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Conectar-se Consigo A Fim De Alcançar O Alvo

 Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208

O presente artigo aproxima a atenção do leitor a compreender que durante a vida, podemos nos deparar com momentos em que nos percebemos afastados de quem somos ou de quem queremos ser, exemplo, psicólogo, médico, advogado, trader, operador de caixa, técnico de informática, professor e outros. Nesses momentos, é essencial parar e olhar para dentro. Ir buscar aquele nosso eu que deixamos no caminho. Nos reencontrar. Como você está? Esta pergunta é capaz de desvelar a desconexão consigo mesmo se você responder honestamente voltando o olhar para dentro de si.

É extremamente comum sentir-se desconectado em determinadas fases da vida. Alguns chamam este processo de crise existencial. É como se a vida se tornasse um enigma sem solução. As perguntas chegam muito mais rápido do que as respostas, que parecem insuficientes, até o trabalho pode perder o brilho.

Os relacionamentos podem parecer superficiais. Escolhas passadas e até a própria existência podem perder o sentido. Sentimos como se tivéssemos perdido a conexão com nós mesmos, com o outro e com o mundo. Somos tomados pela inquietação e pela angústia. Mas se existe uma lição útil em psicologia é que todas as emoções, por mais desconfortáveis que sejam, são valiosas.

As emoções são fontes de informação. Por exemplo, sentir se desconectado é um sintoma desconfortável da crise existencial. Mas, ao mesmo tempo, é uma pista para o que precisa da sua atenção. É claro que não existe uma receita única para uma vida com sentido.

Por exemplo, enquanto alguns encontram a realização no trabalho, outros encontram criando filhos ou lutando por uma causa, outros realizam-se em cursos de pós graduação e mestrado, outros na academia, outros realizando trabalhos voluntários ou assistindo filmes no Netflix e o que você penar agora que lê o artigo.

Por mais que o objeto que dê sentido à vida das pessoas seja diferente, todos encontramos sentido preenchendo necessidades básicas de conexão. Ou seja, a crise existencial sinaliza que precisamos nos reconectar. Se você já assistiu um filme sem pé nem cabeça, sabe que o ser humano não gosta de histórias sem sentido.

Um exemplo, onde um sujeito sonha que está pelado na frente de um espelho e observa que sua barriga está gorda e procura encolher e olha para o pênis observando o tamanho e se excita para aumentar o tamanho do pênis e ficar contente com o tamanho. Interpretação do sonho na qual o Ego tem desejo de conectar-se consigo mesmo e por isso volta o olhar para a sua nudez que simboliza a vontade de ser quem realmente deseja e aquilo que julga imperfeito segundo a sua percepção o impede de manifestar-se como é de fato e procura enfatizar a aparência física e aumentar tamanho do pênis provocando em si a excitação ou motivação intrínseca.

Gostamos de juntar pistas para descobrir o que acontece no final. Com a nossa vida não é diferente. Precisamos entender onde se encaixa cada peça da nossa história se desejamos construir um maior senso de coerência e identidade. Precisamos descobrir como a nossa história nos moldou em quem somos. Isso significa refletir e processar inclusive aquilo que preferiríamos esquecer. Por exemplo, um divórcio, por mais trágico que seja, pode trazer como consequência a valorização da família.

Outra consequência de nos conectarmos com a nossa história, é que isso traz mais clareza sobre nossos valores. E valores são uma bússola eficiente para guiar os nossos passos em direção a uma vida com sentido. Enquanto os seus objetivos e metas podem mudar a qualquer tempo, valores são estáveis. Eles são aquilo com que você sempre se importou, aquilo que nesta existência é importante para você.

Exemplos são a dedicação aos relacionamentos, o autodesenvolvimento, ou a generosidade. Fazendo escolhas coerentes com os seus valores, você colherá frutos que são verdadeiramente importantes. Isso contribui para que vejamos a vida como algo significativo e valioso. Conecte-se com o outro: vínculos autênticos A cultura do cancelamento deixa claro que, para sermos aceitos, é comum reprimir aquilo que pensamos e sentimos.

Podemos inclusive assumir objetivos e metas por conta do valor que eles têm para a sociedade, amigos ou família. Mas se você se relacionar com o mundo a partir de uma imagem ou escolhas que não condizem com quem você é, você vai se sentir desconectado. Isto é verdade mesmo que os outros admirem, aplaudam e sigam o personagem que você criou. Ou seja, é possível sentir-se desconectado mesmo entre amigos ou em família. Isto revela que relacionamentos superficiais não suprem nossa necessidade de conexão.

