Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo convoca o leit@r a considerar o hábito da competição consciente
e inconsciente em todas as áreas da vida do sujeito, seja relacionamento
amoroso, relação familiar entre pais e filhos, amizades, ambiente
organizacional, ambiente esportivo, nas redes sociais.
A
competição no âmbito familiar e social é comum. Nas famílias existe competição
entre pais pela educação dos filhos, irmão querendo ser melhor que irmão,
tornando as relações que deveriam ser a base para o bem-estar emocional e
psicológico um intenso conflito para ver quem é o mais capacitado, a belezinha,
o popular. Desde muito cedo, alguns pais estimulam as crianças à competição,
fazendo comparações entre irmãos, primos e coleguinhas de escola.
Desde
muito cedo, alguns pais estimulam as crianças à competição, fazendo comparações
entre irmãos, primos e coleguinhas de escola. A cooperação é substituída pela
competição já na infância por meio de pequenos desafios, como saber quem
aprendeu a ler primeiro ou tirou as melhores notas na escola. Ou por outra, a
cooperação não é incentivada dentro do ambiente familiar e pouco na sociedade.
O indivíduo não competitivo não é visto com bons olhos, há um estereótipo
negativo e carregado de preconceito.
Mas,
o adolescente ao se tornar adulto e pertencer a um ambiente organizacional, no
qual é exigido dele maiores hábitos de cooperação o ego entra em conflito com o
superego cooperativo, porque as exigências do superego [adulto] destoam do
superego organizacional cooperativo. Sinalizando que não foram introjetadas no
superego do adolescente posturas de cooperação.
Algumas
corporações priorizam o ambiente competitivo, como telemarketing é estritamente
competitivo entre os colaboradores. O telemarketing compete a todo tempo com o
cliente na intenção de convence-lo através de argumentos que o produto de
telecomunicação ofertado é o melhor para ele naquele momento por causa do preço,
e porque precisa alcançar a meta estabelecida pela liderança o supervisor da
operação e não porque está preocupado se o produto é de qualidade ou não.
Neste
momento de competição o que importa é o telemarketing atingir as metas e vencer
derrotando os argumentos do cliente a qualquer custo ou sacrifício operando
através do engano, mentira desrespeitando o direito do cliente exercer o livre
alvedrio ao dizer não, com intuito de ganhar a sua gratificação no final do mês,
pois demonstra que competiu e superou o cliente portanto é o melhor e superior
ao cliente, o bambam da operação e não há interesse em desvelar se a aquisição
trouxe prazer ou não ao cliente, uma vez que isto é reponsabilidade do cliente
e não sua.
Alguns
indivíduos com perfil independente, inovador, multitarefa se apercebem situados
e atuando dentro do ambiente competitivo e descobrem em si mesmo a motivação intrínseca
e extrínseca, que leva o indivíduo a aplicar e praticar todo o seu saber
adquirido no colégio técnico/ e ou universitário transformando em benefício
próprio e da organização.
A
aplicação do saber é o estimulo reforçador capaz de mover esse sujeito a
competição, digo o sujeito subtrai benefício da contingência competidora na
intenção de provar que é capaz de promover a evolução do próprio desenvolvimento
e da empresa.
Em
outros termos, a motivação tem origem em fatores internos ao indivíduo,
relaciona-se com a forma de ser, com os seus interesses e gostos. Não há
necessidade de recompensas, visto que a tarefa em si própria, representa um
interesse, algo de que se gosta ou faz parte da maneira de ser.
Esse
profissional tem a convicção e certeza de seu potencial e competência técnicas,
além de ter conhecimento das suas motivações intrínseca e extrínseca e por isso
não entra em disputa com outros colegas de profissão conscientemente, embora
possa exibir o comportamento competidor de modo inconsciente e aprecia outros
colegas com mais experiência e se inspira neles.
