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Povo De Israel 40 Anos No Deserto

 Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo chama a atenção do leit@r a distinguir o momento dramático geralmente provocado por acontecimentos originados por Deus com respostas inesperadas em que o povo de Israel se encontra mergulhado e bloqueado por inconvenientes na busca de seus objetivos. O Hebreu encontra a ocasião oportuna para a realização de algo no ambiente deserto, porém as respostas surgem como impensáveis e discordantes oriundas de forças desconhecidas a ele, e causa o estresse o qual surge como contingência necessária para o povo de Israel tornar-se resiliente e evoluir nas competências socioemocionais. Deserto região extremamente seca com vegetação xerófila, rudimentar e reduzida. Local que não é frequentado, sem movimento e inóspito. Como é possível observar o comportamento através da psicologia da evolução e ambiental.

Os processos de Objetivação e Ancoragem, são complementares. O primeiro busca criar verdades óbvias para todos enquanto o segundo, ao contrário, refere-se à intervenção de determinismos na gênese e transformação dessas verdades. Assim, a Objetivação cria a realidade em si; a Ancoragem lhe dá significação. Moscovici e Chamon concebem a Ancoragem como um sistema de Categorização em que as categorias são socialmente estabelecidas.

A Objetivação, por sua vez, é um mecanismo de tornar a realidade concreta. A imagem torna-se concreta, física, cópia da realidade concebida. Para esclarecer o conceito de Objetivação um bom exemplo é a imagem de Deus [abstrato] codificada em Pai [concreto], apresentada por Moscovici.

Ancoragem é um dos processos que geram representações sociais - RS. Moscovici salienta que ancorar é “classificar e dar nome a alguma coisa. Nessa perspectiva, a Ancoragem é concebida como o processo de transformar algo estranho e perturbador em algo comum, familiar. O efeito de ancoragem faz com que as pessoas se apoiem na primeira informação que elas ouvem ou veem sobre um produto ou serviço. Uma pessoa cuja mente é ancorada em um ponto de informação pode ficar cega para pontos mais importantes.

A partir deste ponto faço menção da teologia neste percurso como psicólogo, onde aplico interpretando a trajetória de contrariedades, coisas que se opõem e que causam desgosto incômodo porque é contrário ao nosso desejo no caminho do deserto. Local de escassez, onde se encontra água em oásis, que estão localizados em locais específicos e somente localizam esses oásis aquele que se dispõe de algum modo ou precisa andar por entre o deserto para chegar ao seu destino.

O povo de Israel estava com os pensamentos ancorados no Egito, na boa alimentação, na segurança que lhe oferecia estar por trás dos muros do castelo de Faraó, protegidos de outros povos, de animais, mas era uma vida de escravidão e ansiavam serem libertos do regime escravo de Faraó. A intenção de Deus era libertar o seu povo da angustia por meio de algo que lhes seria familiar como os milagres. Mas o deserto, traz a representação de um ambiente que produz a morte do indivíduo pela escassez de alguns recursos.

Porém estavam cegos para as informações mais importantes que viriam através de Moises que os libertaria do regime escravo por meio dos milagres de Deus, digo estavam cegos para os milagres de Deus. A objetivação diz respeito à forma como se organizam os elementos constituintes da representação e ao percurso através do qual tais elementos adquirem materialidade, isto é, se tornam expressões de uma realidade vista como natural. No objetivo de Deus foram organizados todos os milagres que se tornaram em realidade na presença dos Hebreus e de Faraó, onde puderam ser percebidos de modo natural.

O processo de ancoragem acontece devido a uma associação reflexiva, pois não é uma questão de escolha, uma vez que o indivíduo não se percebe utilizando este mecanismo. Exemplo, os Hebreus queriam ser libertos da submissão de Faraó, mas ao mesmo tempo pensavam que poderiam morrer no deserto se deslocassem para fora da cidade do Egito.

Melhor dizendo, seus pensamentos estavam ancorados na ancoragem da heurística, onde recebiam informações originadas por Faraó para provocar a emoção medo que os impedia de fazer um julgamento assertivo perante os milagres de Deus ali no Egito e depois no Deserto.

