Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo tem a intenção de encaminhar o leitor a regressar a atenção
seletiva a fim de desvelar qual é a sua responsabilidade na desordem da qual
você se queixa. O termo desordem remete a falta de ordem, desarrumação,
desalinho e confusão em relação a nossa percepção e compreensão.
Uma
manifestação na qual os indivíduos que são considerados a massa corroboram para
desaparecer a ordem social das atitudes harmoniosas e perfazem com
comportamentos desordeiros, na percepção de quem está fora da manifestação é
percebido como uma desordem comportamental por parte dos integrantes.
Exemplos
de desordem da qual vosmecê se queixa, desemprego; políticos corruptos;
precariedade nos hospitais; salário baixo; ausência de moradia; escassez de
clientes providos de moeda; preço alto do combustível; preço alto dos alimentos
em supermercados; transporte coletivo precário e o que o senhor pensar enquanto
lê o texto, pois a lista é enorme de desordem. Porém é difícil encontramos um
catálogo de posturas responsáveis perante as queixas.
O
termo desordem social expressa destruir, inutilizar ou deteriorar bem público
ou privado, ou praticar qualquer outro crime ou ato violento, com o fim de
alterar gravemente a paz pública, de atemorizar a coletividade ou determinado
grupo de pessoas, de provocar descrença nas autoridades públicas legalmente
constituídas ou constrangê-las a praticar.
E
vossemecê qual é a sua responsabilidade na desordem social causada na
manifestação da qual você reclama? É lógico que o senhor nunca parou para
repensar neste tema, pois evidentemente pensará que não tem incumbência alguma,
por não estar participando ativamente no meio dos manifestantes, mas está como
telespectador. E agora existe algum compromisso com o tema ou não?
O
conceito de desordem na psicologia é percebido como distúrbios e perturbações
que prejudicam a mente, os sentimentos, a vida social, a percepção de
realidade, as relações sociais e muito mais. Elas chegam, até mesmo, a
ocasionar dificuldades físicas. Resumidamente, prejudicam o bem-estar e a saúde
da pessoa como um todo.
No
entanto o conceito de queixa pode ser concebido como uma reclamação inicial que
impulsiona uma busca por escuta, a demanda pode ser entendida como o real
pedido [motivo] de ajuda - e não a reclamação pela qual o indivíduo foi à
clínica.
Queixa
principal [QP] é o que o paciente comenta como motivo da consulta. Em
psiquiatria/psicologia ela pode ser depressão, pânico, medo excessivo [fobia],
pensamentos obsessivos, insônia, problemas conjugais, problemas com filhos,
abuso de drogas, delírios, alucinações, ideias de perseguição dentre outros.
A
demanda do paciente, nos dias atuais, não difere serviços de saúde de outros
tipos de serviços e exige comodidade, conveniência e atendimento que reflitam
suas preferências e condições.
É
um movimento quase incontrolável que transcende as gerações atuais. Algumas
demandas para a psicologia como problemas mais gerais como dificuldades nas
relações familiares, dificuldades em realizar atividades remotas, temor do
futuro profissional, também figuram entre as demandas mais recorrentes no nosso
cenário.
Exemplo,
um psicólogo que está empreendendo em psicologia nas redes sociais a longo
tempo, aplicando e praticando marketing de posicionamento, conteúdo digital de
anúncios sobre seu trabalho através de vídeos, post e ainda assim não consegue
que o cliente compareça a sua presença a fim de o assalariar.
Qual
será o comprometimento na desordem da qual este psicólogo se queixa? E se for
vossemecê leitor este psicólogo, qual é a sua responsabilidade na desordem da
qual você se queixa? Ah!!!, não parou para repensar né!
O
psicólogo é responsável na desordem da qual ele se queixa em não conseguir
cliente guarnecido de papel moeda, por exemplo, em depositar esperança e
expectação nas redes sociais; não desejar investir no orçamento pago de
impulsionamento; achar-se auto suficiente para atrair clientes manipulando os
meio de marketing gratuito; esbarrar-se alienado a redes sociais e não observa
outros caminhos; executar tarefas repetitivas todos os dias de publicação de
post sem se perguntar o real motivo para estar agindo na compulsão a repetição;
se deparar com o desemprego e escassez
de dinheiro para investir em especialização e pós graduação; esperar por um
milagre; aplicar conceitos estrategistas de outros colegas sem resultados e por
aí vai.