Precisamos de vínculos profundos, e não de pessoas que conhecem apenas aquilo que gostamos sobre nós. Sentimos profundamente conectados a alguém quando essa pessoa conhece nosso íntimo e nos aceita como somos – defeitos inclusos. O propósito também traz realização porque nos permite sentir que fazemos a diferença. Em outras palavras, sentimos que somos importantes para o mundo.

E, por mais que a palavra propósito seja usada em associação com causas grandiosas, ele não é um luxo disponível apenas para os que podem largar o emprego ou investir horas sem fim em uma causa. Propósito é sobre usar as suas habilidades para adicionar valor para o mundo. Tem a ver com contribuir para uma, ou algumas, causas que são coerentes com os seus valores.

Quantas vezes procuramos uma explicação que nos ajude a compreender o que estamos fazendo aqui? Uma quarta forma de encontrar mais sentido, é conectando se com algo maior. Nós transcendemos a nossa realidade cotidiana, composta por boletos e obrigações, quando nos permitimos conectar com o mistério da vida. Para alguns, isso pode acontecer observando os espetáculos da natureza, para outros em meditação, oração ou até em um ritual ou experiência religiosa. Momentos de transcendência não acontecem todos os dias, mas são comuns na experiência humana.

Um exemplo, certo aluno de psicologia, fez a si mesmo esta pergunta num dado momento sentado em sala de aula o que estou fazendo aqui? E não obteve a resposta merecida por não ter o saber e reflexão no momento. Mas hoje é possível que responda a esta pergunta, o que estou fazendo aqui sentado nesta sala de aula em meio a pessoas com idade inferior a minha.

Resposta estava ali para adquirir o saber nas disciplinas de psicologia, alterar comportamentos; desconstruir-se de crenças ao longo dos cinco anos de curso; aprender a refletir e compreender a si mesmo e o outro; investir energia libidinal no propósito de graduar-se mesmo com as contrariedades e não desistir da graduação difícil; aplicar e praticar a psicologia para melhorar a qualidade de vida de pessoas; compreender que conseguirá graduar-se em meio as dificuldades financeiras e outros.

Outro exemplo, pratico é um indivíduo que faz a seguinte pergunta a si mesmo estando trabalhando na função de operador de caixa, porém sendo detentor do saber em psicologia. O que estou fazendo aqui neste estabelecimento? Qual será a sua resposta? Bem a resposta pode ser esta, primeiro aceitou  desempenhar a ocupação de operador de caixa, por ter vendido a mão de obra ao empregador em troca da recompensa salarial.

Segundo colocou-se na posição como jovem aprendiz, independente de estar na meia-idade, assim dizendo, ser um jovem aprendiz é aprimorar-se constantemente; são jovens e adolescentes que almejam desenvolvimento e crescimento profissional, valorizam a educação e, principalmente, desejam realizar sonhos; é a descoberta de oportunidades e a possibilidade de inserção no mundo do trabalho.

Por tanto neste sentido este adulto fez a escolha de desempenhar o papel de jovem aprendiz, vestindo a mascara social de operador de caixa e mantendo não desvelado a identidade profissional de psicólogo no ambiente organizacional. E deste modo o que este sujeito está fazendo ali naquele ambiente? Em terceiro lugar, experimenta e vivência os processos básicos psicológicos originados pela atuação de ator operador de caixa.

Em seguida defronta-se com as próprias falhas, inseguranças, incertezas advindas da profissão de operador de caixa, assumindo a responsabilidade inconsciente ao lidar com o dinheiro do cliente, do empregador e suas e consequências das falhas no manuseio do papel moeda, ressarcindo sempre o empregador em caso de prejuízos no caixa. Aceitou o desafio de desempenhar este papel para escapar do desemprego e conseguir realizar algum prazer que o dinheiro pode proporcionar.

Também estará entre pessoas aprimorando a comunicação verbal, a interação e afeto, aprimorando competências socioemocionais como resiliência, tolerância a frustração, controle de ansiedade, escapa do isolamento social ao trabalhar presencial e não no home office; se posiciona para evoluir contextualizando no ambiente as psicologias social, comportamental, cognitiva, psicanálise e outras observando e avaliando os comportamentos dos colaboradores, liderança, consumidores no loca. E muito mais se você leitor parar um pouco para refletir. Então, acredito que você, seja capaz de responder a si mesmo quando fizer esta pergunta? O que estou fazendo aqui? Volte o olhar para si, distanciando psicologicamente da situação pontual. E observe o que você faz no ambiente, como age, como interage com as pessoas, aonde deseja chegar permanecendo naquele ambiente e outros.

