Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo esclarece para o leitor o tema pulsão de morte. A pulsão pede um objeto,
mas que não é específico, mas que se liga a pulsão pela sua peculiar aptidão
para possibilitar á satisfação, que está ligada a história do sujeito, aos seus
desejos (desprazer ou prazer), perdas de luto, desamparo, divorcio, traição,
abandono, pensamentos de ódio, raiva e fantasias.
O objeto não é concebido
como uma coisa do mundo (externo) que se oferece à percepção, mas como uma
síntese de representações (figuras de personagens, arquétipos, figuras humanas,
fotos, imagens, a Self, torcedores de time de futebol deslocando a raiva contra
o time, greve contra partidos políticos, manifestações contra órgãos públicos,
homofobia) que Freud denomina representação – objeto.
O objeto do investimento
pulsional (Energia libidinal, pulsão sexual, pulsão de vida ou pulsão de
morte), assim como o objeto de desejo é uma representação e não um objeto
externo no sentido de uma coisa do mundo.
A partir de então, a
pulsão de morte deverá ser tomada na relação particular, sempre singular, que o
sujeito (Ego) mantém com o gozo (destruição, morte, agressividade, agressão,
raiva), com o objeto (Exemplo de Objetos: Arquétipo, padres, pastores, chefes
de empresa, supervisores, atores da mídia, professores, personagem, figura
humana, a própria Self) a que causa seu desprazer (Exemplo de
desprazer:
desamparo, humilhação, luto, abandono, rejeição, divorcio, separação
conjugal, alienação ao objeto).
O Ego odeia, abomina e
persegue, com intenção de destruir, todos os objetos (Arquétipos, personagens,
figuras humanas, figuras de políticos, representações, pensamentos de raiva,
ódio, vingança, retaliação contra alguém na psique, imagens, professores,
fotos) que constituam uma fonte de sensação desagradável (desamparo, abandono,
divorcio, separação conjugal, traição, rejeição) para ele, sem levar em conta
que significam uma frustração quer da satisfação sexual (transar, relação
sexual), quer da satisfação das necessidades autopreservativas (alimento,
cuidados com o corpo, higiene).
O ódio, os desejos de
retaliação e a vingança do Ego podem servir ao eu do (Objeto) que gerou o
abandono como auxiliares no processo de elaboração do luto pela perda do outro,
pois, ao denegrir, desvalorizar e rebaixar o objeto, o eu (Ego) enternece (se
autoestima) a ligação com este, e tal processo de ataque inconsciente pode
chegar ao fim, pois quando a raiva se esgotar ou quando o objeto perder por
completo seu valor surge o sentimento de triunfo, vitória sobre o objeto.
Essa instância, no
interior do sujeito, que o leva a se autodestruir é o supereu (Id). Não o
supereu (Superego) herdeiro do complexo de Édipo, resultado da interiorização
dos interditos parentais e ligado à figura pacificadora do pai do Édipo; mas um
supereu (Id) muito mais feroz, de uma severidade extrema, que manifestará
contra o Eu (Ego) a mesma agressividade rude que o Eu (Ego) teria gostado de
satisfazer sobre outros indivíduos, a ele estranhos.
Para explicar as
manifestações de autoagressão, Freud faz valer um retorno da agressividade
sobre a própria pessoa por um supereu sádico, que maltrata, atormenta e
angustia o eu(Ego). O supereu (Id) que tiraniza o sujeito, por suas exigências
desmesuradas, aparece, assim, como um dos nomes dessa pulsão de morte, que nada
apazigua o supereu (Id). Longe de ser acalmado, como se poderia imaginar, pela
renúncia pulsional, ele se encontra tanto mais excitado, crescendo sempre mais
sua superioridade.
Aqui, a renúncia
instintiva pulsional não basta, pois o desejo [quer dizer, a tendência à
agressão do supereu] persiste e não pode ser escondida do Superego. Assim, a
despeito da renúncia efetuada, ocorre um sentimento de culpa. Aqui, a renúncia (culpabilidade) instintiva
pulsional não possui mais um efeito completamente liberador; mas o supereu (Id)
se impõe, exige, interdita, e mais ele se mostra ávido de renúncia, como se ele
se nutrisse dessa renúncia a culpa.
Que o sujeito (o Ego)
deva passar pelo outro (Objeto de representação na psique) para ter acesso a
uma imagem de si mesmo (Essência, Self) não é sem consequências. Vai resultar
disso, ambivalência estrutural (amor e ódio), uma tensão conflitiva interna ao
sujeito (Ego) e, desde então, a relação do sujeito a seu semelhante (Objeto de
representação na psique) vai se desdobrar em um duplo registro, aquele do erotismo
e aquele da agressividade.
