Ano 2021. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a compreender, onde está a sua realidade
ou se de algum modo está escapando de manter-se conectado a realidade. A
intenção deste artigo é despertar um insight intelectual no leitor. Realidade é
uma razão que não se explica, mas se crê. A pandemia trouxe vários desconfortos
nas vidas das pessoas. Pessoas que conseguiram sair de suas casas em outros
tempos e agora se apercebem regressando de volta ao seio materno por causa de
várias contrariedades. Qual é realidade de quem está inserido na pandemia? Será
as contrariedades que cada pessoa vivência de modo pessoal, exemplo,
desemprego, falta de renda fixa, salário reduzidos, estar em isolamento social,
estar contagiado com o vírus, consultórios vazios e o que você pensar enquanto
lê o artigo. Em cada situação que promove o desprazer existe a possibilidade da
pessoa agir de modo imaturo infantil.
Mas
ainda existem indivíduos adultos masculinos e femininos que não saem do seio
materno [casa] de modo algum por questões de comodidade. Vivem ainda se
alimentando do seio bom e mau materno. Muitos filhos com idade adulta, mesmo
possuindo renda mensal que os permitem viver de forma independente, preferem
residir com a família de origem. E as razões para essa escolha perpassam por elementos
psicológicos. Mais a frente vamos conferir alguns exemplos, para melhor
compreensão da leitura. Hoje, observamos que a pandemias trouxe contrariedades
aos profissionais que tiveram os laços afetivos rompidos com seus clientes
pelos mais variados motivos. Aliança terapêutica rompida. Como você enxerga seu
cliente? Adulto ou Criança!
Todo
profissional ao iniciar a carreira inconscientemente se porta de modo infantil,
onde tem a tendência a agir como criança, por falta de experiência, de
autoconfiança e por aí o que você pensar enquanto lê o artigo. Desde a entrada
na educação do ensino fundamental até a chegada na universidade, são feitas de
transições, de Gestalt e as vezes a pessoa inconsciente tem o desejo de
regressar ao estádio de desenvolvimento anterior em algum ponto. Exemplo, o adolescente
entra no colégio técnico com a finalidade de se formar em técnico em mecânica,
mas depois de formado tem que encarar os desafios de reinserção no mercado de
trabalho. Inconscientemente pode fugir não encarando os desafios, porém busca
outros cursos ou até ingressar em engenharia, como meio de reviver as atitudes
de estudante, escapando das responsabilidades de adulto. O que leva o sujeito
ao nível de desenvolvimento educacional novamente.
O
adulto saudável, para Winnicott, é aquele que teve, na infância, nas primeiras
semanas e meses, estabelecidos os alicerces de sua saúde psíquica. Para o bebê
tornar-se sujeito, é imprescindível que o mesmo seja, desde o início,
reconhecido como pessoa e não como objeto. Por exemplo, o bebê não se importa
tanto que lhe deem a alimentação substancial na hora precisa, mas que seja
alimentado por alguém que ama alimentá-lo.
Em
relação à função da mãe na adaptação às necessidades do seu bebê, Winnicott
(1988/2006) assinala três “tarefas” principais: o holding, o handling e a apresentação
de objetos. A função do holding, comumente traduzida como segurar ou sustentar,
representa, para o autor, o protótipo de todos os cuidados com o bebê: No
início (...) é o ato físico de segurar a estrutura física do bebê que vai
resultar em circunstâncias satisfatórias ou desfavoráveis em termos
psicológicos (p.54). Diz respeito à segurança, o que é fundamental para que o
bebê possa construir se como pessoa, com recursos egóicos estruturados.
Neste
caso o psicólogo está susceptível a atuação inconsciente perante seus clientes,
perante outros profissionais e até mesmo diante de si mesmo por não ter
consciência das ações de autossabotagem, autopunição, desconexão com a
realidade Isto me possibilitou remomerar, sobre o que mencionou o professor de
psicopatologia, que o aluno precisa tomar cuidado após concluir o curso de
psicologia e se atentar se estiver apenas com a intenção de estudar, pois pode
estar usando o mecanismo de regressão, escapando de encarar os desafios do
mercado de trabalho, na tentativa de buscar segurança, apoio no seio materno.