Outro
exemplo, é um cidadão desempregado na meia-idade que não consegue empregar-se
porque o mercado de trabalho se mostra preconceituoso em relação a candidatos
que tem a idade superior a 45 anos, então qual será a obrigação na desordem da
qual o desempregado se queixa? Esse cidadão conserva-se na compulsão a
repetição como alienado e autômato as próprias ações, pensamentos e crenças. [...]
Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar” (1914), texto esse em que
começa a pensar a questão da compulsão à repetição, fala do repetir enquanto
transferência do passado esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos
recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a resistência a recordar,
quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse passado recalcado desperta
em nós.
O
exemplo, seguinte se trata de quando uma família não possui uma direção clara
para solucionar seus problemas, dizemos que está em conflito. Isto é, há uma
situação de tensão que causa pressão em todos os indivíduos e é preciso
realizar ajustes a fim de estabilizar a dinâmica familiar. Qual é o seu encargo
na desordem da qual vosmecê se queixa?
Neste
exemplo, adicional pertinente a trabalho organizacional, notamos que existem
profissionais que negam a existência de conflitos, outros desistem do seu ponto
de vista para não ter que entrar em discussões, e há aqueles que querem
realmente resolver a dificuldade.
Os
conflitos costumam começar de maneira leve, quase que imperceptível. Pequenos
sinais como perda de interessa em atividades ou troca de indiretas entre os
funcionários indicam que algo não vai bem.
Os
conflitos acontecem após momentos de frustração, quando alguns funcionários se
sentem excluídos de um projeto, desvalorizados ou prejudicados. Então qual será
o compromisso na demanda da qual o colaborador se queixa?
Este
conceito, sobre ansiedade diz que a ansiedade é um estado psíquico natural que
é muito útil para nos alertar de um perigo e fazer com que nos preparemos para
enfrentá-lo. No entanto, ela tem sido definida, de maneira geral, como um estado
emocional desagradável acompanhado de desconforto físico e que, geralmente,
possui relação com o medo. Para uma pessoa ansiosa, qual será a sua
responsabilidade na desordem da qual ela se queixa sobre a ansiedade no
consultório particular? [...] Esse medo marcará nossa memória, de forma
desprazerosa, e será experimentado como desamparo, “portanto uma situação de
perigo é uma situação reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud,
2006, p.162).
Vossemecê
desaprova as atitudes dos operadores de telemarketing que ligam incansavelmente
ofertando produtos de telefonia móvel. Entretanto usa linguagem carregada de
emoções de raiva redirecionada na violência verbal. Avista no visor do
smartphone o número de telemarketing e não atende.
Quando
atende à ligação quer barganhar o preço do plano da operadora, seja pré pago,
pós pago ou controle. Reivindica o melhor sinal da operadora de telefonia,
porém reside numa localidade com baixo sinal de telecomunicação. Será que o
senhor é responsável nesta desordem de que tanto se queixa e comenta com os
outros?
Leitor
qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa? Para modificarmo-nos,
é preciso olhar para dentro de nós mesmos, nos conhecer, saber quais são nossos
entristecimentos, insatisfações, contrariedades, dificuldades, limites,
possibilidades, alegrias, ou melhor, aquilo que nos faz bem ou mal.
A
partir daí, poderemos saber qual é a nossa atribuição diante de tudo o que nos
aconteceu e o que nos advém diariamente. Somente assim, poderemos enxergar com
clareza que o outro não tem culpa e não é responsável pelo nosso
descontentamento e que apenas através da busca constante, interminável e diária
é que seremos de fato afortunado.
Nós
somos responsáveis por nós mesmos e pelas nossas escolhas; e são elas que firmarão
quem realmente somos. Devemos aprender com o outro, tirar tudo de melhor das
relações que estabelecemos, mas nunca, em hipótese alguma, devemos culpá-lo por
algo que nós permitimos e pelas expectativas que elaboramos.