É quando nos vemos pequenos, porém conectados, com algo grandioso e que vai além da nossa experiência imediata. Para sentir que a vida faz sentido, precisamos suprir muitas necessidades. Dificilmente um único relacionamento ou papel social é capaz de dar conta de tudo. Mas de certa forma, construímos essa expectativa. Queremos que um relacionamento, trabalho ou maternidade nos preencha por completo.

A idealização é um problema porque qualquer coisa comparada ao seu ideal é sem graça. Ou seja, a busca pelo ideal nos leva a desvalorizar o que já temos. Perdemos a capacidade de descobrir e cultivar aquilo que já poderia nos fazer feliz. Além disso, a idealização pode nos levar a investir todo o nosso tempo em uma esfera específica. Quando uma esfera importante da nossa vida está em crise, são as outras que nos dão força para seguir.

A família nos apoia em uma crise profissional, o trabalho pode trazer conforto quando os filhos saem de casa. É comum que procuremos sempre nos afastar daquilo que nos incomoda, que é difícil de ser resolvido e optemos por “soluções” que nos distanciam daquilo que precisamos resolver. Conhecer-se de maneira verdadeira e profunda, requer um exercício constante de aceitação, de autoavaliação e de compreensão. E tudo isso que é tão importante, quase sempre é o último na fila das prioridades, infelizmente.

Associado a isto vem a rotina corrida de trabalho, tarefas domésticas e os problemas alheios que achamos que precisamos resolver. Além do nosso passado que muitas vezes nos acompanha e impede de enxergar perspectivas de vida.

Com frequência constato em atendimentos às pessoas que agendam consultas iniciais, a ideia de que seria mais fácil ignorar tudo que precisa ser pensado e reinventado e “fugir” de si mesmo. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.

No entanto, isso se deve a constatação de que se conhecer, mudar é um processo muito difícil. Abrir mão de algumas garantias e alguns ganhos que se tem a partir de determinadas formas de ser e de se comportar exige muito desejo e coragem de lidar com o imprevisível. Esse processo tão necessário nos torna mais tolerantes, primeiro conosco e depois com o próximo. Adquirimos conhecimento e ferramentas para mudar nossa visão sobre o mundo e assim resolver nossas questões internas que trazem qualquer tipo de desconforto. O autoconhecimento é poder.

Imagina agora nós estamos sempre atuando como um ator de novela em determinadas situações, exemplo, um indivíduo que se formou em engenharia mecânica e depois de concluído a graduação vai trabalhar em um cargo considerado subemprego que destoa da sua formação. A partir deste momento desempenhara a máscara social referente a aquele cargo no subemprego e neste caso perderá a essência da identidade de engenheiro mecânico.

O sujeito estará atuando como um ator de novela em outra profissão apenas para garantir a sobrevivência. Mostrando que está afastado da essência identidade profissional protagonista de engenheiro mecânico. Como você já sabe, atores ou atrizes são artistas que representam ou apresentam uma ação dramática ou cômica. E para isso, criam seu próprio processo criativo, no qual precisam imaginar, elaborar, construir, interpretar personagens por meio dos seus recursos vocais, emocionais e corporais.

No momento em que o psicólogo está fora do seu campo de atuação relacionado a psicologia, se encontra afastado da essência real, porém trabalhando como operador de caixa de supermercado, o mesmo aponta que age como um ator representando no ambiente organizacional em oculto dos colaboradores e liderança do estabelecimento o papel originado no processo criativo, no qual precisa imaginar-se, elaborar, construir e interpretar o personagem operador de caixa através dos seus recursos internos verbais, emocionais e corporais contando com as competências, habilidades e atitudes do papel expresso.

No interim que este indivíduo desperta a consciência voltando o olhar para dentro de si e constata que vem atuando como um ator de novela representando papeis com máscara sociais em outras ocupações é provável que se dê conta de que está afastado de sua essência a muito tempo por não trabalhar nas profissões de acordo a formação acadêmica, contudo em apenas papeis que exigem pouco conhecimento. Está longe de expressar a atuação de protagonista nas carreiras a qual se preparou para o exercício.