Existe um componente
erótico, porque o sujeito vê no outro (Objeto de representação na psique) uma
imagem ideal, narcísica, de si mesmo, que ele investe libidinalmente como sua
própria imagem (Ego). Existe um componente agressivo porque, se eu (o Ego) é o
outro, então esse outro (Objeto de representação na psique) pode tomar meu
lugar. E é em termos de você ou eu que se desdobra então a relação. A única
saída vem a ser a destruição do outro (Objeto de representação na psique).
Essa relação erótica, em
que o indivíduo humano se fixa numa imagem (Objeto de representação na psique)
que o aliena em si mesmo, eis aí a energia e a forma donde se origina a
organização passional que ele irá chamar de seu eu (Ego) é nessa dimensão
pulsional do supereu (Id) que nós encontramos a definição de pulsão de morte.
Mas vejamos o que leva o
sujeito a repetir a situação que vai contra o seu bem, certamente, essa
tendência mórbida se enraíza em um movimento vital, mas que não é suficiente
dizê-lo assim. É preciso poder explicar por que todo o mundo não tem a mesma
relação com a pulsão de morte.
O que leva certos
sujeitos a se oporem à sua cura e mesmo a se autodestruírem, a se auto
agredirem, a cometer suicídio, crimes contra o próximo? As Pulsões de vida e
pulsões de morte apresentam-se sempre misturadas. Enquanto as pulsões de vida
são numerosas e ruidosas, a pulsão de morte é invisível e silenciosa.
Autonomia da pulsão de
morte, entendida como pulsão de destruição, concebida como disposição pulsional
autônoma, originária do ser humano. A partir desse momento, destrutividade e
sexualidade passam a ser consideradas com inteira autonomia uma com respeito à
outra. A meta da pulsão de agressão é a destruição do objeto.
Pulsões de Morte designa
uma categoria fundamental de pulsões que se contrapõe às pulsões de vida e que
tendem para a redução completa das tensões, isto é, tendem a reconduzir o ser
vivo ao estado anorgânico. Voltadas inicialmente para o interior e tendendo à autodestruição,
as pulsões de morte seriam secundariamente dirigidas para o exterior,
manifestando-se então sob a forma da pulsão de agressão ou de destruição (morte
física, Violência verbal, violência física).
As pulsões de vida tendem
a constituir unidades cada vez maiores, e a mantê-las. As pulsões de vida,
também designadas pelo termo Eros, abrangem não apenas as pulsões sexuais
propriamente ditas, mas ainda as pulsões de autoconservação. A pulsão sexual de vida, consoante ao ego,
visa à síntese, à constituição e manutenção de laços, funcionando segundo o
princípio de energia ligada. Seu objeto-fonte corresponde ao objeto-total,
regulador e apaziguador.
Pulsão – Processo
dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo tender para um
objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal; o
seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte
passional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir suas metas.
Quatro termos importantes
para a compreensão da pulsão: pressão, alvo, objeto e fonte. A montagem da
pulsão nos quatro aspectos apontados acima, embora o termo pulsão seja
empregado pura e simplesmente, se refere à pulsão sexual.
Por pressão de uma pulsão
entende-se seu fator motor, a soma de força ou a medida da exigência de
trabalho que ela representa. A pulsão não está a serviço de nenhuma função
biológica, pois esta é marcada por um ritmo, por uma alternância, por uma
possibilidade de satisfação através do estado de estimulação na fonte.
O alvo da pulsão é a
satisfação, que só pode ser alcançada cancelando-se o estado de estimulação na
fonte da pulsão. O alvo permanece invariável para todas as pulsões, mas os
caminhos podem ser diversos, podendo ter alvos intermediários que podem se permutar
produzindo satisfações parciais.
Objeto da pulsão é aquilo
no qual ou pelo qual ela pode atingir seu alvo. É o mais variável na pulsão;
não está ligada originalmente a ela apenas pela sua peculiar aptidão para
possibilitar a satisfação. A pulsão pede um objeto, mas que não é específico,
mas que se liga a pulsão pela sua peculiar aptidão para possibilitar à
satisfação, que está ligada a história do sujeito, aos seus desejos e
fantasias.
O objeto não é concebido
como uma coisa do mundo que se oferece à percepção, mas como uma síntese de
representações que Freud denomina “representação – objeto”. O objeto do
investimento pulsional, assim como o objeto de desejo é uma representação e não
um objeto externo no sentido de uma Coisa-do-mundo).
