Agosto/2019.
Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo CRP 06/147208
Pretendo
por meio deste texto mostrar a desvalorização, a precarização na escolha de uma
profissão e o castigo pela escolha feita ante o mercado de trabalho. Desvalorizado:
Que se desvalorizou, que perdeu o valor, ou cujo valor baixou; depreciado. Que
perdeu o mérito: O que caracteriza a ação de merecer honras ou castigos;
merecimento: condenado pelos seus méritos.
O
profissional de hoje se encontra desvalorizado perante a sociedade, familiares,
amigos e outros pela escolha de determinada profissão acadêmica ou técnica e
como mérito por ter escolhido a profissão tem como recebimento o castigo do
desemprego. Isto é de fato merecimento e condenação pelos méritos por ter
escolhido a vocação ou qualquer outra profissão. Acaso o profissional merece
ser castigado, condenado pela escolha que é oriunda da agente crise de
desemprego ou qualquer outro tipo de agenciador?
A
crise de desemprego desvaloriza algumas profissões e super valora outras. O
profissional é impelido a exercer as vezes uma sub ocupação, pois não consegue
se reinserir no mercado de trabalho para atuar na profissão de sua formação
acadêmica ou técnica. Desta forma o profissional deve compreender, que ele
enquanto sujeito é um ser humano individuado e enquanto profissional apenas
exerce uma profissão que faz parte de Si, para não correr o risco de fazer uma
leitura mental e interpretação equivocada deve por tanto separar os papeis
atuados para não sentir desvalorizado. [...] Freud no seu texto
“Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a
questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do
passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos
tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a
angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
A
Crise de desemprego desvaloriza o sujeito profissional das [profissões] e não o
ser humano individual [individuação], se o mesmo conseguir distanciar-se da
profissão perceberá isso. Ou seja, saber quem é o sujeito profissional e o indivíduo
ser humano individuado. Contudo as vezes o sujeito não consegue conscientemente
fazer a dissociação de sujeito profissional - e ser humano individuado o que
resulta na confusão de identidade que pode leva-lo a depressão, suicídio, luto
da perda do emprego ou da escolha pela profissão. Vejo a relação entre mercado
de trabalho e profissional de sadomasoquista, onde o profissional é o
masoquista, aquele que aceita sofrer consciente ou inconsciente ao procurar uma
organização para aplicar seu saber contribuindo na evolução da sociedade. Por
tanto o Sádico mercado de trabalho castiga o profissional com a crise de
desemprego ou pela escolha que fez, pois o mercado está saturado e de algum
modo o sujeito precisa escolher uma profissão, que é a profissão disponibilizada
pelo mercado de trabalho. Mesmo que o sujeito investigue o máximo sobre sua
profissão, ainda assim não tem desvelado as dificuldades que enfrentará e a
saturação ou precarização desta área profissional. É impossível observar a
profissão no âmbito macro, se observa apenas pelo olhar micro que equivale as
cidades onde o sujeito reside e sua região. Já no macro seria observar sobre
todos os estados do Brasil.
O
mercado sádico impõe a força a competição entre os profissionais para cada vaga.
Isto faz com que os profissionais ajam como sadomasoquistas inconscientes entre
si por causa daquela vaga a ser conquistada. Para machucar menos a audição
vamos trocar a palavra sadomasoquista por competitivos. [...] Em sua
obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo
para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Deste
modo o desemprego ocorre quando um trabalhador é demitido ou entra no mercado
de trabalho [está à procura de emprego] e não consegue uma vaga de trabalho. É
uma situação difícil para o trabalhador, pois gera problemas financeiros e, em
muitos casos, problemas psicológicos [depressão, ansiedade, etc.] no
trabalhador e em sua família. Desta forma, o desemprego é caracterizado como
sendo a não possibilidade do trabalho assalariado nas organizações de um modo
geral. De acordo com Garraty, desemprego significa a condição da pessoa sem
algum meio aceitável de ganhar a vida e os desempregados são pessoas capazes de
trabalhar para satisfazer suas necessidades, mas ociosas, independentemente de
sua boa vontade para trabalhar ou cio que elas possam fazer para atender as
necessidades da sociedade.
Desalentado,
é quem não tem emprego, e gostaria de trabalhar, todavia desistiu de procurar
porque perdeu a esperança. Essa pessoa está desanimada sobre suas
possibilidades e expectação. O desalentado não está na força de trabalho. Então
ele sequer entra na conta da taxa de desemprego. E ainda temos a substituição
de mão de obra por máquinas, essa realidade é cada vez mais observável. Nos
terminais de autoatendimento em bancos, nos shoppings, no Poupatempo, no CEPAT,
nos supermercados e em vários outros estabelecimentos, há cada vez mais
máquinas fazendo o trabalho repetitivo que os humanos costumavam fazer. Em
indústrias multinacionais, boa parte dos processos de trabalho é automatizada.
Essa é uma tendência para o futuro, estima-se que o número de profissões cujas
funções podem ser robotizadas aumentará consideravelmente neste século e em
consequência a precarização da mesma. É a tecnologia, e não podemos competir
com uma máquina. Pode até ser que não, mas você pode aprender a trabalhar nesse
novo cenário e fazer dela uma grande aliada.
Agora
o desemprego estrutural, por fim, é o mais grave, tendo em conta que
corresponde a um desajuste técnico entre a procura e a oferta de trabalhadores [mão-de-obra
disponível no mercado]. Muitas das vezes, os postos de trabalho necessários
para a estabilidade da economia são inferiores à quantidade de pessoas que
procuram emprego e que precisam de trabalhar para se sustentar. Esta situação
exige a intervenção do Estado para solucionar o desequilíbrio. E como o estado
não intervém se posiciona como Superego sádico, punindo conscientemente a
classe de desempregados que não percebem e que não conseguem se reinserir
devido a procura ser maior que a oferta de emprego, ocorrendo a precarização de
vagas de emprego. Portanto ao escolhermos uma profissão acadêmica corremos um
sério risco de sermos castigados pelo mercado de trabalho em detrimento da
escolha que fizermos com a não reinserção ou desistência da profissão perante o
mercado de trabalho precarizado e isto é um fato real.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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