Setembro/2019. Escrito por Ayrton Junior - Psicólogo
CRP 06/147208
Por
intermédio deste texto pretendo discursar sobre a importância do homem se
reinventar nos tempos atuais, para enfrentar situações difíceis e ter a
possibilidade de manter-se visível nos setores que atua. Nos dias atuais é
prioridade reinventar-se para continuar a existir dentro das redes socias,
criar novas identidades, novos perfis para ser notado, ser visível. O sujeito
existe em dois mundos; o real e o virtual. No virtual ele se mostra sem pudor
em alguns aspectos, dependendo do seu objetivo principal. Exemplo, o uso do
exibicionismo para atrair adeptos de imagens do corpo como seguidores que
compartilham do interesse comum, esse é o perfil exibicionista do corpo. Já o perfil
marketing com intenção em alcançar objetivo de marca pessoal de trabalho,
apresenta conhecimento, linguagem erudita e outros. Por tanto são diversos os
perfis reinventados e os mais variados para todos os gostos e seguidores.
Isso
exige reinvenção em cada aplicativo de rede social como Facebook, Instagram, Blogger,
Twiter, Pinterest, WhatsApp, pois são diversas as classes sociais que se
utilizam dos aplicativos de a mais abastada até a pobre. As vezes a imagem deste
sujeito não é compatível com a identidade no mundo real, ou seja, alguns
apresentam-se desprovidos de pudor, ética moral outros já se apresentam com
padrões morais e éticos tanto no mundo real como virtual. A reinvenção do
perfil máscara social liberal na rede social, onde pode-se mostrar tudo que se
desejar para estimular no outro a cobiça, o desejo e despertar interesse em ser o objeto de
compra inconsciente, onde o próprio indivíduo não percebe que está se vendendo
de modo desvalorizado, por estar alienado no modo como todos estão agindo e
pensar estar se reinventado, uma pura
ilusão, um engano, uma fantasia.
Me
parece a reinvenção mais valorizada é a da cultura da imagem exibicionista
corporal, que causa estímulos em seguidores governado pelos impulsos sexuais do
Id, onde a ênfase é o prazer obtido pela visão, pois somos seres visuais e
aprovamos ou desaprovamos todas as coisas por meio da visão. A sociedade exige
que o homem se reinvente para continuar sendo percebido, visível, notado para
continuar empregado e a massa rede social exige que o sujeito se reinvente, nas
redes sociais para continuar a ter seguidores, adeptos. [...] Em sua
obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo
para impulsos instintuais que foram reprimidos.
O
conceito de reinventar-se não significa dar passos minúsculos para se tornar
outra pessoa, contudo significa mergulhar de cabeça em uma nova e melhorada
versão de si mesmo, postada nas redes sociais. Se reinventar de verdade é
difícil, mas vale a pena. Antes de mais nada, é preciso fazer um planejamento,
conhecer suas falhas e nunca parar de aprender. Mas será que de fato essas
pessoas estão se reinventado de modo adequado? Será que estão trabalhando para
alterar as falhas ou ocultando as falhas através de uma pseudo reinvenção.
Na
arte de se reinventar precisa haver verdade, com mudanças de dentro para fora,
sendo assim, vocação e atitude não convencem sem o conhecimento como alicerce
para construir sua trajetória. Seja qual for a área que você se interesse,
busque fontes de informações relevantes e inovadoras, como por exemplo os
livros, que são grandes fontes para aperfeiçoar ou despertar habilidades, ou
seja, mova-se por meio da curiosidade epistemológica. A grande vantagem de se
manter ativo no mercado e também em projetos, é poder utilizar seus
conhecimentos para fazer a diferença no resultado final e ao mesmo tempo, fazer
com que os outros notem sua energia e proatividade nessa nova etapa. Observo algumas
pessoas agindo apenas como reprodutores que reproduzem comportamentos de um
líder. Me parece que se espelham em um líder para se reinventar e passam a
seguir cegamente esse líder, de modo alienado, agindo na compulsão a repetição
da reinvenção impensada, irrefletida. [...] Freud no seu texto “Recordar
repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da
compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado
esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais,
quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o
desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
É
preciso coragem para se reinventar, e a vida às vezes exige isso. A geração dos
nossos pais, tinha a capacidade de ficar por exemplo, no mesmo emprego, 35 anos
até se aposentar e ainda voltar a trabalhar na mesma empresa por mais um
período longo. Nós, que hoje estamos na casa dos 35, 40, 50 anos, alguns já não
tem essa ambição ou esse pensamento e isso também não é mais possível
acontecer. Se reinventar gera aprendizado, gera novo caminho, gera satisfação e
as vezes insatisfação e até medo de apresentar um novo homem ante a sociedade.