Deste
modo compreendo o desejo de permanecer no seio materno ou no desenvolvimento
educacional. Sempre sugando o leite do conhecimento, dos saberes em relação a
instituição que estiver integrado. Isto não quer dizer que o psicólogo não deve
buscar uma pós graduação ou especialização. Por tanto o psicólogo pode agir
como criança perante seu cliente. Por lhe faltar experiência, falta de compreensão
sobre as possíveis falhas que está cometendo, não estar em acompanhamento
psicológico e outros.
Imagina
o psicólogo que atende crianças nos seus mais diversos aspectos cognitivos.
Exemplo, a relação do psicólogo bebê-criança. Não seria um pouco complicado uma
criança atender outra criança. Este psicólogo sim, deve enxergar seu cliente
literalmente como criança. Mas, e quanto a sua carência infantil, é possível
não a projetar no cliente criança. Sim, é possível, desde que esteja atuado de
modo consciente junto ao paciente e de algum modo já tenha tratado de seus
traumas infantis no acompanhamento psicológico. Por isso, os supervisores de
estágios de clinicas, solicitam que os alunos de psicologia estejam em
acompanhamento psicológico, enquanto estagiarem na clinica nas abordagens que
escolheram para atuação. Recordo-me do estágio em psicodiagnóstico, em que se
atende crianças e pais das crianças. Observe a relação estagiário infantil
atendendo a criança. Depois estagiário infantil atendo os pais adulto da
criança. Por isso a importância de o profissional estar em acompanhamento
psicológico.
O
mecanismo de defesa regressão, é um retorno a um nível de desenvolvimento
anterior ou a um modo de expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de
aliviar a ansiedade escapando do pensamento realístico para comportamentos que,
em anos anteriores, reduziram a ansiedade. Linus, nas estórias em quadrinhos de
Charley Brown, sempre volta a um espaço psicológico seguro quando está sob
tensão. Ele se sente seguro quando agarra seu cobertor, tal como faria ou fazia
quando bebê. A regressão é um modo de defesa bastante primitivo e, embora reduza
a tensão, frequentemente deixa sem solução a fonte de ansiedade original.
Finalmente, na regressão as pessoas, geralmente em estados patológicos, assumem
comportamentos infantis na busca de afeto. Defesa contra uma frustração pelo
retorno a uma modalidade de comportamento e de satisfação anterior.
Alguns
profissionais se posicionam na figura paterna, autoritária guiando conduzindo a
sessão com um superego rígido ao atender clientes. Enxergam seus clientes como
crianças, pensando que eles precisam ser cuidados, amparados, orientados e
protegidos dando-lhes de mamar sempre no mesmo horário marcado na sessão. Pensam
que seus clientes são destituídos de informações, de responsabilidades e etc. Desejam
a todo custo assumir a responsabilidades pela vida deles, e se colocar como
salvador da pátria. O super-herói deles, ou seja, algumas crianças veem a
figura paterna como herói.
Ah,
meu pai é meu herói. E através do mecanismo de defesa projeção, projeta o
personagem de mulher maravilha, batmam, coringa, Deus, a freira, o padre que
exorciza sobre o cliente. O pior de tudo isto, é que o profissional não se deu
conta de suas projeções infantis. Talvez você psicólogo deseje ser o herói do
seu cliente.
E
através, do mecanismo de defesa da negação, negam inconsciente que desejam ser
tratados como bebê, querem ser cuidados, amparados e protegidos por um
personagem herói. Percebem o cliente, como o personagem tio patinhas e precisam
mamar todo o dinheiro, pois estão faltantes de leite ou do seio materno que
representa o dinheiro, o amor. Esse profissional se nega na realidade a
enxergar o cliente como adulto. Porque deste modo por meio do mecanismo defesa
recusa, se recusa a perceber a sua realidade e a lidar com suas dificuldades
que a realidade apresenta. [...] Negação, provavelmente é o mecanismo de
defesa mais simples e direto, pois alguém simplesmente recusa a aceitar a
existência de uma situação penosa demais para ser tolerada. Ex: Um gerente é
rebaixado de cargo e se vê obrigado a prestar os mesmos serviços que exercia
outrora.
