Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo instiga a atenção do leitor a fazer a própria observação, o
consumidor com comportamento desrespeitoso perante o operador de caixa, falando
num tom áspero na intenção de provocar o desrespeito mandando abrir sacolinhas
para armazenar os itens depois de serem registrados. Faltam com o devido
respeito ao enxergarem na tela do computador que o item comprado está com preço
descoincidente do visualizado na placa dentro da loja anunciando desconto.
Essas
pessoas encaminham as outras a se sentirem inseguras, humilhadas e estimulam a
raiva. Redirecionando-as a partir para o confronto verbal e até físico. Indivíduos
dotados de particularidades, que precisam, acima de qualquer coisa, serem
respeitadas, para que haja uma boa convivência em casa, no trabalho e
absolutamente qualquer lugar que circulemos. A convivência harmônica entre
pessoas é e sempre foi um grande desafio.
No
entanto, parece que nos dias atuais isso se tornou ainda mais acentuado,
principalmente em decorrência de algo que já faz parte de nosso dia a dia, que
é a internet e as redes sociais. No ambiente supermercado a incitação a faltar
com respeito, desacatando o outro é quase que considerado um ato normal. Porque
através desta atitude o indivíduo oculta o medo, a insegurança, o amor a
ausência de empatia. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma
desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de
perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud,
2006, p.162).
Estas
são ferramentas essenciais, tanto no âmbito pessoal, quanto no profissional,
que facilitam bastante as nossas demandas diárias. Porém, existem pessoas que
as utilizam de maneira completamente equivocada, fomentando embates
desnecessários, que acabam por desrespeitar indivíduos e seus pontos de vista,
gerando as mais diversas consequências, não só para quem é desrespeitado, mas
também para quem desrespeita.
Diante
disso, no artigo de hoje vamos falar justamente sobre tais consequências e como
elas impactam negativamente a vida pessoal e profissional dos mais diversos
tipos de pessoas. Continue nessa leitura e confira.
Consequências
do desrespeito: Infelizmente, cenas de desrespeito têm sido cada vez mais
comuns nos mais diversos tipos de ambientes, seja, organizacional, familiar,
esportivo, torcidas organizadas, manifestações dentre outros. Por esta e muitas
outras razões é que acreditamos ser importante falar sobre as consequências das
atitudes desrespeitosas, para que, consigamos atingir e conscientizar um número
cada vez maior de pessoas a respeitarem o jeito de ser do outro, independentemente
de qualquer coisa. Veja, nos próximos parágrafos, como o desrespeito impacta
negativamente a vida de qualquer pessoa.
A
grande maioria dos ambientes supermercados são considerados ruins, pois uma das
primeiras consequências do desrespeito é a promoção de um ambiente ruim para
todos. Independentemente de se tratar de um ambiente pessoal ou profissional,
nos locais onde as pessoas não fazem questão de respeitar umas às outras, com
toda certeza encontramos total falta de harmonia e extrema dificuldade de
convivência.
Quando
isso acontece, é possível observar pessoas com dificuldade de concentração, e,
principalmente, com a produtividade baixa, já que não conseguem manter a
atenção e o foco em suas atividades, por se encontrarem em um local, onde os
indivíduos não se respeitam. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir
e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à
repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro
de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior
for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que
esse passado recalcado desperta em nós.
Quem
desrespeita é desrespeitado, pois a partir do momento em que você age de forma
desrespeitosa com alguém, você abre brechas para que outras pessoas te
desrespeitem também. Já ouviu falar naquela frase que diz que devemos tratar os
outros como gostaríamos de ser tratados? Pois é justamente essa mensagem que
passamos quando não tratamos bem o outro. Ou melhor dizendo, ao desrespeitarmos
o indivíduo e seu espaço, estamos mostrando a ele e aos demais, que aceitamos
ser tratados assim, algo perigoso e que pode se tornar um caminho sem volta, seja
no âmbito pessoal ou no profissional.
A
saúde mental nestes locais é de mal qualidade, por tanto a saúde mental é um
assunto que tem ganhado cada vez mais espaço em nossas vidas, não é mesmo? Por
esta razão é tão importante falar sobre os impactos negativos do desrespeito na
saúde mental de uma pessoa.
Pode
parecer banal, mas a forma como tratamos alguém desencadeia diversas situações
na vida dessa pessoa. Nossas palavras e ações têm o poder, tanto de fazer o
bem, de construir algo bom, quanto de trazer consequências negativas para a
mente de um indivíduo. Diante disso é que se faz tão essencial e necessário
entender e aceitar o outro como ele é, para que, dessa forma, tenhamos a
oportunidade de construir um mundo melhor para nós mesmos e para as futuras gerações.
[...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma:
a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram
satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Voltando
o assunto mais para o ambiente profissional e para as empresas, quando se
observa que dentro das organizações o que prevalece é o desrespeito e a
hostilidade, observa-se também uma queda considerável dos resultados e do
faturamento destas.
Mas,
no ambiente supermercado a prioridade continua sendo o cliente com postura de
desacato que é percebido pelos empregadores como o papel moeda. E diante disto
podem até maltratar o operador de caixa que terão sempre a razão. Esses
indivíduos causam humilhação, desprezo, incitam a raiva e promovem a
agressividade e deixam os operadores em posição de lutar-fugir quando se
deparam com sujeitos desrespeitosos no ambiente.
Isso
porque em ambientes assim, conforme mencionamos nos parágrafos anteriores,
encontram-se profissionais verdadeiramente insatisfeitos e com baixa
autoestima, que, ao serem maltratados, não conseguem entregar uma performance
de qualidade, desenvolvendo, assim, uma reação em cadeia, que traz consequências
negativas para todos. Contudo os empregadores, nem liderança estão interessados
na saúde do seu colaborador, pois o mesmo pode ser substituído por outro
rapidamente.
Como
não cair na armadilha do desrespeito? Atitudes desrespeitosas são uma
verdadeira armadilha, na qual todos nós estamos sujeitos a cair, principalmente
quando temos convicção sobre algum tema específico ou sobre alguém. Por esta
razão, ou seja, para evitar ao máximo cair nos truques do ego e do orgulho, é
que precisamos nos manter em constante vigilância, no que diz respeito às
nossas palavras e ações.
O
que queremos dizer com isso é que, muitas vezes, ao acreditarmos piamente em
algo, caímos na tentação de querer convencer o outro a aderir ao nosso ponto de
vista, desconsiderando totalmente que ali existe um ser humano, que tem as suas
próprias convicções e formas de enxergar o mundo ao seu redor.
Neste
sentido, quando falamos sobre manter a vigilância, estamos falando de nos observamos
constantemente, para que, ao nos depararmos com situações assim, em que ficamos
tentando convencer alguém de alguma coisa, evitemos ao máximo agir assim,
porque isso poderá desrespeitar uma pessoa em seu íntimo.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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