Fevereiro/2020. Escrito por Ayrton Junior -
Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo convida o leitor(a) a repensar sobre suas expectativas não
alcançadas que geraram desilusão, pois não observa o fenômeno desemprego. Não
consigo emprego? Reflita e compreenda. É fácil sentir-se frustrado se você
estiver procurando emprego há muito tempo e não conseguiu se reinserir ou nada
aparece da forma como idealiza. Procure compreender o cenário econômico. Depreenda
de modo intelectual que muitas vezes, um cenário econômico desfavorável mascara
a sensação de que você não é suficiente para voltar ao mercado de trabalho,
pois as vezes está faltante de especialização, de competências, de
conhecimentos, de habilidades e experiências. Portanto não é culpa sua se não
estiver conseguindo emprego neste momento. Em uma maioria dos seguimentos são
exigidos especialização, competências, conhecimentos e experiências e isto você
que lê este artigo tem de sobra.
De
acordo com uma das afirmações clássicas de Freud, o sentimento de culpa é o
resultado de uma tensão entre o ego e superego, que se manifesta como uma
necessidade de castigo. Esta culpa pode induzi-lo a desvalorizar-se, sentir-se
desesperado e conduzi-lo a não pensar, mas agir de modo impulsivo, agressivo e
rude com outras pessoas e consigo mesmo e até atos delinquentes. O fato do
indivíduo se mostrar preocupado pode ser compreendido como um sentimento
positivo, que o faz se sentir responsável e indispensável para o mover em
direção a saída desta situação desde que não seja exagerado.
Agora
o mercado de trabalho se refere às possibilidades de venda do trabalho e sua
remuneração; campo de trabalho são as diferentes formas de intervir na
sociedade a partir da formação básica, bem como as demandas sociais [as
necessidades que a sociedade apresenta das atividades que uma profissão pode
executar]. Segundo Freud ao descrever trabalho para ele é, uma clara alusão e
às conquistas que o homem alcançou por seu intermédio, oferecendo as bases para
o surgimento das instituições que regem as relações humanas. De acordo o autor,
a civilização por um lado, inclui todo o conhecimento e capacidade que o homem
adquiriu com o fim de controlar as forças da natureza e extrair a riqueza desta
para satisfação de necessidades humanas; por outro, inclui todos os
regulamentos necessários para ajustar as relações dos homens uns com os outros
e, especialmente, a distribuição da riqueza disponível. [...] Em sua
obra “Além do Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a
repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade
alguma de prazer e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram satisfação, mesmo
para impulsos instintuais que foram reprimidos.
Freud
(1930, p. 36) expõe, nesse momento, o que pensa a respeito do lugar ocupado
pelo trabalho na economia libidinal, apresentando elementos de grande
relevância para o tema aqui tratado. Apesar da forma sucinta que ele próprio
admite ter adotado para tratar do assunto, não podemos deixar de ressaltar a
pertinência de algumas de suas considerações, como sua ênfase no trabalho como
a técnica para a condução da vida que mais prende a pessoa ao mundo real, e que
no mínimo a insere de modo seguro numa porção da realidade, na comunidade
humana. É interessante também sua percepção a respeito do valor do trabalho, ao
colocá-lo como imprescindível para a afirmação e a justificação da existência
na sociedade, além da particular satisfação que proporciona aos indivíduos,
quando é escolhido livremente.
No
entanto, finaliza essas considerações de forma surpreendente, reiterando sua
visão essencialmente negativa a respeito do trabalho, já exposta em O futuro de
uma ilusão (1927), isto é, colocando-o como uma via não muito apreciada para a
felicidade, além de ser uma atividade pela qual a grande maioria das pessoas
sentiria uma natural aversão, submetendo-se a ela apenas pela imposição da
necessidade. Ou seja, ninguém gosta de trabalhar ou trabalhar com atividades
que gerem desprazer, embora por falta de opção o indivíduo acaba exercendo.
Mas sabe-se que Marx não tratou do
trabalho apenas na sua positividade, desvelando também os processos de
alienação a que o homem está sujeito no seu esforço de transformação de mundo.
Assim, embora tenha admitido que foi apenas no capitalismo que se tornou
possível a emergência do indivíduo, concluiu que a individualidade que emerge
dessa forma de sociabilidade é cindida, clivada, estranhada. Nesse sentido,
dentro dos limites impostos pelo
capital, o desenvolvimento individual e o desenvolvimento das forças
produtivas se dão de forma antagônica, ou seja, o indivíduo trabalhador se
aliena vinculando-se às condições que lhe foram impostas não para seu próprio
enriquecimento, mas para servir ao enriquecimento de outrem, às expensas da sua
miséria (Chasin, 1999). Assim, trata-se de um mundo invertido, no qual a
produção da riqueza gera desigualdade do homem e o domínio da natureza pelo
homem que leva à perda do domínio do homem sobre si (Chasin, 1999, p. 58).
Nesse sentido, o homem egoísta,
agressivo e hostil em relação à cultura, identificado por Freud à sua época, só
pode ser entendido como um produto histórico, sendo que, as condições criadas
para seu aparecimento atingiram seu desenvolvimento máximo no capitalismo. Ou
seja, esse modo de ser dos indivíduos não pode ser visto como uma invariante
natural, mas como uma variável histórica: não se é um indivíduo da mesma forma
numa comunidade primitiva, numa sociedade de ordens ou de classes, numa
civilização sem classes. A oposição fundamental entre o indivíduo e a
sociedade, não faz mais do que refletir uma separação entre os homens e as suas
condições sociais de existência, separação que se desenvolveu com a produção
mercantil para culminar na alienação capitalista, na qual se evidencia a
ideologia do indivíduo abstrato (Sève, 1989, p. 149).