O objeto é tal como se dá
à nossa experiência, enquanto que a coisa-em-si, é o que se encontra para além
do fenômeno e, portanto, para além de qualquer experiência possível. A coisa em
si não pode ser conhecida, mas pode ser pensada, idealizada, fantasiada,
imaginada.
Por fonte da pulsão
entende-se aquele processo somático (corpo físico, organismo), interior a um
órgão ou a uma parte do corpo, cujo estímulo é representado na vida anímica
(psique, consciência, mente) pela pulsão.
Analisando a Pulsão de
morte me possibilita fazer a interpretação. O que fazer para que o Ego pare de
receber a pulsão de morte direcionada pelo Id que causa desprazer e ao mesmo
tempo não sofra o desprazer da culpa causada pelo Superego? O que o Ego deve
fazer para assumir controle sobre o Id e Superego?
O Ego necessita tomar
consciência de que está alienado ao Objeto que lhe causa desprazer investindo
energia pulsão de morte direcionada pelo Id com a permissão para destruir,
desvalorizar o Objeto na intenção de sentir-se valorizado, vitorioso, amado por
conseguir derrotar, destruir a imagem que lhe causa tanta dor na psique por
causar-lhe abandono, ou seja, Ego ao estar alienado ao Objeto não percebe sua
autonomia para pensar livremente, percebendo as consequências que trás para a
própria imagem ao permitir-se a agressividade dirigida internamente para si
mesmo.
E quanto ao conflito com
o Superego que o faz sentir-se culpado por ter sido abandonado resultando a
perda da própria imagem (Essência), deverá entender que ao se sentir culpado e
querer destruí o Outro que lhe causou abandono na própria psique, está
destruindo a própria imagem ou o próprio Ego (Eu), permitindo-se perceber que
não pode ser culpado ou responsabilizar-se por não ter preenchido a falta no
Outro (Objeto que causou o desamparo no Ego), ou até mesmo buscando no Outro o
preenchimento da falta que existe em si mesmo (Ego) de amparo, proteção.
Neste caso o Ego necessita renunciar (Exercer
o livre desejo, á vontade, perceber as consequências destruidoras de permanecer
alienado) a alienação imposta pelo Objeto causador de desprazer na psique e
compreender que a o sentimento culpa trás consigo á aplicação do mecanismo de
defesa de autopunição e entender que o Objeto não faz mais parte de sua relação
no mundo externo, pois o Objeto já foi perdido na sua relação no mundo externo.
Ou seja, o Objeto está
para sempre perdido servindo apenas para marcar um falta, um vazio de abandono
na psique não podendo mais causar desprazer por meio do mundo externo, mas está
apenas na psique causando o desprazer e compreendendo que não tem como saber
antecipadamente prevendo os comportamentos, ações, pensamentos dos Objetos de
modo a se sentir seguro amparado ou até querendo adivinhar se será abandonado
pelo Objeto para aplicar os mecanismos de fuga, esquiva, medo evitando o
desprazer de abandono, desamparo, rejeição, culpa causado pelo Objeto.
No projeto de 1895, Freud
nos fala da experiência de satisfação e a partir da primeira experiência,
estabelece-se uma facilitação ou um diferencial na trama dos neurônios, de tal
modo que ao se repetir o estado de necessidade surgirá um impulso psíquico que
procurará reinvestir a imagem mnêmica (memória, recordações dolorosas,
lembranças dolorosas, pensamentos e sentimentos de raiva, ódio, vingança,
retaliação) do objeto com a finalidade de reproduzir a satisfação original
(prazer). Esse impulso é o que Freud chama de desejo. Nenhum objeto satisfará a
pulsão. O objeto serve para marcar uma falta, um vazio irredutível, o fato de
que para a pulsão o objeto está para sempre perdido.
O objeto é tal como se dá
à nossa experiência, enquanto que a coisa em si, é o que se encontra para além
do fenômeno e, portanto, para além de qualquer experiência possível. A coisa em
si não pode ser conhecida, mas pode ser pensada. Um objeto é, portanto, aquilo
que se coloca diante de nós, como correlato de uma percepção de uma lembrança,
de uma imaginação ou de um pensamento.
A coisa caracteriza-se
pela sua posição autônoma e pode ou não se tornar um objeto na medida em que se
coloca diante de nós, seja numa percepção ou numa lembrança. O que caracteriza
uma coisa é o fato dela manter-se em si mesma como autônoma. A coisa é o objeto
perdido, embora nunca o tenhamos tido, e que deve ser reencontrado. Ele é um
vazio, que se encontra além da representação, podendo apenas ser pensado.