Por causa da murmuração o povo de Israel foi impedido de entrar na terra prometida junto om Moisés, onde Deus fala no livro de Deuteronômio 1:35 - Nenhum dos homens desta maligna geração verá está boa terra que jurei dar a vossos pais. As vezes o ser humano é impedido de acessar certo local por que seu perfil destoa das exigências permitidas no local e constamos muito disto nas empresas por meio dos processos seletivos exigentes. E até mesmo na prospecção de cliente através de vídeos e post, devido ao mecanismo de defesa da identificação, o que leva as vezes o cliente criar uma não identificação com o psicólogo, seja qual for o motivo particular dele.

No caso das corporações, se o candidato não possuir pós graduação, anos de experiência, idade adequada dentre outros requisitos está fora do processo. Sem contar a sua competência socioemocional no processo evolutivo da sua história. As vezes se faz necessário o sujeito esperar até que seja oportunizado a oportunidade. Recordo-me que permaneci por 25 anos na espera de cursar psicologia na universidade a qual graduei-me, pois havia tentado em outras universidades, mas não passava no vestibular. Olha a paciência, longanimidade associado a convicção, digo fé em mim que iria concretizar o plano independente do tempo. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.

A universidade a qual cursei psicologia não existia na época, então tive que esperar ela ser edificada e oferecer vários cursos dentre eles psicologia. Significa que fiquei rodeando outras universidades até que a universidade certa me possibilitasse a graduação. No ano de 2007, prestei vestibular e passei na universidade a qual graduei, mas fui impedido de participar do curso por questões financeiras naquele ano. Veja a frustração presente em desistir de algo que foi conquistado através do vestibular.

Que interessante, não era o momento de acesso a terra prometida a universidade, uma vez que somente em 2013, quando prestei novamente o vestibular e passei pude pertencer a elite da psicologia, ou seja, me foi outorgado entrar na minua terra prometida. E fui recebido com carinho por alguns professores que se recordaram de mim do ano de 2007.

Nenhum ser humano tem acesso a hora que quer sobre os seus desejos, pois existe um tempo para todas as coisas debaixo do céu. Eclesiastes 3:1 - TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. O cristão tem uma maneira equivocada de pensar durante o tempo que não consegue realizar o propósito, acha que se encontra em transgressão.

As vezes até está em transgressão, mas também é possível que não esteja, pois Deus tem o controle sobre todas as coisas e vou mencionar mais tarde por meio do livro de provérbios. I Corintios 11:28 - Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Pare por alguns momentos para avaliar o que está acontecendo na sua trajetória para chegar ao projeto.

Concluo que fiquei na compulsão a repetição para entrar na minha terra prometida rodeando a universidade por 06 anos, fui fazer outras coisas, trabalhar em outros empregos, trabalhei na empresa de um primo meu, onde estive debaixo da sua liderança, apliquei e pratiquei a teologia, nos ambientes que estive, pois me graduei em 2007, adquiri experiência, constatei Deus agindo na minha vida cumprindo suas promessas por meio de milagres, uma vez que colocou pessoas no meu caminho para não me faltar alimentos e o que você lograr enquanto lê a interpretação.

Em fim transitei por entre vários caminhos/ e ou projetos, simbolizando que não fui em direção a terra prometida em linha reta. O povo de Israel estava a 200 km do seu ponto inicial até o ponto final que era entrar na terra prometida de Canaã. Eu estava do meu ponto inicial a 2km para entrar na terra prometida que era o bairro em que eu residia, mas percorri outros trajetos até regressar ao ponto de 2km.

Hoje formado em psicologia, compreendo que se tivesse me formado antes, não teria a estrutura emocional para exercer a profissão e penso que não teria sido um bom psicólogo, porquanto era faltante de competências socioemocionais, resiliência, tolerância a frustração, longanimidade, paciência, perseverança, temperança, empatia, ausência de controlo das emoções, autoconfiança e é claro a fé em Deus que foi ainda mais fundamentada. Para se fazer uma autocritica de si mesmo, exige-se muito autoconhecimento de si mesmo.

