Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo destaca para o leitor sobre sucesso e fracasso e será que é
preciso fracassar para depois ter sucesso em qualquer objetivo que deseja
primeiro. Como você chegou a este lugar de fracasso e sucesso e o que fará
agora que tomou consciência da sua angustia? A Academia de Estudos da
Felicidade já constatou que conquistas materiais podem realmente aliviar
algumas tensões, mas não são capazes de deixar uma pessoa verdadeiramente feliz
com a obtenção do êxito. A alegria proporcionada pelo sucesso é passageira e
breve demais.
À
primeira vista este título parece surpreender, pois como poderia alguém se
angustiar diante do sucesso? Comumente, o sucesso é entendido como algo que
encontra êxito, o que seria uma situação, ao menos a princípio, oposta a
angústia, em que não haveria acerto. Diferentemente disso, a experiência
clínica nos traz alguns casos em que o sujeito porta uma queixa não sobre um
sintoma específico, mas sobre uma sensação de fracasso.
Há,
nesses casos, uma reclamação de um fracasso reiterativo quer no trabalho, nos
estudos, no sexo, na transição de carreira, na reinserção no mercado de trabalho,
na vida e por aí vai. Dessa forma, o sujeito chega à análise falando de um
fracasso, que as coisas não dão certo na sua vida e diz que gostaria de obter
sucesso; ter prosperidade no trabalho e no casamento, por exemplo. Esse
discurso parece apontar para um aspecto imaginário do registro psíquico, não
evidenciando a faceta simbólica e real implicada; e tão logo se instale aí uma
análise irrompe uma angústia que desestrutura esse discurso das lamúrias.
De
início parece que o sujeito se angustia com a possibilidade de fracassar, ele
diz, por exemplo, que começa a ficar angustiado ao abordar uma garota, pois
começa a sentir que ela vai lhe dar um fora e ele então fala dessa angústia
como a possibilidade de novamente fracassar frente à tentativa de conquista da
garota. Mas, no transcorrer da análise, esse cenário toma outra dimensão, pois
a angústia não é exatamente frente à possibilidade de fracassar, mas frente à
possibilidade de êxito.
O
que também é capaz de ocorrer quando um candidato participar de um processo
seletivo e se apercebe frente a outros candidatos com mais experiência, saberes
e títulos acadêmicos, indicado a probabilidade de fracassar no processo, pois
não se sente a altura dos potencias candidatos e de ocupar o cargo, por ter
complexos de inferioridade e insegurança. Embora sempre existiram candidatos
mais qualificados que o psicólogo ou qualquer Outro.
No
exemplo, a angústia não é o fora que ele pode levar da garota, mas a
possibilidade de ela desejá-lo, dela tomá-lo como objeto de seu desejo. Ou no
caso do processo não é o medo de ser rejeitado, desclassificado no processo
seletivo ou não ser elegido, porém sim de o recrutador torna-lo como objeto de
seu desejo e elege-lo para o cargo. [...] Em sua obra “Além do Princípio
do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora
do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que
nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
Vejamos
melhor isso. O sujeito teme a perda do objeto, com isso, fica fixado a ele,
obscurecido em sua sombra como que eclipsado ao objeto para não se defrontar
com a suposta angústia da perda. O que aparece, nesse momento, não é o sujeito
castrado, dividido, que de algum modo se depara com sua falta, mas a tentativa
de nada faltar, a tentativa de estar tão próximo a este objeto ao ponto de
incorporá-lo como se ele fizesse parte do sujeito.
Com
isso, o sujeito passa a se identificar fortemente ao objeto de modo a tentar
ser o objeto que irá completar a falta do Outro. Colocar-se no lugar de objeto
é a tentativa, todavia mal sucedida, de não se deparar com a falta que a
castração lhe imputa na posição de sujeito. O objeto, nesse caso, não opera
como um objeto a, ou seja, ele não funciona como um objeto causa de desejo, que
é o objeto em falta.