A nossa geração é dos que começam de novo quantas vezes forem necessárias. Não
é. E tenho satisfação por isso. Reinventar-se não é tarefa fácil, para que reinventar
a si mesmo, se você pensar sobre isso, causa medo. É pouco mais do que um ato
de nascimento em que deixamos para trás, e despojar-se das crenças, pensamentos
disfuncionais.
Mas,
como obter essa parte do que éramos antes para dar lugar a um Eu diferente, ou
seja, novo a isto chamo de mudança. É verdade que as empresas valorizam a
inovação e a criatividade, mas de alguma forma, a própria sociedade prefere os
passivos, preferimos os silenciosos, dóceis e com preferências semelhantes.
Reinventar-se é um desafio para o qual nem todo mundo está preparado. Temos de
ser capazes, portanto, de romper com o olhar único; simplesmente despertar,
despertar para nos reconectarmos com nossa essência, Self e por sua vez levar
todo esse valor interior para fora, com a sua própria voz, e de forma criativa.
O sujeito atua inconsciente por meio do
mecanismo de defesa Substitutivo na tentativa em substituir o novo eu pelo
antigo eu, através da reinvenção. A busca para encontrar-se com o Self de
maneira inconsciente propiciada pelas opressões, cobrança e exigências do
mercado de trabalho para apresentar-se com um novo eu [diferente e novo ou
ainda estar sempre se despojando do velho homem] sempre que possível. [...]
Formação Substitutiva A representação do desejo inaceitável é recalcado no
inconsciente. Fica então uma falta que o ego vai tentar preencher de forma
sutil e compensatória. Tentará obter uma satisfação que substitua aquela que
foi recalcada e que obtenha o mesmo efeito de prazer e satisfação que aquela
traria, mas sem que essa associação apareça claramente à consciência.
Reinventar
exige desconstruir-se do modo como se vê, como pensa, como age diante de certos
eventos e assumir a identidade do verdadeiro Eu, sair da caixinha da máscara
social e mostrar-se com é, e encarar a realidade como se apresenta com
competições em todos os âmbitos de setores seja, emprego, vendas, financeiro,
comércio e produtos, religião, marketing e outros.
O
conteúdo que o sujeito apresenta nas redes sociais, como sendo fruto de sua
reinvenção as vezes parece um conteúdo que não foi criado pelo próprio
indivíduo, mas sim copiado, reproduzido. Para aprender a se descontruir,
precisamos abrir mão de preconceitos, estereótipos, discriminações, crendices
e, principalmente, do modo como nos apercebemos que faz com que nos sintamos
menores a cada vez que somos convencidos a mudar de opinião. O primeiro passo
para aquele que quer estar apto a se reinventar, é aprender a olhar no espelho,
voltar o olhar para dentro de si mesmo, perceber que a circunstância atual
exige transformação e aceitar que está diante de um mutante, ou, como já dizia
o cantor Raul seixas a música mais pedida em rodas de violão: Uma metamorfose
ambulante. Que dizia eu preciso ser uma metamorfose ambulante.
Seja
por aumentar o desemprego ou por criar ambientes profissionais insatisfatórios,
a crise econômica acabou forçando muita gente a se reinventar na carreira e em
outros setores. Ainda que essa reinvenção muitas vezes ocorra com a abertura de
um negócio próprio, muitos brasileiros encontram, em empregos convencionais,
formas de mudar completamente o rumo profissional. É necessário analisar com o
máximo de tranquilidade e clareza, reflexão distanciando-se psicologicamente das
emoções, das próprias insatisfações, pois é fundamental para que o profissional
que esteja em crise na carreira/ e ou alguma eventualidade ou tenha acabado de
perder o emprego saiba qual rumo tomar.
Percebo
que as redes sociais possibilitam a criar reinventando um perfil no Instagram,
no Blogger, e é senão um exemplar virtual e mais rico do bom e velho cartão de
visitas, a nova arma de identidade profissional nas redes sociais e assim nós conseguimos
nos recriar em formatos mais evoluídos. Analisando a perda de um emprego concebida
pelo senso comum como algo nocivo, destrutivo, negativo, e a partir deste
momento em diante nos possibilita olhar para aquilo que se percebe como nocivo,
surge no aqui-agora a possibilidade de extrair algo positivo.
Exemplo,
do veneno da cobra que é nocivo, graças ao instituto Butantã, foi extraído do que
é percebido como mortal o antidoto ou ainda do vírus da gripe foi extraído a
vacina contra a gripe. Discurso por meio destes exemplos como se pode mudar a
percepção e extrair algo de bom do nocivo, do destrutivo, bastando
distanciar-se da situação e compreender que o mal, é necessário para
reinventar-se e continuar a seguir em frente.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968.
Comentários
Postar um comentário