Outubro/2020.Escrito por Ayrton Junior -
Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo convida o leitor(a) a repensar se está alcançando suas metas e
se sentindo realizado em virtude dos resultados atingidos. Já não é de hoje que muitas pessoas procuram
oportunidades de trabalho que gerem tranquilidade e um bom retorno. Além de
benefícios interessantes para ele e sua família, o candidato também visa bons
salários e uma característica fundamental, especialmente em dias de crise como
estamos vivendo: a estabilidade no emprego.
Conquistar
uma vaga que dê a segurança de não ser demitido significa estar mais tranquilo
para exercer sua função no dia a dia, assumir compromissos financeiros e honrar
as contas de casa. A estabilidade no emprego traz, por consequência, muito
tempo de casa. O profissional que conquista esse benefício deve estar preparado
para uma longa carreira na mesma empresa, algo que gera diversas vantagens,
como: Ter a confiança dos colegas, do superior imediato, dos demais diretores e
até do dono da empresa é fundamental, já que o profissional passa a ser bem
visto e ganha mais liberdade para trabalhar.
A
confiabilidade é também uma via de mão dupla, pois é muito importante confiar
na empresa que trabalha, sabendo seus rumos e formas de atuação. O trabalhador
seguro torna-se 100% adaptado ao seu ambiente de trabalho. Como são longos anos
de atuação, ele sabe suas funções, conhece o departamento onde atua e sabe como
atingir os resultados esperados pela empresa. É muito mais fácil conduzir sua
carreira com a estabilidade no emprego. Com confiança, adaptação e, claro, com
o emprego estável, o profissional ganha em experiência. Ele tem tranquilidade
para evoluir em sua função, tem tempo para ampliar seus conhecimentos e pode
aumentar seu escopo de trabalho.
Estabilidade
pode trazer segurança, tranquilidade, mas também o deixa em uma zona de conforto
perigosa. Por isso, é muito importante não se deixar acomodar. Por mais que
você goste de suas funções e esteja adaptado, não fique parado no tempo, se
atualize e demonstre sempre novos interesses dentro da empresa. É preciso tomar
cuidado também com os rumos da carreira. Para onde você está indo? O que a
empresa tem para oferecer que possibilita o crescimento?
A
falta de perspectiva é um ponto que pode atrapalhar em algumas funções com
estabilidade no emprego. Procure sempre essas alternativas. Em contrapartida ao
ponto positivo citado no tópico anterior, quem já começa sua carreira em um
emprego com estabilidade pode estar correndo risco de não ganhar rodagem.
Alguns empreendedores no mundo corporativo enxergam que ter diversas
experiências é um ganho positivo para o profissional.
Mas
como proceder se não se consegue mais reinserir no mercado de trabalho vendendo
sua mão de obra, ou seja, O [CHA] chamado em psicologia organizacional de
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes para trabalhar em organizações. O
reinventar-se através da Internet, das redes sociais é uma possibilidade, uma
vez que o indivíduo constate que não existe mais possibilidades de voltar a
trabalhar almejando a tão sonhada estabilidade de emprego. Agora olhando para o
mercado de trabalho a grosso modo, perece existir a prática do sadismo. Ou
seja, o mercado de trabalho castiga alguns profissionais depois de uma
determinada idade que é impossível a reinserção no mercado devido a aspectos
que escapam a compreensão do trabalhador. Esses aspectos permanecem ocultos e
deste modo o trabalhador se apercebe como ignorante, ou seja, destituído de
informação para tentar mudar a sua realidade.
