Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a interpretar que nem sempre o vazio
existencial que está sentindo no momento é capaz de ser existencial, de modo que
o sujeito atura uma falta de ordem emocional. Parece que suas emoções se mantem
mais entristecidas, deprimidas, sem vitalidade é como se a maneira de sentir e
experimentar as forças físicas e emoções na vida cotidiana estão em esmorecimento,
debilitadas, empobrecidas por hábitos capazes de serem semeados.
Outro
tem potencial para ser vazio social, exemplo um indivíduo que mudou de emprego,
está desempregado, mudou de cidade, de residência, de círculo de amigos por
causa do desemprego, mudou de religião ou deslocou de uma religião para acessar
outra, mudou de país. Esse sujeito é capaz de estar sentindo uma ausência social,
isto é, a falta da rede de amigos da universidade ou de familiares e por não
estar perto das pessoas que habitualmente teria uma conexão, vínculo e
interação.
E
finalmente o vazio existencial, aparenta que as formulas, as maneiras que acionou
na direção de se defrontar com a vida até hoje, não responderam mais as mesmas
perguntas. Vivemos num mundo, no qual se tem um script bem cronometrado no
tempo e espaço nas relações que nos dá uma resposta para acessarmos até determinado
ponto. O indivíduo brinca, estuda, se preparara para entrar no mercado de
trabalho, mas não precisar entrar num relacionamento amoroso, apesar de não
precisar ter filhos, isto é um cronograma que vai indicar se no final teve
sucesso ou fracasso. Este é o script imposto inconscientemente que é
transmitido de geração em geração. [...] Freud no seu texto “Recordar
repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da
compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado
esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto
mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou
o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
A
vida não precisa indispensavelmente seguir um cronograma, isto é um roteiro que
a gente supõe ser verdadeiro e que é capaz de não ser verdadeiro para algumas
pessoas, pois não precisa estar casado e ter filhos, ter casa de campo ou ser
milionário. E não tem obrigatoriedade de responder a todas as perguntas, pois o
indivíduo é capaz de ter tudo isso e não enxerga certos anseios respondidos
dentro dele.
E
de modo geral é como se tivesse uma perda de sentido porque parece que todo o
script planejado para ser executado nas redes sociais referentes a prospecção
de clientes, impulsionamento pago nas redes sociais, palestras em vídeos ou
Lives, cursos de marketing digital, já foi posto e o sujeito seguiu e não deu
certo, mas falta alguma coisa. Então as pessoas tentam dar resposta para a
falta dos maus resultados, por entre a falta de Deus ou espiritualidade, pode
até ser verdade para algumas e para outras não ou ainda é Deus quem está no
controle de todas as coisas.
Outras
entendem que o destino, isto é, a sucessão de fatos que se constituem a vida do
psicólogo e que se crê serem independente da sua vontade é o resultado do
sentido da vida dele, exemplo curar pessoas. Outras dizem que o sentido da vida
é o caminho que vai definir isso. Outras usam a abordagem nielista que a vida
não tem sentido, então nada faz muito sentido.
E neste caso o propósito/intenção de
vida é sentido como uma falência de um projeto não funcionando, reproduzindo a
perda do gosto pelas coisas e falta um vínculo interação com algo mais amplo
como na religião. Para outros a resposta pode vir como um pertencimento a
espécie humana, a uma organização, instituição, pois assemelha se, como se não
estivesse pertencendo a um local.
Pode
ser a percepção de vivencia egoísta, ou seja, anseiam viver com compaixão,
exemplo um trabalho autônomo de psicologia que de propósito a vida. Algumas
perguntas que é capaz de levar a reflexão do propósito de vida 1. Será que você
está com dificuldade de lidar com certas regras e obrigações no trabalho e se
ajudar o próximo vai tirar você deste mundo de regras e obrigações. 2. Será que
no fundo você tem medo da mediocridade e acha que a única vida razoável é cheia
de realizações. 3. Será que você consegue adequar a expectativa e a realidade,
sabe lidar com a frustração, então pensa que o trabalho que você vive hoje não
é extremamente bom e um trabalho de proposito de vida seria perfeito não ter
defeitos algum. 4. Será que é o que você faz ou como você faz, apesar da
insatisfação surge a realização.
A deslocação da ausência existencial
não acontece necessariamente no destino, não necessariamente no caminho e não
só com não tem sentindo, mas um sentindo que vai sendo construído ao longo da vida
que se forma, se remodela, se funde e vai se modificando com o amadurecimento,
isto é, não e um sentido fixo, mas sim dinâmico porque em vários momentos
desigual da sua vida.
Porque
o indivíduo está fazendo coisas que faz sentido agora neste momento, que é
empreender em psicologia e porque já fez coisas que fez sentido no passado e
agora estas coisas não fazem mais sentido porque pertencem ao passado. O
sujeito não tem um único amor na vida e sim muitos amores e também tem muitos
outros sentidos na vida dentro de uma vida, de 20 até 80 anos, por exemplo. O
projeto não é coisa fixa para sempre, onde você encontra e depois nunca mais
tem questionamento. Por tanto o intento tem a capacidade de ser aprimorado
transitando por outras direções e intenções humanas. [...] Em sua obra
“Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram
Por
intermédio da teoria psicossocial é possível diagnosticar a crise de
identidade, diante do conflito da própria identidade e da confusão de papéis na
sociedade, seja, psicólogo, telemarketing, técnico, pai, consumidor, cidadão.
Por tanto o vazio social trata-se tão somente de algo pontual e localizado em
polos positivos e negativos associados aos papéis desempenhados na sociedade,
pois denota que o indivíduo está em confusão, isto é, a falta de clareza sobre
qual papel ambiciona desempenhar na sociedade, devido aos maus êxitos.
Se
a pessoa não está dentro de um contexto familiar, está dentro de um ambiente de
trabalho ou em alguma outra situação sócio cultural que o requisite num estado
padronizado de manifestação que interage e modifica a sua biografia pessoal. É
deste modo que podemos observar o movimento que gera o aprisionamento do nosso
ser essencial em uma trama que, ao atar, cega. Pela psicologia da Gestalt, o
todo compõe as partes e as partes compõem o todo. Exemplo, um individuo é o
todo composto pelos papéis desempenhados na sociedade de profissional, pai,
esposo, filho, consumidor, estudante e outros.
O
mais triste deste estado é que o cegar vale tanto para uma visão mais acurada
sobre a realidade externa, como também para uma visão interior. A crise,
portanto, acontece quando o indivíduo passa a se dar conta de que não se
entende nos vários papéis que reclamam sentimentos de medo, raiva, ansiedade e
sensações a que é acometido. Sente uma ruptura no sentido da vida/ e ou projeto
de vida. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e
será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma
situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Somos
os atores de nós mesmos, por isso é que necessitamos saber com clareza de que
modo estamos atuando e sendo a cada instante, podendo assim desenvolver as
nossas habilidades, tornando-nos os senhores criadores das nossas realidades
com maior consciência, deixando de sermos autômatos conscienciais, ou seja, sem
a percepção lúcida de nós mesmos. A proposta é o agir de modo simultâneo, porém
extremamente consciente, ora como participantes ativos inseridos dentro de um
suposto contexto, ora como observadores, porém sem jamais nos perdermos
novamente daquilo que somos em essência.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
Comentários
Postar um comentário