Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo tem a intenção de encaminhar o leitor a observar qual é a sua
responsabilidade no ato de chorar em sessão de psicoterapia ou noutro ambiente.
Tanto o psicólogo, como o cliente pode ocorrer o comportamento de chorar em
sessão de psicoterapia. A abordagem centra da pessoa [ACP] diz que o psicólogo
pode chorar e não é sinal de fraqueza. Porém o psicólogo pode tratar está
queixa em sessão de psicoterapia pessoal ao observar as queixas que lhe afetam através
do mecanismo defesa contratransferência.
Chorar
é transbordar algo, é revelar algo íntimo, é quase uma nudez. O grande problema
é que, ao reprimir uma emoção, ela não deixa de existir. Se não choramos, nosso
corpo vai procurar uma nova forma de expressar aquilo que está sendo sentido
conscientemente ou não. E, muitas vezes, aquela emoção que não foi expressada
com lágrimas, pode virar uma dor de garganta, uma dor de estômago e outras
tantas somatizações possíveis mais complexas e dolorosas.
O
cliente chega ao consultório em busca de ajuda, se trata um acolhimento que
envolve duas pessoas em uma sala fechada e com a proposta de colocar suas
queixas em sessão para fazer mudanças significativas em sua vida e isso tende a
ser mais desafiador do que com as palavras que descrevo aqui.
O
cliente traz suas dificuldades aquelas que a vida o presenteou e sai juntando,
então apresento lhe uma agulha e um fio onde, a partir daí, nós delineamos o
que o cliente quer criar com essa costura e seguimos nesse processo
colaborativo. Podemos, eventualmente, acabarmos por nos ferir em tal empreitada
ao mesmo tempo em que não há trabalho de costura sem a disposição de
ocasionalmente acabar por levar uma pontada.
Muitas
vezes, me sinto emocionado com o relato de sua história de dificuldade. De
tempos em tempos, algum cliente irá tocar em um assunto de um trauma profundo,
ou então irá contar sobre uma mudança muito impactante que fez como fruto da
terapia. E meus olhos chegam a lacrimejar. Nem sempre as lagrimas caem, mas em
alguns momentos é bom ter uma caixinha de lenço a disposição.
Alguns
profissionais, porém, resistem à expressão emocional porque acreditamos que
nossos clientes não gostariam que seu terapeuta chorasse. Durante a supervisão
de estágios clínicos nunca foi exposto sobre as lágrimas do psicólogo e somente
a do cliente.
Meus
professores de estágio em clinica nos estimulávamos a sermos empáticos. Rememoro
que minhas supervisoras de psicanálise, de plantão psicológico e psicologia da
saúde enfatizavam sobre a importância de estarmos em psicoterapia para podermos
atender os clientes na clínica. Na psicanálise poderíamos tratar temas que nos
afetariam ao termos o conhecimento do mecanismo defesa contratransferência.
Devemos
ser neutros e desapegados ou seriam nossas lágrimas benéficas e capazes de ser
um modelo de flexibilidade? Estaríamos mostrando vulnerabilidade? Serão nossas
habilidades e inteligência respeitadas se mostrarmos nosso lado emocional.
Acredito que as lágrimas do psicólogo devem ser tratadas em psicoterapia
pessoal e cabe a escolha do psicólogo expressar lágrimas na presença do cliente
ou não e lidar com as possíveis consequências advinda do ato de chorar e
mostrar-se vulnerável ao cliente.
Por
isso o psicanalista tem o mecanismo defesa contratransferência para ser trabalhado
em sessões pessoais com outro psicanalista a respeito de ser afetado pelo choro
do cliente. Sempre devemos recorrer à função que chorar reforça ou pune a
resposta de meu/minha cliente baseado nos objetivos terapêuticos estabelecidos?
A contratransferência não se refere apenas aos sentimentos do analista na
sessão, mas significa a utilização, de forma ampla, da subjetividade do próprio
analista/terapeuta/clínico para a compreensão mais ampla e profunda do seu
paciente.
