Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender, e aprender a enxergar
a sua bolha pessoal e social na internet e fora da internet. Sair da compulsão
a repetição inconsciente ou agora que está prestes a tomar consciência, saindo
do estado de alienação ainda deseje permanecer na bolha que se encontra por
motivos pessoais. Avalie se sua bolha é boa ou ruim. Enxergue se suas
expectações e necessidades está sendo satisfeita ao estar inserido nesta bolha
que se encontra. Temos a bolha pessoal, bolhas sociais de cunho ideológico,
político, mercadológico, religioso, familiar, organizacional, amizade, escola,
universidade, noticiários, novelas, filmes, canais de desinformação, pandemia,
bolha da ignorância e outros. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir
e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à
repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro
de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior
for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que
esse passado recalcado desperta em nós.
As
pessoas, e seus vizinhos vivem em uma bolha na qual existem várias restrições,
concepções ou acomodações fracas na sua comunidade. Muito fracas, e são assim
porque dificilmente as sustentam quando decidem abrir os olhos para uma
realidade mais extensa e se atrevem a percorrer caminhos diferentes, longe do
conforto de caminhar pelos já conhecidos. Em muitas ocasiões, os pontos de
vista limitados fazem com que determinados estereótipos e preconceitos se mantenham.
Enxergamos apenas o que queremos ver, aquilo que, do lugar onde estamos
sentados, podemos apreciar. O sujeito torna-se vítima do autoengano, quando
pensa que seus pensamentos ou modo de perceber possa funcionar com a precisão
da física. Se permanecer nesta visão passam a enxergar os mercados redes
sociais como instituições perfeitas e previsíveis e isto é um erro. Os
indivíduos, são animados, ou movidos, por forças muitas vezes irracionais.
Esse
Velho Oeste virtual, permite que o indivíduo supere algumas barreiras sociais e
geográficas e estabeleça uma visão mais balanceada do mundo. Mas, é igualmente
possível construir novas barreiras, à medida que pessoas que pensam parecido se
reúnem em grupos homogêneos, compartilhando os mesmos pontos de vista e fontes
de informação fazendo parte de um processo grupal. Embora milhões de pessoas
estejam usando a internet para expandir seus horizontes, muitas estão fazendo o
oposto, criando um negócio [uma espécie de empreendedorismo personalizado] sob
medida para disseminar seus interesses e preconceitos não descortinado se
utilizando de aparatos como, cursos, vídeos, propagandas, post e o que vice
pensar agora que lê o artigo.
Com
isso, eles vivem em salas de eco, provocando grande polarização nas redes
sociais, ou seja, ação de concentrar forças ou influência num determinado ponto
por oposição a outro. Frequentemente as redes sociais criam bolhas sociais que
dividem grupos de pessoas. Essa é uma ferramenta muito útil, e isso significa
que o sujeito de um modo ou de outro vai acabar em uma bolha, com base no que a
plataforma ou corporação decidiu que se encaixa em seus objetivos.
Mas,
será que isso realmente surge de um comportamento online cego? Ou ocorrem por meio
de um processo grupal mais sutil? Embora haja pouca dúvida de que os hábitos de
leitura moldam as opiniões, sejam políticas, saúde, economia ainda que não
esteja claro até que ponto a propaganda direcionada pode influenciar o
comportamento dos eleitores, dos usuários de internet, dos contagiados pelo
vírus Covid-19, alguns estudos relevantes sugerem que a influência das bolhas
tem sido superestimada. Ou seja, algumas pessoas se comportam como destituídas
de informação, desinformadas e desejam permanecer no mecanismo de defesa da
negação da ignorância. [...] Negação, provavelmente é o mecanismo de
defesa mais simples e direto, pois alguém simplesmente recusa a aceitar a
existência de uma situação penosa demais para ser tolerada. Ex: Um gerente é
rebaixado de cargo e se vê obrigado a prestar os mesmos serviços que exercia
outrora.
Contudo,
uma explicação alternativa possível vem da psicologia do auto licenciamento a
crença inconsciente de que, uma vez que tenhamos mostrado nossa visão
abertamente em uma situação, de alguma forma, ganhamos credenciais para agir com
preconceito posteriormente. É bem possível que a maioria das pessoas não esteja
em risco de ficar presa em uma bolha, embora, elas estejam sendo alvo de
anúncios com base em seus comportamentos ou são alvo de desinformação, onde são
usados os algoritmos.
A
ideia de uma bolha representa uma demarcação de espaço para se proteger e se
distanciar do ambiente externo ou ambiente virtual. Dessa forma, uma bolha
social é entendida como um grupo de pessoas que se unem por interesses
semelhantes e acabam por excluir a participação de quem tem pensamentos
contrários. Aqui impera o preconceito não desvelado.
