Ano 2023. Escrito por Ayrton Junior Psicólogo CRP 06/147208
O
presente artigo chama a atenção do leit@r a interpretar o lugar que ocupa o psicólogo
dentro do cenário que tem a aparência e dá mostras que se encontra em
determinado momento repleto de erros e inadequados. Ao observar a sua realidade
não condiz com a realidade atual manifestada através da mídia, noticiários e
informações que circulam nas redes sociais advindas de colegas de profissão bem
sucedidos.
Quando
tudo parece estar errado, isto significa, apesar de desejar algo ardentemente o
psicólogo encontra-se num dado estado comportando-se de modo a não revelar uma
situação embaraçosa ou sujeita a preconceito social em que há erros. E em
realidade quando tudo parece estar errado, nossa percepção de oportunidades e
coisas boas passam totalmente desapercebidas. Isso não é algo proposital, isso
se deve ao efeito do stress que é produzido e por este motivo, nada assemelha estar
acontecendo de bom.
E
perante isto mante-se pensando que os clientes não compareceram à sua presença porque
cometeu erros ou ainda que foi induzido em erros. Representa-se no entendimento
do psicólogo o juízo de valor a opinião sobre o assunto não conseguir
prospectar clientes pagos que se desvela refletida de erros. A história de
prospecção deste psicólogo aos olhos de outras pessoas assemelha estar errado,
quando comparada com os colegas de sucesso.
Mas
apenas é parecido, isto é, semelhante a um erro. Porque o psicólogo já fez uso
de todos os meios disponíveis para prospecção de prospectos pagos nas redes
sociais e ainda assim, permanece faltoso de clientes pagos no consultório. O
que dá a impressão de cometer erro em algum ponto que não foi lhe descortinado
até o presente.
Pois
ao comparar-se com outros colegas, será impossível tomar conhecimento do porquê
tudo parece estar errado. Como não obtêm os mesmos resultados satisfatórios que
os outros colegas ao aplicar a mesma metodologia aprendida de outros colegas.
Permanece inserido reproduzindo os mesmos comportamentos nas mesmas redes
sociais embora sem êxitos, sinalizando que tudo assemelha a decisões ou
respostas incorretas.
Os
comportamentos para prospecção não correspondem à verdade, aparentam engano
apontando que a apreciação ou julgamento está em desacordo com a realidade
observada sobre a ausência de prospectos. Um juízo falso, ou por outra, uma
opinião que não é verdadeira fundamenta na experiência de outros colegas de
profissão bem sucedidos.
O
sentimento de que tudo está dando errado. E, talvez, pior, de que não há
esperança, de que é melhor não competir, isto é, disputar por clientes. O
objetivo não é falarmos de fracasso ou sorte [ou outro rótulo diagnóstico], mas
sim discutirmos o que podemos pensar e fazer quando enfrentamos tais situações.
Primeiro, é importante notar que fazemos generalizações. Quando dizemos, tudo
está dando errado estamos criando uma ideia total, geral, que não é verdadeira.
Isto porque estamos acionando de modo inconsciente o mecanismo de defesa da
generalização.
Ou
através da Gestalt que sinaliza que o todo é composto de partes, digo, as
partes compõem o todo. Exemplo, o consultório é constituído de partes de
representações como clientes, moeda de papel, o psicólogo que faz a aplicação do
saber em psicologia, localização do consultório, espaço físico confortável,
internet, água, luz, ar condicionado, anuidade do CRP e outros. A partir do
momento que falta a parte representativa prioritária que é o cliente as demais
partes sofrem efeito dominó.
O
consultório passa a ser notado como tudo parece estar errado. Uma vez que o
psicólogo sofrerá o efeito da falta de recursos econômicos para pagar a energia
elétrica, a sublocação do espaço físico, a internet, a água, o ar condicionado,
a anuidade do CRP. Estará impedido de aplicar e praticar o saber adquirido ao
longo de cinco anos decretando de imediato a falência do consultório.
De
acordo com a Gestalt o consultório é o todo composto de partes mencionadas
acima. Apesar da ausência de prospectos o consultório representa no
entendimento do psicólogo a falta de meios, a penúria e observa sem ser visto
desconhecendo a situação difícil e embaraçosa.
O
indivíduo coloca no coletivo suas questões internas. Observação, para não
termos que encarar nossas imperfeições generalizamos esse ponto nas outras
pessoas, nas outras situações para torná-la mais leve e assim não sofremos com
a própria imperfeição, por exemplo, quando enxergo que não consigo clientes
pagos, então digo que os outros colegas também não conseguem e dessa forma
abrando minha própria ausência de clientes e não faço a mudança necessária. [...]
Esse medo marcará nossa memória, de forma desprazerosa, e será
experimentado como desamparo, “portanto uma situação de perigo é uma situação
reconhecida, lembrada e esperada de desamparo” (Freud, 2006, p.162).
