Ano 2022. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a distinguir o momento dramático
geralmente provocado por acontecimentos originados por Deus com respostas
inesperadas em que o povo de Israel se encontra mergulhado e bloqueado por inconvenientes
na busca de seus objetivos. O Hebreu encontra a ocasião oportuna para a
realização de algo no ambiente deserto, porém as respostas surgem como
impensáveis e discordantes oriundas de forças desconhecidas a ele, e causa o
estresse o qual surge como contingência necessária para o povo de Israel tornar-se
resiliente e evoluir nas competências socioemocionais. Deserto região
extremamente seca com vegetação xerófila, rudimentar e reduzida. Local que não
é frequentado, sem movimento e inóspito. Como é possível observar o
comportamento através da psicologia da evolução e ambiental.
Os
processos de Objetivação e Ancoragem, são complementares. O primeiro busca
criar verdades óbvias para todos enquanto o segundo, ao contrário, refere-se à
intervenção de determinismos na gênese e transformação dessas verdades. Assim,
a Objetivação cria a realidade em si; a Ancoragem lhe dá significação.
Moscovici e Chamon concebem a Ancoragem como um sistema de Categorização em que
as categorias são socialmente estabelecidas.
A
Objetivação, por sua vez, é um mecanismo de tornar a realidade concreta. A
imagem torna-se concreta, física, cópia da realidade concebida. Para esclarecer
o conceito de Objetivação um bom exemplo é a imagem de Deus [abstrato]
codificada em Pai [concreto], apresentada por Moscovici.
Ancoragem
é um dos processos que geram representações sociais - RS. Moscovici salienta
que ancorar é “classificar e dar nome a alguma coisa. Nessa perspectiva, a
Ancoragem é concebida como o processo de transformar algo estranho e
perturbador em algo comum, familiar. O efeito de ancoragem faz com que as
pessoas se apoiem na primeira informação que elas ouvem ou veem sobre um
produto ou serviço. Uma pessoa cuja mente é ancorada em um ponto de informação
pode ficar cega para pontos mais importantes.
A
partir deste ponto faço menção da teologia neste percurso como psicólogo, onde
aplico interpretando a trajetória de contrariedades, coisas que se opõem e que
causam desgosto incômodo porque é contrário ao nosso desejo no caminho do
deserto. Local de escassez, onde se encontra água em oásis, que estão
localizados em locais específicos e somente localizam esses oásis aquele que se
dispõe de algum modo ou precisa andar por entre o deserto para chegar ao seu
destino.
O
povo de Israel estava com os pensamentos ancorados no Egito, na boa
alimentação, na segurança que lhe oferecia estar por trás dos muros do castelo
de Faraó, protegidos de outros povos, de animais, mas era uma vida de
escravidão e ansiavam serem libertos do regime escravo de Faraó. A intenção de
Deus era libertar o seu povo da angustia por meio de algo que lhes seria
familiar como os milagres. Mas o deserto, traz a representação de um ambiente
que produz a morte do indivíduo pela escassez de alguns recursos.
Porém
estavam cegos para as informações mais importantes que viriam através de Moises
que os libertaria do regime escravo por meio dos milagres de Deus, digo estavam
cegos para os milagres de Deus. A objetivação diz respeito à forma como se
organizam os elementos constituintes da representação e ao percurso através do
qual tais elementos adquirem materialidade, isto é, se tornam expressões de uma
realidade vista como natural. No objetivo de Deus foram organizados todos os
milagres que se tornaram em realidade na presença dos Hebreus e de Faraó, onde
puderam ser percebidos de modo natural.
O
processo de ancoragem acontece devido a uma associação reflexiva, pois não é
uma questão de escolha, uma vez que o indivíduo não se percebe utilizando este
mecanismo. Exemplo, os Hebreus queriam ser libertos da submissão de Faraó, mas
ao mesmo tempo pensavam que poderiam morrer no deserto se deslocassem para fora
da cidade do Egito.
Melhor
dizendo, seus pensamentos estavam ancorados na ancoragem da heurística, onde
recebiam informações originadas por Faraó para provocar a emoção medo que os
impedia de fazer um julgamento assertivo perante os milagres de Deus ali no
Egito e depois no Deserto.
Por
causa da murmuração o povo de Israel foi impedido de entrar na terra prometida
junto om Moisés, onde Deus fala no livro de Deuteronômio 1:35 - Nenhum dos
homens desta maligna geração verá está boa terra que jurei dar a vossos pais.