Os hebreus presenciaram diante de seus olhos os maiores milagres do mundo. Moisés canalizou o poder de Deus e abriu o Mar Vermelho com seu cajado para que atravessassem, conseguindo fugir dos egípcios. Foram libertos dos 400 anos de escravidão no Egito. Mesmo assim murmuraram, após atravessarem o Mar Vermelho, pois não chegaram à terra prometida, mas sim a um deserto. Deuteronômio 8:1-10.

Não acreditavam que Deus os pudesse sustentar numa terra sem água e sem pão. Iraram-se contra Deus e contra Moisés dizendo: “por que nos tirou do Egito para morrermos aqui no deserto de fome e de sede?”. A ideia dos 40 anos de caminhada pelo deserto como um período de expiação pela falta de confiança em Deus por parte do povo de Israel é muito frequente; é uma releitura do Êxodo.

E o deserto realmente é um lugar de rebelião, de protestos contra os desígnios de Deus. A atribuição de uma culpa de Israel, que faz com que ele fique 40 anos errante, que vive mudando continuamente de lugar pelo deserto, faz parte de um tipo de religião que sublinha a retribuição, o merecimento ou a condenação. As vezes o próprio psicólogo tem o comportamento errante e não percebe, isto é, faz malabarismos, vídeos engraçados nas redes sociais, vai buscar empregos fora da psicologia por causa do sentimento de merecimento ou até provocar a condenação em si mesmo.

Todavia o deserto, na história de Israel, tem um significado muito mais profundo. Isso não exclui a desobediência, que é do povo, mas apura a misericórdia, que é de Deus. O povo sonhava entrar na terra prometida, na liberdade. Mas se encontra em uma situação de desespero, de abandono, de fome e privação, não dispunham de competências socioemocionais, competências profissionais na arte de guerrear, era uma geração desprovida de recursos internos, eram faltantes de paciência, longanimidade, esperança, perseverança, baixa autoestima e autoconceito de si mesmo, ausência de autoconfiança em si mesmo e em Deus.

Pouquidade de resiliência e o deserto oferecia a contingência exata para forjar a outra geração com resiliência, com tolerância a suportar frustração, fundamentada na crença que Deus existe, aprimorar-se na arte de guerrear sob o comando e direção de Deus.

Diante disso o povo murmura, protesta, dá bronca em Moisés e chora a falta dos manjares do Egito, tem saudades do tempo que era escravo. É nítido o desejo inconsciente de voltar a compulsão a repetição da perda da autonomia, por meio do masoquismo inconsciente ansiando a punição e sofrimento. É por isso que o povo do êxodo é lembrado pela sua desobediência, pelo coração duro, por ter duvidado da presença de Deus.

Vamos analisar o processo evolutivo da geração, que Deus não permitiu entrar na terra de Canaã, por meio da psicologia evolutiva e psicologia ambiental, em consequência da reprodução do comportamento de rebeldia, idade de envelhecimento com limitações no corpo físico devido ao envelhecimento, baixo vigor físico embora naquela época o único meio de se chegar a algum lugar era andando a pé ou de camelo ou ainda a cavalo; falta das habilidades para guerrear, falta do pensamento de estrategista, falta de fé em Deus.  

A psicologia evolutiva tem por objetivo explicar o comportamento humano a partir de uma perspectiva evolutiva e descobrir os módulos mentais que constituem a natureza humana universal. Segundo a psicologia evolutiva, os inconvenientes adaptativos que o cérebro humano evoluiu para resolver são aqueles do ambiente ancestral no qual evoluiu. Porém, a psicologia humana está em constante evolução, portanto é um erro acreditar que nossas mentes estão adaptadas exclusivamente as complicações enfrentadas pelos nossos ancestrais no ambiente de adaptação evolutiva.

Compreendo que grande parte do comportamento humano é resultado de adaptações psicológicas que evoluíram para resolver dificuldades resistências recorrentes em ambientes ancestrais humano. Em outras palavras os hebreus não tinham o desenvolvimento cognitivo apropriado na resolução de problemas, digo, firmeza de ânimo, energia e coragem ou ainda fazer desaparecer pouco a pouco seus incômodos, angustias, raivas, medos, incertezas. Os processos básicos psicológicos que são os mecanismos atencionais eram voltados apenas no aspecto da falta na carência afetiva, falta de proteção, desampara e o medo de morrer pela falta de alimentação e água e até por animais desconhecidos e a energia libidinal sexual também ficou diminuída, diminuindo o contato sexual que instigava o ambiente deserto naquele momento.