É aceitar seus desafios na busca pela identificação das suas potencialidades. Quando escolhermos estar conectados com nossas emoções, sentimentos e pensamentos, viveremos melhor. Tristeza, baixa autoestima, medo, receio das opiniões dos outros, raiva, culpa, nervosismo, tensão, preocupação, estresse, ansiedade. Essa lista de sentimentos negativos é assustadora, mas, infelizmente, todos os itens que a compõem fazem parte de alguns momentos das nossas vidas. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).

O problema é que, quando os pensamentos e emoções relacionados a esses sentimentos surgem em nossas mentes, parece que estamos sendo controlados por eles. Entramos num acelerado fluxo de pensamentos automáticos que nos dá a sensação de que deixamos de mandar na mente e que estamos sendo controlados por ela. O problema é que há momentos na vida em que esses sentimentos desagradáveis parecem nos dominar.

Nessas horas, surge aquela terrível sensação de que a vida parece ter mais aspectos negativos do que positivos. E o pior de tudo é que, quando esses terríveis pensamentos automáticos aparecem, eles dão a impressão de que nós não somos mais os controladores da nossa mente. E isso nos aterroriza. Você não pode se deixar controlar pela sua mente, mas também não deve tentar controlá-la.

Aliás, os psicólogos em geral têm verdadeira aversão a esse verbo. A ideia de controlar caminha lado a lado com o conceito de repressão, o que nunca é bom. Por isso, observe os seus pensamentos. Entenda que eles nem sempre refletem a realidade, pois podem ser apenas projeções trágicas que a sua mente cria para tentar proteger você. Esse reencontro começa quando temos a intenção de nos (auto)conhecer.

Não depende da sua idade, embora a maturidade possa te ajudar bastante a se reavaliar com mais precisão. Essa é uma oportunidade de se reconectar com o presente, com a sua experiência de vida em primeira pessoa. Claro que essa experiência não mudará sua vida por completo, mas abrirá as portas para que a sua reunião com você mesmo aconteça. Na maioria das vezes, afastamos o que nos causa dor e procuramos por situações que nos façam esquecer dos problemas ou das feridas.

Normalmente procuramos soluções paliativas de alívio ou optamos pelo mais simples, que nem sempre é o melhor caminho (embora muitas vezes possa ser!). Conecte-se às suas emoções, sentimentos e pensamentos. Reconhecer e aceitar é o primeiro passo da cura e da realização na vida. Por isso, não tenha vergonha de sentir emoções negativas. Não afaste o que te perturba. Utilize esses sentimentos como motivação para seguir em frente, enfrentar seus medos e encontrar o seu propósito. O autoconhecimento é aceitar as suas potencialidades e os seus desafios.

Quando você precisa escolher um parceiro, uma profissão, um vestido, ou um molho para saladas, ou mudar a aparência física ou aumentar o tamanho do pênis é importante ter muitas alternativas. Afinal de contas, quanto mais opções você tiver, maior a chance de escolher algo capaz de te satisfazer de verdade, certo? Errado. O ponto é que quando temos opções demais, podemos até escolher uma alternativa melhor do que aquela que escolheríamos se tivéssemos poucas opções. Mesmo assim, nos sentimos menos satisfeitos.

Parece contraditório, eu sei. Tanto que Barry Schwartz, um dos meus professores de mestrado na Universidade da Pensilvânia, chamou o fenômeno – e o livro que escreveu para explicá-lo – de Paradoxo da Escolha.  E você pode me dizer: “Mas Adriana, é impossível fugir das escolhas! Pelo contrário, se tem algo que a tecnologia faz de forma brilhante é eliminar as barreiras e tornar – praticamente tudo – acessível.

Poucos títulos na locadora? Netflix. Poucas pessoas interessantes no seu círculo social? Tinder. Quer mais opções de carreira? LinkedIn”.  E eu te respondo: “É verdade, estamos afundados em um mar de catálogos e escolher é preciso. Mas também é preciso saber como a nossa mente funciona neste contexto. Enquanto não ter escolhas é aprisionador, ter escolhas demais pode ser receita para a crise. A não ser, é claro, que você entenda como fazê-las”.

