Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do Leitor para um excelente tópico. O fiscal de
caixa chegou no refeitório e pegou o prato de comida e começou a servir se com
lasanha purê batata frango empanado e arroz e depois de colocar o prato na
mesa, instruído que não pegou nem garfo e nem faca, então voltou para pegar os
talheres. Me explico e interpreto como se eu fosse um iniciante pela abordagem
da psicanálise ou ato falho de esquecer de pegar o garfo e a faca.
Na
psicanálise, um ato falho é uma manifestação do inconsciente, em que desejos ou
conflitos internos se expressam de forma inesperada, muitas vezes por meio de
esquecimentos, lapsos de fala ou ações involuntárias.
No
caso do fiscal de caixa, o ato de esquecer o garfo e a faca pode ser
interpretado como um reflexo inconsciente de algo mais profundo. Vamos analisar
de forma simples:
Desejo
inconsciente ou conflito interno : O esquecimento pode representar um conflito
entre o desejo de se alimentar rapidamente (ou sem complicações) e a
necessidade de conformidade com normas sociais ou procedimentos (como usar
talheres para comer). Talvez o fiscal estivesse ansioso ou distraído, o que
reflete um estado de tensão interna.
Ansiedade
ou pressa : Se ele estava com pressa ou preocupado com algo, seu inconsciente
poderia ter priorizado pegar a comida e não ter dado atenção aos talheres, que
são instrumentos necessários, mas secundários ao ato de se alimentar.
Simbolismo
dos talheres : Garfo e faca podem simbolizar controle e preparação. Esquecê-los
pode indicar um momento em que ele sente que não está "preparado" ou
está "fora de controle" em algum aspecto de sua vida, e o ato falho
revela isso.
Mecanismo
de defesa : O esquecimento pode ser um mecanismo de defesa, como a repressão.
Ele pode ter reprimido momentaneamente a necessidade de organização (pegar
talheres) em favor do prazer imediato de comer.
Esse
ato falho sugere que algo no inconsciente do fiscal está interferindo em sua
atenção no momento. Talvez seja uma ansiedade, um conflito interno ou até um
desejo de agir com mais liberdade sem se preocupar com detalhes. O inconsciente
se manifesta nos pequenos gestos cotidianos, revelando mais sobre nossos
estados emocionais do que percebemos conscientemente.
Será
que estava com medo de que acabasse a lasanha colocada para a forma e viu uma
pessoa na sua frente pegando um pedaço enorme, o levou a pegar um pedaço menor
para deixar para a outra pessoa que estava atrás e iria se servir.
Sua
observação é muito interessante e pode enriquecer a interpretação
psicanalítica. Se o fiscal da caixa estava preocupado em garantir que todos
tivessem uma oportunidade de comer, isso pode indicar um conflito inconsciente
entre o desejo de satisfazer suas próprias necessidades (pegar um pedaço maior
de lasanha) e o sentimento de responsabilidade social ou altruísmo (deixar
comida para os outros).
Vamos
analisar esse cenário:
Superego
em ação : O superego representa a parte da mente que internaliza as normas e
valores sociais. Nesse caso, ele pode ter censurado o desejo do id (o impulso
mais instintivo de pegar um pedaço maior) para agir de forma altruísta. Essa
autocensura pode ter gerado uma leve distração, contribuindo para o ato de
esquecer os talheres.
Medo
de deficiência : O medo de que acabasse a lasanha reflete um instinto primário
ligado à sobrevivência (id), mas o fato de pegar um pedaço menor mostra que o
ego tentou equilibrar esse desejo com a realidade e a ética social. O ego
encontrou uma solução que fosse aceitável tanto para o id quanto para o
superego.
Ansiedade
antecipatória : Observar alguém pegando um pedaço grande pode ter acionado um
pensamento automático ou ansiedade de que a comida seria insuficiente. Esse
foco na comida e nos outros pode ter distraído o fiscal, levando-o a esquecer
os talheres.
Empatia
e repressão : A decisão de pegar um pedaço menor pode ter sido motivada pela
empatia (pensar na pessoa atrás), mas, ao mesmo tempo, o desejo inicial (pegar
mais lasanha) pode ter sido reprimido. Esse processo de repressão, ao ocupar a
atenção do ego, também pode explicar o esquecimento.