Disso,
denota-se que se o objeto não está perdido, não há um sujeito em falta, logo
não há uma castração propriamente dita, mas a tentativa angustiante de
completude. A falta [castração], de algum modo, opera, mas na angústia, é como
se o sujeito mobilizasse forças para evitar se defrontar com a castração, e
esse movimento provoca angústia. Nada pode faltar, e dessa forma, se coloca
como um objeto para o Outro.
Uma
vez que o Outro descarta o objeto só resta ao sujeito cumprir esse destino, ser
dejetado, ser abandonado, deixar-se cair. Isso tudo ocorre sob forte angústia,
pois ela é um afeto que não se deixa enganar, isto é, essa certeza do ato
denota que há igualmente uma certeza subjacente em que o sujeito acredita ser
efetivamente esse objeto para o Outro e se coloca dessa forma.
A
angústia não se deixa enganar na medida em que ela é sentida no corpo, é a
força desse afeto que afeta o sujeito ao ponto dele ser certeiramente afetado
em seu ato suicida, ou em outras passagens ao ato. Voltando a questão do
sucesso/fracasso, o sucesso que o sujeito almeja é uma tentativa de conquista
garantida, de triunfo ilimitado, de ausência de castração e de um gozo
infinito. Se o suicida busca essa saída totalizadora de uma forma extrema e
angustiada, o sucesso também é para o neurótico uma saída totalizadora e
extrema, que pode de igual forma provocar uma angústia insuportável.
Para
o neurótico, o sucesso seria alguma espécie de realização em que nada pode
faltar. Por isso mesmo ele se mata, não no sentido de por fim a própria vida, o
narcisismo o impede disso, mas como uma tentativa de encontrar uma saída para
um conflito psíquico, uma tentativa de encontrar um paraíso ou um outro plano
da vida onde não haja angústia. Pois bem, este imperativo de nada poder faltar
o conduz a angústia.
Uma angústia frente à possibilidade de uma
ostentação de um sucesso pleno. O sucesso, para esses sujeitos, teria que ser
sem falta; como isso é impossível, é melhor recuar e, de algum modo, fracassar.
No fracasso o sujeito encontra alento para se regozijar de sua condição de
rejeitado, de fracassado, de mal amado, de sofrido, enfim, encontra uma brecha
para gozar com seu sintoma e supor que um gozo pleno e absoluto só é possível
para o Outro, não para ele. Apercebe-se como vitima da situação.
No
fracasso encontra uma recompensa narcísica para ocupar um lugar de destaque, se
colocando como o pior dos piores, um ser abominável e, com isso, gozar dessa
condição. O fracasso, de outro lado, bordeia o gozo, pois está suposto que o
gozo é do Outro e que ele o faz absolutamente, ficando o sujeito quase como um
objeto frente a esse gozo; aterrorizado, paralisado frente à pergunta O que
quer o Outro de mim? Como se para o sujeito restasse apenas esse gozo mísero,
ínfimo e podre do sintoma.
O
desejo, nesse momento, não opera como possibilidade de saída da angústia, pois
o sujeito tenta evitar a falta. Isso parece ter relação com a maneira que Lacan
(2005) situa a “angústia entre o gozo e o desejo” (p. 192) , na medida em que é
a dobradiça entre os dois e que está no ponto mediano entre gozo e desejo; não
como mediadora, mas como mediana. Exemplo, um estudante se dedica o ano inteiro
estudando todos os dias, inclusive nos finais de semana e feriados, para passar
no concurso que tanto deseja.
Porém,
no dia da prova diz que deu um branco e, por mais que ele diga que o conteúdo
estava claramente ao seu alcance, inexplicavelmente, tudo que ele estudou se
tornou inacessível naquele momento. Tudo desaparece por meio do mecanismo
defesa ato falho. Diante disso, ele se coloca a estudar mais e mais, já que há
três anos ele tenta obter êxito nesta decisão de se tornar servidor público.
