Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um
indivíduo trabalha como fiscal de caixa num supermercado no horário das 14 até
22:20 horas e tem uma folga semanal. Percebe que está dormindo mal, tem dores
nas pernas e nos pés, pois circula constante pela loja e apenas senta quando
vai fazer o horário de refeição. Se sente muito cansado todos os dias.
Na
perspectiva da psicanálise, podemos interpretar os sintomas que o indivíduo
está enfrentando como manifestações de conflitos internos e desequilíbrios
psicológicos. O trabalho extenuante e a falta de descanso podem estar
exacerbando esses sintomas, levando a uma condição de esgotamento físico e
emocional.
O
cansaço constante pode ser uma manifestação do que Freud chamaria de
"cansaço de vida", uma sensação de fadiga resultante de um conflito
não resolvido entre os desejos e as demandas do eu e do superego. A falta de
sono adequado e a tensão física podem estar contribuindo para a sensação de
exaustão.
As
dores nas pernas e nos pés podem ser interpretadas como somatizações, ou seja,
a expressão física de angústias emocionais. Freud sugeriu que as dores físicas
podem ser uma forma de expressar conflitos psicológicos que não podem ser
enfrentados conscientemente.
Além
disso, a falta de tempo para descanso e lazer pode estar afetando a saúde
mental do indivíduo, impedindo-o de lidar adequadamente com o estresse do
trabalho e outros aspectos da vida.
Nesse
sentido, uma abordagem psicanalítica poderia envolver explorar os conflitos
internos e as dinâmicas inconscientes que podem estar contribuindo para os
sintomas apresentados, bem como encontrar maneiras de promover o autocuidado e
a resolução dos conflitos emocionais.
O
cansaço de vida, conforme abordado pela psicanálise, é uma condição psicológica
em que a pessoa experimenta uma sensação de fadiga persistente e desmotivação
em relação à vida. Esse conceito está relacionado aos conflitos internos e à
luta entre impulsos instintivos e as exigências do superego, a parte da mente
que internaliza normas sociais e morais.
Freud
descreveu o cansaço de vida como resultado de uma tensão constante entre os
desejos do id (as impulsões instintivas e desejos inconscientes) e as demandas
do superego (as normas e expectativas sociais internalizadas). Quando essa
tensão não é adequadamente resolvida, pode levar a uma sensação de exaustão
emocional e falta de energia para enfrentar a vida diária.
O
cansaço de vida pode se manifestar de várias formas, como apatia, falta de
interesse nas atividades cotidianas, dificuldade em concentrar-se,
irritabilidade e até mesmo sintomas físicos, como dores pelo corpo. Esses
sintomas podem ser uma forma de o inconsciente expressar o conflito interno e a
angústia emocional que a pessoa está enfrentando.
Portanto,
na psicanálise, o tratamento do cansaço de vida envolve explorar os conflitos
inconscientes subjacentes e encontrar maneiras de lidar com esses conflitos de
forma mais saudável, para que a pessoa possa recuperar sua energia e motivação
para a vida.
A
somatização é um processo psicológico no qual a angústia emocional é expressa
através de sintomas físicos. Na psicanálise, esse fenômeno é entendido como uma
forma de defesa do ego contra conflitos internos e emoções dolorosas que são
difíceis de enfrentar conscientemente.
Quando
uma pessoa experimenta emoções intensas, como ansiedade, raiva ou tristeza, mas
tem dificuldade em reconhecê-las ou lidar diretamente com elas, o corpo pode
reagir convertendo essas emoções em sintomas físicos. Esses sintomas servem
como uma distração do sofrimento emocional subjacente e podem até mesmo
fornecer uma sensação temporária de alívio.
No
caso das dores nas pernas e nos pés do indivíduo que trabalha como fiscal de
caixa, esses sintomas podem estar relacionados ao estresse físico e emocional
do trabalho, bem como a possíveis conflitos internos não resolvidos. Por
exemplo, a sensação de estar constantemente em movimento e sob pressão no
trabalho pode estar gerando ansiedade e tensão emocional, que se manifestam
como dores físicas.