É
provável que este profissional entre em competição consigo mesmo na entrega
rápida de manutenções corretivas com o interesse e motivação em destacar-se
entre outros colegas como engenhoso, ágil, habilidoso no tempo de resposta da
entrega da manutenção corretiva no ambiente organizacional. E também
inconscientemente é capaz de experimentar o sintoma prazeroso da competição em
si mesmo, competindo com algum colega de profissão que não foi descortinado na
consciência na tentativa de superar esse indivíduo e não percebe.
A
motivação é um conceito que se trata de uma força impulsionadora, que leva a
pessoa a se engajar em determinada atividade, envolver se em projetos e seguir
em direção aos seus objetivos – pessoais e profissionais. É, por si só um
elemento fundamental e único para cada ser humano encontrar realização. Sem
ela, é fato, a pessoa não consegue se sentir disposta nem mesmo para realizar
as pequenas tarefas do dia a dia.
A
motivação intrínseca, também conhecida como motivação interna, está relacionada
à força interior que é capaz de se manter ativa mesmo diante de adversidades.
Este tipo de combustível se relaciona aos interesses individuais e que podem
ser alterados apenas por escolha da pessoa. Geralmente, a motivação interna
está associada a metas, objetivos e projetos pessoais que estimulam o indivíduo
a acordar todos os dias, enfrentar o trânsito e se dedicar a horas intensas de
trabalho.
Este
é um tipo de sentimento que está presente na maioria das pessoas, pois é o que
gera força para estar em movimento, conquistar coisas e escrever sua história,
tornando-se o protagonista da própria vida. E de pronto a motivação extrínseca,
também conhecida como motivação externa, o termo está conectado ao ambiente, às
situações e aos fatores externos.
As
premiações de campanhas para a equipe comercial ou o bônus oferecido para
vendedores que alcançarem determinado valor de faturamento, são bons exemplos.
No ambiente corporativo, o clima organizacional, as atividades diversificadas,
os treinamentos de aprimoramento e outros benefícios se destacam como formas
eficientes de estímulo externo.
Elas
contribuem para manter o quadro de funcionários comprometido e produtivo. Este
tipo de incentivo é uma maneira de ajudar as pessoas a se manterem engajadas e
ainda serve como um fator complementar. Isso significa que, em hipótese alguma,
os indivíduos podem ser dependentes da motivação extrínseca.
Eles
devem, na verdade, sempre encorajar a automotivação, mas reconhecerem que a
motivação intrínseca faz parte do seu interior e estará sempre à disposição
para ser operada. E que a motivação extrínseca pode ser perdida ao deslocar-se
do ambiente de trabalho, pois não consegue carregar consigo os agentes que
contribuem para a motivação porque os mesmos conservam-se no ambiente
organizacional.
Observamos
que os relacionamentos sociais deixaram de ser uma oportunidade de crescimento
e se tornaram um meio fértil para sentimentos de inveja e disputa. Toda esta
competição afeta o indivíduo psicologicamente, levando-o a um processo de baixa
autoestima, insegurança e descrédito quanto à sua capacidade de atuação, seja
qual for o lugar a ser ocupado.
Na
vida pessoal ou profissional, perder tempo com competições atrapalha a busca
pelos verdadeiros objetivos. Quando nos comparamos com os outros, deixamos de
lado nossas individualidades, características e qualidades e passamos apenas a
enxergar os méritos dos nossos concorrentes. Por isso que a competição não é
saudável, desviamos a atenção seletiva da nossa satisfação pessoal na
intencionalidade de ser igual ou melhor que o outro.
Um
candidato na meia-idade em busca de emprego ao ser selecionado para participar
de processo seletivo, se enxerga competindo por uma vaga com candidatos
jovens-adultos e a sua motivação é extrínseca, pois está voltada para os
estímulos que o ambiente lhe oferece, como dinheiro, aplicação do saber,
benefícios de convênio médico, cesta básica, auxilio transporte e outros.