Assim,
a bolha é algo que limita as relações e, de certa forma, protege o grupo,
mantendo um equilíbrio. Afinal, não existem muitas oportunidades de conflito ou
discordância. A existência de uma bolha social não é, do ponto de vista
psicológico, simplesmente boa ou ruim. Na verdade, ela traz tanto aspectos
positivos, como a intimidade e a segurança de relacionamentos próximos, quanto
elementos negativos, já que limitar-se a conviver apenas com quem concorda
conosco é perder oportunidades de crescimento.
A
bolha pessoal se refere ao que está vinculado aos gostos, pensamentos, amigos,
ações de uma só pessoa, que realiza a divulgação, por diversas forma, nas redes
sociais e na Internet. Em regra, são postados aspectos positivos, imaginários
ou não, relacionados à vida daquele indivíduo ou profissional que lhe
proporciona prazer. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer”
(1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado
experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo
há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram
reprimidos.
Já
bolhas sociais são grupos de pessoas que têm os mesmos objetivos, ou seja,
compartilham nas redes sociais posição ou percepção que lhes é comum e que lhes
parecem úteis ou agradáveis. Deste jeito são disseminados muitos conteúdos
informativos, inclusive a chamadas fake news, e rastreados comportamentos para
identificar gostos e preferências com fins comerciais.
O
efeito positivo dessas interações, além de possibilitar o acesso rápido aos
temas do interesse de cada um e o compartilhamento de pensamentos, experiências
e opiniões dos integrantes do grupo, é facilitar novos vínculos sociais. Seu
efeito negativo, porém, é estimular a intolerância com ideias ou comportamentos
contrários ou diferentes dos ali defendidos e estimulados, resultando em perda
de empatia e, consequentemente, maior animosidade entre grupos de opinião. Nesse
contexto, é sempre bom que o sujeito esteja atento ao seu estado emocional
perante as interações, evitando conexões virtuais abusivas e buscando aquelas favoráveis ao seu bem-estar
e saúde mental.
A
preferência por se relacionar com pessoas que tenham gostos parecidos com os
seus não é um fenômeno novo. Basta lembrar que sempre existiram as chamadas
tribos, em que as pessoas eram caracterizadas por um estilo semelhante, como o
tipo de música preferida ou a forma de se vestir. Mas algo novo apareceu nesse
contexto nos últimos anos as redes sociais. E podemos notar também os gostos de
certas pessoas ao seguir determinados profissionais, pessoas que se posicionam
como líderes de tribos por seu estilo semelhante de linguagem frústula ou
rebuscada, expressam bullying não descortinado nos vídeos, comediantes de stand-up
com a intenção de entreter, manipular os destituídos de informação.
O
avanço da internet marcou uma nova forma de se relacionar não só com as
pessoas, mas também com as notícias e os fatos. Com isso, estar inserido em uma
bolha social pode representar alguns riscos e consequências. Atualmente, não é
raro ver pessoas interrompendo a relação com quem toma posicionamentos
divergentes. Isso vai desde deixar de seguir a rede social de alguém ou até
mesmo vivenciar grandes discussões e romper amizades íntimas. Apesar de ser uma
escolha assertiva quando você sente que seus amigos não compartilham valores
que considera importantes, isso também denota a dificuldade em lidar com as
diferenças. Assim, pode-se transformar em um problema.
Identificar-se
dentro de uma bolha social nem sempre é fácil. Mais complexo ainda é reconhecer
que ela traz limitações e dificuldades que precisam ser alvo de reflexão. O
clima de discussões inflamadas nem sempre dá espaço para isso, mas vale a pena
pensar sobre o assunto. Caso tenha rompido, ou pensado em romper relações de
afeto por conta de divergências de qualquer ordem, procure refletir se isso
realmente faz sentido. Avalie o histórico da relação, o carinho mútuo e os
conflitos que têm surgido. Deste modo, é possível tomar decisões mais
conscientes. [...] Identificação, A identificação é uma atividade
afetiva e relacional indispensável ao desenvolvimento da personalidade. “Como
todas as outras atividades psíquicas, a identificação pode, por certo, ser
utilizada igualmente para fins defensivos.” (Bergeret, 2006, pág. 101) De
acordo com Laplanche e Pontalis, “um processo psicológico pelo qual um sujeito
assimila um aspecto, uma propriedade ou um atributo do outro e se transforma,
total ou parcialmente, a partir do modelo deste. A personalidade se constitui e
se diferencia por uma série de identificações.