Como
é possível, neste contexto, um vacilo cometido pelo estudante no momento final
e decisivo? Essas pessoas apresentam graves problemas em usufruir plenamente a
satisfação de seus desejos, encontrando diariamente meios que operem contra
suas realizações. Realizar o desejo traz angústia e ansiedade, levando-nos a
pensar que esta realização pode estar na via contrária de algumas ideias
significantes.
Exemplo,
as coisas nunca dão certo pra mim, Não tenho tempo, Isso não é pra mim e outros.
Frases como estas fazem parte de um rico discurso do sujeito que busca
sustentar a ideia de que não pode ter o direito de se sentir feliz atendendo
aos seus desejos. Existem ainda outros dispositivos sabotadores que o impede de
obter sucesso em suas ações, tais como, exemplo, a falta de tempo,
desorganização, descontrole financeiro, falta de foco e atenção, intolerância e
impaciência, medo de se arriscar e sair da zona de conforto, que são, na
verdade, as famosas desculpas.
Portanto,
não fazer uma prova porque não quer se sair mal na colocação, mesmo tendo
estudado, seria medo do fracasso ou medo do sucesso? O mesmo pode acontecer com
um psicólogo que se recusa e nega por meio dos mecanismo de defesa a participar
de processos seletivos, porque teve péssimas experiências desclassificatórias
em todos os processos aos quais se candidatou e por isso se avalia como
fracassado e prevê a derrota de ante mão.
Freud
destaca o sentimento de culpa, que torna intolerável qualquer possibilidade de
sucesso. Tal como o castigo, o sentimento de culpa priva o sujeito de desfrutar
de suas realizações, de modo que ele deve, sob o instrumento da angústia,
fracassar.
Ao
avesso do que se espera, há uma reação de angústia frente ao sucesso e esta
incide na tentativa de cumprir com um ideal em que nada pode faltar. Este ideal
está na ordem do impossível, pois nos constituímos na falta e pela falta, ou
seja, a falta é fundamental. É a partir da falta que nos tornamos desejantes.
Portanto, se o sujeito foi dividido, isto implica que não é inteiro e, se houve
uma divisão em que se perdeu algo, o sujeito passa a procurá-lo e buscá-lo
incansavelmente, por isso é chamado de objeto causa de desejo.
Na
tentativa de que nada falte, o sujeito é levado a incorporar o objeto. Neste
caso, ele deixa de operar como objeto faltante ou objeto causa de desejo para
ser objeto de desejo para o Outro. Esta é uma tentativa mal sucedida e
angustiante de completude, pois, para não se dar conta da falta, ele sai da
posição de sujeito. Para alguns sujeitos, o sucesso e a vitória deveriam ser
sem falta, como isso não é possível, de alguma forma fracassam para aliviar a
angústia. E, no fracasso, eles encontram uma forma de gozar da condição de
derrotado e fracassado.
É
como se ouvissem uma voz [do Outro, do pai] que impera e impõe o fracasso como
castigo, evitando o sucesso que não lhes é devido. Sendo assim, inevitavelmente
surgirá a questão da repetição do fracasso como um fantasma. Esse fracasso pode
ser um traço de caráter e o sujeito poderá seguir em sua vida sem buscar uma
análise, por não se tratar de um sintoma, mas de um traço da subjetividade
difícil de negociar.
Assim,
o sujeito, ao se deparar com o êxito [ultrapassar o pai], se angustia por não
poder ir além do pai, ele precisa fracassar. Um exemplo, teólogo formado com a
possibilidade de se tornar um pastor; inconsciente não passa além da figura paterna
Deus sem ser autorizado e se angustia por não poder exercer o pastorado e
precisa fracassar como teólogo/psicólogo.
Diante
disso, a saída da angústia frente ao sucesso aponta para uma direção de análise
que instaure o desejo do sujeito. Quando este for levado à reconhecer sua falta
abdicando de uma ideia de completude, alcançará aquilo que está na ordem mais
próxima do possível, não total, mas castrado, ou melhor dizendo, aquela posição
em que o objeto a opere como causa de desejo.