Ou
ainda projeta, por meio do mecanismo defesa projeção, seus sentimentos de infantilidade
que não sabe lidar, sobre o cliente. A vida não foi feita para ser fácil e quem
pensa que é fácil está na atitude infantil. Não existe profissão fácil. Falta a
esses profissionais o exercício da empatia, ou seja, se colocar no lugar do
cliente, sabendo que não é o cliente e entender que o protagonista na sessão, é
simplesmente o cliente e não o psicólogo. Mas inconsciente forçam os clientes a
seguir o seu caminho, a sua orientação e não compreendem, onde o cliente está
localizado naquele momento. E neste momento esse profissional busca o
preenchimento de suas carências infantis.
Quem
é o adulto, e quem é a criança na relação psicólogo-cliente. Ações de preencher
o vazio; busca a profissão como meio de fuga. Exemplo, eu não vou ser como meu
pai foi no passado, um fracassado na minha percepção ou ainda serei igual ao meu
pai bem sucedido; não serei igual a ele na questão de falta de educação, mas serei
superior a ele com uma a educação acadêmica. Dinâmica doentia dolorosa, busca
da falta e fuga das coisas doloridas. Projeta no cliente a própria criança, a
figura parental. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar”
(1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição,
fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós.
Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a
resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse
passado recalcado desperta em nós.
A
fuga da realidade é um mecanismo que muitos costumam usar quando não se sentem
fortes o suficiente para enfrentar determinada situação, que pode ser, por
exemplo, a perda de um ente querido, uma demissão, a pandemia, a velhice, a não
reinserção no mercado de trabalho, o desemprego, a insatisfação com algo ou o
fim de um relacionamento. Se você está passando por isso, saiba que o poder
para superar os problemas está em seu interior e é perfeitamente possível
encontrá-lo e fazer dele seu aliado para vencer seus desprazeres. Em muitos
casos, o ato de fugir da realidade se torna um vício e o indivíduo passa a nem
analisar o que está acontecendo verdadeiramente. [...] Essa intenção de
evitar o desprazer, apresentada como “fuga psíquica do desprazer” (Freud, 1916/2014,
p. 101), é identificada como motivação última e eficaz para a produção de atos
falhos e sintomas, sendo reconhecida como um dos princípios do funcionamento
psíquico (Freud, 1911/2010b)
Muitos
indivíduos agem dessa maneira, sem nem ao menos perceber que estão fugindo e
mentem para si mesmos dizendo que estão apenas realizando tal atividade para se
divertir, assistir filme, excesso de sexo, exagero no álcool, excesso de
trabalho e por aí vai. O mecanismo de defesa da regressão ocorre quando uma
pessoa reverte para os tipos de comportamento que eles exibiram em uma idade
mais precoce. O estresse da vida adulta e a ansiedade associada podem levar a
uma pessoa que busca conforto em coisas que associam a momentos mais seguros e
felizes. Como quando se sentiam protegidos e amparados pelas figuras parentais.
[...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma:
a compulsão a repetição também rememora do passado experiências que não incluem
possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram
satisfação, mesmo para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Eles
podem regredir comendo refeições que lhes foram dadas quando criança, busca por
emprego de carteira assinada porque garante a segurança financeira, buscar ser
amparadas por outras pessoas que inconscientemente representam figuras de
proteção e essas figuras podem até ser o filho, primos, primas, voltar para a religião porque se sentem desorientados
e precisam ser guiados por Deus ou líderes religiosos; assistindo a filmes ou
desenhos animados; buscam cursos online/ e ou webséries realizadas por diversos
tipos de profissionais nas redes sociais, inclusive por professores ou psicólogos,
na tentativa de encontrar um caminho para seus problemas, agindo sem pensar nas
consequências de suas ações. São ganhos infantis que as impedem de avançar, mas
pelo contrário elas permanecem na zona de conforto da infantilidade.
