Outubro/2020.Escrito por Ayrton Junior -
Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo convida o leitor(a) a repensar se está alcançando suas metas e
se sentindo realizado em virtude dos resultados atingidos. Uma meta, qualquer
que seja ela, só pode ser assim conceituada quando traçada segundo cinco
variáveis: especificidade, mensurabilidade, exequibilidade, relevância e
temporalidade. Observo o reinado do autoengano no estabelecimento de metas.
Metas são estabelecidas para justificar investimentos de energia libidinal,
tempo, motivação e agradar-se a si mesmo. [...] Em sua obra “Além do
Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também
rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer
e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos
instintuais que foram reprimidos.
Objetivos
são fixados com base em expectativas reais e irreais, independentemente de
incertezas políticas e econômicas. Poderiam até ser alcançáveis dentro de um
espaço de tempo adequado. As pessoas buscam a realização. Mais do que um ato,
um estado de espírito. Mais importante do que o fato concretizado, é a
satisfação de tê-lo feito. A consequência é um grande teatro onde planejamentos
são criados, estratégias inventadas, para que o indivíduo possa sair da
condição de desmotivado. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar”
(1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição,
fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós.
Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a
resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse
passado recalcado desperta em nós
Resultados
devem ser buscados com persistência, assim como clientes devem sem atendidos
com destreza. Mas o fim de tudo deve ser o sentimento de realização, a
satisfação de dever cumprido. Por isso, estabeleça e mantenha o foco. Várias flechas lançadas para vários lugares não
garantem o acerto do alvo, e vários alvos confundem o arqueiro, pois isto dá
indicação de medo, desespero. Esteja preparado para as quedas e um obstáculo é
só uma das etapas do seu plano. Redija suas metas de forma nítida, realista cuidando
para que elas sejam específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e
temporais. Dê-lhes todo seu esforço e imaginação. [...] Esse medo
marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como
desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida,
lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162)
Ser
bem sucedido, portanto, significa ter um resultado favorável, o que torna a
avaliação do que é ser bem-sucedido bastante relativa, pois para saber se
alguém é bem sucedido, teremos que ter como medida qual era o resultado
esperado [ex.: conquistar um emprego]. Mas se trouxemos o sentido também
presente na história da palavra de que sucesso significa avançar,
relacionaremos o sucesso com o desenvolvimento. Olhando um dado período de
tempo, poderemos comparar o passado com o presente e dizer se houve progresso,
estagnação ou não [ex.: na conquista do emprego, se conseguiu obteve sucesso,
mas se não conseguiu o resultado não foi alcançado]. Uma outra forma de
conceber seria a projeção do futuro. Dada a nossa posição atual, podemos
imaginar como queremos estar daqui a 5, 10, 50 anos. Noto o mecanismo de defesa
da projeção em ação, pois o homem tem a necessidade de projetar seja suas
expectativas, sonhos e sentimentos em alguém ou no futuro. [...] O homem
é projeto. A necessidade de viver é uma necessidade de preencher esse vazio, de
projetar-se no futuro. É o anseio de ser o que não somos, é o anseio de
continuar sendo. O homem só pode transcender se for capaz de projetar-se.
Assim, ele sempre busca um sentido para sua vida. “A angústia contém na sua
unidade emocional, sentimental, essas duas notas ontológicas características;
de um lado, a afirmação do anseio de ser, e de outro lado, a radical temeridade
diante do nada. O nada amedronta ao homem; e então a angústia de poder não ser
o atenaza, e sobre ela se levanta a preocupação, e sobre a preocupação a ação
para ser, para continuar sendo, para existir (MORENTE, 1980, p.316)
Devemos
mudar o sentido, literalmente, sobre o que sentimos ao ouvir a palavra trabalho
ao ter sempre a impressão que denota tortura para a realização de uma obra, mas
sim passar a perceber como uma ópera, uma realização criativa e construtiva.
Além disso, devemos nos lembrar que existem muitos tipos de trabalho, e para
avançar, para ter sucesso, precisamos trabalhar [criar uma obra, realizar].
Pense:
O que eu tenho realizado? Exemplo, como técnico em mecânica, estoquista,
repositor, psicólogo, teólogo e etc. O que eu quero realizar? Seja realista com
suas metas. [...] O trabalho, nos dias de hoje, é visivelmente
valorizado em demasia pela política neoliberal das sociedades capitalistas. O
ócio passou a ser considerado um pecado capital, e o trabalho, em
contrapartida, passou a ser visto como um dever moral. Mas o que outorgou
realmente ao trabalho o caráter tão louvável que o acompanha atualmente foi o
advento do capitalismo e a construção da racionalidade ocidental moderna, que
gerou um campo ideológico que valoriza excessivamente a capacidade produtiva
individual (PERES & COL., 2003).