Além
disso, o indivíduo pode estar lidando com sentimentos de frustração, sobrecarga
e falta de satisfação no trabalho, mas pode não estar consciente desses
sentimentos ou ter dificuldade em expressá-los verbalmente. Como resultado,
essas emoções podem ser expressas de forma somática, através das dores nas
pernas e nos pés.
Portanto,
na perspectiva da psicanálise, as dores físicas podem ser interpretadas como
uma forma de o inconsciente lidar com os conflitos internos e as emoções
difíceis, protegendo o ego da angústia emocional ao desviar a atenção para o
corpo.
Na
psicossomática, a interação entre a mente e o corpo é fundamental para
compreender como os aspectos emocionais e psicológicos podem influenciar a
saúde física. No caso do fiscal de caixa, a psicossomática pode estar atuando
de várias maneiras:
Estresse
e Dores Físicas: O estresse emocional causado pelo trabalho extenuante e a
falta de descanso pode desencadear uma resposta física no corpo, levando a
dores nas pernas e nos pés. Essas dores podem ser uma manifestação física do
estresse emocional acumulado, refletindo a conexão entre os aspectos emocionais
e físicos da saúde.
Cansaço
Crônico: O cansaço constante relatado pelo fiscal de caixa pode ser resultado
do desgaste emocional causado pelo trabalho, bem como de conflitos internos não
resolvidos. Esse cansaço crônico pode afetar não apenas a energia física, mas
também a saúde mental e emocional do indivíduo.
Somatização:
Como mencionado anteriormente, a somatização é um fenômeno em que as emoções
difíceis de enfrentar são expressas através de sintomas físicos. No caso do
fiscal de caixa, as dores nas pernas e nos pés podem ser uma forma de o corpo
lidar com o estresse emocional e os conflitos internos relacionados ao
trabalho.
Portanto,
na psicossomática, é importante considerar não apenas os aspectos físicos dos
sintomas, mas também os fatores emocionais e psicológicos que podem estar
contribuindo para a saúde do indivíduo. Ao abordar esses aspectos de forma
integrada, é possível oferecer um tratamento mais abrangente e eficaz para
promover o bem-estar geral do fiscal de caixa.
O
estado de exaustão física e emocional pode se desenvolver gradualmente devido a
vários fatores que impactam tanto o corpo quanto a mente do fiscal de caixa.
Aqui estão algumas maneiras como isso pode ocorrer:
Carga
de trabalho extenuante: O fiscal de caixa enfrenta longas horas de trabalho,
muitas vezes sem oportunidades adequadas para descanso e recuperação. O
trabalho repetitivo, lidar com clientes e gerenciar transações financeiras pode
ser fisicamente exigente, levando a um esgotamento gradual ao longo do tempo.
Estresse
emocional: Lidar com clientes, colegas de trabalho e a pressão para atender às
expectativas da gerência pode ser emocionalmente desgastante. O estresse
constante no ambiente de trabalho pode levar a sentimentos de ansiedade,
frustração e desesperança, contribuindo para a exaustão emocional.
Falta
de autocuidado: Devido às longas horas de trabalho e à exaustão, o fiscal de
caixa pode negligenciar sua saúde física e emocional. Isso pode incluir má
alimentação, falta de sono adequado, falta de atividade física e pouca atenção
aos sinais de estresse e sobrecarga emocional.
Falta
de apoio social: A falta de apoio emocional e social também pode contribuir
para a exaustão física e emocional. Se o fiscal de caixa não tiver um sistema
de apoio forte fora do trabalho para lidar com o estresse e buscar apoio emocional,
isso pode agravar ainda mais a exaustão.
Com
o tempo, a combinação desses fatores pode levar o fiscal de caixa a um estado
de exaustão física e emocional, onde ele se sente constantemente cansado,
desmotivado e incapaz de lidar eficazmente com as
demandas
do trabalho e da vida pessoal. É importante reconhecer os sinais precoces de
exaustão e buscar apoio adequado para prevenir o agravamento dessa condição.
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