O
adulto pode agir inconsciente nas fases do desenvolvimento psicossexual como, a
fase oral, anal, fálica, latente e o estágio genital. Exemplo, fixação Oral,
onde adultos que são oralmente fixados podem comer, fumar ou beber, desejo de
chupar vagina/pênis para lidar com a ansiedade, nervosismo. É lógico que não
existe nada de errado em buscar conhecimento, saberes, mas sim qual o propósito
para isto. Porque as vezes a pessoa não quer fazer a transição, ou seja, sair
da condição de estudante para reinserir-se na posição de profissional. Para a
psicanálise vontade e desejar são dois conceitos diferentes, ou seja, posso
desejar atuar no mercado de trabalho, mas inconscientemente não tenho vontade
de trabalhar porque desejo continuar estudando, pois somos sujeitos divididos
entre nossa consciência e nosso inconsciente e esse jogo de forças se faz
presente em todo ser humano.
Aqui
é necessário que morra o estudante para nascer o profissional e
inconscientemente o sujeito atua no modo mecanismo de defesa da regressão
agindo com atitudes anteriores de estudante, pois se sentia seguro, estável na
universidade e não precisava assumir a responsabilidade de conseguir ativos
para sustentar-se ou encarar os desafios que a pandemia trouxe ao mercado de
trabalho. O medo de correr risco, arriscar-se, avançar o mantem na condição de
imaturidade.
Os
mecanismos de defesa são determinados pela forma como se dá a organização do
ego; quando bem organizado, tende a ter reações mais conscientes e racionais.
Todavia, as diversas situações vivenciadas podem desencadear sentimentos
inconscientes, provocando reações menos racionais e objetivas e ativando então
os diferentes mecanismos de defesa, com a finalidade de proteger o Ego de um
possível desprazer psíquico, anunciado por esses sentimentos de ansiedade,
medo, culpa, entre outros. Concluindo, os mecanismos de defesa são ações
psicológicas que buscam reduzir as manifestações iminentemente perigosas ao
Ego. [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e
será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma
situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Todos
os mecanismos de defesa exigem certo investimento de energia e podem ser
satisfatórios ou não em cessar a ansiedade, o que permite que sejam divididos
em dois grupos: Mecanismos de defesa bem-sucedidos e aqueles ineficazes. Os
bem-sucedidos são aqueles que conseguem diminuir a ansiedade diante de algo que
é perigoso. Os ineficazes são aqueles que não conseguem diminuir a ansiedade e
acabam por constituir um ciclo de repetições. O menino responde ao conflito com
duas reações simultâneas: por um lado, rejeita a realidade por meio de certos
mecanismos e não se deixa proibir nada; por outro lado, reconhece o perigo da
realidade, assume a angústia como um sintoma a padecer e a seguir busca
defender-se dela.
O
sujeito pode estar preso no mecanismo de defesa da regressão por diversas
razões atribuídas e a esse fato passam por diversos fatores, como a pressão
financeira que advém da insegurança e da instabilidade que se vive até que se
construa uma vida econômica estável e segura e as vezes a pessoa até construiu
essa vida econômica, mas por motivos desconhecidos ou conscientes o levara a
perda desta estabilidade econômica e agora frente a pandemia tem a tendência a
regressar as atitudes anteriores, onde se sentia estável economicamente,
exemplo, busca por empregos em multinacionais, concursos públicos, isto devido
a angustia, a insegurança. A angustia, é então considerada como um intenso
afeto de desprazer vinculado estritamente a sexualidade. Segundo FREUD, a
angustia é considerada como um sinal de alarme, motivado pela necessidade de o
eu se defender diante da eminência de um perigo. Trata-se eminentemente de uma
reação á perda, a separação de um objeto fortemente investido.
A
pessoa está atrás de segurança, aquela segurança materna, onde se sentia
acolhida amparada pelo seio materno. Mas ao olhar para sua realidade e se ver
sem a estabilidade econômica a ausência de segurança lhe causa o medo, a
insegurança, as incertezas. Portanto acaba buscando segurança nas mais diversas
relações, como no casamento, no emprego, na religião, na profissão, na compra
de uma residência, na compra de um automóvel. Pode também ocorrer da pessoa
encontrar a segurança intelectual na profissão, seja, psicologia, engenharia,
empreendedorismo, teologia. Mas, este profissional ainda pode estar com a
segurança econômica afetada, por tanto busca a falsa segurança no dinheiro.