E
a partir deste ponto toma consciência que está em desvantagem em relação aos
candidatos, como a meia-idade desigual que é superior a aceitável na
organização, pouca experiência profissional, ausência de especialização ou pós
graduação.
Mas
tem consciência que alguns recrutadores selecionam pessoas na meia-idade para
participar do processo seletivo, pois o candidato exibiu em seu currículo algum
aspecto ou característica que chamou a atenção seletiva do recrutador e também
na intenção de demonstrar que a empresa selecionadora não exibe posturas
preconceituosas contra pessoas na meia-idade, o que é pura mentira.
No
papel de competidor se sente deslocado, pois assemelha que seu lugar de
ocupação não é mais entre os jovens-adulto, porque a época de competir já
passou, está no passado e no aqui-agora, esse proceder competidor não faz
sentido. Mesmo que o mercado de trabalho, diga que só existe essa forma de
compulsão a repetição para que ele logre um trabalho. [...] Freud no seu
texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a
questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do
passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos
tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a
angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
O
candidato não percebe que inconscientemente não intenciona competir mais com
candidatos jovens-adultos e anseia por ir na contra mão das regras impostas a
ele como padrão e referência a competição como crença. Mas, se não competir
como alçará um emprego no mercado de trabalho? Isto gera insegurança, porque
não terá a postura que aceita desafios incentivado na infância, na família, na
escola a ser exibida para os demais a sua volta.
Dará
de modo desapercebido o movimento do mecanismo defesa regressão, regredindo a
uma atitude que o leve a se sentir protegido, autoconfiante em que não necessitou
competir por cargo em alguma época no passado, e sim conquistou o cargo por
outros méritos dessemelhantes da competição.
Foi
indicado por alguém a exercer um cargo em uma empresa; participou do processo
seletivo, onde o número de vagas era superior ao número de candidatos no qual
foi elegido; participou direto por entrevista com o recrutador e foi nomeado,
por exemplo.
É
provável que o candidato não se reconheça participando de competições
concernente a qualquer vaga de emprego, seja telemarketing, home office,
técnico mecânica, psicólogo de instituição, advogados de organizações dentre
outros. Pois atingiu a maturidade sendo capaz de não se permitir comparecer a processos
seletivos carregados de competição que sinalizam por entre gestos ocultos o preconceito
e estereótipo da desigualdade de idade, da aparência velha, da insuficiência de
especialização ou pós graduação, do número de candidatos superior ao número de
vagas ofertadas pelo empregador.
Uma
vez que ao deslocar-se do estado de alienação compreende que a idade aceitável,
a experiência, a graduação e o número de vagas, como sendo fatores relevantes
desvelados que não podem sofrer sequer nenhum tipo de alteração por conta das
regras da corporação.
Um
psicólogo não alienado não descortina sentido conservar-se competindo com o
cliente na intenção de convence-lo que fazer terapia é bom e perseguir o
prospecto com post anuncio de marketing como é a regra de vendas ativa no
marketing. Isto porque todos os seus colegas reproduzem a postura de
perseguição de modo alienado e incentivam por entre cursos produzidos pelos
mesmo os outros psicólogos a replicar o procedimento que certamente obterão o
esperado do cliente. E o marketing estimula o duplicar da atitude que deu
certo, o chamado de reforço positivo no comportamento, pela psicologia
comportamental.
O
psicólogo com esse proceder é percebido como um reeditor e copistas de atitudes
autômatos e precisam desadormecer. E não conseguem entender que existem outros
caminhos para se chegar a um fim desejado, contudo precisa ser desvelado por si
mesmo, e é capaz de ser custoso caminhar nesta direção desconhecida e não
reprisar a história da psicologia do colega na sua vida, entretanto deve apresentar
a sua história da psicologia de outra forma aos demais de modo dessemelhante, que
destoa da história do colega de sucesso. Mas, as vezes o mais fácil é pegar um
atalho e copiar a idiossincrasia daquele que está dando resultado, e isto não
errado.