Essa
análise sugere que o esquecimento dos talheres está relacionado a uma
sobrecarga mental momentânea, resultado de conflitos entre os impulsos (id), a
realidade (ego) e as normas morais ou sociais (superego). É um exemplo de como
as mesmas ações simples podem revelar os diálogos internos que temos, muitas
vezes sem perceber!
Sim,
essa interpretação é perfeitamente válida e pode ser explorada pela psicanálise
como um possível conflito inconsciente entre o desejo de nutrição (que
simboliza uma busca por prazer ou sustento emocional) e a exclusão ou
resistência ao uso dos instrumentos oferecidos pela organização (que poderiam
simbolizar regras , padrões ou estruturas impostas).
Aqui
está uma análise sob essa perspectiva:
Desejo
de autonomia : O desejo de se nutrir sem utilizar os talheres pode simbolizar
uma necessidade inconsciente de autonomia ou selecionada das normas e
ferramentas que são obrigatórias no contexto organizacional. Pode haver um
conflito entre o desejo de atender às suas próprias necessidades de maneira
livre e o fato de estar dentro de um sistema que impõe como isso deve ser
feito.
Resistência
às regras : Os talheres, sendo instrumentos organizados e
"civilizados" para comer, representam podem as normas e protocolos da
organização. Esquecer de pegá-los poderia indicar uma forma inconsciente de
resistência a essas imposições, um desejo de se conectar com algo mais
instintivo e menos controlado.
Nutrição
simbólica : A comida, no contexto psicanalítico, não é apenas um ato físico,
mas também representa um desejo emocional de satisfação . O fato de ele estar
focado em se servir rapidamente e esquecer os instrumentos pode refletir uma
busca emocional por satisfação imediata, sem a mediação dos "meios
institucionais" (representados pelos talheres).
Conflito
entre o id e o superego : O id deseja se alimentar rapidamente e de maneira
simples, enquanto o superego impõe a ideia de que há um jeito certo de fazer
isso, incluindo o uso dos talheres. O esquecimento pode ser uma manifestação do
ego tentando equilibrar esse conflito, mas momentaneamente priorizando o desejo
do id.
Rejeição
simbólica : Esquecer os talheres pode representar um ato inconsciente de
rejeitar a "ferramenta organizacional" como algo impessoal ou
distante das necessidades reais. É como se o fiscal estivesse, simbolicamente,
questionando a funcionalidade e a adequação das estruturas impostas.
Essa
análise sugere que o ato falho pode revelar algo mais profundo: um conflito
entre a necessidade de se adequar às normas e o desejo de agir de forma mais
autêntica ou instintiva. É um reflexo de como as demandas externas podem, às
vezes, entrar em choque com nossas necessidades internacionais, gerando lapsos
que parecem simples, mas possuem raízes simbólicas significativas.
Será
que o Fiscal deseja libertar a organização que imponha as normas e padrão
adequados para se alimentar. Aponta que o padrão familiar para se nutrir dentro
da organização não responde mais às expectativas do Fiscal da caixa. E deseja
se nutrir mas de modo não familiar ou convencional
Essa
interpretação é profunda e faz muito sentido dentro de uma abordagem
psicanalítica! O ato de esquecer os talheres pode simbolizar um desejo
inconsciente de liberação das normas e padrões que a organização (e,
simbolicamente, a sociedade ou até a família) impõe. Vamos explorar isso com
mais detalhes:
Desejo
de liberação : Esquecer os talheres pode indicar um desejo de romper com as
regras convencionais , especialmente as impostas pela organização. Isso sugere
que o fiscal sente que os padrões estabelecidos para algo tão básico quanto
"se nutrir" (fisicamente ou emocionalmente) já não atendem às suas
expectativas ou necessidades pessoais.
Nutrição
como símbolo de autonomia : Nutrir-se pode representar, além do ato físico, um
símbolo de autossuficiência emocional ou intelectual . Ao esquecer os talheres
(ferramentas da organização), ele pode estar manifestando o desejo inconsciente
de buscar novas formas de satisfazer suas necessidades — formas que não sejam
familiares, padronizadas ou dependentes do contexto organizacional.