A
contratransferência para ser benéfica ou prejudicial depende do equilíbrio e
desenvolvimento da psique do psicoterapeuta. Aqui se acentua a necessidade de
que o psicoterapeuta também cuide de sua psique, que busque autoconhecimento e
que, a exemplo de seu cliente, passe por processo psicoterapêutico quando
necessário.
Mesmo
profissionais experientes e com equilíbrio psíquico precisam, por vezes, passar
por processo psicoterapêutico porque o seu ofício se baseia na conjunção de seu
inconsciente com o de seu cliente.
Para
Freud, a contratransferência define-se por ser a transferência do analista em
relação ao paciente ou a resposta do analista à transferência do paciente, ou
seja, a reação emocional, controlada, consciente e adequada do terapeuta ao
paciente.
Desejo
que o indivíduo se exponha novamente, focando no controle consequente da minha
ação, ou ao me atentar mais a variáveis antecedentes aversivas, estou me
esquivando do assunto. Por ser parte das variáveis independentes que
influenciam o responder de meus clientes, eu tenho de analisar meu próprio
comportamento na interação.
Se
vossemecê for cliente e seu ou sua terapeuta chorar em algum momento da terapia
tudo bem se você se surpreender com o movimento, e tudo bem caso isso aconteça,
afinal não há nada de fora do comum em uma ação humana como está. Pois há
momentos nessa profissão que são intensos e sensíveis. O choro muitas vezes é
interpretado como uma demonstração de indefensabilidade.
Quando
alguém chora se sente exposto na sua fragilidade, por isso muitas vezes os
sujeitos preferem buscar um lugar para chorar sozinhos. Outro ponto é a reação
exagerada que o choro provoca nas pessoas em volta. Quem está chorando muitas
vezes não quer causar toda essa reação, só busca expressar sua emoção com
tranquilidade. Muitas vezes recebo no consultório pessoas que querem o seu
momento de chorar e aproveitam o espaço da psicoterapia para isso, pois não se
sentem a vontade para chorar em outros lugares ou com outras pessoas, mesmo que
sejam amigos ou familiares confiáveis.
Quando
crescemos e nos tornamos adultos, a tendência é chorar menos. Isso porque a
maioria dos adultos têm grande dificuldade em demonstrar suas emoções em
público. O fato é que o choro é saudável e deve fazer parte da experiência de
todo ser humano.
O
choro pode ter vários significados diferentes: alegria ou dor, vitória ou
derrota, heroísmo ou fraqueza. Tudo depende da cultura, da época, da realidade
em que vive e da história pessoal de quem derrama as lágrimas. As lágrimas
emocionais dor física, medo, raiva, humilhação, solidão, tristeza e lembranças
sentimentais podem ser identificadas, em linhas gerais, como pedido de ajuda.
Elas
são um poderoso instrumento de comunicação. Chorar de felicidade, raiva ou
tristeza, enfim, não importa qual seja o motivo do choro, faz parte da vida de
todas as pessoas. Está comprovado que ao chorarmos liberamos substâncias
químicas que proporcionam uma sensação de alívio quase imediato. Este efeito é
desencadeado exclusivamente por pequenos toques emocionais e não por estímulos
físicos, como quando choramos quando cortamos uma cebola.
As
lágrimas provocadas pela emoção removem elementos acumulados das várias
situações de estresse. Além disso, falar sobre o que sentimos e chorar não é a
mesma coisa. Muitas vezes podemos chorar sem percebermos bem porquê, enquanto
demonstrar sentimentos pressupõe que entendamos o que se passa conosco.
Exemplo, podemos assistir a um filme e certa cena nos faz chorar ou lacrimejar
os olhos.
Neste
sentido, conter as lágrimas quando elas pedem para se manifestarem pode
provocar alguma instabilidade psicológica, pois estamos a aguardar sentimentos
negativos e a ignorar as emoções. Acredita-se que o choro possibilita o retorno
da homeostase do organismo através da liberação de neurotransmissores e
hormônios. A psicóloga salienta que estresse intenso e crises de ansiedade
também podem estar por trás. O indivíduo pode ter chegado a um limite de
sofrimento emocional e o choro frequente é sinal de estafa psíquica.