Além
disso, experimente alargar os limites das suas relações para acolher pessoas
diferentes. Faça o exercício de discutir ideias com empatia, compreendendo o
ponto de vista do outro. Recorde-se que, uma ideia em determinado assunto não
representa toda a personalidade ou a vida de alguém. Pensar sobre esses aspectos
permite que você identifique as consequências da bolha social e saiba como
driblar os desafios desse contexto. Para quem enfrenta muita dificuldade em
relação a isso, a psicoterapia pode ser uma boa opção, pois permite aprofundar
o autoconhecimento e racionalizar suas escolhas.
Ampliar
a bolha individual aumenta o contato social, contribui com o equilíbrio
emocional e tenta minimizar o risco de sintomas patológicos, como ansiedade,
estresse e por aí vai. Se entendermos a bolha como um campo específico, sair da
bolha seria justamente mergulhar na multidisciplinaridade. Quem não sai da
bolha, seja, por medo, insegurança se isola dos diversos ambientes e não
acompanha o real ritmo das coisas. Estar fora da bolha é a ideia de
experimentar outras ideias, outros estímulos. [...] Esse medo marcará
nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como desamparo,
“portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida, lembrada e
esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Claro
que não podemos ser radicais quanto a esse conceito, pois estaríamos então
retomando a ideia de generalização. Segundo as demandas atuais, devemos e
podemos viver também o mundo do lado de fora, seja, no território real e não
virtual. O profissional ou pessoa pode optar por escolher sair da bolha social
virtual caso não tenha obtido os resultados esperados, mesmo com tentativas de
expandir a bolha, o território.
A
ideia de territorialidade aparece no âmbito da sociologia, da psicologia social
e de outras ciências. Trata-se de uma conduta ou atitude instintiva dos animais
[incluindo o próprio ser humano] que promove a defesa do território que ocupam.
No caso dos seres humanos, está defesa também está relacionada com a cultura.
Territorialidade é uma noção que deriva de território, ou seja, uma zona ou
região que estabelece uma jurisdição, pertence a um determinado Estado ou serve
como campo de ação. Para muitos pensadores, a territorialidade que nasce do
instinto deriva na tendência de o homem vir a apropriar-se, defender e
administrar determinados setores geográficos. Exemplo, as redes sociais, a
internet são espaços geográficos.
Esta
identificação com o território permite construir a identidade e serve para
satisfazer várias necessidades pessoais, profissionais, comerciais e outros. Em
suma, a territorialidade trata-se de um padrão de comportamento e atitudes que
uma pessoa ou grupo de pessoas possui e que é fundamentado no controle [real ou
concebido] de um determinado espaço físico, local ou de uma ideia, controle
esse que pode ser concretizado por meio de marcação, personalização ou mesmo
defesa num território.
A
exemplo disso cita-se o controle mediante marcação, um meio de
territorialidade, como colocar um objeto num determinado local a fim de marcar
que alguém está ocupando-o ou o utilizando, como colocar um casaco na cadeira
de um estabelecimento ou quando se insere uma estaca num local do terreno para
fazer a marcação. Existem ainda outras formas de territorialidade, tais como a
divulgação de um post na rede social que circula no interesse de marcar a
identidade e o serviço do prestador.
Ou
mesmo personalizar um escritório segundo seu estilo e gosto pessoal, sendo essa
uma forma de indicar a identidade de uma pessoa. Efetivamente, para que se
possa entrar no território virtual/ e ou bolha como empreendedor e permanecer
no mesmo, deve-se contar com a fidelização dos clientes, através da busca de
seu serviço ou produto.
Os
animais também exercem a territorialidade quando delimitam e defendem o seu
habitat, impedindo que outros se aproximem ou se instalem na zona. Os cães, por
exemplo, marcam o seu território com urina. Da mesma forma é o ser humano nas
redes socias, tentando demarcar seu espaço, criando sua bolha, onde podem ser compartilhados
seus pensamentos, objetivos, ideologias e comercializados seus serviços dos
mais variados produtos.
Ainda,
no âmbito religioso, territorialidade refere-se a um conjunto de orientações
ações elaboradas por um grupo ou por uma instituição com o intuito de fazer o
controle de um determinado território sobre o qual atua o poder do sagrado e
onde tal poder é aceito mutuamente. Já na questão psicológica, a
territorialidade virtual mostra-se através de um conjunto de serviços
psicológicos ofertado por um psicólogo com o interesse e motivação de ser
agente de transformação sobre uma minoria estabelecida em um espaço geográfico
virtual, sobre o qual atua a notoriedade e onde este influenciador é aceito sem
questionamento.
Pode
também ocorrer deste persona não ser aceito na bolha rede social a qual está
inserido, forçando-o obrigatoriamente a procurar outra bolha, outro território,
onde possa atuar como agente de transformação. E você como se sente na sua
bolha?
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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