Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo convoca o leit@r a perceber o fenômeno o desadormecer
desenfreado pela psicologia no interesse de cuidar da saúde emocional induzido
pelo agente coronavírus. Com a chegada do agente covid-19 a psicologia ficou
exposta de tal maneira que aumentou a procura por profissionais da saúde. O
isolamento antes percebido como algo ruim, pode ser descoberto como algo bom
que incentivou a busca por psicólogos na sociedade. O isolamento social trouxe
consigo as mazelas emocionais que a pessoa negligenciava em cuidar no
cotidiano, na família, nas organizações.
O
individuo se enxerga obrigado a demover-se do estado de sono para o
desadormecer, digo, interromper o sono e acordar para defrontar-se com sua
realidade as emoções. Em outras palavras, o sujeito desloca-se do estado de
inconsciente [sono] para assumir conscientemente a responsabilidade de encarar
as emoções e incômodos originados pelo isolamento social por medo de contrair o
convid-19 e falecer. E trouxe junto o fenômeno religioso acordar na intenção de
cuidar do espírito.
Percebemos
o fenômeno, o despertar desenfreado pela psicologia provocado pela pandemia,
que obrigou o sujeito a acordar e investir o papel moeda na psicologia para
cuidar da saúde mental. Em consequência seus valores culturais mudaram,
passando a dar prioridade as emoções. O sujeito guarnecido de dinheiro que não
sofreu perda financeira ou pouca perda, a tendência é de permanecer contratando
psicólogos, após o termino da pandemia.
Entretanto
o sujeito que não dispõe de recurso econômico, digo não logrou contratar um
psicólogo no período de pandemia, efetivamente permanecerá não contratando
serviços psicológicos pela falta de papel moeda em sua vida, dado que não houve
alteração de mudança comportamental que contribuísse para enxergar a falta da
psicologia em sua vida. Mas, esse mesmo indivíduo pode ter sido influenciado
por um grupo, amigos ao seu redor destituídos de moeda ou familiares a inquerir
a religião na tentativa de cuidar da saúde mental e espiritual.
Na
história deste sujeito a falta de dinheiro é um fator que o impede de acessar
os serviços psicológicos, com isto seus valores culturais, seus comportamentos,
suas crenças permanecem as mesmas e não podem ser modificadas, desconstruídas.
E
com a vacina capaz de criar imunização no indivíduo contra o vírus e também com
o deslocamento do isolamento para vida cotidiana a tendência é que a psicologia
regresse para os moldes antigos, baixando a procura por psicólogos ou ainda é
capaz de ter um avanço na sociedade por psicólogos devido a mudança no juízo de
valor ocasionada pelo covid-19 sobrevinda aos indivíduos guarnecidos de
economias.
Os
cidadãos desfavorecidos da moeda conservam-se não buscando por psicólogos,
contudo podem até mudar de pensamento e procurar por psicólogos que os
desobriguem do pagamento correndo o risco de não os achar de pronto, entrando
numa fila para serem acolhidos num prazo longo, o que induz a desistir do
processo de psicologia.
Mas
também existe o público favorecido da moeda que não tem o senso de urgência
para cuidar da saúde mental. E todos esses comportamentos fazem parte da
cultura que o indivíduo internalizou na sociedade, na família, na escola, no
colégio, na organização, na universidade e apronta reproduzindo de modo
inconsciente os comportamentos.
Como
existem indivíduos resistentes a mudança na sociedade por livre espontaneidade,
surge agentes biológicos que forçam involuntariamente a alterar os
comportamentos para que consigam se adaptar e conservar a vida. E demover-se de
uma condição psicológica para outra. [...] Freud no seu texto “Recordar
repetir e elaborar” (1914), texto esse em que começa a pensar a questão da
compulsão à repetição, fala do repetir enquanto transferência do passado
esquecido dentro de nós. Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto
mais, quanto maior for a resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou
o desprazer que esse passado recalcado desperta em nós.
Geralmente,
a distância de poder aquisitivo refere-se às formas como o poder, o bem estar e
prestígio são distribuídos por uma cultura. Numa cultura que tenha um poder
aquisitivo elevado, esses fatores são altamente concentrados em poucos membros
da sociedade. Em uma cultura com economias reduzida, este fator é considerado
uma variável cultural crítica que dificulta a contratação de serviços
psicológicos para cuidar da saúde mental.