A
sociedade não é algo contraposto ao indivíduo, algo exterior, nem uma carga que
impede o desenvolvimento da individualidade e, por consequência da
subjetividade. Ao contrário, somente em sociedade inclusive nas formas mais
adversas assumidas por determinadas formações históricas, é que o indivíduo
pode manifestar, ainda que de forma alienada, a sua vida física e espiritual
(Rocha, 2003, p. 89).
Concebo
a ideia de compulsão para o trabalho, como uma das bases sobre as quais repousa
toda civilização. E a fonte de toda a hostilidade que percebo em grande parte
dos homens em relação à cultura e ao trabalho que está lhe impõe, se encontra
na forma injusta de distribuição de uma riqueza que, finalmente foram eles que
produziram. Entendo que não é o trabalho em si que os indivíduos em geral
rejeitam, contudo, uma dada forma de organização da atividade produtiva, bem
como de apropriação dos seus resultados, sendo ambas historicamente datadas. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto
maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
Todas essas conquistas que o homem, por
meio de sua ciência e técnica, realizou nesta terra onde ele surgiu
primeiramente como um fraco animal (Freud, 1930, pp. 51-52), constituiriam,
segundo o autor, um patrimônio que pode reivindicar como aquisição cultural.
Com isso, aquela concepção ideal de onipotência e onisciência que o homem havia
antes corporificado em seus deuses, pode ser vista agora nessas aquisições que
o aproximaram bastante desse ideal tornando-se ele próprio quase um deus. Ou
seja, o ser humano tornou-se, por assim dizer, uma espécie de deus protético,
realmente admirável quando coloca todos os seus órgãos auxiliares; mas estes
não cresceram com ele e, ocasionalmente lhe dão ainda muito trabalho. No
entanto, prossegue ele, apesar de tantas conquistas, é impossível esquecer que
o homem de hoje não se sente feliz com essa semelhança.
No capitalismo, embora o progresso
social tenha sido aprisionado a serviço da riqueza, os indivíduos em seu
conjunto, e não apenas como partes bem delimitadas da comunidade, podem se
apresentar inclusive como produtores e consumidores da cultura e da
cientificidade. Isto significou, na realidade, a expansão dos meios e produtos
da cultura a um grau de universalidade inaudito, o que por si só constitui
significativo avanço da humanização dos homens. O problema, portanto, não se
encontra na produção da riqueza e sim na lei que rege sua apropriação pelos
indivíduos. [...] Trata-se também de uma atividade que envolve sempre
uma dimensão teleológica, ou seja, que ocorre de forma consciente e proposital,
significando que nela existe uma prévia ideação daquilo que se deseja realizar
(Lukács, 1978). Portanto, a consciência tem uma importância decisiva nesse
processo, indicando que o homem não efetua apenas uma transformação na matéria,
uma vez que isto o animal também o faz. Ele realiza sua subjetividade na
materialidade objetiva, evidenciando, no ato de trabalho, o Inter fluxo entre
objetividade e subjetividade (Chasin, 2010).
Os
trabalhadores têm toda a liberdade para escolher onde vão trabalhar. A forma
com que uma pessoa escolhe vai de acordo com os seus interesses e suas
habilidades] é para ajudar a clarear essa escolha que a gente existe]. A
remuneração $$$ varia conforme a sua capacidade de trabalho. Hoje, o mercado de
trabalho está muito competitivo. Pela facilidade de se conectar às pessoas,
muitas empresas competem de igual para igual quando falamos de alcance. Pense
na Coca e na Pepsi, o que a Coca faz que a Pepsi não faz? Mas isso não é o
suficiente, você precisa agregar valor ao seu trabalho. Para ser bem-sucedido,
rico, milionário, e referência na sua área de atuação, você pode seguir
qualquer caminho que desejar. Mercado de trabalho é a relação entre a oferta de
trabalho e a procura de trabalhadores, e o conjunto de pessoas e/ou empresas
que em época e lugar determinados, provocam o surgimento e as condições dessa
relação.
A sua formação e socialização, advém
destes relacionamentos mantidos com diversos tipos de pessoas que estejam a sua
volta. É através deste convívio que o profissional amplia a sua bagagem de
conhecimentos e experiências e transmite a suas potencialidades para o mercado.
Muitos desempregados podem ter dificuldade para encontrar um emprego devido à
falta de treinamento, formação, educação, preconceito da idade e o desejo de
ter melhores empregos e que, nos negócios e na indústria, trabalhadores são
contratados para dar retornos superiores, ao valor que recebem por seus
serviços porque se não for assim, a empresa poderá demiti-los. Contudo não desista da busca pelo emprego.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
Freud,
S. (1930/2010). O mal-estar da civilização. In O mal-estar da civilização,
novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos (Sigmund Freud,
Obras Completas, vol. 18). São Paulo. Companhia das Letras.
Lukács,
G. (1978). As bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem. In M. A.
Nogueira, G. M. Brandão, J. Chasin, & N. W. Sodré (Orgs.), Temas de
Ciências Humanas (pp. 1-18). São Paulo: Editora Ciências Humanas Ltda.
Rocha,
F. A. (2003). O complexo categorial da subjetividade nos escritos marxianos de
1843 a 1846. Dissertação de Mestrado. Curso de Mestrado em Filosofia,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte
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