Já sabemos que o povo de Israel permaneceu na compulsão a repetição por 40 anos aos olhos da psicanálise, onde eles elaboravam recordavam e repetiam as ações de murmuração e descrença em Deus de modo inconsciente e consciente, sem saber, que não sabiam. Por causa do desprazer, onde surge a vontade de regressar ao Egito por causa dos prazeres relacionados a comida que era proporcionado. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.

De acordo com a psicologia ambiental em um contexto biológico, o entendimento do que seja meio ambiente tem sofrido algumas reformulações recentes. A ideia que se pretende assumir aqui nesta interpretação, é a de que, assim como não pode haver os Hebreus sem o ambiente deserto, não pode haver deserto sem os Hebreus. Segundo esse ponto de vista, um deserto é algo que envolve ou cerca o povo de Israel, mas, para que haja envolvimento, é preciso que exista Deus no centro para ser envolvido.

Dessa forma, o maná que o povo comia todos os dias no deserto, as codornizes que chegavam ao deserto para serem apanhadas pelos hebreus e se transformarem em alimento, a nuvem que cobria o povo do sol, o fogo a noite aquecer e iluminar o caminho no deserto, são condições milagrosas e físicas a partir das quais Deus criou e se utilizou para manter e conservar seu povo até chegar a terra de Canaã.

Assim sendo, você leitor, enquanto representante de uma espécie biológica que se relaciona de diversas formas em locais diferentes, está sujeito a uma grande variabilidade de ambientes. Isso significa que, no momento em que lê este texto [sentado em seu quarto no seu computador ou smartphone, no escritório, na faculdade], você está inserido em um meio ambiente específico.

O homem, como ser vivo, também está inserido em ecossistemas e depende de fatores bióticos e abióticos do ambiente para sobreviver. Porém, ao contrário de outros organismos, o homem desenvolveu habilidades que o permitem manipular recursos do ambiente em benefício próprio. E no deserto não existia recursos aos quais possibilitassem aos Hebreus manipularem, como a terra não era fértil para agricultura, não havia meios para a produção da tecnologia armas para se protegerem de animais ou guerrearem com o objetivo de dominar, e muitos menos meios de manipular a natureza como o sol, o calor o frio a noite com a intenção de se libertar da estreita dependência que obriga todos os demais povos a viver somente, onde o clima lhe seja mais favorável.

Deus lhes envia animais, pão, e conduzia até os oásis, lugar em pleno deserto, onde devido a existência de água, há vegetação e armavam tendas para abrigar-se e estavam sob o domínio de Deus, embora tenham se libertado da soberania dos Egípcios.

Assim, o os Hebreus dependiam da existência de certas coisas para a sua sobrevivência no deserto e Deus se encarregou de suprir as necessidades básicas do seu povo. Na teoria do psicólogo Maslow os seres humanos, são motivados em satisfazer cinco necessidades básicas: fisiológicas, de segurança, social, de autoestima e de realizações pessoal. Mas, o povo de Israel não sabe, que não sabe, porque não tem conhecimento sobre o tema e muito menos sua compreensão alcança em perceber pelos sentidos da visão que Deus é capaz de supri-los naquilo que lhes é necessário para cruzar o deserto.

O povo de Israel aciona inconsciente o mecanismo defeso projeção, projetando sobre Deus, seus sentimentos que não consegue controlar, suportar como, raiva, angustias, medos, frustrações, decepções. Outro mecanismo defeso usado é o deslocamento da raiva na intenção de não confiar em Deus, construindo um Bezerro de ouro mesmo enxergando os milagres. As vezes o psicólogo não consegue defrontar-se com suas angustias e as desloca em sentido ao cliente, as redes sociais e em si mesmo se punindo ou se cobrando, pensando que não está fazendo o bastante para lograr os clientes, chegando até agir inconsciente como se fosse um deus que é onipotente. [...] Porém, a projeção não é unicamente um meio de defesa. Podemos observá-la também em casos onde não existe conflito. A projeção para o exterior de percepções interiores é um mecanismo primitivo, ao qual nossas percepções sensoriais se acham também submetidas, e que desempenham um papel essencial em nossa representação do mundo exterior. (FREUD, 1913/1948, p.454).