As
vezes para que o indivíduo consuma a psicologia ele precisa sofrer angustia, ter
medo de falecer, ter alguns percalços e incômodos na vida, oriundos de
terceiros como pessoas, trabalho, agentes biológicos, escassez de algo,
ascender outra classe social dissemelhante da sua, elevar-se em status social e
financeiro. Cada classe social atribui um valor cultural a psicologia, os
valores são discordante na percepção e compreensão. [...] Esse medo
marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será experimentado como
desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação reconhecida,
lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Para
consumir determinado produto deve situar-se em outra classe social, que lhe
propicie criar o hábito e reproduzir o comportamento, visto que um produto é
mais valorizado numa classe do que em outra, exemplo a psicologia é mais valorada
na classe alta do que na classe baixa em detrimento do poder aquisitivo.
A
psicologia influencia e molda o comportamento do consumidor relacionado ao
ambiente em que ele vive, molda as relações que as pessoas estabelecem e os
costumes que vão adquirindo.
Partindo
de uma análise, o sujeito é capaz de observar que muitas das suas preferências
por certos produtos ou serviços prestados, seja de psicologia, advocacia,
medicina, nutrição, oftalmologia, supermercado é resultado do meio ambiente ou classe
social em que ele vive ou prontamente viveu e isto está relacionado a classe
social que a pessoa está inserida, seja baixa, média ou alta.
Cultura
é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral,
a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo
homem como membro da sociedade. Melhor dizendo, é toda forma de criação e
tradição criada exclusivamente pelo homem, que ao contrário dos demais animais,
possuem racionalidade e consegue discernir o certo do errado, moral do amoral,
ético do antiético, podendo ir até mesmo contra seus extintos.
A
percepção individual do mundo é influenciada pelo grupo, a sociedade gosta de
fazer parte de pequenas tribos, nelas muitas vezes eles se sentem acolhidos ou
encaixados. Aquilo que o grupo [rede social, amigos, família, organização]
aprova ou valoriza [arte, moda, psicologia] tende a ser selecionado na
percepção pessoal.
O
agente covid-19 surgiu com a intenção de alterar a cultura preconceituosa e antiquada
do não cuidado com a saúde mental, modificando a cultura antiga para a nova
cultura do quanto é primordial cuidar da saúde mental. O acesso a psicologia,
aos serviços psicológicos para algumas pessoas tem grande relevância. Quando
bem trabalhada a cultura do cuidar da saúde mental pode se tornar algo que faça
parte da vida e do cotidiano do todo. [...] Em sua obra “Além do
Princípio do Prazer” (1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também
rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer
e que nunca, mesmo há longo tempo, trouxeram.
O
vírus possibilitou a mudança de percepção distorcida ante a uma cultura
machista e preconceituosa contra a psicologia com tendência a desvalorização
dos acolhimentos psicológicos pagos e desobrigados de pagamento. Com isto
oportunizou a perseguição desenfreada pelos cuidados emocionais.
Essa
preferência é reflexo do seu convívio familiar, da sua profissão, do seu
ambiente de trabalho, das suas relações com os amigos nas redes sociais, das
suas crenças religiosas e assim por diante.
O
covid-19 foi importante fator de influência no hábito de consumo da psicologia
e a medida que modifica esse comportamento, de certo modo, também altera o que
as pessoas passam a comprar/ e ou contratar, moda, arte, alimentos, psicólogos,
médicos, por exemplo. Produtos como o psicólogo que não era consumido com
frequência em dado período antes da pandemia, nos dias de hoje passam a ser
absorvidos pelo consumidor com maior frequência devido a mudança de valor
cultural.
Contatamos
que a pandemia que influenciou o isolamento social, a psicologia foi contratada
com maior frequência em função dos comportamentos propiciados pelo isolamento
social. Mas, não significa que o fenômeno despertar para a psicologia, sinalize
que os consumidores continuam a absorver a psicologia remunerada com a mesma voracidade
entre 2019 e 2022. Talvez uma parcela da população favorecida do papel moeda
mante-se ostentando a psicologia em seu favor de 2022 em diante.
Notamos
que a população não absorve a psicologia como deveria monopolizar ao
encontrarmos psicólogos escasso de prospectos restituídos no consultório, porém
na clínica repletos de clientes desobrigados do pagamento. Depreendemos que a
covid-19 influenciou na percepção, crença e valor cultural do cliente ao
avistar a psicologia com valor cultural influenciando no hábito de consumir a
psicologia com o estímulo de melhorar a sua qualidade de vida emocional.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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