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A Finitude, O Medo do Grande Desconhecido

Setembro/2019.Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208

                O presente texto convida o leitor(a) a repensar sobre a morte vista ainda na sociedade como preconceito [tabus] dentro das igrejas, dentro dos lares sobre o não falar abertamente/ e ou escancarado a respeito da morte, como sendo algo que ainda ninguém deseja encarar a finitude da vida, embora almeja-se a imortalidade. Fui impelido a escrever sobre este tema depois de assistir ao filme Kardec [Alan Kardec o livro dos espíritos] no Netflix, que retrata o protagonista se alicerçando através de meios científicos e sobrenaturais para comprovar a comunicação dos espíritos mortos com o ser humano enquanto vivo. E através de compreensão psicanalítica de acordo com Sigmund Freud e da representação social segundo o autor Moscovici, nos dois processos de objetivação e ancoragem, construo em análise e interpreto o que se passa naquela época enquanto assisto ao filme, e deste surgi o inesperado tema morte parra ser escrito e depreendido de modo intelectual.
E ao atender em consultório pacientes com personalidade Borderline ou Limítrofe, depressão, automutilação e outros com risco de suicídio.  Cogito que para o psicólogo, a morte só é repensada na clínica no momento em que o paciente relata o desejo em cometer suicídio gerando a Contratransferência no analista, permitindo ao analista perceber como uma resposta emocional do analista aos estímulos provenientes do paciente, como resultado de sua influência sobre os sentimentos inconscientes do analista.
Pois enquanto indivíduo, fora da clínica na correria do dia a dia não para pensar seriamente sobre esse tema a não ser no mês Setembro amarelo de prevenção do suicídio, fora os outros meses do ano essa proposição passa desapercebida na sua mente. Ao lidar com o desejo de morte do Outro se esquece de reconsiderar a própria morte. A contratransferência envolve sensações, sentimentos e percepções que brotam no terapeuta, emergentes do relacionamento terapêutico com o paciente: como respostas às manifestações do paciente e o efeito que tem sobre o analista. É um sinal de grande significação e valor para orientar o terapeuta no trabalho analítico. Pode ser uma resposta emocional do analista aos estímulos provenientes do paciente, como resultado de sua influência sobre os sentimentos inconscientes do analista.
Nesse sentido, a contratransferência pode ser um obstáculo se praticada pelo analista. Se deixar-se levar por aqueles afetos que começa a sentir pelo paciente de amor, ódio, medo da morte, rejeição, raiva, quebra a lei da abstinência e da neutralidade pela qual deve ser governado. Assim, longe de beneficiar o trabalho analítico, o prejudica. [...] Freud (1910/1996, p. 150) diz que nos tornamos conhecedores da Contratransferência, quando de fato sabemos distinguir os resultados do analisando sobre as emoções e anseios inconscientes do psicanalista e busquemos dominar a mesma.
Ao ser iniciado este tema, as reações variam entre a repulsa e o humor, as piadinhas aparecem, entre elas: Morte, credo, vamos pular essa parte, falemos sobre outro assunto. Ou então, vou parar a leitura por aqui, não estou a fim de tomar conhecimento da morte ainda. Tanto em uma reação como na outra, evidencia-se ansiedade diante da morte. É muito interessante notar a gama de sentimentos que esse tema provoca. Aliás, essas reações não são inéditas, embora a morte seja a única garantia da existência, na história da humanidade [nos mitos, nas fábulas, lendas épicas] sempre aparece o desejo e a busca do homem pela imortalidade.
Paradoxalmente a vida é permeada por muitas mortes; as provenientes da morte de um ente e outras mortes em vida como, separações, doenças, situações limite, transição das diferentes fases do ciclo vital e eventos específicos como viagens, casamento, nascimento de filho, mudança de emprego, entre outros. Na meia-idade, a morte não se configura mais como algo que acontece somente aos outros, é a primeira vez no ciclo vital, que o indivíduo se depara com a finitude da sua vida. A possibilidade da própria morte traz um novo significado para a vida: o limite está lá, para ser conhecido e admitido.
Agora velhice é importante verificar onde é colocada a ênfase da existência: na vida ou na morte. O indivíduo pode se preparar para a morte vivendo intensamente, sem, contudo, negá-la, por meio do mecanismo defesa da negação, contudo conviver com ela em busca de seu significado. A morte como limite pode ajudar a crescer, entretanto a morte vivenciada como limite também é dor, perda, solidão e tristeza.
As ações consciente e inconsciente na representação da morte, objetivação e ancoragem dela que o indivíduo faz na sociedade. As máscaras socias representativas que o homem usa na sociedade diante do Outro em situações de negação da morte. Representamos em várias situações diversos papéis, contudo qual papel representamos no momento em que não dialogamos sobre a finitude.  Ou ainda a religião ensina de modo consciente o indivíduo a trocar a máscara social da mortalidade e atuar na máscara social da imortalidade, com isso permanece agindo no mundo permeado com diversas possibilidades e diferentes modos de morrer e ser imortal ainda. [...] As representações são uma estratégia desenvolvida por atores sociais para enfrentar a diversidade e a mobilidade de um mundo que, embora pertença a todos, transcende a cada um individualmente (JOVCHELOVITCH, 1995, p. 81).
         Tomando dos processos de formação das representações sociais segundo Moscovici propõe uma estrutura teórica para as representações sociais. Segundo ele, a representação social tem duas faces indissociáveis: a face figurativa ou imageante, que corresponde ao objeto, e a face simbólica, que corresponde ao sentido atribuído ao objeto pelo sujeito, ou seja, o entendimento é que não existe representação sem objeto. Toda representação é construída na relação do sujeito com o objeto representado, não é mero reflexo do mundo externo na mente, ela vai além do trabalho individual do psiquismo, emerge como um fenômeno colado ao social.