A dificuldade de escolher, onde a primeira consequência do excesso de alternativas é que ele torna as nossas escolhas excessivamente complexas a ponto de nos recusarmos a escolher. Não literalmente, claro. Não é que fazemos birra e nos retiramos em protesto pelo excesso de opções. É mais sutil do que isso. Funciona assim, queremos achar a opção perfeita. Mas, como temos medo de errar, deixamos para decidir amanhã. Achamos que estamos ganhando tempo para pensar, mas, na prática, estamos paralisados. 

Veja os dados da seguinte pesquisa. Ela foi feita em uma empresa que se comprometeu a coinvestir com os funcionários caso eles optassem por colocar dinheiro para aposentadoria em fundos de investimento. Ou seja, se o funcionário optasse por investir 50 dólares em um fundo, a empresa colocaria outros 50 dólares, de graça. Pois bem, a cada 10 novos fundos que a empresa acrescentou em seu cardápio de opções, a adesão dos funcionários caiu 2%. Sabe por quê?

Os funcionários não queriam errar na escolha. Portanto, deixavam para o dia seguinte. Só que, por definição, o dia seguinte nunca chega. Preferimos perder dinheiro a escolher uma opção. Portanto, pode ser útil entender que, por melhor que seja a sua escolha, ela nunca será perfeita. Isso vale para qualquer vestido, destino de viagem, relacionamento ou profissão. Vou explicar com um exemplo. Imagine que você não tira férias há anos e está cansado da cidade, do trânsito e da correria.

O seu corpo, a sua mente e o seu espírito anseiam por sossego. Então, você compra um pacote para passar os seus 30 dias de férias na montanha.  Logo que você chega, a mudança de ambiente te encanta. Você pode até fantasiar sobre como seria largar tudo e abrir uma pousada bem longe da civilização. Mas, com o tempo, a instabilidade do wi-fi começa a te irritar profundamente.

E também as goteiras em dia de chuva. Além disso, as muriçocas parecem cada dia mais famintas. E, para dizer bem a verdade, você anseia pela programação cultural da cidade. Pois é, o encanto acabou. E sobre isso a ciência nos diz que mudanças produzem respostas, ou seja, afetos positivos e negativos. Mas à medida que nos acostumamos, as mesmas coisas deixam de produzir efeitos emocionais tão intensos. Ou seja, no início – quando chegamos à montanha – o entusiasmo com o sossego tão esperado sequestra a nossa atenção e as nossas emoções.

Com o tempo, os ganhos se tornam parte daquilo que já é conhecido. Ou seja, você se adapta. Então, você ganha espaço mental para focar naquilo que não vai bem – a instabilidade do wi-fi e as muriçocas. E o cérebro se adapta a quase tudo. Isso significa que qualquer encanto chegará ao fim. Se, por um lado, isso pode te desanimar, por outro, pode te libertar. Afinal, se todos os encantos terminam, o fim do encanto não significa necessariamente que você escolheu errado.

Não existem opções capazes de nos encantar indefinidamente. Mas, quando temos opções demais – por exemplo, o catálogo do Tinder ou da Netflix – fantasiamos que, em algum lugar entre essas milhares de alternativas, há de existir uma opção excepcionalmente incrível. Ou então aquela opção imperfeitamente perfeita para você, com a medida certa de defeitos que você adora, ou que pelo menos não te incomodem tanto assim. Paradoxalmente, ter muitas opções alimenta a ilusão de que pode haver uma alternativa perfeita. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.

Portanto, quando as pessoas saem do transe apaixonado e se deparam com os custos de suas escolhas, elas se sentem mais insatisfeitas e tem maior propensão ao arrependimento. Mais do que isso. Se você idealiza que existem opções ideais e você não as escolheu, isso significa que o problema é você. Ou seja, em vez de interpretar os custos das nossas escolhas como parte inexorável da realidade, achamos que a nossa insatisfação é a prova da nossa incapacidade de escolher.

E quando isso se repete vezes suficiente, nos tornamos inseguros, desesperançados e deprimidos. Some a isso o fato de que, quanto mais alternativas você tiver, menos atrativo será aquilo que você escolheu. E a razão chama-se custo de oportunidade. Custo de oportunidade é a soma dos benefícios de todas as alternativas que você não escolheu.

Por exemplo, se você vai passar férias na praia, o seu custo de oportunidade é a soma dos benefícios das férias no campo, mais as aventuras da viagem ao Pantanal que você poderia ter feito, e os prazeres da visita adiada aos seus amigos que moram no Rio de Janeiro. E enquanto seria impossível viajar para múltiplos lugares ao mesmo tempo, em termos de sofrimento não somos tão racionais.

