Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo tem a intenção de descortinar ao leitor que existem situações
que se colocam na vida de um profissional com a intenção desvelada de provocar
o silencio do profissional. Ou em outras palavras, fazer de modo abusivo com
que o profissional desista de aplicar a carreira em benefício de outros
O
ator difícil abusivo se coloca ocultamente agindo com ações sadomasoquistas com
exigentes normas referentes a processos seletivos, idade máxima para ser
admitido por um empregador abaixo da meia-idade, pós-graduação, experiência
profissional no mínimo 05 anos, aparência fica apresentável dentre outras.
E
quando o indivíduo se enxerga fora deste padrão estabelecido profissionalmente se
apercebe no fim da linha ou na cisterna, onde seu saber é mantido apenas para
ele e sem a possibilidade de compartilhar com outros seu conhecimento que trará
melhoria de qualidade de vida para as pessoas.
A
vida é marcada por mudanças, e elas ocorrem o tempo todo. Algumas são datadas,
como o resultado da guerra entre a Ucrânia x Rússia. Outras, podem acontecer de uma hora para a
outra, como a perda de um emprego ou o recebimento de um diagnóstico de doença
terminal. O impacto destas transformações depende mais da pessoa que as sente
do que necessariamente do fato ocorrido. É comum ouvir a frase aceita que dói
menos, mas será que a aceitação diminui realmente a angustia? [...] Em
sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão
a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
O
desemprego abusivo é possível trazer ganhos secundários, como a proteção e
atenção. O desemprego pode ser usado como uma proteção – para desculpar a
incapacidade para determinados tipos de trabalho, ou entre competidores ou na
vida familiar, como um meio para forçar sacrifícios de parentes a sustentar o
desempregado/ e ou familiares a sustentar o usuário de drogas e demonstrações
de afeto compaixão de parte dos outros para com o desempregado ou para impor a
própria vontade sobre eles.
O
desemprego pode ser usado como um meio de autopunição, com o objetivo de
aliviar a culpa. O desemprego ocorre quando um trabalhador é demitido ou entra
no mercado de trabalho, à procura de emprego no campo ao qual foi demitido ou
outra área de atuação, e não consegue uma vaga de trabalho nem em sua área de
formação e nem em subempregos.
Na
escassez de clientes providos de dinheiro é admissível ganhos secundários, como
defesa e atenção seletiva. A escassez de clientes é capaz de ser empregada como
uma preservação a fim de desculpar a inabilidade para deliberados acolhimentos
psicológicos, ou fugir da prospecção persecutória a clientes, como um meio para
forçar sacrifícios de parentes a sustentar o psicólogo escasso de clientes.
Com
demonstrações de compaixão da parte dos outros para com o psicólogo escasso ou
ainda para impor a própria vontade sobre eles. Parece que quanto mais tempo o
indivíduo se mante nesta posição, mas difícil é enxergar o egresso. A percepção
do sujeito é abalada em todos os sentidos, inclusive na fé religiosa, na
autoconfiança, autoestima e autoavaliação.
O
indivíduo chega até se perguntar: O que devo fazer para sair desta difícil
situação? Porque não é fácil ajustar o pensamento, o sentimento e o
comportamento. Custosa porque está trazendo dispêndio de energia libidinal sem
resultados satisfatórios. Trabalhosa, porque exige ações efetivas que causa
grande fadiga. Árdua que é difícil aceder ou alcançar. Que se custa a
compreender a razão de um sujeito estar inserido numa difícil eventualidade.
Complicada, que encerra impedimentos difíceis de resolver e que custa suportar
ansiedades.
Analisando
o livro de II Reis, na passagem de II Reis 6:15-18 é possível compreender uma
situação desfavorável abusiva, onde o personagem profeta Eliseu e seu servo o
moço são impedidos de demoverem-se da situação usando seus recursos físicos,
mas apenas o recurso espiritual lhes possibilitaria o egresso do ator abusivo.
De
acordo com o livro II Reis 6:15-18. 15- E o servo do homem de Deus se levantou
muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e
carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos?16 - E ele
disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com
eles.
17
- E orou Eliseu, e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que
veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio
de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu. 18 - E, como desceram a ele,
Eliseu orou ao SENHOR e disse: Fere, peço-te, fere está gente de cegueira. E
feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseu.
O
profeta aciona seu recurso teológico a oração fundamentada na fé em Deus. Ou
por outra, projeta por meio do mecanismo defesa projeção, a confiança em Deus
para subtraí-lo daquela circunstância angustiante. Porque não era homem dotado
de aparatos para guerra, muito menos de inteligência emocional na arte de
negociador.