É através da atividade do sujeito e de sua relação com outros que as representações têm origem, permitindo uma mediação entre o sujeito e o mundo que ele ao mesmo tempo descobre e constrói em relação a significativa da morte. A objetivação corresponde à função de duplicar um sentido por uma figura, dar materialidade a um objeto abstrato, naturalizá-lo, corporificar os pensamentos, tornar físico e visível o impalpável, transformar em objeto o que é. Um exemplo clássico de objetivação é quando comparamos Deus a um pai ou morte e imortalidade. Ao fazê-lo, materializamos o abstrato, passando a tratá-lo com naturalidade, familiaridade. Já ancorar é duplicar uma figura da morte/ e ou finitude por um sentido. A ancoragem corresponde à classificação e denominação das coisas estranhas, ainda não classificadas nem denominadas. Consiste na integração cognitiva do objeto morte representado a um sistema de pensamento social preexistente.
Ancorar é encontrar um lugar para encaixar o não-familiar, é pegar a morte concreta e lhe atribuir um sentido em um caixão, na lápide que celebra a memória do defunto ou na vida eterna de acordo com a doutrina evangélica. A temática da morte hoje na nossa cultura ocidental tornou-se parte e passa a assuntos tabu, não falar sobre isso, e se você fala assim não ouvimos, especialmente se um ente querido que está a curta distância desta morte muito temida, todavia não podemos apenas falar sobre a morte quando ela nos traz o sofrimento envolvido. E é essa dor que pode afetar as pessoas que sofreram uma perda de uns mórbido patológicos e não-aceitação do que aconteceu. O significado da morte é totalmente ligado a própria vida, para compreender estas palavras, podemos perceber que a vida é apenas um curto período de nossa existência.
A filosofia e antropologia também elevou a relação entre morte e história, de acordo com Georg Simmel, José Ortega y Gasset dizia que Se o homem morreu e teve tempo ilimitado para fazer as coisas, não só não faria isso hoje, mas pode fazer amanhã, mas para que adiar indefinidamente o que teria todo o tempo do mundo. Além disso, o filósofo alemão Heidegger define o homem [e mulher]. Como O ser-relativamente-a-morte com este nos diz que, sem recorrer à teologia, essa temporalidade do homem e da mulher em relação a sua vida está sendo, ou nos diz que devemos construir a história e é esta história que carrega o selo de seu próprio ser da existência da morte.
Mas o que é a morte? Segundo a definição legal médica refere-se a morte é parando o processo que preserva a integridade física do corpo. Ou seja, interromper o processo de vida e como tal é uma sequência de eventos que culminou com a cessação das funções bio-fisiológicas. Neste sentido, os médicos têm estudado as manifestações da morte, que confirmou, verificando a supressão da função do nervo [imobilidade, flacidez muscular, paralisia do intestino, ausência de atividade mental], extinção de funções circulatórias [sem pulso e batimentos cardíacos], e supressão da função respiratória.
Mas isto e o significado da morte para a humanidade?  Para os seres humanos de transcender o fato no tempo não é algo menor, não só concebeu a ideia de viver alguns anos fora, é por isso que as religiões têm sido importantes para homens e mulheres, oferecendo através da fé em Cristo, a ressurreição e vida após a morte. Nesse sentido, a morte teria que ser apenas um passo na evolução cósmica do povo, seria um meio para crescer internamente na vida real, porque a cada dia nós nos movemos em direção inevitavelmente nossa própria morte.
No que respeita à doutrina católica e evangélica a representação social de morte oferece os seguintes intervalos básicos: como uma realidade universal que significa que todos morrem, e como dotado de uma equipe naturais e outras, o que significa que a separação é vista como a tricotomia corpo, alma e espirito. A partir daí o termo no purgatório atribuído pela igreja católica se tornaria o palco onde devemos ir, como castigo para homens e mulheres que pecaram inúmeras vezes, a fim de purificar-se e faça parte do céu, como prometido, isso pode ser entendido através deste declaração bíblica [Nós temos a nossa casa no céu, e então espero que todos nós desejamos o Salvador, Jesus Cristo, o Senhor]. Para ele, transformar o nosso corpo miserável e pecador, usando a força com que você pode enviar a ele e torná-lo como seu próprio corpo que irradia a sua glória. [...] A concepção de uma morte domada, em que havia toda uma rede de símbolos e ritos que determinavam um lugar social para a morte, facilitando a sua simbolização pelos indivíduos relacionados ao morto e para o próprio moribundo, progressivamente foi perdendo espaço para práticas que tendiam a isolar a morte do processo vital. Inicialmente representando a marca da falência do sujeito da modernidade em sua autodeterminação e libertação do jugo divino e passando a significar a ocultação da própria finitude frente aos avanços da grande empreitada científica humana, cada vez mais a morte foi perdendo sua inserção social e sua faceta humana para ser silenciada e apartada do círculo das relações sociais, dificultando a elaboração do luto e da morte,(Kóvacs, 2003a, 2003b).
Segundo Freud, afirma que nossa atitude para com a morte não é sincera, e que podemos afirmar que a morte é necessária como o fim da vida, devemos a natureza a morte e devemos estar preparado para este evento, vendo-a como natural e inevitável, embora, inconscientemente estamos convencidos de nossa imortalidade, e até mesmo de notar que é uma possibilidade que acontecer ou não acontecer a nossa morte ou o risco de isso por algum acidente ou talvez uma doença terminal, todavia é assim que nós abaixamos o perfil que você acabou de pensar que, se qualquer um desses eventos ocorre ou não.
Quando alguém morre, para transcender o tempo, a religião tem dado esperança a temer a própria morte, para começar com o propósito da vida anula a morte. Faço esta menção a você leitor(a) na intenção de provocar a reflexão sobre a atitude do ser humano como seguidor da religião como católica, evangélica, espiritismo, candomblé, umbanda, ateu, orixá e outras que você lembrar. Exemplo, a hospitalização de um ente querido com doença terminal anunciada pelo médico, por si só, pode ser sentida como uma morte ligada ao afastamento da casa, da família, e sentida como uma invasão de privacidade e solidão.