E
com isso não percebe conscientemente que está agindo como criança na busca de
algo impossível. As vezes o próprio indivíduo acaba se autossabotando ou ainda
se autopunindo inconscientemente ao agir no modo infantil sem que perceba, pois
acaba agindo na compulsão a repetição da infantilidade por não saber lidar com
os sentimentos de impotência, carências infantis advindas da representação do
dinheiro e corre para outras abordagens de psicologia, corre atrás de
profissionais para realizar diversos cursos. Acaba entrando na relação de Codependência,
ou seja, torna-se dependente de outros profissionais. Com isto, ocorre o
desrespeito do profissional consigo mesmo.
O
sentimento de impotência ou onipotência. Na impotência ele é escravo de
técnicas, abordagens, cursos milagrosos, e neste ponto ele valoriza o que vem
de fora e se sente inferior, sentimento de menos valia. A técnica a abordagem também
perde o valor. Já na onipotência, ele age como se estivesse por cima do
cliente, ou seja, superioridade, onde ele pensa, eu faço o que quiser com
cliente, eu mando e ele obedece. Isto faz com que o cliente se afaste no futuro.
É um desrespeito para com o cliente. Qual objetivo de ter um cliente online?
Vou tirar do cliente tudo que ele tem de bom para mim, exemplo, o dinheiro,
amor, atenção, reconhecimento. Isto é uma relação de abuso, então no fundo o
objetivo, não é ajudar o cliente a resolver a sua queixa. Mas mamar no seio do
cliente, ou seja, sugar o ativo do cliente. [...] Klein (1996d) localiza
a posição esquizo-paranóide entre o nascimento e o terceiro ou quarto mês de
vida do bebê, período em que os processos de cisão do seio em seio bom
(gratificador) e seio mau (frustrador) estão em seu ponto máximo, assim como os
impulsos destrutivos. Conforme Couto (2014), os impulsos amorosos projetados
pelo bebê dão origem ao seio bom e os impulsos destrutivos dão origem ao seio
mau. Há o objeto amado e o objeto odiado, que o bebê imagina serem separados.
Como o ego se identifica com os objetos bons internalizados, a ansiedade
persecutória está intimamente ligada à sua preservação, já que há o perigo de
que os impulsos destrutivos do bebê ataquem os objetos bons e,
consequentemente, o ego, provocando a desintegração deste.
Assim
como existe a mãe suficientemente boa para o bebê, existe a mãe não suficiente
para o bebê. Aqui se aplica ao psicólogo suficientemente bom para o cliente que
não precisa ser perfeito, mas auxilia o cliente a adaptar-se, a ser resiliente
perante as contrariedades, percebe o cliente como adulto que é responsável
pelas ações. E o psicólogo suficiente mau, ou seja, tem o seio mau. Só pensa em
sugar do cliente para compensar as carências infantis, enxerga o cliente como
bebê que ainda não é responsável pelas ações. A típica relação abusiva, onde o
psicólogo seio mau exercer poder, domínio, sedução sobre o cliente. É o chamado
sadomasoquismo.
O
cliente está nesta relação para preencher a falta, pois o sujeito é faltante
das qualidades que deseja pegar do cliente. E no caso o profissional que age
deste modo teve relações abusivas no passado, exemplo, na família, na escola,
na organização, no namoro, no casamento e outros. Então inconscientemente ele
deseja abusar do cliente também, é a relação sadomasoquista inconsciente. Esse
profissional ainda está alienado e não atua de modo consciente. Lhe falta
acompanhamento psicológico.
Também
existe a falta de relação consigo mesmo, onde o profissional não tem cliente e
menciona; eu não consigo viver, preciso ter um certo número de cliente para que
me sinta seguro economicamente, me sinta valorado, me sinta reconhecido, e esse
cliente precisa depositar o seu dinheiro em mim que represento a sua poupança,
onde pego essa energia libidinal que representa o ativo e posso colocar a
energia em movimento no mundo em, cursos, alimentação, recarga de celular,
pagar aluguel e outros. O cliente é o seio materno, onde o profissional precisa
mamar no seio para satisfazer-se, por se sentir faltante do cuidado das figuras
parentais.