As vezes o ser humano é impedido de acessar certo local por que seu perfil
destoa das exigências permitidas no local e constamos muito disto nas empresas
por meio dos processos seletivos exigentes. E até mesmo na prospecção de
cliente através de vídeos e post, devido ao mecanismo de defesa da
identificação, o que leva as vezes o cliente criar uma não identificação com o
psicólogo, seja qual for o motivo particular dele.
No
caso das corporações, se o candidato não possuir pós graduação, anos de
experiência, idade adequada dentre outros requisitos está fora do processo. Sem
contar a sua competência socioemocional no processo evolutivo da sua história. As
vezes se faz necessário o sujeito esperar até que seja oportunizado a
oportunidade. Recordo-me que permaneci por 25 anos na espera de cursar
psicologia na universidade a qual graduei-me, pois havia tentado em outras
universidades, mas não passava no vestibular. Olha a paciência, longanimidade
associado a convicção, digo fé em mim que iria concretizar o plano independente
do tempo. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34),
Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências
que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo
tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram
reprimidos.
A
universidade a qual cursei psicologia não existia na época, então tive que
esperar ela ser edificada e oferecer vários cursos dentre eles psicologia.
Significa que fiquei rodeando outras universidades até que a universidade certa
me possibilitasse a graduação. No ano de 2007, prestei vestibular e passei na
universidade a qual graduei, mas fui impedido de participar do curso por questões
financeiras naquele ano. Veja a frustração presente em desistir de algo que foi
conquistado através do vestibular.
Que
interessante, não era o momento de acesso a terra prometida a universidade, uma
vez que somente em 2013, quando prestei novamente o vestibular e passei pude
pertencer a elite da psicologia, ou seja, me foi outorgado entrar na minua
terra prometida. E fui recebido com carinho por alguns professores que se
recordaram de mim do ano de 2007.
Nenhum
ser humano tem acesso a hora que quer sobre os seus desejos, pois existe um
tempo para todas as coisas debaixo do céu. Eclesiastes 3:1 - TUDO tem o seu
tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. O cristão
tem uma maneira equivocada de pensar durante o tempo que não consegue realizar
o propósito, acha que se encontra em transgressão.
As
vezes até está em transgressão, mas também é possível que não esteja, pois Deus
tem o controle sobre todas as coisas e vou mencionar mais tarde por meio do
livro de provérbios. I Corintios 11:28 - Examine-se, pois, o homem a
si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Pare por alguns momentos
para avaliar o que está acontecendo na sua trajetória para chegar ao projeto.
Concluo
que fiquei na compulsão a repetição para entrar na minha terra prometida
rodeando a universidade por 06 anos, fui fazer outras coisas, trabalhar em
outros empregos, trabalhei na empresa de um primo meu, onde estive debaixo da
sua liderança, apliquei e pratiquei a teologia, nos ambientes que estive, pois
me graduei em 2007, adquiri experiência, constatei Deus agindo na minha vida
cumprindo suas promessas por meio de milagres, uma vez que colocou pessoas no
meu caminho para não me faltar alimentos e o que você lograr enquanto lê a
interpretação.
Em
fim transitei por entre vários caminhos/ e ou projetos, simbolizando que não
fui em direção a terra prometida em linha reta. O povo de Israel estava a 200
km do seu ponto inicial até o ponto final que era entrar na terra prometida de
Canaã. Eu estava do meu ponto inicial a 2km para entrar na terra prometida que
era o bairro em que eu residia, mas percorri outros trajetos até regressar ao
ponto de 2km.
Hoje
formado em psicologia, compreendo que se tivesse me formado antes, não teria a
estrutura emocional para exercer a profissão e penso que não teria sido um bom
psicólogo, porquanto era faltante de competências socioemocionais, resiliência,
tolerância a frustração, longanimidade, paciência, perseverança, temperança,
empatia, ausência de controlo das emoções, autoconfiança e é claro a fé em Deus
que foi ainda mais fundamentada. Para se fazer uma autocritica de si mesmo,
exige-se muito autoconhecimento de si mesmo.
Os
hebreus presenciaram diante de seus olhos os maiores milagres do mundo. Moisés canalizou
o poder de Deus e abriu o Mar Vermelho com seu cajado para que atravessassem,
conseguindo fugir dos egípcios. Foram libertos dos 400 anos de escravidão no
Egito. Mesmo assim murmuraram, após atravessarem o Mar Vermelho, pois não
chegaram à terra prometida, mas sim a um deserto. Deuteronômio 8:1-10.