Os familiares se reúnem em volta do leito do ente querido e iniciam o ritual de orar, rezar, pedir na intenção do ente ser curado. Neste momento agem consciente ou inconsciente na intenção em ter de volta, o enfermo curado para que possa ainda continuar a gozar dos prazeres da vida ou por medo da perda do ente querido resultando no luto ou ainda por medo da morte, por não terem certeza que depois da morte o ente querido estará no céu/e ou vida eterna, e com isto permanecem na compulsão a repetição na esperança ou síndrome da falsa esperança de que o ente possa permanecer com eles por um período longo negando a morte do enfermo em estado terminal. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
É lógico que diante de uma morte prematura ou súbita onde se esgotou o tempo hábil para repensar sobre a proposição da própria morte, o sujeito não levou em consideração a representação da morte em sua vida através do mecanismo de defesa da negação, onde priorizou outros objetivos como principais para escapar dialogar sobre a temática finitude antecipadamente da máscara mortalidade. Será possível se permitir pensar na máscara social morte enquanto ainda se tem doença terminal? Quer dizer, os disfarces sucessivos que são adotados para garantir uma aceitação social - caia aos poucos. Muitos doentes terminais param de se preocupar com uma série de convenções sociais, como escolher roupas que combinam; se preocupar com as repercussões da sua fala em um determinado contexto, agir de modo integro constantemente, abster-se de alguns alimentos, serem cumpridores de regras e normas e outros que vier a sua imaginação.
Há uma frase típica entre os enfermos que explicita essa questão. Minha doença me permite. Ocorre uma libertação da busca de conquistas, como a dos bens materiais e do status, desacelera-se a corrida por ascensão e o ego preenche-se com o que está próximo, no presente, sem urgências. [Se eu pudesse viver novamente a minha vida, sem esta doença terminal]. De acordo com Freud, o inconsciente não acredita na morte ou na nossa própria morte, então, quando a angústia sobre nós acontecer de ser uma reação que a maioria do tempo seria proveniente de uma consciência de culpa, mas o nosso inconsciente, matando instantaneamente de apoio estrangeiro e inimigo, com essa morte que vem dos nossos próprios desejos e pensamentos mais secretos e isso tem a ver com isso em todas as vezes inconscientemente, eliminar todos os que passam a impedir-nos no nosso caminho, nosso inconsciente, bem como enfrentar a morte de nossos entes queridos. Através desta situação de conflito que, uma vez que são duas ideias conflitantes colisão e é isso que faz com que a reparação de avarias deriva a sensação de que estabelece o compromisso da cultura convencional, que viria a ser a atitude que temos diante da morte.
A percepção da morte varia de acordo com a duração da vida. Diferentes tipos de visão de cada etapa como percepção em lactentes aos 4 anos de idade, a ideia de morte é limitada. Na percepção adolescente depende apenas da personalidade do adolescente, pois considerado isoladamente, alienada, sem amor pode ser forte o bastante razões para escolher a extinção, de modo que o suicídio se tornará parte de um grito de ajuda e não uma autodestruição. Já na percepção em adultos jovens, a morte é algo distante, mas [assumido como inevitável], porque eles estão fazendo todo o possível para realizar seus projetos de vida concentrando toda sua energia para ele, embora há uma parte inconsciente do que você pensa nunca vai acontecer, uma vez que começa uma fase de acabamento a nível de trabalho e parceiros. Assim, eles agem de forma evasiva, fugindo da morte, porque não é um problema agradável para eles. Por tanto na Intermediário percepção adulta: Nesta idade, há a morte de seus pais, e esta é a razão pela qual, nesta fase, é onde você instala a certeza da morte, pois é sabido que um dia aqui morrerão. Es onde começaram a tirar vantagem da vida e ao resto, assim que vem para a reestruturação energética em suas vidas.
Na fase adulta, alguns motivos de morte são os ataques cardíacos fulminantes e, na fase seguinte, no balanço de ganhos e perdas, emerge a possibilidade de [minha morte], que neste momento pode engendrar a ressignificação da vida. Na terceira idade, com as perdas corporais, financeiras, separações, doenças, luto e outros, há que se fazer uma escolha: a ênfase será na vida ou na morte? [...] Segundo Kovács (2002) a morte numa perspectiva biológica é o fim da existência e não da matéria e, do ponto de vista da medicina, é a interrupção completa e definitiva das funções vitais. Algumas pessoas já viveram situações muito próximas da morte e relataram questões como: sensação de paz, experiência extracorpórea, encontros com seres-iluminados. Muitas pessoas buscam na experiência religiosa uma forma de obter um conforto maior para lidar com a morte, vista como finitude.
Entretanto na Percepção do idoso: Nesta idade, quase a maioria do tempo é destinado a resolver questões sobre a morte e são significativamente menos ansiosas do que os adultos na percepção intermediária com relação à morte. A grande tarefa é reorganizar os velhos pensamentos e sentimentos para aceitar sua própria morte. Os problemas físicos impedem as coisas idosos vê em uma estimulante e agradável, ao contrário, acrescenta à lista de estímulos que partem para a morte. Quando uma pessoa tem construído um estável e satisfatório autoconceito, e quando ele foi cercado pelo amor consegue conceber uma forma mais tranquila a sua própria morte, aceitando o efeito natural.
Mas ao não conseguir construir um estável e satisfatório autoconceito e autoestima, devido á possíveis transtornos psíquicos pode conceber a morte como alívio para a angustia. Você não pode falar sobre a morte sem dor, [O duelo ocorre após qualquer tipo de perda, embora muitas vezes mais intensa após a morte de um ente querido]. É uma sensação única, mas sim uma sucessão completa de sentimentos que precisam de algum tempo para ser superada, não sendo possível encurtar esse período de tempo. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