Henry
Ford, fundador da companhia Ford Motor Company, disse que o verdadeiro Nesse
sentido, um dos fracassos é aquele com o qual não aprendemos nada.
Automatismos
que podem resultar da consciência do erro é o auto castigo. Nós nos culpamos no
nosso íntimo, enquanto por fora aparentemente reina o silêncio. Não sabemos
lidar com os fracassos e os guardamos em segredo, como se essa ferida não fosse
se fechar nunca. Lidar com os fracassos e entender que eles são necessários. Os
fracassos são oportunidades para começar de novo, com mais recursos, de maneira
mais inteligente, com mais conhecimento.
Sempre
que sentimos que não estamos à altura ou que fracassamos em alguma situação
importante, a nossa cabeça associa o nosso desempenho àquilo que somos enquanto
pessoas, o que não corresponde há realidade das coisas. Quando dependemos
exclusivamente do nosso desempenho, sucesso ou fracasso, faz com que a ideia
que temos de nós se altere constantemente de acordo com as mudanças que vão
ocorrendo, alimentando assim a autocritica e a ruminação ansiosa.
O
importante é que independentemente de tudo o que aconteça eu continue estável,
convicto do que sou e do que quero. Mas afinal o que é que alimenta o medo do
fracasso? Expetativas irrealistas: muitas vezes esperamos ter sucesso em
determinadas situações, e quando isso não acontece, pensamos automaticamente
que fracassámos. Mas só porque não conseguimos fazer um teste, ser promovido,
não quer dizer que temos menos capacidades!
O
fracasso é parte do processo para aprender a triunfar. A baixa autoestima,
lembre-se que cada um de nós é único, especial, talentoso, e como tal somos
capazes de construir e desenvolver a nossa própria noção de sucesso! O que para
uns é um fracasso para si pode ser um sucesso. A baixa autoconfiança é quando
não acreditamos em nós é mais difícil alcançarmos o que ambicionamos, por isso
a autoconfiança é fundamental para sermos bem-sucedidos.
Não
saber lidar com a ansiedade ou medo para a maior parte de nós, o medo é uma
emoção incapacitante, devido ao facto de andar de mãos dadas com a ansiedade e
de acharmos que é muito difícil lidar com esta. É importante aceitar que ela
faz parte desta experiência, tal como em todas outras e não dura para sempre.
Perceba que errar é humano. [...] Esse medo marcará nossa memória, de
forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação
de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud,
2006, p.162).
É
importante que compreenda que em certas alturas da sua vida é possível que
cometa falhas ou erros, pois faz parte da condição humana. Não personalize. Provavelmente
já se deparou com situações em que o facto de ter errado, podem não ter
dependido de si. Relembre-se que ninguém consegue ser sempre bem-sucedido.
Evite a autocritica destrutiva, pois esta não o ajuda a melhorar!
Aliás
deixa-o mais ansioso em situações futuras em que o seu desempenho seja
avaliado. Lembre-se que o “fracasso” já originou muitos sucessos, por exemplo,
Albert Einstein, que fora muitas vezes criticado pelo seu professor, sugerindo
que este abandonasse o ensino; Veja o erro, a falha como parte da experiência.
Quanto mais tentar experimentar melhor preparado estará para alcançar o que
valoriza; acredite em si.
Não
desista dos seus objetivos se a decisão se basear no medo em errar e fracassar.
Acredite que tem o que é necessário para enfrentar e desafiar os obstáculos.
Quando tudo fica muito difícil, achamos que o mundo está contra nós, perdemos a
esperança e acabamos desistindo. Muitas pessoas dizem que querem alcançar suas
metas, mas preferem queixar-se, ficar deprimidas e com medo de seguir em
frente.