Não
acreditavam que Deus os pudesse sustentar numa terra sem água e sem pão.
Iraram-se contra Deus e contra Moisés dizendo: “por que nos tirou do Egito para
morrermos aqui no deserto de fome e de sede?”. A ideia dos 40 anos de caminhada
pelo deserto como um período de expiação pela falta de confiança em Deus por
parte do povo de Israel é muito frequente; é uma releitura do Êxodo.
E
o deserto realmente é um lugar de rebelião, de protestos contra os desígnios de
Deus. A atribuição de uma culpa de Israel, que faz com que ele fique 40 anos errante,
que vive mudando continuamente de lugar pelo deserto, faz parte de um tipo de
religião que sublinha a retribuição, o merecimento ou a condenação. As vezes o
próprio psicólogo tem o comportamento errante e não percebe, isto é, faz
malabarismos, vídeos engraçados nas redes sociais, vai buscar empregos fora da
psicologia por causa do sentimento de merecimento ou até provocar a condenação
em si mesmo.
Todavia
o deserto, na história de Israel, tem um significado muito mais profundo. Isso
não exclui a desobediência, que é do povo, mas apura a misericórdia, que é de
Deus. O povo sonhava entrar na terra prometida, na liberdade. Mas se encontra
em uma situação de desespero, de abandono, de fome e privação, não dispunham de
competências socioemocionais, competências profissionais na arte de guerrear,
era uma geração desprovida de recursos internos, eram faltantes de paciência,
longanimidade, esperança, perseverança, baixa autoestima e autoconceito de si
mesmo, ausência de autoconfiança em si mesmo e em Deus.
Pouquidade
de resiliência e o deserto oferecia a contingência exata para forjar a outra
geração com resiliência, com tolerância a suportar frustração, fundamentada na
crença que Deus existe, aprimorar-se na arte de guerrear sob o comando e
direção de Deus.
Diante
disso o povo murmura, protesta, dá bronca em Moisés e chora a falta dos
manjares do Egito, tem saudades do tempo que era escravo. É nítido o desejo
inconsciente de voltar a compulsão a repetição da perda da autonomia, por meio
do masoquismo inconsciente ansiando a punição e sofrimento. É por isso que o
povo do êxodo é lembrado pela sua desobediência, pelo coração duro, por ter
duvidado da presença de Deus.
Vamos
analisar o processo evolutivo da geração, que Deus não permitiu entrar na terra
de Canaã, por meio da psicologia evolutiva e psicologia ambiental, em
consequência da reprodução do comportamento de rebeldia, idade de
envelhecimento com limitações no corpo físico devido ao envelhecimento, baixo
vigor físico embora naquela época o único meio de se chegar a algum lugar era
andando a pé ou de camelo ou ainda a cavalo; falta das habilidades para guerrear,
falta do pensamento de estrategista, falta de fé em Deus.
A
psicologia evolutiva tem por objetivo explicar o comportamento humano a partir
de uma perspectiva evolutiva e descobrir os módulos mentais que constituem a
natureza humana universal. Segundo a psicologia evolutiva, os inconvenientes adaptativos
que o cérebro humano evoluiu para resolver são aqueles do ambiente ancestral no
qual evoluiu. Porém, a psicologia humana está em constante evolução, portanto é
um erro acreditar que nossas mentes estão adaptadas exclusivamente as complicações
enfrentadas pelos nossos ancestrais no ambiente de adaptação evolutiva.
Compreendo
que grande parte do comportamento humano é resultado de adaptações psicológicas
que evoluíram para resolver dificuldades resistências recorrentes em ambientes
ancestrais humano. Em outras palavras os hebreus não tinham o desenvolvimento
cognitivo apropriado na resolução de problemas, digo, firmeza de ânimo, energia
e coragem ou ainda fazer desaparecer pouco a pouco seus incômodos, angustias,
raivas, medos, incertezas. Os processos básicos psicológicos que são os
mecanismos atencionais eram voltados apenas no aspecto da falta na carência
afetiva, falta de proteção, desampara e o medo de morrer pela falta de
alimentação e água e até por animais desconhecidos e a energia libidinal sexual
também ficou diminuída, diminuindo o contato sexual que instigava o ambiente
deserto naquele momento.