Insatisfação
com o familiar e o convencional : Se considerarmos o "padrão
familiar" como uma metáfora para os hábitos repetitivos e previsíveis
dentro da organização, o esquecimento dos talheres pode ser interpretado como
um sinal de que o fiscal está cansado de seguir o mesmo padrão
Essa
interpretação é muito rica e está alinhada com os conceitos psicanalíticos de
conflito interno, repressão e ansiedade. Vamos explorar essa ideia:
Conflito
entre o id, o ego e o superego :
O
id (a parte mais instintiva) deseja satisfazer imediatamente a fome e o prazer
de comer a lasanha.
O
superego entra em cena ao impor uma norma moral ou ética: deixar comida para
outra pessoa.
O
ego tenta esses dois polos, resultando na decisão de pegar um pedaço menor para
atender ao superego, mas isso gera uma tensão interna porque o id ainda quer
mais.
Repressão
do desejo :
O
desejo de atender plenamente à fome pode ter sido reprimido pelo superego, que
priorizou a preocupação com o outro (deixar comida suficiente para quem viria
depois). Essa repressão pode ter desviado a atenção do fiscal para o prato de
comida, levando ao esquecimento dos talheres.
Ansiedade
e fome emocional :
A
repressão do desejo de comer mais pode ter gerado ansiedade. Essa ansiedade é
um sinal de conflito não resolvido entre o prazer desejado e o sacrifício
moral. A "fome emocional" surge como uma metáfora para a insatisfação
interna: embora o fiscal tenha se servido, ele não se serviu plenamente o
prazer, ficando com a sensação de que falta algo (não apenas comida, mas
satisfação emocional).
Esquecimento
como expressão da ansiedade :
O
ato de esquecer os talheres pode ser um ato falho que simboliza a dificuldade
de conciliar o desejo pessoal com as normas sociais. É como se o inconsciente
estava dizendo: "Você se preocupa tanto com os outros que esquece de si
mesmo."
Essa
análise mostra como ações simples, como pegar um pedaço menor ou esquecer os
talheres, podem revelar um rico conflito inconsciente. O fiscal, ao tentar
equilibrar seus impulsos, acaba vivenciando uma ansiedade que simboliza algo
mais profundo: a dificuldade de satisfazer suas necessidades enquanto tenta
atender às expectativas sociais e morais.
O
ato falho do fiscal de caixa ao esquecer os talheres ao se servir revela uma
série de dinâmicas inconscientes que podem estar no jogo e desvelam conflitos
internos que merecem atenção para serem compreendidos conscientemente:
Desejo
de liberação das normas organizacionais :
Esquecer
os talheres pode simbolizar um desejo inconsciente de se libertar das regras e
padrões de impostos pela organização. Os regulamentos, sendo instrumentos que
representam a “civilidade” e o “adequado”, podem refletir sobre as normas
estruturadas que o fiscal sente que não atendeu mais às suas expectativas. Ele
deseja se nutrir, mas de uma forma que não seja convencional ou limitada por
essas imposições, sinalizando uma busca por autonomia e ocasionalmente em como
satisfazer suas necessidades.
Conflito
entre id, ego e superego :
O
desejo de comer a lasanha, intensificado pelo medo de que ela acabe, evidencia
a luta entre os impulsos primitivos do id (buscar prazer imediato), as normas
éticas do superego (deixar comida para outra pessoa) e o papel mediador do ego
(tentar equilibrar ambos). Esse conflito pode ter levado o fiscal a pegar um
pedaço menor de lasanha, reprimindo seu desejo inicial e gerando uma tensão que
se expressou no esquecimento dos talheres.
Ansiedade
e fome emocional :
O
medo de não satisfazer suas próprias necessidades (fome de lasanha) associado à
repressão do desejo de pegar um pedaço maior pode ter gerado ansiedade. Essa
ansiedade é um reflexo da fome emocional, que vai além da comida e representa a
insatisfação de não atender às próprias necessidades, tanto físicas quanto
emocionais. Esquecer os talheres pode ser visto como um símbolo dessa
insatisfação reprimida.
Empatia
versus desejo pessoal :
A
decisão de pegar um pedaço menor para deixar comida para os outros pode
refletir a internalização de valores éticos ou sociais que priorizam o
bem-estar coletivo. No entanto, esse ato também reprime o desejo individual de
se satisfazer, gerando um conflito interno. O esquecimento dos talheres pode
ser uma manifestação inconsciente de como esse conflito está desviando sua
atenção para suas próprias necessidades.