O chamado morte como normal ou socialmente aceitável quando se trata de  um adulto que em algum momento do ano os membros mais velhos da família tiveram tempo e preparação para este fato, porém é muito diferente quando se trata de uma morte prematura, uma vez que as preocupações com uma criança, adolescente ou jovem que morreu por homicídio ou acidente sem estar preparado. Nesse contexto, duas representações sociais passam a configurar a relação com a morte e o morrer na modernidade tardia: a morte silenciada e a morte escancarada.
A primeira diz respeito a toda exclusão da problemática da morte da circulação social, ficando confinada aos hospitais e instituições de saúde e ganhando conotações de isolamento afetivo, assepsia e negação. Já a segunda, mais recente, diz respeito à banalização da morte e da violência na cultura, já que a mesma se torna uma espécie de objeto de consumo e também uma fonte de persecutoriedade. Embora escancarada essa relação com a morte é também marcada por embotamentos afetivos, já que ela aparece como fetiche, como uma imagem distanciada que não nos diz respeito. Nesse sentido, implica em uma banalização da morte, que passa a bombardear o cotidiano por meio da mídia, criando uma situação de terror constante que parece já não nos afetar mais. Cabe ressaltar que a presença simultânea dessas duas representações sociais da morte na contemporaneidade cria um verdadeiro paradoxo, já que a morte própria não encontra lugar para ser elaborada, enquanto a morte do outro nos seduz cada vez mais. [...] Segundo Kovács (2002) a morte numa perspectiva biológica é o fim da existência e não da matéria e, do ponto de vista da medicina, é a interrupção completa e definitiva das funções vitais. Algumas pessoas já viveram situações muito próximas da morte e relataram questões como: sensação de paz, experiência extracorpórea, encontros com seres-iluminados. Muitas pessoas buscam na experiência religiosa uma forma de obter um conforto maior para lidar com a morte, vista como finitude.
As interpretações psicanalíticas sobre a passagem da cultura moderna para uma cultura pós-moderna narcísica, marcada pela impossibilidade de reconhecimento a falta constitutiva de todos nós, cujo maior emblema é a morte. Isso, contudo, não responde toda questão. É preciso entender como em uma sociedade tão marcada pela impossibilidade de reconhecimento da falta e da finitude essa mesma finitude não canse de se mostrar e de causar fascínio nas pessoas. Testar os limites da própria vida é uma das grandes fantasias de vencer a morte em evidência em nossa cultura contemporânea. Além disso, o mais interessante é notar que cada vez mais é no corpo que precisa se inscrever essa vivência, quer seja na imagem, quer seja na sensação, como se houvesse uma impossibilidade de elaboração simbólica desse conflito.
A violência da imagem ou da experiência que se repete freneticamente, aliada a uma impossibilidade de simbolização nada mais é do que aquilo que conhecemos em Psicanálise como compulsão à repetição. Parece-me que talvez essa seja uma interpretação possível para a compreensão do fenômeno da morte escancarada. A morte violentamente traumatiza o nosso narcisismo, ao qual só podemos nos defender maniacamente, ignorando nossa falta e suplantando nosso próprio psiquismo. Dessa forma, temos o corpo cada vez mais como um campo de batalhas entre a vida e a morte, como se a excomunhão do espírito levasse consigo a subjetividade, deixando apenas o organismo para lidar com a responsabilidade de existir.
Morte, O Grande Desconhecido, a mais grave de todas as desgraças, também foi chamada por Freud de o objetivo de toda a vida, algo de que todos nós devemos ser conscientes. Afinal de contas, todo mundo deve à natureza uma morte. Nós reagimos de várias maneiras à morte, em várias situações, e nossas atitudes ou reações podem ter resultados diferentes. Nossa própria morte: em nosso inconsciente, somos imortais. Na verdade, é impossível imaginar nossa própria morte. Porque, como Freud explica, […] sempre que tentamos fazer isso podemos perceber que estamos de fato ainda presentes como espectadores. Na verdade, poderíamos dizer que nós ajudamos a nossa própria morte, como se a pessoa que morre na nossa imaginação fosse uma pessoa diferente.
Não podemos imaginar como seria se estivéssemos mortos, sem sermos capazes de pensar ou ver, por exemplo. Não podemos aceitar a nossa própria morte, no fundo, ninguém acredita em sua própria morte. Como Freud explica, no inconsciente cada um de nós está convencido de sua própria imortalidade. Não há nenhum sentido da passagem do tempo; o tempo não trabalha cronologicamente em nosso inconsciente. Esta crença inconsciente de que nada pode acontecer a nós pode ser vista como o segredo do heroísmo.
O medo da morte, uma vez que não passamos pela experiência da morte [nunca morremos antes] e uma vez que a morte não existe em nosso inconsciente, não podemos, na verdade, ter o medo da própria morte. Quando dizemos que estamos com medo da morte, de acordo com Freud, podemos temer algo mais – como a dor que sentiremos na carne do corpo humano se morrermos dilacerados por um animal selvagem, a dor que sentiremos no corpo ao estarmos envolvidos num acidente de automóvel,  a dor que sentiremos no corpo ao cairmos de um edifício e não morrermos, o abandono, a castração, vários conflitos não resolvidos, ou de outra forma o medo da morte pode ser o resultado de um sentimento de culpa. No entanto, Freud também explica que o medo da morte nos domina com mais frequência do que sabemos.
Freud explica a morte de outros, normalmente, somos cautelosos em falar da morte de alguém quando a respectiva pessoa sob sentença. pode nos ouvir, nos sentimos maus, ou frios com o pensamento da morte de outra pessoa, ainda mais se tivéssemos de ganhar alguma coisa com a morte dela. No entanto, as crianças podem sem vergonha ameaçar alguém, mesmo os mais próximos, com a possibilidade de morrer. Quando alguém morre, nós geralmente tentamos reduzir a morte a um “acontecimento fortuito, culpando acidentes, idade, doença, e outros que você pensar agora. Freud explica a morte de alguém próximo. Como uma reação à morte de alguém próximo, o homem primitivo inventava outras formas de existência, espíritos, etc.