Esta
é a relação de sobrevivência, onde o profissional parece um bebê que precisa
mamar no seio bom, e o cliente é o seio bom com o leite e se, ele não tem o
leite que representa o dinheiro para pagar o valor justo da sessão ele vai
embora. Então o profissional abaixa o valor da sessão para não perder o leite,
usa de encantamento para convencer o cliente e até manipulação, ou seja, chora,
faz birra como criança para que o cliente estabeleça uma relação materna, ou
seja, mãe-bebê para conseguir o tão sonhado seio materno para ser amamentado.
Este profissional está reproduzindo na relação com o cliente os traumas que
sofreu na infância, na adolescência.
Agora
quanto ao mecanismo de defesa da projeção, o profissional projeta no cliente à
sua própria criança. E no caso projetar a própria criança, é transferir para o cliente
as carências infantis que o profissional carrega em si e não sabe como lidar, e
neste ponto o cliente vem com suas queixas, mas o analista acaba inconsciente transferindo
suas queixas infantis no cliente. E quando a realidade aparece ao cliente a
relação não tem futuro e acaba. Neste ponto o cliente se sente abusado,
enganado, traído, frustração, desconfiança, medo em relação ao profissional, e
será um ponto negativo para o marketing de divulgação.
Quanto
á questão transferencial positiva, o cliente percebe o psicólogo como figura
parental e transfere amor, carinho, atenção. Pode até investir energia sexual no
psicólogo se casamento estiver em conflito. A transferência negativa é onde
muitos clientes processam profissionais, exemplo, na medicina ocorre muito
isto. O cliente sente raiva do profissional por que falou algo que não gostou,
não enxerga o profissional como bonzinho ou como aquele que cometeu um erro,
mas por ser médico ou psicólogo não poderia cometer a falha que causou mal a
ele. Exemplo, uma mulher busca no médico esteticista, realizar a cirurgia para
aumentar os seios. Neste ponto projeta sentimentos de confiança, carinho,
atenção sobre o profissional, ocorrendo a transferência positiva.
Mas
ao sair da cirurgia e enxergar que o médico cometeu uma falha no seu ponto de
vista, ou seja, o seio não ficou como gostaria que ficasse na sua percepção,
mas na percepção médica está perfeito. Surge a transferência negativa, onde a
paciente movida pela raiva decide processar o médico. Percebe que o
profissional não cuidou da maneira como ela gostaria, ou não cuidou do seu seio
de modo correto. Diversos clientes percebem o profissional como: você não me
ouve, não me enxerga, não concorda comigo, não faz o que eu desejo, você me
prejudicou, você me roubou, você não me ama.
E
a contratransferência é descrita como uma resposta emocional do analista aos
estímulos provenientes do paciente, como resultado de sua influência sobre os
sentimentos inconscientes do analista. Nesse sentido, a contratransferência
pode ser um obstáculo se praticada pelo analista. Se deixar-se levar por
aqueles afetos que começa a sentir pelo paciente – amor, ódio, rejeição, raiva
–, quebra a lei da abstinência e da neutralidade pela qual deve ser governado.
Assim, longe de beneficiar o trabalho analítico, o prejudica. Exemplo, o
psicólogo enxerga o cliente como uma das figuras parentais, exemplo a mãe,
então deseja tratar cuidar do cliente como gostaria de cuidar da mãe que estava
enferma.
Ou
ainda olha para o cliente que sofre de esquizofrenia, depressão, transtorno
obsessivo toque, síndrome de pânico e deseja ser seu salvador, o libertador, o
cuidador, o paizão, o super-herói, porque a enxerga como a criança que precisa
ser pega pelas mãos para caminhar juntos, pois é incapaz de andar sozinha. Pode
transferir para o cliente, raiva, afeto, atenção. O que traz consequências para
a relação se o profissional não estiver atento a estes sentimentos. Essas defesas
estão em todas as profissões. Imagine agora você que foi estudante de
psicologia, a relação professor-estudante foi permeada por esses mecanismos de
defesa o que fez com que você discutisse, brigasse, desrespeitasse o professor
em sala de aula. O estudante agiu como criança, embora tivesse a idade acima de
18 anos e ainda desejava ser percebido pelo professor como um adulto. Os
professores de psicologia cada um de acordo com sua abordagem reconheciam as
dinâmicas relacionais que os estudantes expressavam em sala de aula.
