Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. O segurança pediu
ao fiscal de caixa para pegar a chave para o mecânico do lavador. O fiscal
respondeu que não sabe onde está a chave e pediu pra esperar um pouco que tinha
que atender o operador de caixa que estava com a luz acesa indicando urgência
no atendimento. Então o segurança ficou exaltado por quê não quiz esperar pelo
fiscal para resolver o problema da chave e foi pegar a chave para o mecânico. O
segurança disse ao fiscal de caixa que o mesmo o maltratou e iria conversar com
o gerente da loja. De pronto o fiscal respondeu ao segurança que poderia ir
conversar com o gerente. Neste momento o gerente está chegando e o segurança
vai até o gerente se queixar da postura do fiscal de caixa que no seu
entendimento o deixou irritado. Imediatamente o fiscal pediu desculpas ao
segurança na frente do gerente e o gerente perguntou ao fiscal está tudo
resolvido em relação ao conflito. O fiscal responde que sim.
Na
abordagem psicanalítica, podemos analisar essa situação como um conflito entre
o id, o ego e o superego. O segurança representaria o id, que é a parte
instintiva e impulsiva da mente, agindo de forma exaltada e reagindo
imediatamente ao problema da chave. O fiscal de caixa seria o ego, tentando
equilibrar as demandas do id (resolver o problema da chave imediatamente) com
as realidades da situação (atender o operador de caixa). O gerente funcionaria
como o superego, buscando manter a ordem e resolver o conflito de forma
civilizada.
Nesse
cenário, o segurança sentiu-se maltratado pelo fiscal de caixa, talvez
desencadeando sentimentos de raiva e frustração. O pedido de desculpas do
fiscal e a intervenção do gerente serviram para restaurar o equilíbrio e
resolver o conflito, permitindo que as partes envolvidas se reconciliassem.
Esse episódio poderia também ser analisado à luz das dinâmicas de poder e
autoridade presentes no ambiente de trabalho, bem como das relações
interpessoais e comunicação.
Na
abordagem psicanalítica, podemos entender a atitude do segurança como uma
expressão dos impulsos primários e instintivos da mente, conhecidos como o
"id". Essa parte da mente opera com base nos desejos imediatos e nas
necessidades básicas, sem considerar as consequências ou normas sociais.
Portanto, a reação exaltada do segurança pode ser interpretada como uma
resposta direta aos seus sentimentos de frustração e irritação ao se deparar
com um obstáculo na obtenção da chave para o mecânico do lavador.
Sim,
exatamente! Essa interpretação está alinhada com a ideia de que o segurança tem
baixa tolerância à frustração. Na perspectiva psicanalítica, isso pode ser
atribuído a uma predominância dos impulsos do "id" sobre os
mecanismos de controle do "ego". Isso significa que ele pode ter
dificuldade em adiar a gratificação ou lidar com situações que requerem
paciência, preferindo uma solução imediata para satisfazer suas necessidades e
desejos.
Sim,
você captou bem essa dinâmica! Na abordagem psicanalítica, podemos interpretar
a reação exaltada do segurança como uma manifestação do seu desejo de exercer
autoridade e controle sobre a situação. Ao se recusar a esperar pelo fiscal e
decidir resolver o problema por conta própria, ele está tentando impor sua
vontade e dominar a situação. Isso reflete uma tentativa de afirmar seu poder e
se posicionar como uma figura de autoridade, possivelmente para compensar
sentimentos de inadequação ou insegurança.
Sim,
exatamente. Na psicanálise, isso pode ser interpretado como um exemplo de
projeção, um mecanismo de defesa no qual uma pessoa atribui seus próprios
sentimentos, desejos ou características a outra pessoa. No caso do segurança,
ele pode estar projetando seus sentimentos de frustração, ansiedade, raiva e
impaciência sobre o fiscal, culpando-o por essas emoções que ele próprio está
experimentando. Isso pode ser uma forma de evitar lidar diretamente com seus
próprios conflitos internos, transferindo-os para outra pessoa. Além disso, a
dificuldade em aceitar um "não" como resposta também pode indicar uma
resistência em lidar com limites e frustrações.
Sim,
exatamente. A transferência negativa é outro conceito importante na
psicanálise, no qual uma pessoa transfere para outra pessoa (geralmente uma
figura de autoridade) sentimentos negativos que ela tem de pessoas do seu
passado, como pais ou outras figuras de autoridade. Nesse caso, o segurança
pode estar transferindo sentimentos de desrespeito, frustração e raiva que ele
possa ter experimentado em outras situações para a figura do fiscal de caixa.
Ele pode estar reagindo ao fiscal de caixa com base em experiências passadas,
projetando nelas sentimentos negativos que podem não estar diretamente
relacionados à situação atual. Isso pode distorcer a maneira como ele percebe e
interage com o fiscal de caixa, gerando conflitos e mal-entendidos.
Sim,
exatamente. O deslocamento é outro mecanismo de defesa importante na
psicanálise, no qual uma pessoa direciona seus sentimentos ou impulsos de uma
fonte original para uma fonte substituta. No caso do segurança, ele pode ter
experimentado situações frustrantes ou desencadeadoras de raiva antes de
iniciar sua jornada de trabalho, mas não foi capaz de expressar ou lidar com
esses sentimentos naquela época. Então, quando surge uma situação estressante
no ambiente de trabalho, como a dificuldade em obter a chave para o mecânico do
lavador, ele desloca sua raiva e frustração do contexto original para o fiscal
de caixa. Isso pode acontecer porque o fiscal de caixa é uma figura presente no
momento e, portanto, torna-se um alvo conveniente para o deslocamento dessas
emoções reprimidas.
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