Neste
caso por entre o mecanismo defesa projeção, acaba projetando a falta de não
conseguir cliente pago atribuindo a falha ao outro como se o erro também fosse
do outro. Outra forma de generalização muito comum, que aprendemos a usar quando
estamos faltos de clientes pagos, por exemplo ao nos sentirmos desprovido, quer
dizer, carecido de recursos econômicos, podemos generalizar dizendo que todos
os colegas de profissão estão desprevenidos da moeda papel, dessa forma fica
mais fácil controlar a vida e evitar sofrer novamente. Outra forma é quando não
admitimos algumas falhas genéricas [sou egoísta, orgulhoso…] não assumimos
nossas falhas individuais e dessa forma não temos que nos enfrentar e
transformar.
Pode
até parecer real ou verdade, mas se formos analisar de perto, em detalhes,
veremos que é uma mentira. Digamos que estamos com impasses em um
relacionamento e contrariedades no trabalho. Dificuldades em mais de uma área
podem suscitar a ideia generalizadora. Ora, porém, podemos ver que outras áreas
não estão afetadas, continuamos respirando, o coração continua batendo, os
sentidos estão disponíveis dentre outros. A análise a que chegamos, então, é de
que exageramos.
O
que não está dando certo, o que está com imperfeição é apenas uma parte das
nossas vivências. E no caso do psicólogo faltoso de clientes pagos, o incomodo
é refletido nas mais diversas áreas de sua vida. Contudo no domínio da escrita
tudo parecer estar bem para este psicólogo que escreve neste momento. Pois
expressa na linguagem escrita carregada de emoções o contrário de quando tudo
parece estar errado. Extrapolar e dizer que é tudo é uma hipérbole, portanto. É
comum sentir a falta, sentir a inadequação, o impedimento e desanimar.
Um
jeito simples de mudar este desânimo é descortinar por outro ângulo. Não damos
valor até perdermos, certo? Se estamos com saúde, estamos com saúde, embora não
comemoramos isto todas as manhãs. Se perdermos a saúde, vamos reclamar que
estamos doentes. Não se trata de uma questão de pessimismo ou otimismo, mas de distinguir
as coisas como elas são. Claro, alguma coisa pode dar errado aqui e ali, mas e
o restante? Não está tudo bem?
Apesar
disto infelizmente, nem sempre as coisas saem como planejamos e é normal que,
mesmo com toda a animação dos primeiros dias de janeiro, tenhamos incertezas ao
longo dos meses que vêm a seguir. Afinal, a vida é feita de triunfo e malogros.
São poucas as vezes em que mudanças sérias ocorrem de forma planejada e
tranquila. Em geral, a vida nos apresenta investidas que se transformam em
verdadeiras aprendizagens.
Ela
nos tira alguma coisa para nos dar algo ainda mais importante. Isso nos deixa desguarnecido,
para, em seguida, ser preenchido com algo novo. As mudanças nos fazem crescer,
melhorar, nos tornam mais fortes para empenhar-se e vencer. A capacidade de
relaxar não é menos importante do que a capacidade de se esforçar no momento
decisivo. Deixe ir embora a situação que não está indo de acordo com as suas
expectativas, solte seus nós internos e aceite a realidade como ela é.
Existe
um conceito em psicologia comportamental chamado de desamparo aprendido, ou em
outras palavras, a falta de meios para lograr algo. A ideia atrás do desamparo
aprendido é quando um organismo, através de sucessivas respostas do seu meio
ambiente, aprende que, independentemente do comportamento que tiver, a
resposta, a consequência obtida será insuficiente ou negativa. Exemplo, um
psicólogo inserido no seu meio rede social e não consegue prospectos pagos
acaba aprendendo que independente do comportamento que tiver, a resposta
mediante o post como consequência obtida será insuficiente e negativa.
Imagine
um psicólogo que, na rede social, independente de postar conteúdo ou não, de se
esforçar ou não, e de tentar de vários modos de prospecção, sempre teve
respostas negativas por parte dos usuários e sempre recebeu feedback negativo.
Ou seja, não importa o que fizesse, esse psicólogo sempre tinha para si
consequências negativas, punitivas, estressantes. Com o tempo, ele aprende que,
não importa o que ele faça, ele não terá nenhuma resposta positiva,
construtiva, reforçadora. Com isto, ele começa a deixar de fazer a prospecção
de prospectos e abandona toda e qualquer tentativa.
Ou
pode ser que você tenha perdido alguma outra coisa que era muito importante
para você. Como uma pessoa querida, um animal de estimação, uma posição
profissional. Outras vezes sofremos derrotas esmagadoras que nos colocam lá em
baixo. Aceite que as dificuldades fazem parte da vida. Temos um hábito de criar
planos e criar na nossa consciência um mundo ideal. Um mundo de como devem ser
as coisas, como saúde, vida financeira confortável, família perfeita, carreira
de sucesso e outros. Cada uma cria o seu mundo ideal.
Então
quando surge uma complicação que causa um desvio no plano é motivo de
desespero. Mas a verdade é que a vida não é assim perfeita. A maior parte do
tempo ela é imperfeita. Raros são os momentos em que tudo parece estar certo.