O deserto se constituía no ambiente cultural, onde era aplicado e praticado a doutrina de Deus, assim dizendo, os mandamentos de Deus. Os mandamentos que Moises escreveu com seu dedo na tabua, onde esteve por quarenta dias e quarenta noites é o patrimônio cultural do povo de Deus e constitui-se em seu meio ambiente cultural e este conceito engloba, segundo Deus a própria Constituição de Deus, o que faz referência à identidade cristã, à ação e à memória dos Hebreus formadores do povo de Israel, nos quais se incluem, as formas de expressão; os modos de criar as coisas, fazer e viver de acordo com a palavra de Deus. A preservação e valorização da cultura dos hebreus, implica, em última instância, na preservação e valorização deste próprio povo de Israel. O conselho Federal De Psicologia é a constituição do psicólogo e seu ambiente cultural.

De acordo com a psicologia ambiental observamos o povo de Israel em seu contexto deserto, tendo como tema central as inter-relações entre os Hebreus e o meio ambiente deserto e Deus. As dimensões de Deus e a constituição dos mandamentos de Deus estão sempre presentes na definição do deserto, mediando a percepção, a avaliação e as atitudes dos Hebreus frente ao deserto para chegar a terra prometida.

Cada Hebreu em particular percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao seu ambiente deserto e Deus, no entanto que somente dois Calebe e Josué enxergaram que poderiam vencer os filisteus para apossar-se da terra prometida. Por outro lado, os efeitos do deserto particularmente sobre as condutas dos Hebreus também são avaliados.

Então, avalio a reciprocidade entre os Hebreus e o deserto. Essa inter-relação é dinâmica, tanto nos ambientes naturais quanto nos construídos. Ela é dinâmica porque os cristãos agem sobre o ambiente [por exemplo, construindo-o como residência, edifício, parque ecológico], mas esse ambiente, por seu olhar, modifica e influencia as condutas humanas.

Observando por entre a psicologia ambiental, notamos a preocupação em caracterizar as incidências específicas do macro ambiente deserto sobre o Hebreu. Em outros termos, como, por exemplo, o deserto a casa do hebreu é capaz de influenciar a sua percepção em relação a Deus e ao local, avaliação, atitudes e satisfazer suas necessidades. Como o deserto e Deus influencia o comportamento e o cotidiano do dos Hebreus? De que forma o Hebreu reage às condições constringentes do ambiente, como, por exemplo, o estresse? Pois o estresse é uma palavra-chave na relação que o Hebreu tem com essa entidade ambiental, o grande deserto.

As contrariedades do deserto [falta de água, ausência de alimentos desejados, o frio, o calor, tempestade de areia, falta de proteção e amparo] têm uma influência sobre os Hebreus e essa influência depende de como ele percebe e avalia os diferentes aspectos estressantes decorrentes do fato de viver nesse deserto por 40 anos obedecendo a Deus.

Será preciso decidir, por exemplo, Crer em Deus ou não crer [ainda que, talvez, não precisassem ter medo], o que causará um certo estresse, resultante da interação entre o Hebreu e o seu contexto deserto/Deus. Não é o deserto, por exemplo, que provoca o estresse, mas, sim, a relação que o Hebreu tem com Deus, porque eles não ambicionavam estar no deserto, mas sim na terra prometida de pronto. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).

Os Hebreus viviam em um espaço restringido dentro do templo de Faraó restringidos e limitados pela fronteira de muralhas e não de moviam em direção ao deserto nunca por isso comportavam-se de maneira discordante de Deus, permanecendo 400 anos orando a Deus pela sua libertação, até que Deus resolve escutar as suas orações e envia seu servo Moisés para libertar e conduzir o povo até a Canaã.

Eles estavam sob as ordens e regime de Faraó no passado. Mas agora estão diante de um espaço amplo o deserto, onde a visão deles não alcança a localização da terra prometida e deste modo seus comportamentos são dessemelhantes aos preceitos de Deus. A avaliação e percepção que uma pessoa tem do espaço que se encontra no ambiente, seja residencial, organizacional, parque ecológico, sistema prisional também irá influenciar na sua maneira de atuar; interagir contrário dependendo do local. Então, o espaço é um conceito importante.