O Objeto é um momento
mítico (Cheio de mistificação, algo fantástico, lendário cheio de lendas,
perfeito), no começo de tudo, quando teríamos a posse da coisa ou do Objeto
perfeito cheio de mistificação. Daí por diante, seríamos lançados numa busca
infindável dessa coisa perdida mitificada por nós mesmo (Ego), embora nunca a
tenhamos tido verdadeiramente. Nessa procura da coisa, forma-se a trama das
representações através dos caminhos da memória, das recordações de sofrimento,
lembranças de desprazer.
Essa busca é regida pelo
princípio do prazer. O aparato psíquico, tendo como referência a experiência de
satisfação, produz uma ação específica cujo objetivo é reproduzir essa
experiência de prazer, satisfação. É a demanda do desejo satisfeito que funda o
inconsciente humano.
Como desmistificar-se,
descontruir-se em relação ao Objeto perdido que se mantem autônomo na psique ao
qual nunca tivemos de fato e que faz o Ego continuar a procurar pelo Objeto
perdido?
O individuo entra no além
do principio do prazer passando a repetir, recordar elaborar pensamentos e
ações nocivas de maneira inconsciente na busca de alcançar o prazer em
detrimento do desprazer imposto à psique por manter pensamentos, sentimentos de
raiva e ódio, a falta do Objeto e recordações do Objeto perdido que ocasionou o
desamparo.
O Ego ao compreender, ter
insight sobre desmistificar, desconstruir-se em relação ao Objeto perdido, não o
perceber mais cheio de mistificação, poder, alienação, mas percebe-lo como de
fato existe cheio de imperfeições e que causa sofrimento ao Ego, da mesma forma
como o Ego pode causar desprazer a Outros Objetos por não ser perfeito ou com
atribuições de mistificação, renunciará a compulsão á repetição pela
compreensão, insight ou desconstrução do Objeto.
Compulsão a repetição, a
construção de nossa identidade se assenta na percepção de regularidades e
atitudes que tomamos em relação a nós mesmos (como nos vemos ou percebemos a
nossa Essência, a nossa Imagem, o nosso retrato) e em relação aos outros (como
nos relacionamos com o Outro, como percebemos o Outro se forte, frágil,
perverso, gentil). Esta constância é que nos permite dizer "eu sou
assim" (forte, frágil, bondoso, maldoso, perverso, gentil), "eu faço
isso" (para ser vitorioso, para destruir o Outro, para ser visto como
celebridade, para ser visto como bondoso), "me relaciono desta forma com
pessoas X,Y,Z no mundo externo ou na psique por meio de representações. Igualmente
podemos perceber que esta "constância" não está isenta de conflitos.
Então vez por outra nos
pegamos repetindo padrões de interação que trazem sofrimentos e angústias,
desprazer, ausência de prazer. Para aqueles que conseguem se acessar mais
facilmente, é possível dizer [olha eu aí fazendo isso de novo] [aqueles que
fazem terapia ou procura autoconhecer-se, Psicanalista, Psicólogos].
Para outros, este acesso
é ainda mais difícil, o que contribui para que vivam a vida às cegas,
projetando tudo no outro e não reconhecendo seus padrões repetitivos. Uma
questão que certamente ocupou Freud durante a elaboração de seu corpo teórico e
que também nos acomete, seja em nossa própria vida ou de nossos pacientes, é a
seguinte: Por que repetimos padrões que sabemos que nos farão sofrer ou não nos
trarão nenhum benefício?
Trata-se das contradições
próprias do inconsciente. Na medida em que ele segue uma lógica própria
(processo primário e princípio do prazer), a questão acima não faz o menor
sentido dentro da lógica do inconsciente a qual lá tudo é possível, até mesmo
repetir padrões conflitantes. Podemos entender que a repetição está a serviço
de uma esperança de que o desfecho será diferente.
Ou assim dizendo, o Ego
tem esperança de recuperar o Objeto perdido, no mundo externo, mas na psique
ainda não admitiu a perda (mecanismo defesa fantasia) o que o mantem alienado
ao Objeto pelo mecanismo de negação, recusa a abandonar o vinculo que existe
apenas na psique do próprio sujeito (Ego) e não na psique do Outro (Objeto),
embora no Outro também possa existir o desejo de não se desvincular.
Mas aqui falamos do
Sujeito e não do Outro o qual; problema é que quando o desfecho é de fato
diferente, a pessoa abandona o vínculo e retoma a busca por aquele que irá
reproduzir o padrão anterior de compulsão a repetição.
Construção em análise e
interpretação de elementos simbólicos de exemplo de caso fictícios a compulsão
á repetição:
1.