As
pessoas de meia-idade precisam fazer mais do que refletir sobre o passado,
precisam continuar ativas, participantes, buscando desafios e estímulos no seu
ambiente. O desapego, que nos informa que há uma diminuição do interesse por
competição, atividades e objetos, um abandono dos papéis sociais.
Nesta
perspectiva, aceitar os limites impostos pela sociedade e seus próprios limites
disposto pela idade no corpo físico é desapegar-se das competições e coisas ao
seu redor. Ocorre, então, uma libertação da busca de conquistas, como a dos
bens materiais e do status, desacelera-se a corrida por ascensão a carreiras e
o ego preenche-se com o que está próximo, no presente, sem urgências.
O
competidor inconsciente opera na competição através do mecanismo de defesa
identificação, onde rememora traços de ousadia, de liderança, de raciocínio de
personagens em quadrinho, algum ator de filmes, alguma celebridade, algum
empreendedor de sucesso no mercado, aos quais tem identificação e aplica
reproduzindo a conduta no processo seletivo perante o recrutador.
O
mecanismo defeso identificação, na qual a identificação é uma atividade afetiva
e relacional indispensável ao desenvolvimento da personalidade. Um processo
psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade ou um
atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, a partir do modelo
deste.
Um
psicólogo ausente de clientes na clínica paga é capaz de se identificar com
algum colega que está obtendo sucesso, ansiando em introjetar os atributos do
colega por entre o mecanismo de defesa introjeção com a intenção inconsciente
de se transformar total ou parcialmente neste colega bem sucedido. Que a partir
deste instante é visto como um rival inconsciente e precisa ser detido a todo
custo ou sacrifício, após obter o êxito esperado.
Não
exponha suas qualidades baseando-se no quanto elas são superiores ao de um
colega. Pois você pode estar equivocando-se. Mostre seus talentos
individualmente, sem precisar provocar comparações. Pare de olhar para o que o
outro está fazendo. Ao invés disso, a melhor opção é analisar o próprio
desempenho, atitude e pensar como melhorar dentro das suas condições
individuais.
Não
fique se martirizando por não ser igual a um familiar, amigo ou colega de
trabalho e não concentre seus esforços em se tornar igual a quem você admira.
Pense no que você é, e como você pode melhorar dentro da sua própria realidade,
seja de falta de coisas ou abundância de coisas. Nas redes sociais podemos
observar a competição inconsciente entre os usuários, por entre as postagens de
selfies.
O
amigo vai a um restaurante e pede um prato para degustar, mas antes de tudo
tira uma selfie e posta na intenção de suscitar no outro a competição da melhor
selfie capaz de produzir sensações degustativas no paladar. Essa competição
entre usuários promove as redes sociais, fazendo-as desenvolverem-se e
crescerem graças a posturas de competição exercidas entre os usuários
alienados.
O
competidor aciona o mecanismo defesa regressão e recorda comportamentos e ações
em que trouxe benefícios e vantagens diante de situações incômodas que o
influenciaram a se sentir inseguro, temeroso, embora logrou proveito. Neste
ponto a regressão da postura de confiança surtiu o efeito esperado.
Mas,
quando a rememoração é inconsciente sobre uma postura de fracasso que deixou a
marca da insegurança ao se deparar com tal evento no passado e agora, no
aqui-agora perante outra eventualidade o proceder inseguro surge como meio para
superar a insegurança ou sucumbir. O mecanismo de regressão tende fazer o
indivíduo a voltar a conduta infantis do passado que lhe trouxe conforto ou
desconforto, segurança ou insegurança, amparo ou desamparo, cuidado ou
descuidado, proteção ou vulnerabilidade. [...]Mecanismo defeso regressão
é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de expressão
mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a ansiedade escapando do
pensamento realístico para comportamentos que, em anos anteriores, reduziram a
ansiedade.