Já
sabemos que o povo de Israel permaneceu na compulsão a repetição por 40 anos
aos olhos da psicanálise, onde eles elaboravam recordavam e repetiam as ações
de murmuração e descrença em Deus de modo inconsciente e consciente, sem saber,
que não sabiam. Por causa do desprazer, onde surge a vontade de regressar ao
Egito por causa dos prazeres relacionados a comida que era proporcionado. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
De
acordo com a psicologia ambiental em um contexto biológico, o entendimento do
que seja meio ambiente tem sofrido algumas reformulações recentes. A ideia que
se pretende assumir aqui nesta interpretação, é a de que, assim como não pode
haver os Hebreus sem o ambiente deserto, não pode haver deserto sem os Hebreus.
Segundo esse ponto de vista, um deserto é algo que envolve ou cerca o povo de
Israel, mas, para que haja envolvimento, é preciso que exista Deus no centro
para ser envolvido.
Dessa
forma, o maná que o povo comia todos os dias no deserto, as codornizes que
chegavam ao deserto para serem apanhadas pelos hebreus e se transformarem em
alimento, a nuvem que cobria o povo do sol, o fogo a noite aquecer e iluminar o
caminho no deserto, são condições milagrosas e físicas a partir das quais Deus criou
e se utilizou para manter e conservar seu povo até chegar a terra de Canaã.
Assim
sendo, você leitor, enquanto representante de uma espécie biológica que se
relaciona de diversas formas em locais diferentes, está sujeito a uma grande
variabilidade de ambientes. Isso significa que, no momento em que lê este texto
[sentado em seu quarto no seu computador ou smartphone, no escritório, na
faculdade], você está inserido em um meio ambiente específico.
O
homem, como ser vivo, também está inserido em ecossistemas e depende de fatores
bióticos e abióticos do ambiente para sobreviver. Porém, ao contrário de outros
organismos, o homem desenvolveu habilidades que o permitem manipular recursos
do ambiente em benefício próprio. E no deserto não existia recursos aos quais possibilitassem
aos Hebreus manipularem, como a terra não era fértil para agricultura, não
havia meios para a produção da tecnologia armas para se protegerem de animais
ou guerrearem com o objetivo de dominar, e muitos menos meios de manipular a
natureza como o sol, o calor o frio a noite com a intenção de se libertar da
estreita dependência que obriga todos os demais povos a viver somente, onde o
clima lhe seja mais favorável.
Deus
lhes envia animais, pão, e conduzia até os oásis, lugar em pleno deserto, onde
devido a existência de água, há vegetação e armavam tendas para abrigar-se e
estavam sob o domínio de Deus, embora tenham se libertado da soberania dos Egípcios.
Assim,
o os Hebreus dependiam da existência de certas coisas para a sua sobrevivência
no deserto e Deus se encarregou de suprir as necessidades básicas do seu povo. Na
teoria do psicólogo Maslow os seres humanos, são motivados em satisfazer cinco
necessidades básicas: fisiológicas, de segurança, social, de autoestima e de
realizações pessoal. Mas, o povo de Israel não sabe, que não sabe, porque não
tem conhecimento sobre o tema e muito menos sua compreensão alcança em perceber
pelos sentidos da visão que Deus é capaz de supri-los naquilo que lhes é
necessário para cruzar o deserto.
O
povo de Israel aciona inconsciente o mecanismo defeso projeção, projetando
sobre Deus, seus sentimentos que não consegue controlar, suportar como, raiva,
angustias, medos, frustrações, decepções. Outro mecanismo defeso usado é o
deslocamento da raiva na intenção de não confiar em Deus, construindo um
Bezerro de ouro mesmo enxergando os milagres. As vezes o psicólogo não consegue
defrontar-se com suas angustias e as desloca em sentido ao cliente, as redes
sociais e em si mesmo se punindo ou se cobrando, pensando que não está fazendo
o bastante para lograr os clientes, chegando até agir inconsciente como se
fosse um deus que é onipotente. [...] Porém, a projeção não é unicamente
um meio de defesa. Podemos observá-la também em casos onde não existe conflito.
A projeção para o exterior de percepções interiores é um mecanismo primitivo,
ao qual nossas percepções sensoriais se acham também submetidas, e que
desempenham um papel essencial em nossa representação do mundo exterior.
(FREUD, 1913/1948, p.454).