A concepção da vida após a morte foi criada devido à nossa memória persistente dos mortos. A crença dos homens primitivos que os entes queridos se tornaram demônios após a sua morte resultou de a morte ser geralmente considerada como o mais grave de todos os infortúnios e, portanto, os mortos foram imaginados como estando, insatisfeitos com o seu destino. Morte por magia ou pela força seria tornar a alma vingativa e mal-humorada. O medo da morte e do medo dos mortos tornaria neste caso, a alma desencarnada em algo mal. A criação da religião foi atribuída por Freud, entre outras causas, às ilusões projetadas para fora por aqueles que vivem em face da morte.
O mecanismo de defesa de negação da morte que o Ego faz uso em relação as crenças em vidas anteriores, transmigração das almas e reencarnação são produtos da negação da morte. A ambivalência com a morte de entes queridos. O homem pode sentir-se ambivalente em relação à morte de entes queridos, ele pode vê-los como, uma possessão interior, mas também como estranhos ou inimigos. Com muitas poucas exceções, um pouco de hostilidade levando a um desejo de morte inconsciente está presente em nossos relacionamentos mais próximos.
O desejo de morte, embora o inconsciente do homem civilizado não realize o assassinato, ele pensa e deseja, e isso é significativo o suficiente. A razão para a morte, desejo de livrar-se, em nosso inconsciente, de qualquer pessoa que está no nosso caminho e nos lesou em alguma área de nossa vida como amorosa, financeira nos induz a perceber como inimiga mortal ou de qualquer pessoa que tenha ofendido ou nos ferido. Freud dá o exemplo da expressão, [vá pro diabo que te carregue], pronto neste interim o diabo é o equivalente a morte. Nosso inconsciente não conhece outra punição para o crime pior do que a morte.
Mesmo que a morte seja algo natural, nós tentamos lidar com isso de várias maneiras, e reagimos a ela de forma diferente. Nossas diferentes atitudes perante a morte podem contribuir para a existência de vários comportamentos, para a criação de crenças tais como aquelas em vida após a morte. Claro, é o nosso inconsciente que é a causa da maioria das nossas crenças e comportamentos, ou mesmo sentimento em relação à morte.
O suicídio não é o mesmo que o instinto de morte. O instinto de morte não pode necessariamente expressar-se em suicídio. Além disso, o instinto de morte é natural no desenvolvimento do ser humano. As representações da morte, como a Morte Domada, em que há o lamento da vida, a busca do perdão dos companheiros e a absolvição sacramental. O medo com o que vem após a morte, inferno, castigo eterno, entre outros caracterizam a Morte de Si Mesmo. A Morte do Outro representa a possibilidade de evasão, liberação, fuga para o além; mas também a ruptura insuportável e a separação e, no mundo contemporâneo, temos a Morte Invertida, é a morte como fato que não deve ser percebido, é vergonhoso e representa o fracasso. A morte pode aparecer também nas representações, enquanto diminuição das funções, dificuldade para a realização de atividades ou interrupção de carreira profissional. A morte social pode ser vivida a partir do afastamento dos amigos que por não saberem conviver com uma determinada limitação, se afastam.
O ser humano pode tentar elaborar a angústia frente à morte por meio de vários mecanismos entre os quais estariam a criação artística [cinema, literatura, teatro, televisão e etc.] e religiosa. Nesse momento a vida espiritual/religiosa torna-se importante e no Brasil, o sincretismo religioso é exacerbado. É comum um indivíduo exercer diferentes práticas religiosas em um mesmo dia, como por exemplo, de manhã vê a missa católica pela televisão; a tarde vai a um culto evangélico em alguma igreja e a noite em um centro espírita.
A morte é constelada em cada fase do ciclo vital humano, lembrando aqui a psicologia do desenvolvimento do ciclo vital. A fecundação ocorre no momento em que um espermatozoide de um homem penetra em um óvulo de uma mulher para formar um único ovo ou zigoto e então, inicia-se o processo de reprodução celular. As mudanças que ocorrem da fertilização ao nascimento constituem o desenvolvimento pré-natal. O desenvolvimento pré-natal leva em média 38 semanas e é dividido em três estágios: o período germinativo ou zigótico; período embrionário; período fetal. E a morte nas diferentes etapas do desenvolvimento humano: representações históricas, sociais e culturais.  Ilustração: [**] Um Cavaleiro e seu Escudeiro voltam das Cruzadas. O país está assolado pela peste. Eles se encontram com a morte e o Cavaleiro faz um trato com ela: enquanto conseguir contê-la numa partida de xadrez, sua vida será poupada. Na viagem pela terra natal, encontram artistas, fanáticos, ladrões, patifes, mas por toda parte a presença da morte, empenhada em ganhar o jogo por meios lícitos e ilícitos. No fim, todos, menos os artistas, são arrebanhados por ela [**].
Desde os tempos remotos o homem se intriga com a morte e busca vencê-la. A partir da consciência de sua mortalidade, de sua finitude, o homem tenta encontrar meios para conseguir a vida eterna, ou melhor, a juventude eterna. A imortalidade, por outro lado, também é alvo de heróis, artistas, fanáticos, assassinos, religiosos e etc. Outra forma de lidar com a morte podem ser os mecanismos de defesa: negação, deslocamento, racionalização. E há outras pessoas que já estão mortas, estando vivas, é a chamada morte em vida. Ao nascer, já se morre um pouco quando, por exemplo, a mãe se afasta, é a morte como ausência, perda, separação.
O ego tem que abdicar do poder da fase anterior para iniciar uma nova. Tem que haver a morte do antigo para não haver estagnação, paralisia ou rigidez. É importante destacar que a expressão de sentimentos, de identificação e reinvestimento quando ocorrem num ambiente acolhedor, como a psicoterapia, pode contribuir grandemente no processo de experiências com a morte.