Caso de abandono por paciente em terapia observe a ilustração a seguir:
Roberto foi procurar uma
terapia por considerar que as pessoas são muito más, excludentes e que
normalmente exploram a sua boa vontade. Na primeira entrevista, Roberto
conversou com uma terapeuta amorosa e acolhedora. Ao final do primeiro
encontro, a terapeuta agenda sua segunda entrevista com Roberto.
Roberto aparece na data
marcada e diz á terapeuta que não iria continuar o trabalho de análise, pois a
havia considerado pouco rigorosa do ponto de vista técnico. Ser calorosa demais
ia contra os preceitos da neutralidade psicanalítica.
Roberto não continuou o
trabalho com ela e buscou outra psicanalista mais séria, ou seja, compulsão a
repetição repetiu, recordou elaborou pensamentos, sentimentos rigorosos,
transferência de padrões rigorosos para o terapeuta. Roberto poderia renunciar
a compulsão a repetição, mas não tinha no momento acesso ao inconsciente para
tomar consciência de suas ações de repetição que lhe causava desprazer.
Nota-se que um desfecho
diferente (uma relação mais acolhedora com o outro) não foi possível de ser vivenciado.
Roberto não aguentou a possibilidade de se ver numa experiência diferente
daquela em que ele está acostumado (ou viciado).
Elementos simbólicos de
Roberto
·
Roberto: representa o Ego, Id, Superego e os aspectos do mundo externo a
realidade, a consciência e o inconsciente com as pulsões de vida e morte.
·
Terapia para Roberto: representa a energia libidinal que o impulsiona a
sair do desprazer para lidar com suas questões emocionais que não suporta,
apropriando-se do Ego da terapeuta amoroso.
·
A terapeuta amorosa: representa Ego, Id, Superego e aspectos do mundo
externo na realidade, a consciência e o inconsciente com as pulsões de vida e
morte, ou seja, a energia libidinal que gera contratransferência em Roberto com
imagens mnêmicas de pouca rigidez sem autoridade na psique de Roberto, com
Superego fraco que impulsiona Roberto pela pulsão de morte.
·
Transferência negativa para terapeuta de pulsão de morte, raiva, ódio.
Se percebermos a
terapeuta causou Contratransferência em Roberto impulsionado pela pulsão de
morte abandonou a terapia e inconsciente agiu a favor da compulsão a repetição.
Roberto buscou na terapeuta, um Superego rígido, proibidor, censurador. Projeta
na terapeuta sentimentos que não suporta em si mesmo de fragilidade, pouca rigidez.
2.
Caso de divórcio, término de relacionamento:
Maria namora Paulo e
conta para Paulo, que foi traída sexualmente pelo ex-namorado no passado e se
sente insegura, pois namorou o antigo namorado por 3 anos e começou a namorar
com Paulo faz 8 meses.
Paulo disse para Maria
ficar despreocupada, poderia confiar nele que não seria traída novamente. Maria
tem comportamentos inseguros, ciúme, briga com Paulo devido a amizades que eles
mantem com algumas colegas de faculdade.
Construção em analise e
interpretação do caso:
Maria ao recordar imagens
mnêmicas de desprazer causadas, pelo ex-namorado (traição) projeta em Paulo
sentimentos que não consegui lidar, ocorrendo transferência negativa, não se dá
conta que está rejeitando, abandonando inconscientemente a Paulo, ficando então
no ciclo repetitivo mantido pelas brigas, ciúmes, insegurança na psique, o que
a faz comer compulsivamente e passa a achar-se gorda, feia, o que torna o
relacionamento entre Maria e Paulo não saudável, mas destrutivo com direitos
violados, levando Paulo a abandonar, rejeitar ou até trair sexualmente Maria
por estar sendo movido pela pulsão de morte de Maria que atingiu Paulo
inconscientemente.
Maria teve a
possibilidade de investir energia libidinal no novo relacionamento e não
repetir os comportamentos de insegurança, medo, ciúme, mas não conseguiu ver-se
numa experiência nova com Paulo por manter em sua psique recordações mnêmicas
do ex-namorado movida pela pulsão de morte repete constantemente as brigas com
Paulo que leva a separação do namoro, ou seja, outro luto mal elaborado.
