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Desistir Da Carreira Aos 50+ Sim ou Não?

 Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo chama atenção do leitor para um excelente tópico. Que retrata a dificuldade que um indivíduo passa a ter no momento que se aproxima da meia-idade. E Com o envelhecimento da população e a expectativa de vida cada vez maior, é natural que o mercado de trabalho esteja passando por transformações. No entanto, ainda há muitas barreiras para profissionais acima de 50 anos, especialmente na área da psicologia, mas existem outras áreas, exemplo, engenharia, advocacia, administração, tecnologia da informática dentre outras e talvez até a sua.

Neste artigo, a intenção é explorar a faculdade de raciocinar, de compreender e de estabelecer relações lógicas julgando ou avaliando tudo o que determina a existência de um acontecimento e agentes estressores capazes de influenciar na renuncia abrindo mão de não fazer esforços para provocar o desejo de empregar-se no mercado de trabalho por ter 50+ anos. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.

O fenômeno a discriminação etária, pois infelizmente, ainda há muita discriminação no mercado de trabalho contra pessoas com mais de 50 anos. Os empregadores podem ter preconceitos com relação à idade e acreditar que esses profissionais estão desatualizados ou são menos produtivos do que os mais jovens. Isso pode dificultar a obtenção de empregos, especialmente em empresas que buscam um perfil mais jovem para seus funcionários.

Porque além da discriminação etária, muitos profissionais da psicologia com mais de 50 anos enfrentam a falta de oportunidades no mercado de trabalho. Isso pode ser resultado de um mercado saturado, com muitos profissionais competindo por um número limitado de vagas, ou de uma demanda menor por serviços de psicologia em geral. A falta de oportunidades pode levar à desmotivação e à desistência de procurar emprego. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.

A ausência do papel moeda é a causa que produz o efeito na dificuldade em se atualizar. A psicologia é uma área em constante evolução, com novas teorias, técnicas e metodologias sendo desenvolvidas o tempo todo. Profissionais com mais de 50 anos podem enfrentar dificuldades em acompanhar essas mudanças, especialmente se não tiverem acesso a cursos de atualização ou não estiverem familiarizados com as novas tecnologias que estão sendo utilizadas na área.

O ato de despertar o interesse para algo e capaz de gerar o conflito com valores pessoais. Muitos profissionais da psicologia com mais de 50 anos podem estar em um ponto de suas carreiras em que desejam ter mais autonomia e liberdade para definir seus horários e formas de trabalho. Isso pode entrar em conflito com valores pessoais, como a necessidade de ter um emprego estável e seguro em uma organização, o que pode ser uma barreira adicional para conseguir emprego em empresas que não valorizam essa autonomia.

Por fim a falta de suporte e incentivo, onde profissionais da psicologia com mais de 50 anos podem sentir falta de suporte e incentivo de suas famílias, amigos e colegas de trabalho. O processo de busca por emprego pode ser desafiador e desgastante, e o apoio emocional e prático de pessoas próximas pode fazer toda a diferença.

A falta de suporte e incentivo pode levar à desistência ou desmotivação em relação à busca por emprego. Exemplo, verídico ao qual passei por um período de quatro anos desempregado buscando uma posição na psicologia, prospectando clientes e perdendo clientes no consultório. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).

Mas, tive o amparo de uma prima e seu esposo que me aparou com certa quantia mensal, até que eu pudesse me recolocar no mercado de trabalho. É lógico que ainda não me recoloquei como psicólogo, mas sim em uma função de cargo inferior, com a intenção de socializar permanecendo fora da zona de conforto da ociosidade involuntária [desemprego]. Contudo permaneço insistindo até encontrar a minha posição de psicólogo no mercado de trabalho.

Destaco agora a espiritualidade que não se trata de escolher essa ou aquela religião ou tradição mística. A questão é que a atenção clínica para a espiritualidade ajuda na saúde mental sendo uma realidade comprovada. Assim, a espiritualidade ajuda na saúde mental, fazendo com que eles possam confrontar melhor as adversidades. E como sou formado em teologia posso afirmar o quanto a teologia me amparou para atravessar o desemprego.

A dimensão espiritual do ser humano permite que ele transcenda a si mesmo e consiga que os significados e os valores sejam fundamentais em sua existência. A a espiritualidade é espaço relacional onde a pessoa expressa desejos de seu coração, exigências de sua razão, fragilidades, forças, o caminho que está percorrendo, o que a estrutura, suas razões de viver e de esperança. [...] Compreendida deste modo, a espiritualidade expressa a inquietação humana presente em todas as pessoas, uma inquietação aberta para o infinito e que mobiliza a busca pelo sentido da vida, da morte, do sofrimento (Amatuzzi, 2008).

É neste espaço privilegiado que se constroem, pouco a pouco, gestos de liberdade que alçarão a pessoa à altura de sua dignidade de ser humano. Sem a espiritualidade, a humanidade seria um deserto, pois não haveria para onde drenar a necessidade que temos de percebermo-nos pertencentes a algo mais amplo que o mero cotidiano.

A religiosidade e a espiritualidade são consideradas fatores contribuintes na melhora da qualidade de vida das pessoas, tendo em vista que auxiliam na construção de sentido ou propósito para as ações que realizam e para o futuro que buscam concretizar. Porém, espiritualidade e religiosidade não são sinônimos, onde a espiritualidade está relacionada ao significado da vida, com a crença em aspectos espiritualistas para justificar sua existência; já a religiosidade é compreendida como um conjunto de crenças e práticas institucionalizadas, como a frequência a cultos, missas, entre outros rituais.

Conclusão Embora existam muitas razões pelas quais um profissional da psicologia com mais de 50 anos pode desistir de tentar empregar-se no mercado de trabalho, é importante lembrar que cada indivíduo é único e pode ter razões diferentes para fazer essa escolha. No entanto, é essencial que a sociedade em geral se conscientize da existência deles. Mas, digo, infelizmente isso não acontece.

 

 

Referência Bibliográfica

AMATUZZI, M. M. (2008). Experiência Religiosa, Psicoterapia e Orientação Espiritual. Em C. Bruscagin

FREUD, A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1968

FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.

FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII

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