Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo destaca para o leitor sobre o tema comunicação não violenta que
pode ser aprimorada nos mais diversos ambientes, exemplo, organizacional,
familiar, esportivo, grupal, nas amizades e o que você pensar agora enquanto lê
o artigo. A comunicação não violenta é uma abordagem para se relacionar com
outros indivíduos de maneira menos agressiva e mais empática.
Comunicação
não violenta também assume que todos compartilham o mesmo, necessidades humanas
básicas, e que cada uma de nossas ações são uma estratégia para atender a uma
ou mais dessas necessidades. As ações envolvem a tomada de consciência interna [do
que está acontecendo dentro de você] e externa [o que está acontecendo com o
outro] e depois disso, tentar resolver o que precisa ser resolvido dos nossos
conflitos.
Boa
parte dos conflitos que temos com outras pessoas podem ser causados mais pela
forma como expomos nossas ideias do que propriamente pelas diferenças de
opinião. A CNV, nas palavras do psicólogo, começa por assumir que somos todos
compassivos por natureza e que estratégias violentas – se verbais ou físicas –
são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante. Isto significa que,
em um ambiente que estimule a competitividade, a dominação e a agressividade,
tendemos a nos comportar violentamente. Ao contrário, tendemos a agir com
generosidade em ambientes acolhedores e cooperativos. [...] Em sua obra
“Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
Desse
modo, cada pessoa que esteja disposta a atentar para a sua forma de comunicação
pode promover mudanças ao seu redor, em seu círculo familiar, profissional ou
social, através de atos de acolhimento das necessidades do outro, da percepção
do que ele está comunicando com a agressividade, o cinismo, a indiferença.
Ninguém gosta de estar em constante atrito com os outros. É comum que por traz
destes comportamentos haja uma dor muito grande, que a pessoa tenta mascarar.
Um
dos mandamentos mais importantes da CNV é exercitar a capacidade de se
expressar sem julgamentos e sem classificações de [certo] e [errado], que
buscam [vencer] um debate com o interlocutor e provar um ponto de vista. Muitas
vezes, não ouvimos a opinião do outro para compreendê-la, mas apenas para
podermos contra-argumentar, em um duelo sem fim. Uma ideia da comunicação
não-violenta é, ao invés de acusar o outro por atos com os quais não
concordamos, dizer como nos sentimos diante deles. Ao ser chamado de violento,
egoísta ou agressivo, o outro tende a se defender, justificar-se ou culpar
fatos/agentes externos.
Porém,
se mencionarmos que ficamos tristes, angustiados ou nos sentimos desrespeitados
diante da certa atitude, mostramos para o outro a nossa humanidade e as
consequências de suas ações, possibilitando uma aproximação. Contudo, também
pode ser percebido pelo outro como sinal de fraqueza encaminhando esse indivíduo
desprovido de maturidade a agir de modo indevido inadequado conosco ao se
deparar com a nossa humildade. [...] Freud no seu texto “Recordar
repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da
compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado
esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto
mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou
o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
Ao
explicarmos o que sentimos, possibilitamos ao outro rever suas atitudes para
não nos magoar, além de oportunizamos que ele fale sobre as emoções que o
levaram a praticar certas condutas. Pode parecer, à primeira vista, que a CNV
nos leve a nos calar diante de ofensas ou agressões, mas é justamente o
contrário: ela é totalmente fundada na comunicação honesta e transparente, que
não se limita aos fatos analisados sob a nossa ótica [exemplo, você me deixou
esperando por horas], mas foca nos sentimentos [exemplo, me senti abandonado
quando você não apareceu.
[Trata-se
de uma comunicação mais eficaz do que a acusatória, que devolve ao outro todo o
nosso ressentimento, e também do que aquela que se cala passivamente, que nos
sufoca nos nossos próprios rancores. Usar o princípio da comunicação não
violenta por vezes não é uma tarefa fácil, depende de vontade, disposição e de
um desejo de melhorar a si mesmo e as relações que desenvolvemos em nossa vida
diariamente.
É
um exercício, um aprendizado consigo mesmo e com os outros. Mas, antes de tudo
deve se observar se os integrantes inserido no mesmo ambiente que você está,
são pessoas que são capazes de aceitar a comunicação não violenta vinda de
você. Caso isto não aconteça a tendência é gerar mais conflitos com esses
indivíduos.
1.