A
competição é uma maneira de provocar o indivíduo a se adaptar ou se esconder em
praticamente todos os outros sentimentos ou relacionamentos de amor, paixão,
amizade, relacionamento pais e filhos, casamento dentre outros. Nada é mais
excitante para a consciência humana do que a competição, dando vida e força ou
ainda um sentido para determinado desejo, meta ou necessidade.
A
competição remete a raízes genéticas ou atávicas do ser humano, onde num
passado longínquo tal fenômeno se misturava totalmente à sobrevivência perante
um mundo totalmente hostil, podendo aqui tal tese se inserir no famoso estudo
de Charles Darwin sobre a seleção natural de espécies, onde o mais adaptado
iria sobreviver perante as intempéries da natureza.
Entretanto,
em nossa sociedade contemporânea o que mudou no quesito da competição? Será que
temos ainda de enfrentar animais selvagens, fúria da natureza ou coisas
semelhantes? Encontramos no ambiente corporativo da telecomunicação testes
psicológicos de personalidade que mostram que tipo de animal é o operador de
telemarketing quando está atuando na operação e seu comportamento inconsciente
diante do cliente.
A
competição existe porque o indivíduo está em busca de ocupar um lugar, marcar
território e a partir do momento que descobre o lugar e conquista cessa as
competições por ocupação territorial, e surgem outras competições inconscientes
para que o sujeito se mantenha no local ocupado por medo de perder o lugar a
posição para outro.
O
sujeito precisa descortinar, onde está o seu local a ser ocupado no temo e
espaço. Um indivíduo na meia-idade já competiu para apoderar-se de posições
profissionais nas mais diversas localidades de organizações na sua história de
competidor. Competiu em vagas no colégio técnico para ter especialização
técnica. Competiu em vestibular para o curso de psicologia na universidade.
Contudo
a angustia da falta de apropriar-se de um local para exercer a profissão o
conduz a demover, isto é, deslocar-se do seu lugar de desprovido de trabalho,
de clientes particulares e ao invés de competir consigo ou orientar-se por meio
de algum ator de sucesso, a encontrar a solução que desvela o seu lugar a ser
exercido.
Um
teste de personalidade com animais ajuda a ter um maior alinhamento entre os
objetivos individuais de cada profissional e da empresa. Ele melhora a
comunicação entre os funcionários, que entenderão com mais clareza a natureza
de cada um. Neste momento discorro com propriedade, pois o teste identificou o
animal tubarão.
Como
trabalhei por um período longo no setor de telecomunicação, ocupando o cargo de
telemarketing o teste psicológico identificou o animal tubarão. O tubarão é
aquele que não deixa para amanhã e traz respostas rápidas para o serviço.
Normalmente prazos apertados não assustam esse tipo de pessoa e a atuação na
dupla de criação pode ser uma excelente oportunidade. Apesar de o tubarão ser
bastante proativo, uma grande dificuldade desse temperamento é conseguir
esperar.
Neste
ponto o teste equivocou-se, porque possuo a competência socioemocional
desenvolvida da paciência e calma muito antes de exercer a função, ou por
outra, capacidade de suportar contrariedades, incômodos e dificuldades com calma
e tranquilidade e espera. Para isso, deve ser trabalhada a paciência e o
respeito pelo tempo e opinião do outro. Afinal, mesmo que uma pessoa com o
perfil do tubarão tenda a ser mais esquentada, ela precisa das outras
personalidades para que o trabalho da agência alcance sua melhor performance.
Certamente
em determinados casos tal fato é verdadeiro, porém o ponto central de tal
discussão é que desde a revolução industrial houve gradativamente um transporte
de todo o modelo econômico de exclusão social e competição para o lado pessoal
e afetivo. Nossas relações se tornaram meramente uma extensão ou continuidade
da luta de classes ou interesses apregoada por Karl Marx.
A
competição imprime uma marca sem fim, ameaça momentaneamente ceder, para depois
de determinado contrato ou acordo estabelecido recrudescer numa potência
alarmante, jogando na cara do parceiro o esforço feito nesse intervalo de
conflito.