É
fato que somos seres de relações, e que sem elas não sobreviveríamos, porque
nós precisamos do contato para nos sentirmos pertencentes. No entanto, devemos
saber que o outro não veio ao mundo para atender nossas expectativas e realizar
os nossos anseios. Cada qual é responsável pela sua realidade.
Então,
o que o leitor tem feito por si mesmo? O senhor é vítima ou autor da própria
história? Vosmecê vai permitir que as situações e os outros ajustem quem o
senhor é? Como vossemecê tem lidado com a sua autorresponsabilidade. Procure se
conhecer, faça algo de bom por vossa mercê, reflita sobre como o senhor tem
levado a sua vida, cobre-se menos, aceite-se como vosmecê é, saiba que todos
nós somos imperfeitos e humanos, se autoavalie, conheça seus limites e
possibilidades e acima de tudo. [...] Em sua obra “Além do Princípio do
Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do
passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que
nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
A
vida é cheia de novas oportunidades, todos os dias, todas as horas, todos os
minutos aproveite todas as graças que lhe são dadas diariamente, aprenda com as
pessoas ao seu redor, tudo é motivo de crescimento e aprendizado somos
pequenos, estamos em constante construção e evolução, por que culpar e responsabilizar
o outro?
E
por que se culpar? Responsabilização não é sinônimo de culpabilização. Culpa corrói,
faz sofrer, machuca, adoece, envelhece, tira-nos a visão. Ela não é do outro,
mas também não é nossa. Se responsabilize, mas não se culpe. Perdoe a si mesmo,
e perdoe o outro.
O
outro não é o culpado pela sua infelicidade, independentemente do que ele tenha
feito. Se ele fez algo que o incomodou e que você acha errado, olhe para si e
veja se vossa mercê também não gostaria de ter feito como ele, mas não se
permite cometer uma ação que leve a magoá-lo, decepcioná-lo dentre outros.
Nós
é que criamos expectativas demais, e nos desiludimos na mesma proporção. O que
me incomoda no outro está mal resolvido em mim e desde crianças, vamos
guardando no nosso inconsciente traumas, culpas, mágoas, tristezas, fracassos e
desejos não realizados, os chamados recalques. E encerramos por meio do
mecanismo defesa projeção, projetando no outro sentimento que não conseguimos
lidar e nem aceitar como sendo nosso.
O
bairro ao qual o senhor reside lotado de infratores que aceleram as
motocicletas nos finais de semana, por entre as ruas que circulam os pedestres
e os infratores, regrados de músicas altas que subtraem a privacidade do
silêncio dos moradores. E com o uso exagerado de substâncias psicoativas fazem
manobras que colocam as vidas em riscos e dos moradores.
O
transporte coletivo superlotado, que percorre uma distância longa até o centro
da cidade com duração mínima de 60minutos por entre ruas e avenidas, causando
nos passageiros ansiedade, estresse. Deseja um bairro excelente, porém não
elege os candidatos segundo os valores éticos e morais. Como poder ser
percebido o seu dever na demanda da qual vosmecê se queixa?
Todas
as vezes que nos desequilibramos de alguma forma, um inquilino na nossa consciência,
chamado superego, nos impulsiona a resolver a contrariedade, para que possamos
ter de volta a paz interior. Acontece que esse cidadão só quer censurar e, como
não podemos nos permitir tudo o que desejamos, acabamos jogando esses assuntos
mal resolvidos no nosso inconsciente.
E
assim vamos pela vida, deixando de fazer o que realmente gostaríamos, seja por
preocupação com o que os outros vão pensar, seja pelos desejos não estarem de acordo
com o que nós estabelecemos como valores. Tudo que nos incomoda no outro está
mal resolvido em nós e não tem como fugir, embora tentamos por meio do
mecanismo defesa fuga, fugir da ansiedade, do comportamento inadequado do outro
dificilmente conseguimos.
O
modo de agir do outro é dele, a forma como reagimos ao outro é nossa, e diz
respeito sobre a nossa ação. Enquanto não aceitarmos que temos obscuridade para
converter em luz, iremos magoar as pessoas, desmanchar as nossas relações e nos
demolir.