O
deserto se constituía no ambiente cultural, onde era aplicado e praticado a
doutrina de Deus, assim dizendo, os mandamentos de Deus. Os mandamentos que
Moises escreveu com seu dedo na tabua, onde esteve por quarenta dias e quarenta
noites é o patrimônio cultural do povo de Deus e constitui-se em seu meio
ambiente cultural e este conceito engloba, segundo Deus a própria Constituição de
Deus, o que faz referência à identidade cristã, à ação e à memória dos Hebreus formadores
do povo de Israel, nos quais se incluem, as formas de expressão; os modos de
criar as coisas, fazer e viver de acordo com a palavra de Deus. A preservação e
valorização da cultura dos hebreus, implica, em última instância, na
preservação e valorização deste próprio povo de Israel. O conselho Federal De
Psicologia é a constituição do psicólogo e seu ambiente cultural.
De
acordo com a psicologia ambiental observamos o povo de Israel em seu contexto
deserto, tendo como tema central as inter-relações entre os Hebreus e o meio
ambiente deserto e Deus. As dimensões de Deus e a constituição dos mandamentos
de Deus estão sempre presentes na definição do deserto, mediando a percepção, a
avaliação e as atitudes dos Hebreus frente ao deserto para chegar a terra
prometida.
Cada
Hebreu em particular percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao
seu ambiente deserto e Deus, no entanto que somente dois Calebe e Josué
enxergaram que poderiam vencer os filisteus para apossar-se da terra prometida.
Por outro lado, os efeitos do deserto particularmente sobre as condutas dos
Hebreus também são avaliados.
Então,
avalio a reciprocidade entre os Hebreus e o deserto. Essa inter-relação é
dinâmica, tanto nos ambientes naturais quanto nos construídos. Ela é dinâmica
porque os cristãos agem sobre o ambiente [por exemplo, construindo-o como
residência, edifício, parque ecológico], mas esse ambiente, por seu olhar,
modifica e influencia as condutas humanas.
Observando
por entre a psicologia ambiental, notamos a preocupação em caracterizar as
incidências específicas do macro ambiente deserto sobre o Hebreu. Em outros
termos, como, por exemplo, o deserto a casa do hebreu é capaz de influenciar a
sua percepção em relação a Deus e ao local, avaliação, atitudes e satisfazer
suas necessidades. Como o deserto e Deus influencia o comportamento e o
cotidiano do dos Hebreus? De que forma o Hebreu reage às condições
constringentes do ambiente, como, por exemplo, o estresse? Pois o estresse é
uma palavra-chave na relação que o Hebreu tem com essa entidade ambiental, o
grande deserto.
As
contrariedades do deserto [falta de água, ausência de alimentos desejados, o
frio, o calor, tempestade de areia, falta de proteção e amparo] têm uma
influência sobre os Hebreus e essa influência depende de como ele percebe e
avalia os diferentes aspectos estressantes decorrentes do fato de viver nesse deserto
por 40 anos obedecendo a Deus.
Será
preciso decidir, por exemplo, Crer em Deus ou não crer [ainda que, talvez, não
precisassem ter medo], o que causará um certo estresse, resultante da interação
entre o Hebreu e o seu contexto deserto/Deus. Não é o deserto, por exemplo, que
provoca o estresse, mas, sim, a relação que o Hebreu tem com Deus, porque eles
não ambicionavam estar no deserto, mas sim na terra prometida de pronto. [...]
Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será
experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação
reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Os
Hebreus viviam em um espaço restringido dentro do templo de Faraó restringidos
e limitados pela fronteira de muralhas e não de moviam em direção ao deserto
nunca por isso comportavam-se de maneira discordante de Deus, permanecendo 400
anos orando a Deus pela sua libertação, até que Deus resolve escutar as suas
orações e envia seu servo Moisés para libertar e conduzir o povo até a Canaã.
Eles
estavam sob as ordens e regime de Faraó no passado. Mas agora estão diante de
um espaço amplo o deserto, onde a visão deles não alcança a localização da
terra prometida e deste modo seus comportamentos são dessemelhantes aos
preceitos de Deus. A avaliação e percepção que uma pessoa tem do espaço que se
encontra no ambiente, seja residencial, organizacional, parque ecológico,
sistema prisional também irá influenciar na sua maneira de atuar; interagir contrário
dependendo do local. Então, o espaço é um conceito importante.