Referência Bibliográfica
FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD, S. (1910/1970/1996). As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica. In S. Freud (Ed.), Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, XI. Rio de Janeiro: Imago, 1956.
JOVCHELOVITCH, S. Vivendo a vida com os outros: intersubjetividade, espaço público e representações sociais. In: GUARESCHI, P. e JOVCHELOVITCH (org.). Textos em Representações Sociais. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 61-85.
KOVÁCS, M. J. Representações de Morte in A Morte e o Desenvolvimento Humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 4ed, 2002.
KÓVACS, M. J. (2003a). Educação para morte: temas e reflexões. São Paulo: Fapesp; Casa do Psicólogo.
______. (2003b). Educação para morte: desafio na formação de profissionais de saúde e educação. São Paulo: Fapesp; Casa do Psicólogo.

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  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Na perspectiva da psicanálise, o psicólogo vestido de nariz de palhaço buscando produzir um vídeo dançando um musical pode estar expressando sua necessidade de extravasar sua criança interior ou partes de si mesmo que foram reprimidas. A fantasia de se vestir de palhaço pode representar uma tentativa de acessar um estado de liberdade e alegria, talvez compensando aspectos da vida cotidiana que são mais sérios ou restritos. Ao dançar no vídeo, ele pode estar buscando uma forma de expressão não verbal para liberar tensões ou conflitos internos, aproveitando a liberdade de expressão que a fantasia lhe proporciona. O ato de postar o vídeo na plataforma de entretenimento pode ser uma busca por validação externa ou uma tentativa de se conectar com outros de maneira lúdica e divertida. No entanto, é importante considerar que a interpretação psicanalítica po