No
caso à questão financeira, relação de pouco dinheiro, onde o profissional está
sempre buscando uma boia salva vida, ou o tio patinhas e coloca atenção
seletiva de que o ativo deve vir de algum lugar, esquecendo-se de olhar para
outros estímulos e passa a atentar para a prospecção de clientes, auxilio
emergencial, projetos para atrair clientes, realização de outros cursos, post
de conteúdos, ou seja, começa a criar novas ilusões na tentativa de que a falta
econômica seja preenchida. Está investindo a energia libidinal no externo para
tentar sobreviver com pouco dinheiro. É lógico que isto não é errado, mas é
preciso analisar as ações. Mas, e quanto a sua atuação como bebê, que ainda resiste
a não percebeu por estar tão envolvido emocionalmente no ganho econômico para
honrar seus compromissos.
Observa-se
que a resistência é um mecanismo inconsciente ligado à parte do eu regida pelo
princípio de realidade, que procura saídas contra a invasão dos elementos indesejáveis
provenientes do próprio inconsciente e dos conteúdos recalcados. Quanto mais
pressionado o eu se encontrar, mais fortemente se apega a resistência. Alguns
aspectos de uma resistência podem ser conscientes e outra parte fundamental é
realizada pelo ego inconsciente. As resistências são repetições das produções
defensivas realizadas pelo paciente em sua vida. As diversificações dos
fenômenos psíquicos podem ser objetivadas na resistência, mas, qualquer que
seja sua fonte, a resistência age através do ego do paciente.
Neste
caso compreendemos a resistência de ganho secundário. Esses ganhos secundários
oriundos dos sintomas são bem conhecidos sob a forma de vantagens e
gratificações obtidas da condição de estar agindo como bebê e de ser cuidado,
ou ainda sob a gratificação do dinheiro que precisa agir como adulto diante do
cliente
O
dinheiro é fonte de satisfação, mas também de ansiedade e preocupação.
Compreender a sua relação com ele pode significar fazer as pazes consigo mesmo,
caminho para ter uma vida mais próspera e feliz. Existem muitas outras frases
negativas sobre o dinheiro, com a ideia de que o dinheiro é sujo, de que para
alguém ganhar, alguém tem que perder. Concepções religiosas também interferem,
como a crença de que ter dinheiro não permite o desenvolvimento da
espiritualidade, ou que para ser religioso é necessário abandonar tudo. A
educação financeira tem a ver com a gestão e o cuidado com os recursos
financeiros que a pessoa tem. Então, a partir do momento em que o sujeito conhece
bem suas necessidades, suas carências e pontos de fragilidade, é possível saber
as razões pelas quais se descuida neste aspecto da vida. É exatamente isso que
a psicologia financeira estuda.
Mas
em contra partida a relação com buscar muito ativo, onde encontra um nicho e
começa a ganhar muito dinheiro, isto pode sinalizar um problema. E se a pessoa
está em falta das representações do dinheiro. O que vai acontecer na hora que
estiver em excesso de dinheiro. Ela pode
começar a preencher a falta, aliviando o mal-estar com sexo, álcool, gastar em
coisa fúteis. Exemplos, profissionais do futebol com más condutas.
O
sujeito adulto agindo na infantilidade de modo inconsciente está com pouca ou
nenhuma percepção da realidade, e se não captar bem a própria realidade e a do
entorno, cairá facilmente numa falta de harmonia consigo mesmo e com aqueles
que o cerca. Devemos aprender a medir bem as distâncias e as proximidades,
valorizando cada ponto e cada situação, que é o que devemos e o que queremos
fazer.
A
compulsão à repetição é o processo de reviver interminavelmente determinada
neurose que é caracterizado por perturbações afetivas e emocionais [angustia,
autopunição, depressão, obsessão, fobia, raiva, rebeldia] que a pessoa não pode
controlar, mas de que tem consciência e que não afetam a integridade das suas
funções mentais; assim sendo, quando o sujeito repetia a insatisfação, seria
uma tentativa de descarregar a energia acumulada ou represada até conseguir o
êxito de sua missão.