Esta
não é uma perspectiva saudável, se você não lutar pelos seus sonhos, eles
jamais se concretizarão. No texto “Arruinados pelo êxito”, publicado em 1916,
Freud se perguntou por que as pessoas não conseguiam sustentar a felicidade.
Mostrou que existe uma relação entre o sucesso das pessoas e a doença psíquica.
Para
o psicanalista, era surpreendente e até mesmo atordoante, descobrir que muitos
adoeciam no momento em que um desejo profundamente enraizado e, de há muito
alimentado, estava prestes a se tornar realidade. Por que isso acontece?
Porque, segundo o psicanalista, o sentimento de culpa faz com que as pessoas
não se autorizem ao sucesso. Será que o psicólogo se sente culpado e por isso
não alcança o sucesso merecido no campo da psicologia.
O
descortinar-se no fracasso alimenta esse sentimento de culpa, levando a pessoa
a acreditar que ela não seria capaz ou não mereceria aquilo que ela deseja. Ou
o superego rígido do psicólogo o censura a atuar como psicólogo/teólogo
encaminhando o ego a desistir de ocupar o cargo de psicólogo nas extensões da
psicologia em alguma instituição.
Como
sair dessa compulsão a repetição? Se, sozinha, a pessoa não consegue remar
contra a maré, uma análise pode ajudá-la a sustentar o seu desejo e dar
consequência a ele. Sabendo da preciosidade do tempo, o analista nunca é
parceiro das falhas dos sintomas. Ele não é representante do superego, que puxa
a pessoa para trás e faz esmorecer o desejo. O analista dirige uma análise de modo
a fazer com que o sujeito se confronte com o desejo e se atenha a ele como um
meio de vida. [...] Freud no seu
texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a
questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do
passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos
tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a
angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
Já
as pessoas de atitude mental progressista acreditam que habilidades podem ser
adquiridas com experiências e esforço e o fracasso não deve ser evitado,
acreditam que com trabalho duro podem fazer qualquer coisa. Nem talento, nem
sorte. O que determina o sucesso é a atitude mental, ou seja, como pensamos e
reagimos a cada situação.
O
pulo do gato está em acreditar que podemos melhorar e entender que o sucesso é
o esforço e a dedicação, independentemente das falhas. Modelo mental
"progressista": É como no esporte: os melhores atletas estão sempre
praticando e buscando formas de serem melhores. Muitas vezes treino supera
talento, alcançar o topo é fruto de trabalho e esforço.
A
grande mensagem é não ter medo nem vergonha de tentar e de se dedicar mais, e
isso é o que prega a nova psicologia do sucesso. Exemplo, na contramão desse
conceito moderno, lembro que ouvi certa vez que o filho do vizinho era muito
inteligente, estudava pouco e se saía muito bem em testes na escola. Eu também
ia bem na escola, mas pensei que eu devia ser burra porque precisava estudar
para conseguir notas altas nas provas.
É
assim que boa parte de nós pensa quando falha ou não se saí tão bem em alguma
atividade, logo achamos que não servimos para aquilo mesmo, que não temos
talento. Temos convicção que não existe uma fórmula para o sucesso profissional
que seja perfeita. O que existe são competências e qualificações técnicas que
podem ajudar a alcançar a ascensão na carreira.
Psicólogos
garantem que competências podem ser desenvolvidas para assegurar que estejam
alinhadas com sua carreira e com o sucesso profissional. Isso por que não
existe uma fórmula para o sucesso profissional definitiva que atenda a todos os
perfis. Mas, eu particularmente acredito também que se Deus não estiver agindo
em sua vida, não importa o talento, a pós graduação, o doutorado, a rede network
que você não chegará ao lugar que almeja.
Os
talentos que as corporações buscam são variados e podem mudar conforme o
mercado e objetivos específicos. Alguns atributos são indispensáveis e fazem
parte de uma fórmula para o sucesso profissional padrão. Quase um pacote básico
esperado de qualquer profissional focado em progredir na carreira, tais como
disciplina, assiduidade, comprometimento e responsabilidade.