Princípio da Realidade e a Pandemia

Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor(a) a olhar para o seu princípio da realidade perante a pandemia e perceber que o retorno à normalidade está longe de acontecer.   E que muitos desejos serão adiados por dias, meses e até anos na sua vida. O princípio da realidade e o princípio do prazer formam o par regulador da mente humana. Por um lado, impõe-se as representações pelo princípio do prazer e por outro as representações comandadas pelo princípio da realidade. A ação do princípio da realidade na relação ao princípio do prazer pode ser esclarecida como a procura da satisfação e a realização do desejo a todo o custo, procurando os caminhos mais curtos para a sua concretização e o impedimento do imediato, adiamento do prazer em função das condições impostas pelo mundo externo, exemplo, isolamento social, desemprego, Covid-19, adiamento de volta às aulas em escolas e universidades, adiamento da normalidade ao comérc

Entretenimento Vs Saúde Mental

  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Na psicanálise, o comportamento humano é frequentemente dividido em duas partes: o consciente e o inconsciente. O consciente é o que estamos cientes e percebemos, enquanto o inconsciente é o que está escondido em nossas mentes e nos influencia sem que estejamos conscientes disso. Quando se trata de preferências de entretenimento, como o que as pessoas escolhem assistir em plataformas online, tanto o consciente quanto o inconsciente desempenham papéis importantes. Estímulos Conscientes: As pessoas geralmente escolhem assistir a vídeos que as fazem sentir-se bem, entretidas ou informadas. Elas podem estar conscientemente evitando assuntos relacionados à saúde mental porque acham esses temas desconfortáveis, perturbadores ou simplesmente não têm interesse neles. Escolhem coisas que se alinham com seus interesses pessoais, hobbies ou valores consci

Psicologia Aplicadas Em Organizações

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Existem várias disciplinas da psicologia que podem ser aplicadas em organizações ou instituições para compreender, melhorar e otimizar o funcionamento dos indivíduos e grupos dentro desses contextos. Aqui estão algumas das principais disciplinas da psicologia utilizadas nesse campo: Psicologia Organizacional: É uma disciplina que se concentra no estudo do comportamento humano nas organizações. Ela busca entender como fatores como motivação, liderança, comunicação, cultura organizacional, satisfação no trabalho e tomada de decisões influenciam o desempenho e o bem-estar dos indivíduos no ambiente de trabalho. Psicologia do Trabalho: Esta disciplina examina a relação entre os indivíduos e o trabalho. Envolve a seleção e colocação de funcionários, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, satisfação no trabalho, estresse ocupacional, equilíbrio e

