pode gerar pressão sobre quem é
deixado de lado, levando a questionamentos como “Será que não sou bom o
suficiente?” ou “Não me encaixo aqui?”. Esse sentimento de inadequação pode
afetar a autoestima e a segurança da pessoa, especialmente se ela já se sente
insegura sobre sua força ou aparência. Em um ambiente onde aparência e força
são valorizadas, ser ignorado pode ser interpretado como falta de
reconhecimento ou aprovação.
Comunicação
Não Verbal e Primeiras Impressões: Muitas vezes, as pessoas julgam umas às
outras com base na aparência ou postura. Quem aparenta ser mais confiante e
amigável pode receber mais interações, enquanto alguém que parece mais fechado
ou inseguro pode ser visto como “distante” ou até “indiferente”. Isso resulta
em uma dinâmica onde as primeiras impressões e a linguagem corporal afetam quem
é abordado e quem fica de fora das interações.
Inseguranças
Pessoais e Competição: Em um ambiente competitivo como a academia, algumas
pessoas podem evitar interagir com outras por insegurança ou pela impressão de
que as outras estão "competindo". Esse é um mecanismo de defesa em
que as pessoas mantêm certa distância para proteger a própria autoestima e
evitar comparações que podem ser desconfortáveis.
Portanto,
quando as pessoas não cumprimentam ou evitam interagir com certas pessoas na
academia, isso pode ser resultado de vários fatores de psicologia social, como
exclusão social, formação de grupos, comunicação não verbal e até competição.
Esses fatores podem influenciar o ambiente social e a autoestima de todos,
mostrando a importância de pequenas interações para que todos se sintam
incluídos e valorizados.
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