O
outro não é o culpado pelo seu desgosto, independentemente do que ele tenha
feito. Se ele fez algo que o incomodou e
que vosmecê acha errado, olhe para si e veja se o senhor também não gostaria de
ter feito como ele, mas não se permite ou não tem coragem porque existe dentro
de vossemecê uma bussola moral chamada de superego que o censura. Pode
acontecer, pois muitas vezes chamamos o outro de invejoso, desonesto, grosso,
insensível. Estamos apontando o dedo para ele, e denegrindo a sua imagem.
O
psicólogo protesta quando não alcança a meta de clientes providos de moeda para
conservar-se atuando na clínica. Reprova as atitudes do cliente quando pede
desconto nos honorários. Lamenta-se por dar atenção no telefone a clientes
curiosos que só fazem pesquisa de preços das sessões de psicoterapia e não
contratam o psicólogo. Implora para dispor do sucesso do seu colega. Percebe as
vezes o cliente como uma criança que necessita de cuidados de um pai. E agora
qual é o critério na demanda da qual vosmecê psicólogo se queixa?
O
arbitramento não fala do outro, só afirma da gente. É extremamente trabalhoso
aceitar isso, porém é a única forma de começarmos a deslocar da hipocrisia, nos
olharmos e nos aceitarmos como imperfeitos para podermos melhorar. Não tem como
mudar o que não aceitamos, e, se não alterarmos, continuamos sofrendo desapontados
porque o outro não é o que gostaríamos que ele fosse.
A
nação tem pouca capacidade de suportar as frustrações que lhe são impostas. O
olhar para o passado expressa mágoa e rancor; a depressão, o desespero e a
desesperança são sinais que denunciam a imaturidade em lidar com as
experiências acumuladas. Ingratidão, outra manifestação muito comum que resulta
em destruição e agressividade.
Do
governante, figura eleita por todos, também por aqueles que não votaram nele e
que fazem parte do sistema democrático, não é esperado uma medida de
administrador, mas sim de um pai. Um pai que se submete a todas a exigências
dos filhos com o receio de perder o amor deles. Como isso não acontece, a birra
e a revolta continuam por meio do mecanismo defesa regressão por parte dos
eleitores indefesos. [...] Deslocamento, este mecanismo está relacionado
à sublimação e consiste em desviar o impulso de sua expressão direta. Nesse
caso, o impulso não muda de forma, mas é deslocado de seu alvo original para
outro. Exemplo, ao ser despedido de uma empresa, um funcionário leal sente raiva
e hostilidade pela forma como foi tratado, mas usualmente tem dificuldade de
expressar seus sentimentos de forma direta.
Ainda
bem distante do princípio da realidade, está sendo negado completamente que o
resultado dessa destruição irá acarretar, democraticamente, em sérias
consequências para todos. É culpa do governo, é culpa do meu chefe, é culpa do
fulano que não agiu dessa maneira ou de outra. Cruzar os braços e apenas indigitar
o dedo para encontrar culpados para as contrariedades, sejam de ordem pessoal
ou social é sem dúvida, muito mais prático e reconfortante.
Mas,
se responsabilizar, se informar, questionar valores e posturas comportamentais
pode ser incômodo e trabalhoso, mas é também libertador, porque agora você
assume as rédeas e a sua parcela de responsabilidade na desordem que tanto se
queixa, para poder quem sabe, organizar ao menos a sua parte nesse caos.
A
epidemia, ao ouvir essa palavra é comum utilizá-la imediatamente como
justificativa para grande parte das dificuldades e muitas vezes se conformar
por estar numa situação bem diferente da qual desejaria estar. Não deixa de ser
um momento caótico, mas ao mesmo tempo bastante confortável, dependendo da
ótica pela qual se enxerga e principalmente o modo como se posiciona frente a
isso.