O funcionamento do sistema deserto, não somente de um ponto de vista físico, mas considerando também os Hebreus que ali estão, não representa nada se não tem o povo de Israel dentro do ambiente deserto. Os filhos de Israel partiram de Ramsés em direção a Sucot, cerca de seiscentos mil homens a pé somente homens, sem contar suas famílias [mulheres e crianças] (Êxodo 12,37). Mas, deve haver um certo número de Hebreus para que o deserto possa funcionar adequadamente, cada um organizadamente exercendo a sua função; com gente demais ou sem ninguém não funciona. Então, o deserto é o espaço físico de uma forma totalmente dependente de seu modo de ocupação.

Por meio da psicologia ambiental entendemos que é a dimensão temporal do povo de Israel, se entende ao mesmo tempo como projeção no futuro e referência ao passado, à história dos Hebreus. Fala-se um pouco na psicologia do desenvolvimento, mas a relação dos Hebreus com o tempo é o que mais importa para Deus. Os Hebreus tem uma noção de tempo que está relacionada com a duração de sua vida no deserto, que é muito dependente do seu ciclo de vida. Chegam a pensar que vão morrer no deserto. Êxodo 16:3 - E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.

Na psicologia ambiental a noção da história dos Hebreus é importante. Não se deve esquecer que é através da história do Hebreu no deserto que foi construído uma identidade teológica, que vai influenciar a sua percepção e avaliação da residência atual o deserto por 40 anos e a entrada na terra de Canaã.

O deserto também se constitui num ambiente de trabalho para o povo de Israel, onde foi construído o Bezerro de Ouro que conduziram ao pecado de adoração de ídolos. Havia altas demandas e exigências do dia a dia de trabalho, pouca margem de controle e autonomia, necessidade de tomada de decisão frente aos contratempos, excesso de responsabilidade, necessidades de treinamento, problemas de planejamento, além do ambiente físico o deserto. Estes são alguns dos aspectos geralmente considerados responsáveis por vários incômodos entre os Hebreus. Assim, quanto mais inadequado for o ambiente deserto ou de trabalho em seus aspectos físico e social, mais ineficiente será a produtividade e a fé.

O deserto também deve ser muito considerado no que se refere à educação, onde o espaço é um elemento básico e constitutivo da aprendizagem teológica. No processo de desenvolvimento do povo de Israel após a geração maligna que Deus escolhe deixar falecer ali no deserto e ao mesmo tempo surge uma nova geração. Enxergamos a importância à interação de fatores cognitivos-afetivos, relacionais e sociais para o pleno desenvolvimento dos Hebreus. A interação desses fatores ocorre em dimensões físicas e temporais que exercem papéis fundamentais para o desenvolvimento de todas as potencialidades dos Hebreus que no deserto convivem por 40 anos para conquistar depois a terra prometida de Canaã. Deus impôs condições para a geração entrar na terra prometida e aqueles que não se apresentaram com as exigências Deus, faleceram no deserto.

Observamos por meio da psicologia ambiental, que é o problema da adoção de comportamentos pró-ambientais no deserto. Ou seja, fazer com que o povo de Israel respeite Deus o meio ambiente deserto e que adote comportamentos tais como a restrição do uso do pão, a qual deveria ser pego somente um para cada membro da família, sendo que havias Hebreus que desrespeitaram a ordem e pagaram mais que o suficiente, o que levou a estragar o pão, e água, a triagem de lixo, entre outros.

Muitas vezes, nessas situações o Hebreu tenta atuar de maneira individualista e não pensa na comunidade. Ademais, os problemas que podem surgir quando o Hebreu não atua de modo a preservar os mandamentos de Deus e o ambiente deserto, trazem consequências para a sua geração resultando na morte no deserto, e para a de seus filhos ou netos.

A preocupação cada vez mais com a relação entre saúde e ambiente. Não é por acaso que certos doentes se encontram em certos lugares e não em outros, da mesma forma que algumas doenças se encontram em determinados lugares e não em outros. O descontentamento do povo de Israel com o seu ambiente deserto pode facilitar a emergência de certas doenças, sejam mentais ou físicas.