A
competição à qual os indivíduos estão submetidos não diz respeito à indagação de
certa perfeição na execução de alguma habilidade humana, a um movimento de
reconhecimento dos próprios limites e desenvolvimento dos potenciais, uma ação
honrosa. Competir no atual contexto significa desocupar-se, negar-se enquanto
indivíduo-sujeito; sujeitar-se às injunções perversas do capitalismo flexível,
que retira a possibilidade do desenvolvimento da solidariedade e acolhimento
entre os homens.
O
indivíduo nesse contexto procura manter grande distância dos outros, pois todos
podem lhe tomar o lugar. A competição, dessa forma, caminha no sentido oposto à
real necessidade humana, uma vez que impossibilita relações de acolhimento,
indo na contramão daquilo que fortifica o homem e o caracteriza enquanto humano,
a necessidade do outro. Pergunta-se, porém no contexto atual, como esperar do
outro amparo se ele é decretado a priori como meu concorrente, meu rival?
Afinal,
não existe emprego para todos, não existe vaga na universidade para todos, nem
todos têm condições materiais de viver de forma digna, com saúde e moradia. A
competição presente na sociedade contemporânea é resultado de um longo processo
histórico, todavia essa mediação é impossibilitada e ela aparece cotidianamente
como dado natural, como um engano, uma falsa experiência social. [...]
Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a
compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
O
trabalho torna-se alienado e, para a vida do trabalhador, apenas um meio de
subsistência. Assim o produto de sua atividade se transforma em algo exterior a
ele. Não lhe pertence mais, mas a um outro, que é o dono dos meios de produção.
A vida é uma luta, uma selva. O darwinismo econômico e darwinismo social [apelos
constantes à competição, à seleção, à adaptação] impõem-se como se tudo fosse
evidente.
A
competição é utilizada dentro do mundo da produção como mola propulsora de um
avanço material que gradativamente minou as relações entre os trabalhadores,
promovendo um distanciamento cada vez maior entre eles e deles com a sua
realidade interna. A depender de seus valores, encontraremos sociedades que
estimulam a competição ou a cooperação.
Por
exemplo, a sociedade capitalista incentiva a competição entre as pessoas. Nela,
vemos como o discurso da habilidade e da competência tem sido usado para estimular
a competição, pautando-se na ideia de que vencer depende de características
pessoais ou psicológicas (Bendassolli, 2001). Nesse sentido, a competição
forneceria a medida da experiência, da prática e das qualidades das pessoas
situando-as diferentemente em relação ao sistema econômico.
Em
um contexto de desemprego estrutural, tal ideologia, por um lado, traduz-se em
formas de culpabilização dos trabalhadores pelo desemprego enfrentado (Neves,
2006) e, por outro, fomenta ainda mais a concorrência entre os pobres que
trabalham nos setores degradados e flexíveis do mercado de trabalho e os
desempregados de longa duração que estão distantes do chamado “mercado formal”
(Paugam, 2009).
Pessoas
muito competitivas são inseguras, sofrem de baixa autoestima e falta de
autoconfiança. A maioria desses indivíduos não compete para se superar e
conquistar o seu lugar, mas para se sentirem melhores que os outros. E nestes
casos operam por entre o mecanismo defesa substitutivo, substituindo a todo
custo ou sacrifício a postura insegura oculta por meio da atuação exibicionista
ousada.
O
sentimento de competitividade e a vontade quase instintiva, nem sempre
racional, de ganhar do outro ou de um grupo, de conquistar a vitória e se
sentir o vencedor, o melhor. Mas só vencer os outros não basta. Há também o
desejo intrínseco de ultrapassar e superar os próprios limites de pronto alcançados.
Não tenha medo de se colocar em primeiro lugar, cuide de si mesmo.