Se
colocar numa situação dramática e de conformismo é um tanto quanto tentadora
nesses momentos. Mas, qual é a pestilência real? O desemprego no país, a crise
política? E isso tudo não é apenas um reflexo de uma sociedade que já se encontrava
em crise há muitos anos. Talvez esse seja o momento de transformar, de mudar
valores, quebrar tabus e conceitos deturpados, talvez essa seja a verdadeira estagnação
que tanto incomoda.
Porém,
e esse incômodo, ele serve para uma real transformação ou apenas para apontar
culpados. Como dizia Freud, qual a sua responsabilidade na desordem pela qual
você se queixa? Essa pergunta é totalmente relevante para entender o porquê da
situação que vivemos. No entanto, se perguntarmos às pessoas como elas enxergam
a incerteza, a maioria acredita que é sempre algo criado por outros, pela qual
que não se tem responsabilidade e que somos completamente impotentes.
Que
tal começar se questionando sobre a sua própria vida, sobre as suas questões e
escolhas pessoais. Como vassuncê lida com os seus problemas, como tenta evoluir
através deles? Você apenas senta, reclama e espera alguém os levar? Ou escolhe
ser o responsável pelas perdas e ganhos, pelas falhas e acertos?
Colegas
de psicologia reclamam nas redes sociais que a universidade não ensina a
empreender em psicologia, mas não observa que para se tornar um empreendedor
deverá fazer um curso de empreendedorismo em alguma instituição renomada. E se
o curso de empreendedorismo fizer parte da grade curricular de psicologia, o
curso de psicologia deixa de ser percebido como ciência, pois a ciência não é
para ser empreendida como negócio particular. Pois é, qual o seu discernimento
na demanda da qual o senhor se queixa da falta de empreendedorismo no curso de
psicologia?
Mas,
além de ser considerado o responsável pelo desemprego, é atribuído ao governo o
poder de modificar esta situação. Existem causas do desemprego como, crises
internacionais; cenário político instável; aumento da população economicamente
ativa; automatização da mão de obra; crescimento de trabalhos informais; falta
de qualificação.
A
diminuição do poder aquisitivo do brasileiro, o que o obriga a consumir menos e
reduzir a circulação de dinheiro no país; substituição de mão de obra por
máquinas; baixa capacitação da população [o que é agravado quando os habitantes
não têm acesso a uma educação pública de qualidade].
Com
o desemprego aumenta os problemas relacionados com a saúde física e mental do
trabalhador, fazendo com que se acentue a procura pelos serviços profissionais
ligados a esta área. Também há comprovação de que a violência e o crime, de um
modo geral, estão diretamente relacionados com o desemprego.
O
desemprego estrutural é a falta de trabalho que tem como principais causas as
mudanças estruturais na economia. Essas alterações podem ser novas tecnologias
nos processos produtivos, novos padrões de consumo, transformação nos modelos
de negócio, entre outros fatores que impactam o mercado.
Caso
se confirme o cenário recessivo, o desemprego deve se elevar, com aumento da
subocupação do trabalho na economia, a qual já supera 20% da força de trabalho.
Essa economia mais fraca é culpa em grande parte dos juros que estão subindo,
dizem economistas.
Enquanto
não percebermos qual é a nossa responsabilidade nos problemas e desilusões pelas
quais estamos passando, nada irá mudar. E isso não engloba apenas avistar para
o próprio abatimento, contudo sim enxergar em um âmbito muito mais amplo que
inclui também o seu papel na sociedade.
A
pandemia pode ser algo que nos ajuda a transformar valores ultrapassados para
podermos construir novos conceitos e atitudes mais éticas e humanas. Talvez o
que chamamos de pandemia, seja um recomeço, um momento de mudanças
significativas, em todos os setores, seja sua própria epidemia financeira, o
contágio no seu relacionamento, a crise no seu trabalho, o flagelo na sua
família, o surto no seu país.
E
nós, sabemos cumprir deveres ou apenas queremos ganhar os nossos direitos no
grito? Vivemos com retidão ou apenas reclamamos da política e não perdemos a
oportunidade de levar alguma vantagem? Temos pesos e medidas iguais para nós e
para os outros? Vivemos o que pregamos e valorizamos o que conquistamos?
