Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo recomenta para o leitor a habituar-se a acionar a abordagem
psicanalítica nos seus afazeres no dia-a-dia. Pois, o pensamento psicanalítico
pode ser aplicado no cotidiano de diversas maneiras, seja no âmbito pessoal ou
profissional. Cito aqui estão alguns, exemplos, autoconhecimento é o pensamento
psicanalítico que direciona uma pessoa a compreender melhor a si mesma e a seus
próprios comportamentos, sentimentos e pensamentos.
Porque
ao refletir sobre suas próprias experiências e emoções, é possível identificar
padrões de comportamento que possam estar ligados a questões inconscientes,
permitindo que a pessoa possa lidar melhor com seus conflitos e desafios. A
psicanálise também pode ajudar a depreender de modo intelectual os
relacionamentos interpessoais. Ao entender melhor as dinâmicas que ocorrem nas
relações com outras pessoas, é possível lidar melhor com conflitos, estabelecer
relações mais saudáveis e compreender as necessidades e desejos dos outros. [...]
Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será
experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação
reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
O
pensamento psicanalítico também pode ser aplicado no ambiente profissional,
especialmente nas áreas de psicologia, psiquiatria, saúde mental e recursos
humanos. A psicanálise pode ajudar a compreender melhor as relações de poder,
as dinâmicas de grupo e as questões inconscientes que afetam a saúde emocional
e psicológica dos funcionários.
A
psicanálise também pode ser aplicada em análises de obras de arte, permitindo
uma compreensão mais profunda da mente humana e dos temas que afetam as
pessoas. Através de uma perspectiva psicanalítica, é possível interpretar a
arte de uma forma mais profunda, percebendo as questões inconscientes que
possam estar presentes na obra.
Aprender
a pensar é um fundamento básico na Psicanálise, e não se refere a uma função ou
dimensão meramente cognitiva. Isso fala do desenvolvimento de um espaço de
autoria onde o psiquismo – o ego, o próprio ser, o self, a consciência –
aprende a prestar atenção seletiva e aperceber a si mesmo e à vida através de
um acurado e aprofundado processo reflexivo e de autopercepção. [...] Freud
no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a
pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
O
ego, nesse processo utiliza o seu pensar, o seu intelecto, o seu examinar, para
desenvolver uma melhor consciência de si mesmo, melhorar seu entendimento e sua
noção de realidade, tendo, assim, melhores condições para transformar o que
precisar e quiser transformar em sua vida.
Particularmente
num momento histórico como o nosso, a capacidade de pensar bem, de discernir,
de avaliar profundamente o que realmente está em atenção seletiva – sejam
princípios, sejam valores [quais? e seu contexto…] – indo além da superfície do
noticiário, é um recurso de importância fundamental para que cada um possa
escolher bem o que acredita ser o melhor para si.
Utilizando
seu pensar para elaborar recursos a fim de lidar com suas contrariedades e
desejos através da capacidade simbólica – indo muito além da projeção, da
transferência e da fantasia como forma de se aperceber ou se posicionar no
mundo, ou perante pessoas com quem convive, a pessoa, o ego, cria, com isso,
mais condições pra acertar e viver em harmonia.
A
capacidade de pensar depende, também, de se poder admitir o descompasso da
existência de um pouco de desprazer, ou desencanto, pelo fato de a vida não
ser, ainda, a ideal ou perfeita, quando se pode perceber que o nascer, o
crescer e o viver são mesmo experiências dolorosas, na sua essência – mas que
permitem, também, as suas alegrias e satisfações. [...] Em sua obra
“Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
Assim
também é o processo analítico – que é o mesmo do de autoconhecimento e de individuação
doloroso, às vezes, na medida em que nos coloca numa posição de consciência de
nós mesmos, nos mostrando o que precisamos melhorar, mas é libertador, quando
acontece de elaborarmos essa liberdade no processo de assumirmos e validarmos
quem e como realmente somos.
E
é por isso que o processo de conhecer a nós mesmos nos permite maior
flexibilidade diante da vida, desfazendo amarras e angústias que, com a
manutenção da ignorância, digo, destituição de informação nos imobilizam, nos
colocando, desta forma, na direção na sensatez do melhor que queremos para nós
e que nos faça mais sentido.
Em
resumo, o pensamento psicanalítico pode ser aplicado de diversas maneiras no
cotidiano, desde o autoconhecimento até a compreensão das relações
interpessoais e questões profissionais. Através dessa abordagem, é possível ter
uma compreensão mais profunda da mente humana e das dinâmicas que afetam o
comportamento humano.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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