Essas
qualidades não são tratadas como diferenciais, mas sim uma exigência mínima
para que o profissional seja respeitado no ambiente de trabalho e tenha chances
mínimas de ascensão profissional. No entanto, não se limita a isso. Alguns
diferenciais podem ser desenvolvidos para encurtar o caminho.
Pular
etapas no crescimento profissional não é algo comum. A escada do sucesso
profissional segue passos característicos, que podem ser assimilados em fases
mais curtas ou extensas. Sem a aptidão básica desses atributos, dificilmente o
profissional irá avançar nessa escalada. É verdade que temos mais habilidades
em algumas áreas do que em outras, mas, ainda assim, podemos nos perguntar:
Quem
está no comando da nossa história? Nossas determinações internas e externas ou
o exercício das nossas potencialidades? Estamos preferindo girar em torno das
nossas habilidades desenvolvidas e nos deixar levar pela situação de conforto
ou estamos nos lançando para novas aprendizagens e desafios?
Pois
bem, você irá concordar que tem sido mais comum encontrarmos pessoas que se
apoiam na segurança dos conhecimentos adquiridos do que as que se aventuram
pela insegurança de um território desconhecido. O mesmo não acontece com as
pessoas que se destacam nas mais variadas áreas. No que diz respeito às
aprendizagens da vida elas não são nada econômicas.
Muito
pelo contrário, se sentem estimuladas quando reconhecem um desafio e consideram
o processo de aprender como uma grande oportunidade de crescimento. É claro que
quando encaramos os desafios da vida como oportunidade de desenvolvimento,
também nos deparamos com as nossas falhas, escorregões e quedas. A diferença é
que isso não é sinônimo de fracasso ou de falta de competência.
Alcançar
o sucesso, buscar o melhor desempenho, vencer. Parecem desejos que não podem
ser questionados. Há quem afirme, inclusive, que levantar dúvidas sobre a
sustentabilidade deste estilo de vida seja um discurso de perdedor, de quem não
chegou lá. Os índices de ansiedade, depressão, estresse e outros transtornos de
humor indicam, contudo, que a auto exigência por performance e resultados tem
levado à degeneração da nossa saúde emocional por não aceitar a atual condição
que o sujeito está inserido no momento.
Todos
parecem sentir que estão aquém do que poderiam, que fazem menos do que
deveriam, que nunca chegarão onde sonharam. Mesmo aqueles que já alcançaram
seus objetivos, não conseguem parar. Precisam de mais doses de sucesso para se
sentirem vivos e valiosos. O prazer em atingir metas e receber recompensas é
tanto, que a pessoa precisa cada vez mais. É o que a psicologia chama de
esteira hedonista, pois é preciso continuar caminhando, apenas para se manter
no mesmo lugar, no mesmo grau de auto satisfação.
Este
pensamento, contudo, tem armadilhas. A primeira delas é a queda de autoestima
se os resultados não se concretizam. É grande o risco de ignorar ou diminuir os
avanços que ocorreram no processo, se o propósito final não for alcançado.
Outra possibilidade é deixar de sentir prazer na atividade. Isso ocorre quando
se perde o foco inicial, que era o gostar [de praticar um esporte, de estudar,
de tocar um instrumento musical, e outros], e passa-se a ter alvos, que exigem
treinamento, repetição, esforço.
Há
ainda a chance de surgirem comparações com os outros, o que pode inflar ou
diminuir nosso ego, dependendo do parâmetro que se utiliza, mas sempre de uma
forma ilusória, pois cada um tem caminhos e circunstâncias diferentes para
enfrentar. Buscar melhorar nossas imperfeições e trabalhar nossas
potencialidades certamente não são coisas ruins e são importantes para a
construção da autoestima. O problema parece surgir quando somos implacáveis, quando
só aceitamos a perfeição, que não costuma ser alcançável ou possível.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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