O
Servo do profeta agiu de modo desesperado, perdendo o raciocínio, ficando preso
no mecanismo de defesa do medo. O Servo agiu por entre o mecanismo defesa regressão,
com atos infantis, buscando uma solução na figura paterna o profeta, com a
expectativa de protege-lo da morte eminente, por outro lado Eliseu buscou a
solução na figura paterna Deus em oração. A confiança em Deus clarificou a
compreensão do servo, possibilitando enxergar a saída da dificuldade com
clareza.
O
medo as vezes impossibilita a pessoa de raciocinar de modo efetivo e abala a
autoconfiança trazendo insegurança. E somos capazes de compreender de existem
situações desconfortáveis que estão fora do nosso alcance seja de recursos
econômicos, recursos materiais, recursos acadêmicos, recursos físicos e
emocionais, digo, não temos o controle por estarem fora da nossa alçada e com
isto o medo de instala mobilizando o sujeito.
A
angustia da frustração e da perda é inerente ao fato. A aceitação parte de um
processo de reconhecimento de que aconteceu o que poderia ter acontecido. A
ansiedade diminui quando não há conflito com a aceitação e ao enxergar pontos
positivos no fato ocorrido. Voltar a mente e a atenção para esses pontos podem
aliviar a angustia.
A
maturidade emocional é o maior aliado da aceitação diante de situações
adversas. É preciso entender que negar aquele acontecimento não vai trazer nada
de bom. Pelo contrário, pode piorar ainda mais a ocasião. O sujeito que por
entre o mecanismo de defesa negação, consuma a negação que a sua voz está sendo
silenciada na atuação de sua profissão complica ainda mais a realidade.
Quando
a pessoa não aceita determinada situação, a mudança se torna pesada, dolorosa,
sofrida, revoltante, motivo para sentir culpa, em vez de ser estimuladora para
se manter motivada a realizar. Ao invés de usar a energia para superar aquele
fato e avançar, a pessoa gasta a energia se lamentando no que não está
acontecendo de esperado.
Aceitar
uma mudança não significa deixar de sofrer imediatamente. Toda perda ou
frustração tem seu tempo de luto que precisa ser vivida. Fingir que não sente
raiva não ajuda em nada, só faz você se enganar. Quando algo não está sob nosso
controle, a aceitação é o primeiro passo para que a pessoa consiga perceber
que, a partir de agora, algo mudou e que ela precisará se reinventar.
Porém,
isso não significa que não haverá sofrimento. Pelo contrário. O luto é
necessário para a recuperação, para que pessoa consiga, aos poucos, retornar o
equilíbrio emocional. Mas, para que esse luto possa ser vivido, é preciso
aceitar a perda [emprego e clientes]. É preciso atentar para linha tênue que
existe entre a aceitação e o conformismo, atitude de aceitar uma situação
desfavorável ou incômoda passivamente.
Para
saber de que lado você está, o caminho é avaliar os impactos emocionais
causados pela mudança. Neste caso o indivíduo opera pelo mecanismo de defesa da
projeção, isto é, projeta sobre a circunstância difícil, pensamentos,
percepções derrotistas, ainda mais se o sujeito estiver inserido no evento
desfavorável a longo tempo.
Se
a minha aceitação está gerando sentimentos negativos, eu estou me conformando,
porque me mantenho em uma situação que acredito que não possa ser modificada.
Isto pode acontecer com quem tem a autoestima baixa, senso de incapacidade ou
não merecimento muito forte. Ou porque a pessoa simplesmente não enxerga uma
saída da contrariedade. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e
elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à
repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro
de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior
for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que
esse passado recalcado desperta em nós.
Entender
que mudanças fazem parte da vida e que todos vão passar por isso pode ser uma
maneira de aliviar as ansiedades que as transformações trazem. Todo mundo passa
por situações difíceis na vida, não tem como escapar. As angustias e as
dificuldades fazem parte da vida e precisamos ter uma capacidade interna para
poder superá-las.
Às
vezes, convivemos com situações que não aceitamos, como, por exemplo, a maneira
que as pessoas nos tratam; o desemprego na meia-idade; a perda de clientes na
clínica, residir em moradia com espaço restrito; conviver em bairro guarnecidos
de infratores, limitação na condição econômica e por aí vai.
Por
outras vezes, somos surpreendidos por mudanças que são difíceis de aceitar.
Faça uma lista de tudo aquilo que você não quer aceitar. Se forem muitos
tópicos, separe por áreas, como família e vida profissional. Ao lado de cada
não aceitação, escreva uma possível solução, algo que você poderia fazer para
passar a aceitar aquela situação ou para mudá-la e deixá-la de uma maneira
aceitável para você.
Quando
nos deparamos com situações que são difíceis de aceitar, normalmente ficamos
com a autoestima abalada. Separe um tempo para cuidar de você, foque nas suas
qualidades e faça atividades que gerem prazer para você. Se estamos empregados
nos sentimos satisfeitos e deste modo projetamos atitudes, pensamentos e
sentimentos de satisfação e sucesso, mas se ao contrário tendemos a projetar o
fracasso, apontando sérios prejuízos a autoestima. E tendemos a buscar
comportamentos infantis do passado pra aliviarmos a ansiedade. [...]Mecanismo
defeso regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um
modo de expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a
ansiedade escapando do pensamento realístico para comportamentos que, em anos
anteriores, reduziram a ansiedade.