Mas
afinal, por que competimos tanto? A baixa autoestima, a falta de autoconfiança
e a insegurança são os principais elementos que levam as pessoas para a
competição. Desenvolver para crescer, a competitividade aumenta a produtividade
e desenvolve a capacidade do colaborador lidar com crises, de forma rápida e
assertiva.
Um
bom exemplo disso é quando um profissional passa a mudar a forma como entrega
as tarefas, pois aprendeu um caminho melhor ao ver outra pessoa se destacando. Encare
o sucesso alheio como forma de inspiração, e não de comparação. Competição é
bom, porém traz junto os aspectos ruins? No sentido positivo, é fácil, ela pode
nos estimularmos a nos desenvolvermos; ou mesmo uma competição consigo mesmo.
A
competição positiva estimula, por exemplo, os esportes; as olimpíadas
acadêmicas e diversos concursos e outros. Uma das contrariedades da competição,
sobretudo hoje em dia que parece que ela é mais acirrada; é que há muitíssimo
mais perdedores do que ganhadores, e não haveria de ser de outra forma, pois
existem poucas vagas para empregos, para concursos públicos, para universidades
e o número de candidatos são superiores ao número de vagas ofertadas.
Por
vezes o indivíduo é competitivo, na sua forma de ser. Isso pode ser excelente
em vários aspectos, pois ele se esforça e conquista várias coisas, um
empreendedor além de crescer, pode dar emprego a outros. A competição
estimulada no meio corporativo tem aspectos positivos e negativos.
Você
já sentiu que estava sendo pressionado para ser o melhor em algo? Pode ser no
meio acadêmico, no mercado de trabalho ou até mesmo recordes relacionados a
questões pessoais. Enfim, desde cedo todos nós somos condicionados a competir
para sermos os melhores em algum tema.
Por
um lado, o fato é positivo, pois a competitividade estimula os profissionais a
estarem em constante evolução. Contudo, do outro lado da moeda, isso pode ser
negativo, pois alguns colaboradores podem extrapolar limites relacionados ao
bom senso, criando um clima de falta de respeito.
Portanto
incentivar a competição no sentido da evolução, no qual a competitividade pode
ser o estimulo reforçador que uma equipe precisa para estimular o
desenvolvimento individual de cada um dos integrantes, tanto do lado técnico
quanto comportamental. Por exemplo, quando um profissional enxerga que o colega
ganha mais destaque por ser mais ambicioso na entrega das atividades, ele se
predispõe a se esforçar para ter essa relevância também.
Porém,
para conseguir o espaço, pode ser que ele precise estudar mais ou entregar
tarefas com um nível maior de qualidade. A competição suscita a idealização de modelos
se seguir por meio do mecanismo defesa idealização, onde os profissionais ficam
mais atentos ao trabalho e aos comportamentos dos colegas e idealizam nessas
posturas algum tipo de inspiração para evoluir sempre.
Compreendamos
esse exemplo, imagine que uma pessoa entrega uma atividade que atinge a meta e
é totalmente fora da curva. Esse fato eleva a régua das próximas entregas das
outras pessoas e pode servir como exemplo de boa prática.
A
competição facilita o desenvolver para crescer, pois a competitividade aumenta
a produtividade e desenvolve a capacidade do colaborador lidar com crises, de
forma rápida e assertiva. Um bom exemplo disso é quando um profissional passa a
mudar a forma como entrega as tarefas, pois aprendeu um caminho melhor ao observar
a outra pessoa se destacando. Neste momento a competição anuncia a reprodução
de hábitos que deram resultados.
Esses
resultados só serão possíveis mediante a pessoas que tem a mesma personalidade,
pois pessoas com personalidade dessemelhante não atingem o mesmo resultado.
Exemplo uma pessoa de personalidade extrovertida e outra de introvertida, ou
melhor dizendo, a entrega de resultados da extrovertida será desigual da
introvertida
A
competição quando se torna vingança, no lugar de ser cooperativismo, o revanchismo
entre departamentos e clima pesado no ambiente, onde todos querem alcançar os
objetivos da instituição, mas trabalham isoladamente para isso. Um bom exemplo
disso é quando um profissional sente que o seu marketing pessoal não está bem
por causa de outras pessoas.