O
choro, o riso ou a raiva incontroláveis e repentinos podem ser um sintoma de
uma condição chamada labilidade emocional. Trata-se de um estado neurológico
involuntário relacionado a uma lesão ou distúrbio na parte do cérebro
responsável por controlar as emoções.
Chorar
alivia a dor, a tensão e faz bem. É importante deixar as lágrimas caírem.
Chorar tem a função de gerenciar o nosso estresse e fazer com que o corpo entre
em homeostase, ou seja, sua situação de equilíbrio, descreve Carvalho. Aponta
que o indivíduo suportou ao máximo suas emoções por meio da compulsão a
repetição. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar”
(1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição,
fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós.
Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a
resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse
passado recalcado desperta em nós.
Segundo
o especialista, da mesma forma que, após uma corrida, o cérebro manda mensagem
para o coração baixar a frequência cardíaca e retornar os batimentos do
repouso, o choro é importante para voltar ao estado mental basal. Todo ser
humano precisa expressar suas emoções de alguma forma, sejam elas boas ou
ruins, e o choro é exatamente isso: a manifestação dos nossos sentimentos por
meio das lágrimas.
A
chamada de lágrimas emocionais. Ela tem alguns hormônios que são responsáveis
por deixar o nosso sistema um pouco mais calmo, relaxado. A ocitocina,
conhecida como hormônio do amor, também está presente nesse tipo de lágrima.
Essa substância, quando liberada, faz com que a gente tenha mais compaixão ou
fique mais apegado alguém que seja próximo.
Além
disso, ela inibiu os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, no organismo.
A vulnerabilidade que, às vezes, o choro transmite, pode ser benéfica, pois ela
indica que precisamos de ajuda, e dependendo da situação, pode até mesmo nos
salvar de algo pior. Pessoas com transtornos psicológicos, por exemplo, podem
ser ajudadas quando demonstram que estão vulneráveis.
Já
aquelas que se inibem, têm maior probabilidade de o problema aumentar, sem que
ninguém perceba. Ele faz parte da nossa realidade desde quando nascemos para
expressar nossos sentimentos. No entanto, há pessoas que quase não conseguem
chorar.
Nesse
sentido, segundo os especialistas, o choro é apenas uma das maneiras que o
corpo encontra de se manifestar. Isso significa que existem outras formas de
expressar os sentimentos. A falta de lágrimas, não quer dizer, necessariamente,
a falta de emoção ou de sentimentos. Existem situações em que as pessoas são
pouco empáticas e realmente não sentem medo, dó, compaixão com relação a outra
pessoa, mas isso não está ligado a produção de lágrimas.
Alguns
estudos mostram que segurar o choro em momentos de raiva ou tristeza é muito
prejudicial ao organismo. Provavelmente, quando criança, você pode ter ouvido a
frase, se você não parar de chorar, eu vou te dar motivos para chorar. Pois
bem, esse tipo de atitude recebe o nome de estilo de parentalidade negativa. [...]
Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a
compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
Ou
ainda a criança pode ter feito a si mesmo a promessa de nunca mais chorar por
ninguém ao estar ao lado do caixão do avô. A dificuldade em conseguir demostrar
seus sentimentos através do choro pode estar relacionado com situações passadas
que foram percebidas com muita intensidade e que, por pensamentos
disfuncionais, você bloqueou, e segurou o choro, esses pensamentos podem ser:
sempre fui muito tola de chorar por qualquer coisa.
Além
de conter ameaças, desestimula que as crianças expressem suas verdadeiras
emoções. Estudos apontam que os futuros adultos crescem mais inseguros ou
desapegados emocionalmente como forma de defesa, diz Carvalho. Após o indivíduo
crescer, as lágrimas podem expressar contentamento, raiva, frustração, alívio.
Elas dão vazão a uma tensão acumulada, uma expectativa ou preocupação.