Esse
trabalhador é forçado a buscar novos meios de trabalho para conseguir prover-se
financeiramente, pois encontra-se fora da estabilidade, passando a vivenciar e
experienciar a instabilidade em todos os aspectos em sua vida podendo ser
acometido de doenças psicossomáticas. E deste modo alguns trabalhadores não
observam as suas metas, qualquer que seja ela, só pode ser assim conceituada
quando traçada segundo cinco variáveis: especificidade, mensurabilidade,
exequibilidade, relevância e temporalidade. Observo o reinado do autoengano no
estabelecimento de metas. Metas são estabelecidas para justificar investimentos
de energia libidinal, tempo, motivação e agradar-se a si mesmo. [...] Em
sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão
a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram
satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Objetivos
são fixados com base em expectativas reais e irreais, independentemente de
incertezas políticas e econômicas. Poderiam até ser alcançáveis dentro de um
espaço de tempo adequado. As pessoas buscam a realização. Mais do que um ato,
um estado de espírito. Mais importante do que o fato concretizado, a satisfação
de tê-lo feito. A consequência é um grande teatro onde planejamentos são
criados, estratégias inventadas, para que o indivíduo possa sair da condição de
desmotivado. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914),
texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do
repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que
não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós
Resultados
devem ser buscados com persistência, assim como clientes devem sem atendidos
com destreza. Mas o fim de tudo deve ser o sentimento de realização, a
satisfação de dever cumprido. Por isso, estabeleça e mantenha o foco. Várias flechas lançadas para vários lugares não
garantem o acerto do alvo, e vários alvos confundem o arqueiro, pois isto dá
indicação de medo, desespero. Esteja preparado para as quedas um obstáculo é só
uma das etapas do seu plano. Redija suas metas de forma nítida, realista cuidando
para que elas sejam específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e
temporais. Dê-lhes todo seu esforço e imaginação. [...] Esse medo
marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como
desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida,
lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162)
Ser
bem sucedido, portanto, significa ter um resultado favorável, o que torna a
avaliação do que é ser bem-sucedido bastante relativa, pois para saber se
alguém é bem sucedido, teremos que ter como medida qual era o resultado
esperado [ex.: conquistar um emprego]. Mas se trouxemos o sentido também
presente na história da palavra de que sucesso significa avançar,
relacionaremos o sucesso com o desenvolvimento.
Olhando
um dado período de tempo, poderemos comparar o passado com o presente e dizer
se houve progresso, estagnação ou não [ex.: na conquista do emprego, caso tenha
conseguido, então existiu sucesso, mas se não conseguiu o resultado, então não foi alcançado o sucesso]. Uma outra forma
de conceber seria a projeção do futuro. Dada a nossa posição atual, podemos
imaginar como queremos estar daqui a 5, 10, 30, 50 anos. [...] O homem é
projeto. A necessidade de viver é uma necessidade de preencher esse vazio, de
projetar-se no futuro. É o anseio de ser o que não somos, é o anseio de
continuar sendo. O homem só pode transcender se for capaz de projetar-se.
Assim, ele sempre busca um sentido para sua vida. “A angústia contém na sua
unidade emocional, sentimental, essas duas notas ontológicas características;
de um lado, a afirmação do anseio de ser, e de outro lado, a radical temeridade
diante do nada. O nada amedronta ao homem; e então a angústia de poder não ser
o atenaza, e sobre ela se levanta a preocupação, e sobre a preocupação a ação
para ser, para continuar sendo, para existir (MORENTE, 1980, p.316)
Devemos
mudar o sentido, literalmente, o que sentimos ao ouvir a palavra trabalho como uma
tortura para a realização de uma obra, como uma ópera, uma realização criativa
e construtiva. Além disso, devemos nos lembrar que existem muitos tipos de
trabalho, e para avançar, para ter sucesso, precisamos trabalhar [criar uma
obra, realizar]. Pense: O que eu tenho realizado? Exemplo, como técnico em
mecânica, estoquista, repositor e etc. O que eu quero realizar? Seja realista
com suas metas. [...] O trabalho, nos dias de hoje, é visivelmente
valorizado em demasia pela política neoliberal das sociedades capitalistas. O
ócio passou a ser considerado um pecado capital, e o trabalho, em
contrapartida, passou a ser visto como um dever moral. Mas o que outorgou
realmente ao trabalho o caráter tão louvável que o acompanha atualmente foi o
advento do capitalismo e a construção da racionalidade ocidental moderna, que
gerou um campo ideológico que valoriza excessivamente a capacidade produtiva
individual (PERES & COL., 2003).