Observamos que a geração de Hebreus que faleceram no deserto, foram um povo de coração duro, mesmo diante dos milagres ainda não acreditavam em Deus. Teve momentos que dentro do deserto, após estarem muito longe do Egito, desejaram regressar novamente por causa dos inconvenientes. E outros comportamentos de rebeldia na presença de Deus que os impediu de entrar na terra de Canaã.

 

 

 

 

Referência Bibliográfica

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FREUD, A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1968

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  Ano 2024. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um sujeito que trabalha como fiscal de caixa em um supermercado e é psicólogo está angustiado porque não consegue perceber um caminho para ser contratado como psicólogo em alguma instituição e compreende que a ausência de Clareza gera angústia que está lhe fazendo mal. Na psicanálise, podemos entender essa situação analisando os três sistemas psíquicos: id, ego e superego, bem como os conceitos de angústia e desejo. O conflito interno: O id representa os desejos e impulsos mais profundos. Nesse caso, o desejo do sujeito é trabalhar como psicólogo, porque isso se alinha ao que ele valoriza e ao prazer de ajudar os outros. O superego é a parte crítica, que internaliza normas e regras sociais. Ele pode estar julgando o sujeito por não ter "chegado lá" ainda, criando sentimentos de culpa e cobrança. O ego, que é o mediador entre o id e o ...

Luto Pela Demissão

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Vamos pensar juntos de forma bem didática, passo a passo, usando a psicologia organizacional para entender esse processo de desligamento emocional e o luto pela demissão. 1. O que é desligamento emocional? Na psicologia organizacional, desligar-se emocionalmente da empresa significa aceitar que aquele ciclo profissional acabou e começar a reconstruir sua identidade fora daquela função. É como terminar um relacionamento: mesmo que o contato físico tenha acabado (foi demitida), a mente e o coração ainda estão presos lá. 2. O que é o luto pela demissão? O luto organizacional é o processo emocional que uma pessoa passa quando perde o trabalho. Não é só tristeza: envolve choque, negação, raiva, tristeza, até chegar à aceitação. Como no luto por alguém que morreu, o cérebro precisa de tempo para entender e reorganizar a vida sem aquela rotina, stat...

Psicólogo E O Menor Infrator

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do para um excelente tópico. Quais as incitações inconscientes para um psicólogo aceitar a trabalhar numa clínica de reabilitação de menor infrator numa função inferior como educador social de menores infratores. A tendência de um indivíduo de se colocar em posições e papéis que geram conflitos, discussões e brigas pode ser explicada através de conceitos como o princípio do prazer, o princípio da realidade e os mecanismos de defesa. De acordo com Sigmund Freud, fundador da psicanálise, o princípio do prazer refere-se ao desejo humano de buscar prazer e evitar o sofrimento. No entanto, o princípio da realidade impõe limites a esse princípio do prazer, considerando as demandas e restrições do mundo externo. Quando uma pessoa busca consistentemente situações que envolvem conflitos, discussões e brigas, isso pode estar relacionado a padrões de comportamento aprendidos ao longo da vida,...

Desejo, Frustração e Narcisismos Nas Relações Virtuais

  Ano 2025. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor para um excelente tópico. Um indivíduo está utilizando um aplicativo de relacionamento e se vê preso a uma dinâmica repetitiva: deseja mulheres que não o desejam e rejeita aquelas que demonstram interesse por ele. Essa experiência, embora comum, revela aspectos profundos da estrutura psíquica do sujeito, especialmente sob a ótica da psicanálise. O desejo do sujeito não está apenas direcionado às mulheres, mas àquilo que elas representam para ele. Ele projeta sobre as mulheres mais bonitas e jovens um ideal de beleza, juventude e valor social. Desejá-las é, para ele, uma forma de se aproximar do seu próprio ideal do eu — uma imagem idealizada de quem gostaria de ser. Assim, não se trata apenas de querer o outro, mas de desejar ser desejado por esse outro idealizado. Isso é o que Lacan chama de “desejo do desejo do Outro”. Ao desejar ser objeto do desejo dessas mulheres, o ...