Estabelecer
metas que são muito distantes de sua realidade como conseguir um emprego em
três meses, prospectar 10 clientes em uma semana, ter liberdade financeira
trabalhando pela internet em 6 meses, casar com um homem rico ou emagrecer 50
quilos em 2 meses, geralmente não funcionam. Embora essas metas até possam ser
atingidas, elas são muito difíceis e provavelmente você ficará angustiado e em
pouco tempo abandonará essas metas. Estabeleça objetivos menores de modo que
você consiga obter resultados em menos tempo. Assim, a cada etapa da meta
atingida, você se sentirá mais motivado a continuará persistindo nos objetivos.
[...] “A angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência
humana, aquele que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como
ser e juntar os pedaços a que é reduzido pela imersão na monotonia e na
indiferenciação da vida cotidiana. A angústia faria o homem elevar-se da
traição cometida contra si mesmo, quando se deixa dominar pelas mesquinharias
do dia-a-dia, até o autoconhecimento em sua dimensão mais profunda” (CHAUÍ,
1996 p.8-9).
Escreva
a suas metas, pois todo mundo possui objetivos a curto, médio e longo prazo,
elencar esses objetivos em uma lista ou tabela e marcá-los, assim que forem
alcançados nos estimula a sempre buscarmos mais resultados, além de nos ajudar
a visualizar o montante de metas que atingimos ao longo da vida.
Isso
também auxilia em sua organização pessoal, pois ao expor suas metas fica mais
fácil enxergar o que você precisa fazer ou melhorar para alcançar certo
objetivo, tornando as tarefas indesejáveis menos desgastantes, já que esta nos
conduzirá a um objetivo maior ou não. O autoconhecimento pessoal, é quando o
indivíduo toma consciência das suas metas, desejos, objetivos e propósitos, e repensa
suas atitudes, fortalece suas qualidades, enfrenta as eventuais mudanças de
cabeça erguida, potencializa sua coragem, reconhece e aceita suas emoções
negativas e trabalha para que elas sejam modificadas.
Todo
esse processo permite que o indivíduo cresça e conheça a sua essência, alcance
uma melhor qualidade de vida e bem-estar e ainda adquira autonomia sobre a sua
vida, sua história e seus objetivos. Já o autoconhecimento profissional, é a
importância de acreditar que é possível alcançar aquela etapa tão desejada.
Lembre-se de que o único responsável pelo seu sucesso na carreira é você, por
isso, valorize suas habilidades técnicas e faça o possível para estar em
constante aprendizado.
Cada
indivíduo deve buscar aprimorar suas habilidades e competências para poder
contribuir de uma melhor forma dentro da organização em que está, ter segurança
para tomar decisões, para realizar tarefas e otimizar resultados. A busca pela
potencialização e otimização desse processo exige muita determinação, foco,
paciência, perseverança e vontade de se desenvolver, para assim alcançar seus
objetivos. [...] Freud, em O mal-estar na civilização (1930/1976),
afirma que a civilização constitui um processo a serviço de Eros, cujo
propósito é combinar indivíduos isolados, famílias, nações, povos e raça numa
unidade – a humanidade. A pulsão de morte, a agressividade e a hostilidade de
cada um contra todos e a de todos contra um se opõem a esse programa da
civilização.
A
busca pelo autoconhecimento é uma forma de crescimento pessoal e profissional.
O mais importante é determinar os objetivos e metas e estar disposto a
enfrentar tudo que for necessário para alcançar o sonho tão desejado. Outro
ponto de destaque é que é essencial ter foco no positivo e saber que é possível
conquistá-lo se você acreditar e trabalhar para transformá-lo em realidade,
contanto que a meta seja realista.
Referência
Bibliográfica
CHAUÍ, MARILENA.
HEIDEGGER, vida e obra. In: Prefácio. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,
1996.
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular,
1968
FREUD,
S.Mal-estar na civilização. (1930[1929]) In: ______. Edição Standard brasileira
das obras psicológicas completas. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago,
1976.v.XXI, p. 75 -174.
PERES,
R.S.; SILVA, J.A.; CARVALHO, A.M.R. Um olhar psicológico acerca do desemprego e
da precariedade das relações de trabalho. Psicologia: Teoria e Prática – 2003.
MORENTE,
MANUEL G. Fundamentos da filosofia: lições preliminares. 8 edição. São Paulo:
Mestre Jou, 1980.
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