O Primeiro Emprego Como Desafio Do Psicólogo

  Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender o fenômeno os desafios do Psicólogo ao empregar-se no campo da psicologia. Mesmo que este profissional esteja empregado em áreas diferentes ou similares a área da saúde, para este profissional será como o primeiro emprego. Qual o impacto do primeiro emprego na carreira profissional do psicólogo. O primeiro cliente, o primeiro projeto dentre outros primeiros que surgem. O fenômeno primeiro emprego do psicólogo. Assim sendo, você, enquanto representante de uma espécie biológica que se relaciona de diversas formas em locais diferentes, está sujeito a uma grande variabilidade de fenômenos. Isso significa que, no momento em que lê este texto [sentado em seu quarto, no escritório, na faculdade], você está inserido em um fenômeno específico aí na sua consciência como os desafios do primeiro emprego no campo da psicologia. Este fenômeno pode permanecer na vida do profis

Racionalizar Para Desistir Da Psicologia

  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Na perspectiva da psicanálise, o mecanismo de defesa do racionalismo é quando alguém usa a lógica e a razão para justificar ou negar emoções, desejos ou impulsos inconscientes. No caso do psicólogo que está considerando desistir da psicologia, esse mecanismo pode estar operando de forma inconsciente para evitar confrontar seus sentimentos de frustração, fracasso ou inadequação. Um exemplo prático seria se o psicólogo começasse a racionalizar sua falta de sucesso, dizendo a si mesmo que o mercado está saturado, que a economia está ruim, ou que as pessoas não valorizam o trabalho de um psicólogo. Essas justificativas podem mascarar sentimentos de autoquestionamento, medo do fracasso ou insegurança sobre suas próprias habilidades. Outro exemplo seria se o psicólogo se convencesse de que desistir da psicologia é a decisão mais "pragmática" ou &

Fotos, Selfies PQ Tiramos

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo tem a intenção de encaminhar o leitor a uma compreensão e reflexão sobre motivos que o direciona a apoderar-se de fotos/ e ou selfies travestindo-se com a máscara social de fotógrafo profissional de si mesmo nas redes sociais. O que é selfie para a psicanálise? O termo self foi conceptualizado como a imagem de si mesmo, sendo composto de estruturas, entre as quais consta não somente o ego, mas também o id, o superego e, inclusive, a imagem do corpo, ou seja, a personalidade total. Para a psicologia Sel é o eu constituído por aspectos consciente e inconsciente de uma pessoa, sua personalidade, cognições, pensamentos e sentimentos. Todas essas características ou aspectos se combinam na identidade central da pessoa. Como vivemos na era das redes sociais, deparamo-nos com elas a todo o momento no Facebook, no Instagram, no WhatsApp ou até por e-mail. Será este um sinal de narcisismo? Afinal, o que leva tant

Desvalorização na escolha profissional

  Agosto/2019.     Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208 Pretendo por meio deste texto mostrar a desvalorização, a precarização na escolha de uma profissão e o castigo pela escolha feita ante o mercado de trabalho. Desvalorizado: Que se desvalorizou, que perdeu o valor, ou cujo valor baixou; depreciado. Que perdeu o mérito: O que caracteriza a ação de merecer honras ou castigos; merecimento: condenado pelos seus méritos. O profissional de hoje se encontra desvalorizado perante a sociedade, familiares, amigos e outros pela escolha de determinada profissão acadêmica ou técnica e como mérito por ter escolhido a profissão tem como recebimento o castigo do desemprego. Isto é de fato merecimento e condenação pelos méritos por ter escolhido a vocação ou qualquer outra profissão. Acaso o profissional merece ser castigado, condenado pela escolha que é oriunda da agente crise de desemprego ou qualquer outro tipo de agenciador? A crise de desemprego desvaloriza algumas pr

O Fenômeno Escassez No Consultório

  Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender o fenômeno escassez no consultório, pois sinaliza que o profissional está iniciando o processo de prospecção de clientes, portanto é natural e esperado que o psicólogo se aperceba na escassez. Este fenômeno pode permanecer na vida do profissional por um período longo. Todo e qualquer negócio sofre com a escassez, pois ela é importante e ajudará o indivíduo a definir parâmetros, mudar atitudes, aplicar estratégias. Em fim pelo aspecto negativo se analisar a escassez com certeza se pode tirar algo de valor para aprender com a situação. A pandemia trouxe consigo a possibilidade de as pessoas enxergarem, onde está ocorrendo a escassez em suas vidas. O que será que ocorre com alguns profissionais que tem agenda cheia de clientes, enquanto que outros profissionais se veem na escassez de clientes. Esta situação faz com que o psicólogo entre na comparação social, ou seja,