Observação: fazer observações sobre as ações ou falas da pessoa que estão nos
incomodando ou gerando conflito, em uma discussão, por exemplo. É importante
que essas observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas interpretações
acerca do que a pessoa quis dizer com suas atitudes, mas sim, o que de fato ela
fez ou falou.
2.
Sentimentos: Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar
para nós mesmos, percebendo e identificando os sentimentos que estão sendo
aflorados dentro de nós a partir das atitudes da pessoa. Estamos sentindo
raiva? Frustração? Medo? Preocupação? Alívio? Nesse momento é bem importante
utilizarmos palavras que sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos.
Por
exemplo, quando digo que estou me sentindo “ignorada” isso não é de fato um
sentimento, pois a palavra descreve a ação de uma terceira pessoa [você está me
ignorando]. A ideia aqui é que você se pergunte: “se estou com a sensação de
que estou sendo ignorada, o que eu de fato sinto? Esse exercício é importante
não porque você quer se enganar ou retirar a responsabilidade do outro pelas
ações dele, mas sim porque você quer aumentar suas chances de ser escutada
quando for falar sobre algo. Se você disser “estou me sentindo triste com o que
aconteceu” em vez de [estou me sentindo ignorada por você] suas chances de ser
escutada são maiores.
3.
Necessidades: Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar as
necessidades que são apontadas por eles. Se estamos nos sentindo frustrados,
qual foi a necessidade que não foi atendida e que gerou essa frustração?
Comunique
suas necessidades se responsabilizando por elas, por exemplo, em vez de dizer [estou
irritada porque vocês não lavam a louça] você pode entender quais necessidades
suas não estão sendo atendidas e comunicá-las [estou irritada porque eu estou
cansada e gostaria de chegar em casa e encontrá-la limpa]. Cooperação é algo
importante para convivermos bem e gostaria de conversar sobre os acordos que
vão nos ajudar a conviver melhor aqui em casa.
4.
Pedido: Depois de entendermos melhor o que precisamos, podemos fazer ao outro
um pedido claro para que nossas necessidades sejam atendidas. Na conversa,
todas essas questões podem ser trazidas à tona, para que fique claro o que está
se passando entre nós e o outro. Isto é, podemos comunicar a ele as nossas
observações, a partir do que ele fez ou falou, depois explicar o que sentimos a
partir dessas atitudes, bem como do que precisamos e não está sendo suprido e
então, fazermos um pedido claro do que queremos.
Muitas
vezes isso pode ser difícil pois não sabemos o que queremos ou até mesmo temos
receio de receber um “não” como resposta. A Comunicação Não Violenta é um
convite para termos conversas corajosas, é claro que é muito mais gostoso
quando as pessoas adivinhem o que estamos precisando, mas é injusto esperar
isso delas sempre. Para que um vínculo de confiança se estabeleça precisamos
comunicar nossas necessidades e pedidos de maneira que as outras pessoas tenham
clareza sobre como poderiam enriquecer nossas vidas.
Estive
observando os colaboradores que trabalham na prestação de serviços, exemplo, o
supermercado, porque trabalho na ocupação de operador de caixa e percebo que se
eu aplicar a comunicação não violenta com esses sujeitos, a partir deste
momento irei gerar mais conflitos, pelas descoincidências de opiniões. São
pessoas que não se dedicam a evoluir em algum aspecto sobre competências socioemocionais.
E
não estão preocupadas com as necessidades alheias, porque o ambiente favorece a
insegurança psicológica. A comunicação não violenta tem seu aspecto positivo,
mas as vezes até dentro do meio familiar se torna inviável a sua aplicabilidade
devido aos preconceitos das pessoas inseridas, pois não desejam alterar seus
comportamentos, muito menos a forma de pensar. [...] Esse medo marcará
nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo,
“portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e
esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Percebo
isto neste ambiente ao qual estou inserido organizacional que trata os
colaboradores como filhos. A comunicação não violenta em alguns ambientes só
poderá ter eficiência se houver treinamento sobre o tema e os indivíduos
naquele ambiente estejam pré dispostos a abandonar o comportamento de
insegurança para adotar e praticar no ambiente.
Compreendo
que no ambiente supermercado não surte efeito por se tratar de um ambiente de
pessoas incultas e preocupadas apenas em satisfazer as próprias necessidades,
exemplo desde a diretoria até o chão de loja os colaboradores. É lógico que
existem rede de supermercados que contam com a psicologia organizacional, mas a
rede a qual estou em questão não tem interesse. Por tanto descrevo a
funcionalidade ou não de acordo com a contingência oportunizada pelo ambiente.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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