Por exemplo, quando você ficar entediado com os programas da praia, você vai lamentar não ter escolhido as aventuras do Pantanal. E se neste mesmo dia chover à noite, você sofrerá porque não foi para o Rio de Janeiro – afinal, lá tem programas culturais para noites chuvosas. Sofremos por não ganhar os benefícios das duas escolhas, quando, na realidade, só poderíamos ter feito uma delas.

Quanto mais opções, mais benefícios deixamos de ganhar quando nos comprometemos com uma alternativa. Não topamos mais vidas reais, profissões reais, pessoais reais. Queremos algo sem defeitos, que arranque suspiros indefinidamente. Mas, anote: só o novo é capaz de gerar uma dose tão grande de entusiasmo a ponto de nos faltar espaço mental para considerar os custos.

Enquanto você buscar uma alternativa perfeita, você pulará de uma paixão para outra, de um projeto para outro, ou de relacionamento para relacionamento. E não teria nada de errado com isso se fôssemos felizes desta forma. A questão é que o que procuramos nas nossas escolhas frequentemente só nos é dado no longo prazo. Por exemplo, a intimidade nas relações nos traz segurança e pertencimento, mas intimidade só se constrói com o tempo.

A autoridade profissional nos traz recursos materiais e autoestima, mas autoridade profissional também requer tempo. Precisamos nos comprometer.  Mas nem tudo está perdido. Existe uma forma de encarar as nossas escolhas que pode nos trazer resultados mais satisfatórios. A solução vem do trabalho de Herbet Simon, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1978 por seu trabalho em tomada de decisão. E a solução é: seja um satisficer.

Vou explicar. Satisfazer-se é contentar-se com algo que é bom o suficiente. Ou seja, um satisficer tem critérios. Ele investiga opções até encontrar um item que atenda a esses critérios e, quando ele encontra, ele para de procurar. O contrário de satisficer é ser um maximizer – pessoas que buscam e se satisfazem apenas com o melhor. Maximizers são aqueles que, mesmo quando escolhem, continuam de orelha em pé caso surja algo mais atrativo.

Pois bem, de acordo com a ciência, porque maximizers buscam a alternativa perfeita, eles têm mais dificuldade e levam mais tempo para escolher. Além disso, eles comparam mais as suas escolhas com alternativas não escolhidas, portanto, inflacionam os custos de oportunidade. Mesmo que terminem com alternativas objetivamente melhores, os maximizers tem menor satisfação subjetiva, ou seja, se arrependem mais das escolhas que fazem. Eles são menos felizes e tem mais ansiedade e depressão.

Portanto, Schwartz alerta para que fiquemos atento para quais esferas da nossa vida tendemos a maximizar e exercitemos o ato de dar-nos por satisfeitos com uma realidade imperfeita, porém satisfatória. Pode ser que o fim do encanto não seja tão trágico assim, mas um sinal de que agora você consegue – com mais maturidade e menos dopamina – entender os prós e contras da sua escolha e avaliá-los à luz dos seus valores e dos critérios que realmente importam. Enquanto estivermos vivendo em um planeta de alternativas imperfeitas e sob o comando de um cérebro imperfeito, talvez valha ser um satisficer.

 

 

Referência Bibliográfica

FREUD, A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1968

FREUD, S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.

FREUD, S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914). "Recordar, repetir e elaborar ", v. XII

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Teólogo Trabalha Como telemarketing

  Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208 O presente artigo chama a atenção do leitor par o tema acima, onde um teólogo busca emprego na área de telecomunicações. Na abordagem psicanalítica, as motivações inconscientes são pensamentos, desejos ou impulsos que influenciam nosso comportamento de maneira inconsciente, ou seja, sem que estejamos cientes deles. Para entender as possíveis motivações inconscientes de um teólogo trabalhando como operador de telemarketing de telecomunicação, podemos explorar algumas possibilidades: Necessidade de conexão: O trabalho como operador de telemarketing permite que o teólogo estabeleça conexões com outras pessoas. Essa motivação inconsciente pode estar relacionada à busca por um sentido de comunidade ou a uma necessidade de interação humana mais direta, que talvez não seja atendida plenamente na teologia. Desejo de ajudar: A motivação inconsciente de ajudar os outros pode ser uma força motriz para o trabalho como operador...