E
no lugar de trabalhar o seu autodesenvolvimento, este prefere usar vingança em
cima de quem acredita ter estragado sua carreira. Isso pode acontecer quando
quem está em desvantagem não tem autoconfiança suficiente para entender onde
errou e como melhorar. Autoestima, identidade, confiança e segurança são ingredientes
fundamentais para que o atleta tenha estabilidade e bom rendimento nas
competições.
Fato
comum nas demandas psicológicas esportivas é o aumento considerável de atletas
que treinam muito bem, mas na hora dos torneios momento agudo em que se colocam
à prova, boa parte deles apresenta queixa de perda de concentração, queda
vertiginosa da motivação e aumento considerável dos níveis de ansiedade.
À
parte de toda esta questão existe o ser humano com sua história de vida, campo
emocional, dificuldades de interação, crescimento e habilidades para defrontar-se
com as exigências e expectativas sociais. É inviável atuar com o ser atleta sem
considerar as necessidades, fragilidades e potencialidades do ser humano. Medo
do fracasso e medo do sucesso. Medo da exposição e julgamento. Insegurança e
vertigem nos momentos mais angustiantes. [...] Esse medo marcará nossa
memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto
uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de
desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Trabalhos
e técnicas cognitivas que ensinam estes garotos a respirar, manter o equilíbrio
psicoemocional, dar sentido e significado a estas emoções quase sempre tão
desorganizadas e desestruturadoras é tarefa de estudo, pesquisa e atuação dos
psicólogos do esporte. A competição está no instante desde o momento que
acordamos. Ela está presente e nos convoca a todo instante para os árduos
desafios do cotidiano. Para vencer o adversário, a luta incessante é derrotar a
si mesmo.
E
é aí, amigos, que a batalha é árdua. Competimos por coisas, por posições e por
outras pessoas. Competimos porque acreditamos que aquilo que tanto queremos irá
nos preencher, como trabalho, clientes particulares, namoradas, mas isso não é
real.
É
uma grande armadilha que vai distanciar da sua compreensão e satisfação. A
competição ou comparação é uma distração gerada pelo sentimento de
inferioridade, da crença de que o outro é melhor do que eu. E isso é uma
fantasia, uma ilusão. A competição facilmente se transforma em vício. Um hábito
muito arraigado, pois fomos educados a competir constantemente.
Acreditamos
que competir é algo muito louvável e saudável, vejam só. Somos incentivados a
competir acreditando que assim podemos fazer e produzir mais e melhor. Isso até
pode funcionar a curto prazo e em determinadas situações, mas sua principal
consequência é gerar cada vez mais separação. No fundo, a competição é sustentada
pelo próprio egoísmo, que se percebe separado do resto, precisando se defender
e conquistar para poder sobreviver, acreditando que não há o suficiente para
todos.
Embora
esta afirmação é realista porque não existe mesmo para todos, vagas suficientes
de trabalho, nas universidades, clientes com recursos econômicos, não existem
moradias para todos, automóveis para todos, bicicletas para todo, mas sim para
uma parcela da população privilegiada favorecida de recursos monetários. O
contrário da competição é a cooperação.
Na
cooperação buscamos um objetivo comum. Estamos abertos para ajudar e desejamos
o melhor para o outro. Reconhecemos a unidade e escolhemos caminhar nesse
sentido. Nossa intenção, na competição, tem, em algum grau, uma parte querendo
destruir para se defender. Na cooperação, a intenção é apenas a de criar união.
Comercializar externamente uma imagem confiante, de liderança e ousadia, e
sofrer internamente com medos e inseguranças são, infelizmente, as máscaras da
nova atual moda do mundo virtual rede social.
Referência
Bibliográfica
BENDASSOLLI,
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considerações neopragmáticas. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 3-4,
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