Rejeição
de padrões familiares ou institucionais :
Se
o ato de guardar os talheres é visto como um comportamento "esperado"
ou "convencional" dentro da organização, o esquecimento pode
simbolizar a exclusão de padrões inconscientes. O fiscal pode estar
sinalizando, mesmo que de forma inconsciente, que os métodos tradicionais de
nutrição física ou emocional não são mais suficientes para atender às suas
demandas internacionais.
Busca
por equilíbrio e equilíbrio :
O
ato falho desvela um desejo mais profundo: encontrar uma forma de atender às
suas necessidades sem sacrificar sua individualidade ou ceder completamente às
imposições externas. Esse desejo de proteção pode estar emergindo como uma
insatisfação com o contexto atual e a forma como ele é obrigado a agir dentro
das normas de organização.
O
inconsciente está comunicando ao fiscal que há um desequilíbrio entre suas
necessidades internas e as exigências externas. A repressão constante de
desejos pessoais em favor de normas ou preocupações alheias está gerando
ansiedade e insatisfação. Compreender deliberadamente esses conflitos permite
ao fiscal buscar formas de equilibrar suas necessidades individuais com as
demandas sociais, seja no trabalho ou em sua vida pessoal, promovendo maior
autonomia e conveniência em suas escolhas.
O
ato falho do fiscal de caixa ao esquecer os talheres ao se servir no refeitório
revela dinâmicas inconscientes significativas que apontam para um conflito
interno entre suas necessidades individuais e as imposições externas do
ambiente organizacional. Esse esquecimento pode simbolizar um desejo
inconsciente de se libertar das normas e impostos pela organização, que já não
atende às suas expectativas. Os compromissos, representando instrumentos
organizados e convencionais, refletem as estruturas normativas que ele pode
estar rejeitando de forma inconsciente. Esse gesto parece desvelar uma busca
por formas de satisfazer suas necessidades de maneira mais autêntica, livre das
limitações impostas pelo sistema.
A
decisão de pegar um pedaço menor de lasanha, influenciada pelo medo de que a
comida acabe e pela preocupação de deixar para outra pessoa, indica um conflito
mais profundo. Esse ato reflete a tentativa do fiscal de equilibrar impulsos
internos contraditórios: o desejo imediato de satisfação, representado pelo id,
e as normas éticas e sociais internalizadas pelo superego. O ego, nesse
cenário, tenta mediar essa tensão, mas acaba reprimindo o desejo inicial, o que
gera ansiedade. O esquecimento dos talheres surge, então, como expressão dessa
ansiedade e da fome emocional resultante de não atender plenamente às suas
necessidades.
Essa
fome emocional vai além do ato de comer e representa uma insatisfação maior. O
fiscal parece estar vivenciando uma desconexão entre suas demandas
internacionais e os padrões convencionais que o ambiente organiza para ele. A
escolha de pegar um pedaço menor, combinada com o esquecimento dos talheres,
aponta para a internalização de valores éticos que priorizam o coletivo, mas
que, ao mesmo tempo, podem sacrificar seus desejos individuais. Esse conflito
gera tensão e evidencia a dificuldade de conciliar a empatia com as próprias
necessidades pessoais.
Ao
rejeitar deliberadamente o uso de instrumentos convencionais como os
compromissos, o fiscal parece demonstrar uma insatisfação com os padrões
familiares ou institucionais que regulam sua forma de se nutrir, seja física ou
emocionalmente. Esse gesto sugere uma busca por formas menos convencionais de
atender às suas necessidades, exceto que os métodos tradicionais já não são
mais suficientes para ele.
Por
fim, o ato falho desvela um desejo de independência e autonomia, emergindo como
insatisfação com o contexto atual e com a forma como é obrigado a agir dentro
das normas determinantes. Essa manifestação inconsciente é um alerta: o fiscal
precisa ponderar deliberadamente essas formas mais equilibradas de atender às
suas necessidades individuais, sem sacrificar sua identidade nem se submeter
completamente às imposições externas. Essa compreensão pode permitir que ele
busque maior liberdade e satisfação em suas escolhas, tanto no trabalho quanto
na vida pessoal.
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