Estabelecer
metas que são muito distantes de sua realidade como conseguir um emprego em
três meses, prospectar 10 clientes em uma semana, ter liberdade financeira
trabalhando pela internet em 6 meses, casar com um homem rico ou emagrecer 50
quilos em 2 meses, geralmente não funcionam. Embora essas metas até possam ser
atingidas, mas elas são muito difíceis e provavelmente você ficará angustiado e
em pouco tempo abandonará essas metas.
Escreva
a suas metas, pois todo mundo possui objetivos a curto, médio e longo prazo,
elencar esses objetivos em uma lista ou tabela e marcá-los, assim que forem
alcançados nos estimula a sempre buscarmos mais resultados, além de nos ajudar
a visualizar o montante de metas que atingimos ao longo da vida. Isso também
auxilia em sua organização pessoal, pois ao expor suas metas fica mais fácil
enxergar o que você precisa fazer ou melhorar para alcançar certo objetivo,
tornando as tarefas indesejáveis menos desgastantes, já que esta nos conduzirá
a um objetivo maior. O autoconhecimento pessoal, é quando o indivíduo toma
consciência das suas metas, desejos, objetivos e propósitos, repensa suas
atitudes, fortalece suas qualidades, enfrenta as eventuais mudanças de cabeça
erguida, potencializa sua coragem, reconhece e aceita suas emoções negativas e
trabalha para que elas sejam modificadas.
Todo
esse processo permite que o indivíduo cresça e conheça a sua essência, alcance
uma melhor qualidade de vida e bem-estar e ainda adquira autonomia sobre a sua
vida, sua história e seus objetivos. Já o autoconhecimento profissional, é a
importância de acreditar que é possível alcançar aquela etapa tão desejada.
Lembre-se de que o único responsável pelo seu sucesso na carreira é você, por
isso, valorize suas habilidades técnicas e faça o possível para estar em
constante aprendizado.
Cada
indivíduo deve buscar aprimorar suas habilidades e competências para poder contribuir
de uma melhor forma dentro da organização em que está, ter segurança para tomar
decisões, para realizar tarefas e otimizar resultados.
A
busca pela potencialização e otimização desse processo exige muita
determinação, foco, paciência, perseverança e vontade de se desenvolver, para
assim alcançar seus objetivos. [...] Freud, em O mal-estar na
civilização (1930/1976), afirma que a civilização constitui um processo a
serviço de Eros, cujo propósito é combinar indivíduos isolados, famílias,
nações, povos e raça numa unidade – a humanidade. A pulsão de morte, a
agressividade e a hostilidade de cada um contra todos e a de todos contra um se
opõem a esse programa da civilização.
A
busca pelo autoconhecimento é uma forma de crescimento pessoal e profissional.
O mais importante é determinar os objetivos e metas e estar disposto a
enfrentar tudo que for necessário para alcançar o sonho tão desejado. Outro
ponto de destaque é que é essencial ter foco no positivo e saber que é possível
conquistá-lo se você acreditar e trabalhar para transformá-lo em realidade,
contanto que a meta seja realista.
Referência
Bibliográfica
CHAUÍ, MARILENA.
HEIDEGGER, vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,
1996.
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular,
1968
FREUD,
S.Mal-estar na civilização. (1930[1929]) In: ______. Edição Standard brasileira
das obras psicológicas completas. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago,
1976.v.XXI, p. 75 -174.
PERES,
R.S.; SILVA, J.A.; CARVALHO, A.M.R. Um olhar psicológico acerca do desemprego e
da precariedade das relações de trabalho. Psicologia: Teoria e Prática – 2003.
MORENTE,
MANUEL G. Fundamentos da filosofia: lições preliminares. 8 edição. São Paulo:
Mestre Jou, 1980.
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