Somos
todos responsáveis pelas desordens das quais nos queixamos, pela desordem da
qual vivemos e sabemos que não são poucas. Sejam de ordem pessoal ou não,
alguma coisa podemos fazer para mudar o que desagrada, o que incomoda, o que
está aguardando para ser transformado.
Eu
não sei vossemecê, mas, muitas vezes, eu me observo pensando em qual é o meu
cuidado na inalteração e/ou divulgação de pensamentos e posturas que eu mesmo censuro
[considerado o pai da psicanálise, Freud já indagava: Qual é a sua
responsabilidade na desordem da qual você se queixa?]
Será
que estou sendo coerente com aquilo que escrevo, menciono e posto por aí? Será
que as minhas atitudes estão mesmo alinhadas ao meu discurso. Acontece muito
isso, já notou. Vassuncê defende que os indivíduos se vistam como quiserem, que
namorem com quem quiserem, que façam o que bem entenderem com a própria vida, entretanto,
quando elas efetivamente colocam a autenticidade em prática, o senhor é o
primeiro a julgar e a criticar [mesmo que não diga].
Vossa
mercê condena quem fura fila no caixa eletrônico ou se aproveita disso e
daquilo para conseguir alguma vantagem, mas, quando é com você, não tem
problema, não é mesmo. Porque, o senhor pode. Você reclama que as operadoras de
internet não cumprem com os compromissos que assumem, mas já parou para
analisar se você tem realmente cumprido com os seus? Ou ainda critica até mesmo
Deus, pela demora em socorrer o senhor em certa situação.
O
senhor dá calote. Fala mal dos outros. Gosta de levar vantagem. Sonega imposto
de renda. Mente quando precisa. Não responde e-mail. Não retorna ligação. Não
avisa que não vai poder ir e dá bolo nas pessoas. Quer sempre desconto no
serviço alheio, mas acha um absurdo quando pedem desconto para o seu.
Se
aproveita do fato de ser amigo de Fulano, conhecido de Ciclano, ter isso e
aquilo para conseguir alguma coisa. E no domingo vai a igreja confessar as
transgressões e postular mais desejos perante o criador. Atuando como autômato
na compulsão a repetição na inobservância dos comportamentos.
Quer curtidas e comentários nas suas
postagens, mas não curte e não comenta as de ninguém. Quer que as pessoas
divulguem os seus serviços/produtos, mas, quando é para você divulgar, se faz de
bobo. Menciona que detesta desculpas, mas sempre inventa uma para não ir a
algum lugar ou não fazer alguma coisa. Quer ajudar as pessoas com a psicologia,
contudo não abre agenda com gratuidade.
Articula
que é contra o preconceito, que o preconceito é um absurdo e coisa e tal, entretanto,
torce o nariz quando avista fotos ou presencia cenas de afeto entre pessoas do
mesmo sexo. Faz piadinhas racistas só pra descontrair. Classifica o homem como
machista e superficial, todavia, quando olha um rapaz bonitão com alguém fora
do padrão de beleza do senso comum [quem foi que inventou esses padrões, aí meu
Deus], diz coisas do tipo, ela é muita areia para o caminhãozinho dele. [...]Mecanismo
defeso regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um
modo de expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a
ansiedade escapando do pensamento realístico para comportamentos que, em anos
anteriores, reduziram a ansiedade.
Dispõe
de um superego carregado de moralidade que censura a atriz de novela mais velha
que namora o rapaz mais novo. Faz mexerico da vida alheia, quando diz que odeia
quem se intromete na sua. Qual é a parte que lhe cabe nisso tudo. Qual é a sua responsabilidade na desordem da
qual o senhor se queixa? Será que vosmecê, não está contribuindo para a conservação
de uma matriz que vossemecê vive criticando por aí, só para fazer bonito.
É
muito fácil disparar calunia no vizinho quando se apercebe como perfeito. Muito
fácil criticar e indicar o dedo na cara do outro quando, para os seus próprios
erros, vossa mercê cerra os olhos. Ou quando vossemecê responsabiliza as
pessoas por escolhas que, você sabe, são suas escolhas. Foi vassuncê quem fez,
não foi!
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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