Exemplo,
certo profissional que trabalhava em uma multinacional, se demitiu da empresa
ou do seio materno para ir para outra empresa na função de técnico de mecânica,
mas por infelicidade a empresa sofreu falência, gerando medo, insegurança e
instabilidade econômica no indivíduo. Este mesmo profissional atuou no
mecanismo de defesa da regressão e regressou à multinacional anterior, pois lá
encontrou de novo a segurança econômica promovida pela hierarquia paternalista,
onde o pai cuida do filho. Observamos aqui a compulsão a repetição do seio bom.
Já ouviu está expressão, está empresa é uma mãe [seio bom].
Já
neste exemplo, um indivíduo na ocupação de técnico em mecânica tenta a
transição para a carreira de empreendedor consultor técnico, mas não tem
experiência alguma em empreendedorismo, levando ao fracasso. Mesmo tendo feito
um curso de consultoria e empreendedorismo. Esse sujeito sofre a transição do
fracasso de carreira que gera insegurança na área financeira. Em consequência
faz diversas tentativas de buscar novamente a segurança econômica em empresas
multinacionais. Novamente o mecanismo de regressão se faz presente na tentativa
de voltar a obter o prazer do seio materno, a proteção, o amparo, o mamar no
seio e ter o dinheiro, mas não tem sucessos. [...] Para Freud
(1917[1915]), esse trabalho de luto (reação à perda) que obedece ao imperativo
do teste de realidade – o objeto amado não existe mais – consiste num
desligamento gradual da libido do objeto ou dos ideais perdidos, para que no
final desse processo o “eu” possa se ver livre, desinibido e apto para realizar
outros investimentos em novos objetos e situações.
Se
esse processo de elaboração da perda não ocorrer satisfatoriamente, teremos a
manutenção dos sofrimentos, dos conflitos e provavelmente a ocorrência de um
luto interminável, geralmente patológico, que governará a vida deste
profissional. No trabalho do luto, o
processo de desligamento de um objeto amado [ser empreendedor consultor], seja
por morte ou separação, é uma tarefa dolorosa e difícil que põe à prova, pois
obriga o sujeito á se reconstituir.
Agora
surge a oportunidade em uma nova profissão para empreender por conta própria,
mas parece que o sujeito se apercebe travado, bloqueado pelo passado fracassado
de empreender em consultoria técnica. Pode se mencionar que, a heurística
afetiva deste profissional está no fracasso e em consequência não consegue
analisar as tentativas, os esforços que faz no aqui-agora. Heurística em
psicologia é uma regra em que o inconsciente reformula um problema e o transforma
em um mais simples, que pode ser resolvido facilmente, ou quase que
automaticamente, ou seja, é uma espécie de truque que a mente usa para
facilitar as tomadas de decisões sem passar pelo crivo do raciocínio lógico.
Podemos
mencionar também que a atenção seletiva desta pessoa, está voltada ao fracasso
de empreender e se esquece de avaliar os possíveis estímulos oriundos do
mercado de trabalho como excelente oportunidade para se tornar empreendedor. Ou
seja, neste caso o sujeito não quer regressar ao estado anterior do passado
quando tentou se tornar empreendedor, está tentando escapar da compulsão a
repetição do fracassado empreendedor. Este profissional pode não ter elaborado
bem, o luto perda da identidade profissional empreendedor consultor.
O
medo de empreender por ter o trauma do fracasso, o conduz a não ação consciente
do empreendedorismo, mas sim a agir na resistência de não desejar empreender, entretanto
ainda permanece na compulsão a repetição de realizar movimentos de empreender
nas redes sociais, mesmo com fracassos. Contudo, ainda investi energia libidinal
na busca de submeter-se a instituição, organização com o interesse e motivação
da estabilidade econômica, advinda de uma hierarquia empresarial para ser
cuidado, amparado e poder mamar no seio organizacional. O chamado mamar na teta
da empresa.
Referência
Bibliográfica
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Popular, 1968
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(Obra
original publicada em 1987)
WINNOCOTT,
D.W “A criança e o seu mundo”, Rio de Janeiro: LTC, 1982.
_ “Tudo
começa em casa”, São Paulo: Martins Fontes, 2016.
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