Então passa a comer
compulsivamente alcançando o prazer pela fase Oral onde a angústia transforma a
energia libidinal e direciona á buscar prazer na Oralidade na fome, no intuito
de sair do desprazer causado pela ansiedade por ainda não ter conseguido
elaborar o primeiro luto (Maria e ex-namorado), agora enxerga-se em outro luto
(Maria e Paulo),
Em outras palavras, Maria
está alienada ás imagens perdidas do ex-namorado e agora a Paulo que ambas as imagens
causam desprazer, ansiedade. Maria não aguentou a possibilidade de se ver numa
experiência diferente daquela de traição. Maria não abandona o vínculo com o ex-namorado
na psique que irá reproduzir o padrão anterior de compulsão a repetição o que
resulta o fim do relacionamento. Alguns sujeitos atribuem isso a obra de
arquétipos: o diabo, espíritos malignos, maldição hereditária, candomblé,
macumba, espiritismo e outros.
Interpretação dos
elementos simbólicos referente ao caso fictício:
Elementos simbólicos de
Maria
·
Maria: representa o Ego, Id e Superego e aspectos do mundo externo a
realidade, a consciência e o inconsciente a pulsão de vida e pulsão de mortes
ambas atuando juntas, podendo evidenciar umas das pulsões em detrimento do
desprazer.
·
Maria: representa sentimentos de ambivalência de amor e ódio para Paulo
·
Ex-namorado: representa a imagem mnêmica de recordação de prazer e
desprazer a traição, abandono, rejeição, ou seja, raiva, ódio, pulsão de morte,
luto mal elaborado, apego ao ex-namorado, ciúmes, medo, insegurança, alienação
a imagem mnêmica do ex-namorado.
·
Paulo: representa para Maria uma
possibilidade da energia libidinal de investimento para sair do desprazer
causado pelo luto, separação do
ex-namorado e alcançar o prazer em vários sentidos como sexo, amor,
atenção, amparo, proteção, segurança a pulsão de vida.
·
Comportamentos de brigas, ciúmes, insegurança de Maria: representa a
crença, pensamentos ou imagem mnêmica do ex-namorado que Maria usa como base na
consciência (rejeição, traição) para desencadear á compulsão a repetição.
·
Maria come compulsivamente: representa o Ego usando a fase Oral para
descarregar ansiedade que Maria não suporta e inconscientemente está na
compulsão á repetição
·
Paulo como namorado: desperta contratransferência negativa em Maria por
manter amizades com colegas de faculdade
Elementos simbólicos de Paulo
·
Paulo: representa o Ego, Id, Superego e aspectos do mundo externo a
realidade, a consciência e inconsciente e as pulsões de vida e morte.
·
Paulo: representa transferência de amor para Maria
·
Maria: representa para Paulo a energia libidinal investida a alcançar o
prazer em vários sentidos como sexo, amparo, amor, proteção, a pulsão de vida e
pulsão de morte, ambas atuando juntas podendo ficar em evidência na psique de
Paulo a pulsão de morte em virtude da situação.
·
Maria conta a Paulo que foi traída pelo ex-namorado: representa agora o
rival, alguém que lhe rouba a imagem de Maria ou a imagem mistificada.
·
Paulo tem consciência dos comportamentos de Maria de ciúmes, insegurança
e brigas: representa para Paulo á energia pulsão de morte que estava silenciosa
no inconsciente e que agora impulsiona a Paulo imaginar na psique o ex-namorado
como Rival, aquele que rouba seu Objeto de amor (Maria) causando desprazer
gerando a raiva, ódio, abandono, desamparo, agindo por meio das imagens
mnêmicas que Paulo tem sobre Maria até o instante como boas lembranças, mas ao
saber do ex-namorado essas imagens mnêmicas passam a ter más recordações que
geram ausência de prazer em Paulo que entrará na compulsão a repetição pela
pulsão de morte, raiva, ódio.
·
Ex-namorado: provoca a Contratransferência em Paulo por meio da pulsão de
morte, raiva, ódio.
·
Maria como namorada de Paulo: desperta Contratransferência negativa em
Paulo por meio de brigas, ciúmes, luto mal elaborado, insegurança.
Se percebermos tanto
Maria como Paulo possibilitaram a compulsão á repetição em suas vidas. Paulo
passa a agir inconsciente alienado a imagem mnêmica de desprazer na psique
quando Maria contou-lhe ter sido traída pelo ex-namorado e Maria age
inconscientemente alienada a imagem mnêmica de desprazer geradas pelo
ex-namorado e o luto mal elaborado.
Podemos perceber
claramente que este ciclo se repete em nossas vidas por meio da
Contratransferência em algumas áreas. Notamos que á vezes alguns sujeitos nos
facilitam a atuar com a pulsão de morte em virtude de não termos consciência no
momento dos fatos e em outro instante seremos os vilões a propiciar que outros
sujeitos atuem inconsciente com a pulsão de morte em suas vidas também pela
contratransferência causada ao sujeito.