Quando
a pessoa recebe uma notícia que quer e aquela expectativa finalmente acontece,
a emoção vira choro. Se emocionar-se com tudo não tem a ver com personalidade,
em como o indivíduo se expõe aos medos e à insegurança em relação a conflitos,
soltar o berreiro pode ser, chorar muito e incontrolavelmente pode ser um dos
sintomas de diversas condições, como alteração hormonal, hipotireoidismo,
deficiência de vitamina B12, depressão, ansiedade e hipoglicemia [quando o
nível de glicose no sangue fica abaixo do normal].
O
indivíduo pode ter chegado a um limite de sofrimento emocional e o choro
frequente é sinal de estafa psíquica. A Bíblia diz o choro pode durar uma
noite, mas a vitória vem pelo amanhã. Salmos 30:5 - Porque a sua ira dura só um
momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria
vem pela manhã. E neste caso o crente após ser acometido por diversas
intempéries na vida é capaz de chorar em sinal de alivio do estresse, apontando
que a sua vitória sobre os seus fracassos vem no futuro.
O
choro pode contribuir no processo de superação, pois ao chorar tornamo-nos
cientes do problema; o choro pode também trazer temas para a terapia, sobre as
razões para o afeto ou emoção ser tão forte a ponto de o analisando chorar. O
choro pode contribuir no processo de superação, pois ao chorar tornamo-nos
cientes do problema; o choro pode também trazer temas para a terapia, sobre as
razões para o afeto ou emoção ser tão forte a ponto de o analisando chorar.
Em
resumo, a função do choro é expressar um desconforto, seja físico, seja
emocional e aqui cabe uma explicação a respeito dos dois tipos diferentes de
choro. O primeiro tipo de choro é aquele estimulado por alguma reação física.
Sabe quando você bate o dedo mindinho do pé numa quina ou sofre uma pancada
muito forte, a ponto de lacrimejar?
Isso
nada mais é do que uma defesa do corpo, que extravasa a dor ou o desconforto
por meio de lágrimas, já que a glândula lacrimal, que produz o choro, se
contrai diante de alguns estímulos do sistema nervoso independente, responsável
por processar a dor. O segundo tipo de choro, mais conhecido, é o choro
emocional, que acontece quando fortes emoções se apossam de nós sejam ruins,
como tristeza, depressão e saudade, sejam boas, como alegria, alívio e
felicidade.
A
função do choro, nesse caso, é expressar que a emoção é realmente muito
intensa. Pouco se sabe a respeito de por que o corpo escolhe as lágrimas como
maneira de demonstrar fortes emoções, mas é assim que ele funciona para a maior
parte das pessoas. A primeira teoria é que o choro é um transbordamento, uma
maneira de o corpo expor de maneira física e tangível o que está sentindo.
Além
disso, há evidências científicas de que o choro promove alívio no estresse,
então, além de expressar fortes emoções, ajuda-nos a lidar com elas. Ao chorar,
podemos nos permitir ser vulneráveis.
Isso
é bom porque você nem sempre pode segurar as emoções o tempo todo. O corpo sempre
se apoia em muitas dimensões diferentes para estar em um lugar de equilíbrio.
Ser vulnerável e baixar a guarda é uma maneira de se recuperar, em certo
sentido, do estresse e da tensão. As pessoas geralmente se sentem melhores
depois de chorar.
Como
os homens aprendem que a rigidez é o paradigma da masculinidade, enfrentam um
maior estigma em relação ao choro. Reprimir o desejo de chorar entre homens é
visto como um sinal do domínio da sua força de vontade, de decidir por si mesmo
o que é errado. Alguns pais podem esconder suas emoções para não incomodar seus
filhos. O psicólogo também é capaz de esconder suas lágrimas para não se sentir
envergonhado diante do cliente. Ao suprimir nossas lágrimas, estamos fazendo um
desserviço a nós mesmos.
Referência
Bibliográfica
BÍBLIA, A.
T. Salmos. In BÍBLIA. Português. Bíblia Evangélica: Antigo e Novo Testamentos.
Tradução Versão de João Ferreira de Almeida Corrigida 1948 (JFAC). São Paulo.
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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