O
funcionamento do sistema deserto, não somente de um ponto de vista físico, mas
considerando também os Hebreus que ali estão, não representa nada se não tem o
povo de Israel dentro do ambiente deserto. Os filhos de Israel partiram de
Ramsés em direção a Sucot, cerca de seiscentos mil homens a pé somente homens,
sem contar suas famílias [mulheres e crianças] (Êxodo 12,37). Mas, deve haver
um certo número de Hebreus para que o deserto possa funcionar adequadamente,
cada um organizadamente exercendo a sua função; com gente demais ou sem ninguém
não funciona. Então, o deserto é o espaço físico de uma forma totalmente
dependente de seu modo de ocupação.
Por
meio da psicologia ambiental entendemos que é a dimensão temporal do povo de
Israel, se entende ao mesmo tempo como projeção no futuro e referência ao
passado, à história dos Hebreus. Fala-se um pouco na psicologia do desenvolvimento,
mas a relação dos Hebreus com o tempo é o que mais importa para Deus. Os
Hebreus tem uma noção de tempo que está relacionada com a duração de sua vida
no deserto, que é muito dependente do seu ciclo de vida. Chegam a pensar que
vão morrer no deserto. Êxodo 16:3 - E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem
dera tivéssemos morrido por mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos
sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos
tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.
Na
psicologia ambiental a noção da história dos Hebreus é importante. Não se deve
esquecer que é através da história do Hebreu no deserto que foi construído uma
identidade teológica, que vai influenciar a sua percepção e avaliação da
residência atual o deserto por 40 anos e a entrada na terra de Canaã.
O
deserto também se constitui num ambiente de trabalho para o povo de Israel,
onde foi construído o Bezerro de Ouro que conduziram ao pecado de adoração de
ídolos. Havia altas demandas e exigências do dia a dia de trabalho, pouca
margem de controle e autonomia, necessidade de tomada de decisão frente aos
contratempos, excesso de responsabilidade, necessidades de treinamento,
problemas de planejamento, além do ambiente físico o deserto. Estes são alguns
dos aspectos geralmente considerados responsáveis por vários incômodos entre os
Hebreus. Assim, quanto mais inadequado for o ambiente deserto ou de trabalho em
seus aspectos físico e social, mais ineficiente será a produtividade e a fé.
O
deserto também deve ser muito considerado no que se refere à educação, onde o
espaço é um elemento básico e constitutivo da aprendizagem teológica. No
processo de desenvolvimento do povo de Israel após a geração maligna que Deus
escolhe deixar falecer ali no deserto e ao mesmo tempo surge uma nova geração.
Enxergamos a importância à interação de fatores cognitivos-afetivos,
relacionais e sociais para o pleno desenvolvimento dos Hebreus. A interação
desses fatores ocorre em dimensões físicas e temporais que exercem papéis
fundamentais para o desenvolvimento de todas as potencialidades dos Hebreus que
no deserto convivem por 40 anos para conquistar depois a terra prometida de
Canaã. Deus impôs condições para a geração entrar na terra prometida e aqueles
que não se apresentaram com as exigências Deus, faleceram no deserto.
Observamos
por meio da psicologia ambiental, que é o problema da adoção de comportamentos
pró-ambientais no deserto. Ou seja, fazer com que o povo de Israel respeite Deus
o meio ambiente deserto e que adote comportamentos tais como a restrição do uso
do pão, a qual deveria ser pego somente um para cada membro da família, sendo
que havias Hebreus que desrespeitaram a ordem e pagaram mais que o suficiente,
o que levou a estragar o pão, e água, a triagem de lixo, entre outros.
Muitas
vezes, nessas situações o Hebreu tenta atuar de maneira individualista e não
pensa na comunidade. Ademais, os problemas que podem surgir quando o Hebreu não
atua de modo a preservar os mandamentos de Deus e o ambiente deserto, trazem
consequências para a sua geração resultando na morte no deserto, e para a de seus
filhos ou netos.
A
preocupação cada vez mais com a relação entre saúde e ambiente. Não é por acaso
que certos doentes se encontram em certos lugares e não em outros, da mesma
forma que algumas doenças se encontram em determinados lugares e não em outros.
O descontentamento do povo de Israel com o seu ambiente deserto pode facilitar
a emergência de certas doenças, sejam mentais ou físicas.
Observamos
que a geração de Hebreus que faleceram no deserto, foram um povo de coração
duro, mesmo diante dos milagres ainda não acreditavam em Deus. Teve momentos que
dentro do deserto, após estarem muito longe do Egito, desejaram regressar
novamente por causa dos inconvenientes. E outros comportamentos de rebeldia na
presença de Deus que os impediu de entrar na terra de Canaã.
Referência
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BÍBLIA,
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FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
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FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
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FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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