A ansiedade, portanto, é
uma função do Ego e ele tem que lidar com três forças demandantes: Id, o mundo
exterior (realidade) e o Superego. O Ego de Maria tem a função de lidar com o
Id onde está á energia pulsão de morte para investir na destruição das imagens
que causa desprazer na psique para sentir-se vitoriosa, valorizada por si mesma,
Ou ainda pode não
escolher destruir essas imagens para na esperança de reconciliação no futuro
com uma das imagens (ex-namorado ou Paulo) ou nenhuma das imagens, mais os sentimentos
de ausência de prazer em se sentir sozinha, desamparada sem namorado no mundo
externo causados pela realidade atual e ainda com sentimento de culpa gerada
pelo Superego por não ter abandonado os comportamentos de compulsão a repetição
que levou ao termino do namoro como inseguranças, ciúmes, brigas, raiva, ódio,
mas Maria não tem consciência de nada disto.
E o Psicanalista tendo
conhecimento de tudo isto como agiria diante de um relacionamento, numa sessão
de terapia onde busca um analista particular para que possa fazer sessões de
analise ou outras situações no cotidiano?
Desconstrução e
Desmistificação do Objeto perdido
O Ego odeia, abomina e
persegue, com intenção de destruir, todos os objetos (Arquétipos, personagens,
figuras humanas, figuras de políticos, representações, pensamentos de raiva,
ódio, vingança, retaliação contra alguém na psique, imagens, professores,
fotos) que constituam uma fonte de sensação desagradável (desamparo, abandono,
divorcio, separação conjugal, traição, rejeição) para ele, sem levar em conta
que significam uma frustração quer da satisfação sexual (transar, relação
sexual), quer dá satisfação das necessidades autopreservativas (alimento,
cuidados com o corpo, higiene).
O ódio, os desejos de
retaliação e a vingança do Ego podem servir ao eu do (Objeto) que gerou o
abandono como auxiliares no processo de elaboração do luto pela perda do outro,
pois, ao denegrir, desvalorizar e rebaixar o objeto, o eu (Ego) enternece (se
autoestima) a ligação com este, e tal processo de ataque inconsciente pode
chegar ao fim, pois quando a raiva se esgotar ou quando o objeto perder por
completo seu valor surge o sentimento de triunfo, vitória sobre o objeto.
Destruir é sempre uma
atitude impensada, ou pouco pensada e muitas vezes instintiva ou impulsiva. Já
desconstruir é uma atitude que vem com o amadurecimento, através de uma
autoanálise (reflexão, compreensão, depreender de forma intelectual, insight)
de todos os fatores e pontos relacionados com determinada situação. Quando
somos imaturos é muito comum termos atitudes impulsivas, agressivas, ou até
mesmo arrogantes.
A desconstrução na vida é
um processo de desfazer o que foi feito usando como base a consciência. Essa
base pode ter se dado mediante a um ambiente hostil ou figuras de autoridades
percebidas pelo Ego como hostil fazendo uso constante da pulsão de morte como
meio de sobrevivência no ambiente ou diante dessas figuras de autoridade como
forma de ataque ou defesa contra o medo de ser magoado, humilhado,
ridicularizado, contra preconceitos, bulling sofrendo calado ou revoltando-se
contra o ambiente ou sujeitos que provoca bulling.
A destruição é algo
externo que recai sobre nós em consequências de agirmos impulsivamente sem
medir consequências tanto no mundo externo como na psique, desta forma o Ego
que agi impulsivamente acaba de construir a própria destruição, então
desconstruir é fazer o caminho inverso do que construí.
Destruir é derrubar de
qualquer forma no mundo exterior com vingança, retaliação o que causa desprazer
no Ego por ter mistificado de forma consciente o Objeto, ou seja, o Ego
construiu a sua destruição em torno da mistificação do Objeto e destruir na
psique de forma inconsciente o que o Ego construiu em relação ao Objeto perdido
por meio da mistificação ou pensando que o Objeto suprirá as faltas de amparo,
de apego, alienação, por meio de
sentimentos ou pensamentos de raiva, ódio sobre o Objeto que causou ausência de
prazer.
Desconstruir é um
processo que evita a destruição – Pois quando desconstruo traço outros
parâmetros para mim mesmo em ações que fiz no passado. Esses parâmetros são
formas amadurecidas para não cometer os mesmos erros. Percebe a diferença entre
destruí e desconstruir?
A desconstrução é na
realidade criar o filtro da consciência nas decisões da vida, usando como base
o passado. Quando entendo meu passado posso desconstruí-lo para reconstruí-lo,
posso escolher não participar novamente da compulsão a repetição a partir do
instante que tomei consciência de ações de repetição em minha vida, por meio de
terapia, reflexão, compreensão, insight.