Entenda
que nem tudo é como você quer. Um cenário de desemprego na meia-idade atrelado
a falta de clientes no consultório, é capaz de induzir um profissional com
avaliações excelentes a acreditar que não tem competência, habilidade e
atitudes para que não lhe seja concedido emprego e nem clientes providos de
papel moeda.
Um
desempregado/ e ou profissional da saúde faltoso de clientes pode inventar um
cenário totalmente diferente para tentar escapar de ser magoado, insultado ou
desrespeitado por alguém.
A
falta de clientes é capaz de ser percebida como uma forma de violência
psicológica no consultório. Sorrateiramente, o cliente abusivo que rejeita fere
o emocional do profissional através de manipulações econômicas e mentiras para
se engrandecer ou se safar de situações desfavoráveis para ele. A ausência de
cliente é perigosa porque cria uma dinâmica tóxica e insuportável no profissional,
destruindo a autoconfiança alvo das manipulações.
Situações
difíceis é uma forma de manipulação cometida para produzir inseguranças e medos
no outro. Informações são omitidas, distorcidas ou fabricadas para sustentar o
abuso psicológico. Dessa forma, o sujeito duvida de si mesmo e transfere a
responsabilidade dos conflitos, e ele pode chegar a duvidar da própria sanidade
em casos extremos. Por exemplo, um cenário muito comum é quando um psicólogo
suspeita de um desprezo e o cliente jura não estar acontecendo nada, acusando o
de estar vendo coisas ou sendo dramático. [...] Esse medo marcará nossa
memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto
uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de
desamparo” (Freud, 2006, p.162).
O
nível desfavorável abusivo faz de tudo para desmerecer as suspeitas, acusando o
desempregado de estar criando conflitos desnecessários. Logo, o desempregado esquece
momentaneamente a desconfiança e passa a se culpar por ter causado uma situação
desconfortável. Indivíduos que não conseguem terminar relacionamentos doentios
com o desemprego geralmente estão com a autoestima debilitada em razão do abuso
sofrido.
A
condição difícil começa sutilmente, com pequenas acusações e manipulações para
abalar a autoconfiança. A pessoa começa vagarosamente a acreditar mais na
situação abusiva do que em si. À medida que o cenário desfavorável abusivo se sente
confiante as práticas aumentam e podem envolver ataques direitos. Ele pode
atribuir às suspeitas e demandas emocionais da pessoa a sua incapacidade de se
satisfazer com a relação, insegurança, falta de autoestima, intelecto inferior,
emoções descontroladas e assim por diante.
A
intenção da pratica do cenário difícil abusivo é justamente essa, maltratar e
desrespeitar o sujeito em prol do benefício próprio, por meio do sadomasoquismo.
Mesmo quando confrontado por exibir tal ação, a situação difícil abusiva nega
ter más intenções.
O
sentimento pelo agente desfavorável abusivo também pode atrapalhar na hora do
julgamento. O indivíduo pode se sentir tentado a criar desculpas para a ação questionável
do ambiente por nutrir afeição por ele. Por isso, vale a pena levar em
consideração as observações de amigos e familiares próximos. As opiniões deles
podem ajudar a perceber a realidade tóxica no relacionamento desemprego e a falta
de clientes.
A
principal maneira de identificar o abuso no cenário é por meio da reflexão. A
pessoa deve analisar os fatos e exigências do cenário difícil de maneira
racional, questionando-se quais emoções são despertadas pelas posturas e
palavras do cenário abusivo, bem como pelos momentos compartilhados com ele.
Elas são boas ou causam ansiedade? São confortáveis ou estressantes? Pode-se
analisar por meio da Contratransferência.
A
ocorrência difícil abusiva busca mostrar ao sujeito que ele está errado,
equivocado ou confuso, livrando-se, assim, da responsabilidade por seu
funcionamento questionável. Ele, ainda, diz como ele deve se sentir em relação
aos ocorridos expostos durante a operação.
O
processo de afastamento do relacionamento abusivo não costuma ser fácil nem
rápido. Rodear-se de apoio alivia emoções negativas e evita recaídas, muito
comuns em situações como essa. Pois o indivíduo se enxerga na compulsão a
repetição do desemprego e escassez de clientes.
Referência
Bibliográfica
BÍBLIA,
A.T. II Reis. In BÍBLIA. Português. Bíblia Evangélica: Antigo e Novo
Testamentos. Tradução Versão de João Ferreira de Almeida Corrigida 1948 (JFAC).
São Paulo.
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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