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Apreenda a Pensar Em Si Mesmo

 Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo chama a atenção do leit@r a se perguntar quando é que você vai apreender, isto é, assimilar e compreender a ideia de que deve pensar em si mesmo ou se gosta de viver do modo como está vivendo, seja, na escassez, no desemprego, na relação abusiva. E tomar o controle da situação ou esperar que Deus lhe conceda um milagre ou esperar os empregadores agirem por entre as agências de emprego no mercado de trabalho a seu favor. Diferentemente do que você possa pensar, priorizar a si mesmo não é um ato de egoísmo, e sim de autocuidado. Afinal, se você é capaz de dar valor aos seus sonhos e tratá-los com respeito, também conseguirá ser mais empático com os desejos dos outros.

Você costuma priorizar seus sonhos e metas ou está sempre abrindo mão delas para ajudar a construir o sonho de outras pessoas? Essa é uma pergunta fundamental para entender se você está ou não agindo como o protagonista de sua própria vida. Para que você consiga pensar em si mesmo e se dar prioridade, é importante se amar, acima de tudo. Para isso, você precisa fortalecer sua autoestima e tirar algum tempo para cuidar de si mesma. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram

Sentir-se um ator coadjuvante no teatro das nossas próprias vidas traz consequências. É necessário pensar um pouco mais em nós mesmos. Além disso, tratar-se como prioridade em determinados momentos ajuda a aumentar o bem-estar. Está na hora de aprender a pensar em si mesmo. Ao fazer isso, você vai receber como recompensa saúde psicológica e bem-estar. Assim, por mais que nos tenham feito pensar o contrário, gostar de nós mesmos e nos dar a importância que merecemos não é um ato de egoísmo.

De fato, quem escolhe se deixar diluir nas necessidades alheias, esquecendo-se de si mesmo, perde a força da autoestima. Vivemos tempos de incerteza, de instabilidade, de perder hoje o que ontem considerávamos como certo. Além de nos perguntarmos quem somos, tudo isso nos leva a estar quase sempre em modo de sobrevivência, sem saber a quem apoiar ou como reagir diante da contrariedade. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).

Priorizar a si mesmo, pensar um pouco mais em nós para fortalecer valores e fortalecer o autoconceito, será de grande ajuda. Há muitas causas que explicam e estruturam essa realidade, mas uma delas é a incapacidade de nos valorizarmos como merecemos. Essa suposta individualidade parece ter duas faces, porque continuamos subordinados às modas, ao que a sociedade destaca e, também, às expectativas alheias.

Quando carregamos tantas responsabilidades nos ombros, quando passamos vários anos priorizando os outros, acabamos percebendo os sintomas, surge a exaustão, tanto no âmbito mental quanto no físico. O que esse tipo de situação faz é drenar nossa energia, nosso ânimo e nossa motivação. Para apreender a pensar em si mesmo, lembre-se de uma coisa importante: o que desperta seu fascínio o define.

Dessa forma, não a deixe de lado para cuidar dos outros, para fazer parte dos interesses do seu parceiro, da família ou dos amigos. Quem apreende a pensar em si mesmo e a se priorizar quando é necessário é alguém que trabalha todos os dias a robustez da autoestima. Porque se conseguirmos pensar em nós mesmos de maneira positiva, se nos sentirmos valiosos, corajosos e com recursos suficientes para enfrentar desafios e alcançar sonhos, nossa realidade psicológica vai mudar e alcançaremos a plenitude.v[...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.

A visão que temos sobre nós mesmos, conhecida como a autoestima, tem um grande impacto em nossas vidas. Ela influencia na nossa visão de mundo e, consequentemente, no nosso comportamento. Esta influência é bem conhecida na psicologia clínica, pois é um elemento associado a diversos transtornos mentais como a depressão e alguns transtornos de personalidade. A autoestima e autoconceito pode ser entendida como a avaliação que possuímos sobre nós mesmos, podendo variar entre uma avaliação mais positiva ou negativa.

Pessoas com uma autoestima muito positiva normalmente se consideram mais capazes e competentes para lidar com as situações, enquanto que pessoas com uma baixa autoestima normalmente pensam que são menos capazes e preparadas para lidar com as situações e responsabilidades. Se quisermos saber qual é a avaliação consciente, ou explícita, que uma pessoa possui sobre si mesma, poderíamos pergunta lá diretamente por meio de questões como: você gosta de si mesma? Você se considera alguém capaz e competente?

Não há problema nenhum em pensar em si, em olhar para o que realmente importa e tentar resolver. O problema é que as pessoas costumam confundir amor-próprio com egoísmo. A pessoa precisa, sim, pensar no que realmente a agrada e ter um autocuidado, o que não tem a nada a ver, segundo ela, com egoísmo.

Se você tem um sonho pendente, foque nele. Se tem interesses, não os deixe para trás. Faça com que cada dia valha a pena ao realizar, em algum momento, algo que combine com você, que te faça se sentir realizado.

 

 

Referência Bibliográfica

FREUD, A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1968

FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.

FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII

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