Ás vezes, a desconstrução
deve acontecer devido à falta de consciência em algumas decisões do nosso
passado. Reconstrução então é repassar algumas ações pela consciência e
reconstruir – fazer de forma diferente.
É fácil culpar o governo,
os políticos, as torcidas organizadas que destroem por causa dos times
manifestando o fenômeno pulsão de morte em evidencia, orientação errada
recebida que gerou quedas e fracassos, a família que não deu amparo em amor,
carinho, sustento, atenção, a expectativa colocada no amigo que não conseguiu
suprir a nossa necessidade de urgência em alguma coisa por nós esperado, o
desemprego que se nos fixarmos nas condições de crise do país pode nos levar a
nossa autodesvalia, chegar até pensar que não merecemos ser abandonados,
rejeitados pelo Objeto o mais difícil talvez seja responsabilizar-nos pelas
escolhas ou no mínimo, ter a humildade de reconhecer os desacertos.
Desconstruir-se, então,
significa revelar-se por inteiro para si mesmo, para conscientemente e com
presteza iniciar um processo de eliminação e desapego de tudo quanto foi
assimilado de negativo em nível de padrão existencial e comportamental. Para
alguns pode até ser penoso desligar-se de antigas crenças, luto e separação,
divórcio, perdas ocasionadas pela crise do país, vícios de internet, vícios de
sustâncias psicoativas, vícios de aplicativos como vídeo game, facebooK,
whatsap, vícios de pornografia, morte de parentes ou amigos por enfermidades,
pessoas próximas que cometeram suicídios, deficiências, ilusões e valores
inadequados, mas, não há outro caminho que não seja este para por fim ao que
causa sofrimento e frustrações comprometendo a vida e o bem-estar que se
deseja. Desconstruir é pararmos por um momento para reavaliar a situação, para
estar com nós mesmos e refletir sobre o que aconteceu, enfim, aprender com a
experiência.
Percebemos nossos medos
como uma vulnerabilidade, algo que nos torna fracos, sem analisar que medo é
autoproteção e não distinguimos o medo verdadeiro do imaginário que está na
psique sendo gerado pelo Objeto perdido, ou seja, o medo de ser desamparado
pelo Objeto, o medo de não resgatar novamente o Objeto perdido, o medo de estar
sozinho novamente, o medo do desemprego, o medo de não exercer a psicologia, o
medo de não conseguir a casa própria, medo de não conseguir um bom salário.
O medo de não conseguir
um bom carro, o medo de não dar conta dos intemperes no cotidiano, todos esses
medos e outros estão no inconsciente reprimido
recalcados, isto nos impulsiona para a
destruição do Objeto, aniquilar a qualquer custo o Objeto no mundo externo
desqualificando, falando mal do Objeto para outras pessoas ou tentando
aniquilar na nossa própria consciência quando sofremos perdas, o desamparo
gerado por esses Objetos, então nos autopunimos por meio do masoquismo.
Temos essa crença que nos
faz reprimir os medos no nosso inconsciente. E assim os medos são revelados sob a aparência de ira, pulsão de morte
diante de situações ou fenômenos que fogem do nosso controle, que fazem parte
dos nossos temores mais profundos.
A desconstrução se faz
necessária quando tomamos atalhos na vida e, por isso, temos que voltar
(desconstruir) para reconstruir. Compreendermos que somos indivíduos
imperfeitos e que causamos desprazer na vida de outras pessoas o que nos
possibilita enxergar o outro como nosso espelho que refleti as nossas
imperfeições. Sabendo que a contratransferência provocada pelo Outro em nós
serve para realizarmos mudanças de atitudes em nossa vida.
Penso que ao tomarmos
consciência de uma compulsão á repetição em nossa vida podemos escolher entre
permanecer na repetição que seria continuar agir impulsivamente ou renunciar a
repetição, embora não seja tarefa fácil, mas acredito ser possível por meio da
desconstrução amadurecimento.
A pulsão de morte se faz
presente no suicídio, na morte, na agressividade, na violência física ou
verbal, na exibição dos fracassos profissionais, está presente no crime, nos
fenômenos de terrorismo, destruição contra o patrimônio público, estrupo,
manifestações contrarias aos partidos políticos, guerras, mal estar da sociedade,
na clinica se manifesta no silêncio do paciente em relação ao analista, na
religião, nas doenças psicossomáticas como Epicondilite nos cotovelos, ler nas
mãos e braços, tendinite, acidente cardiovascular.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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