Se é assim, melhor aceitar as imperfeições do que as resistir. Saber que isso
faz parte e superar os desafios que a vida apresenta. Algumas pessoas preferem
encher a cara de álcool, drogas ou comida. Outras ficam chorando, reclamando e
não saem da negatividade. Não faça isso. Tenha força emocional. Não deixe os
obstáculos derrubarem você. Reerga-se e continue empenhando-se. Ainda tem muito
pela frente. [...] Freud no seu texto “Recordar repetir e elaborar”
(1914), texto esse em que começa a pensar a questão da compulsão à repetição,
fala do repetir enquanto transferência do passado esquecido dentro de nós.
Agimos o que não pudemos recordar, e agimos tanto mais, quanto maior for a
resistência a recordar, quanto maior for a angústia ou o desprazer que esse
passado recalcado desperta em nós.
Esta
não é a primeira vez que você passa por dificuldades. Já aconteceu antes e você
superou. Ficou mais forte. Use essa força para superar mais esta e ficar ainda
mais forte que antes. Lembrar do que superamos no passado nos traz coragem para
vencer o que se apresenta no momento. Você sobreviveu antes e vai sobreviver
agora de novo. É experiência que você está ganhando. Aborrecimentos fazem parte
da vida de todos. Cada um carrega a sua carga.
Certamente
a sua não é a maior que existe. É só olhar para o lado para perceber. Tem gente
que não sabe sequer ler nem escrever. Tem gente que tem sérios inconvenientes de
saúde extremamente debilitantes. A dor faz parte do crescimento. Não é que o
universo esteja contra você. Ele está enviando este desafio para você se
desenvolver. Ninguém se desenvolve quando está em sua zona de conforto.
Pensar
de forma otimista e com realismo é um excelente começo, mas sozinho não
resolve. Você precisa tomar uma atitude para resolver os incômodos que
surgiram. Defronte com um incidente por vez. Quando o mundo desaba iguala que
não sabemos por onde começar. Mas, é preciso encontrar esse novo começo e
começar por aí. Fazendo os ajustes ao longo do caminho.
Entenda
essa natureza cíclica da vida. Pode ser que agora às coisas não estejam tão
bem. Mas, mais à frente vão ficar. Vai passar. Olhe para alguns anos atrás. Os inconvenientes
que você tem agora são exatamente os mesmos que tinha naquela época?
Provavelmente não. Os problemas não são permanentes.
Assim
como você já teve problemas no passado que não existem mais, os seus problemas
atuais também vão deixar de ser um problema mais à frente. Tudo na vida é
passageiro. Se você acha que não consegue resolver a dificuldade só, lembre-se
que pode pedir ajuda. Um amigo, um pastor ou Deus, um padre, um familiar ou até
ajuda profissional de profissionais especializados como um coach, orientador de
carreira, psicólogo ou psiquiatra dependendo do caso.
As
pessoas à nossa volta começam a nos aconselhar e dizer o que devemos e não
devemos fazer, e mesmo sabendo que todas elas têm a intenção de ajudar, de
certa forma se torna tão complicado que as vezes [ou muitas vezes], ficamos com
vontade de pegar a mala e sumir a pé. Mesmo em situações adversas, precisamos
compreender que momentos bons e ruins acontecem na vida de todos.
Porém
a boa notícia é que muitas pessoas passaram por problemas semelhantes, maiores
ou um pouco menores, e elas não permaneceram nessa situação permanentemente.
Pensar dessa forma irá nos possibilitar enxergar a situação de uma forma
diferente. Se pressentir a realidade como algo ruim somente é capaz de produzir
sentimentos e ações que vão prejudicar, mudar essa percepção com certeza, por
menor que seja, poderá produzir um efeito que antes esteve negligenciada.
Entender
dentro dessa realidade o que está no meu controle e aquilo que não está no meu
controle irá produzir uma visão e compreensão, onde se deve por atenção
seletiva e dispor de energia. Exemplo, está no seu controle ativo apenas postar
anúncios para prospecção de clientes pagos nas redes sociais, contudo não está
no seu controle receptivo o desejo do cliente pela contratação dos seus
serviços de psicologia.
Existe
o livre alvedrio do prospecto exercido em todos os momentos desde o momento que
ele avista o post até a contratação ou não. E neste ponto alguns psicólogos
agem como se fossem deuses, melhor dizendo, inconscientemente anseiam em
manipular de modo consciente o livre arbítrio do prospecto para gerar
faturamento no consultório.
Muitas
vezes, pela falta desse conhecimento gastamos todas as energias que temos
naquilo que não se pode mudar, e quando isso acontece nos sentimos totalmente
cansados emocionalmente e fisicamente. Por esta razão e entendendo a
importância de dispor energia destacada naquilo que se está no controle, fazer
uma lista daquilo que está e não se está no controle é de suma importância.
A
boa notícia é que coisas boas sempre acontecem, e relacionar essas coisas boas
tem um poder gigante de potencializar características positivas e nos elevar na
percepção de oportunidade, criatividade e muito outras. Como seria você em uma
reunião, entrevista, ou qualquer outra situação onde seu stress está elevado e
sua percepção de que nada bom acontece, qual seria o seu resultado?
O
que está fazendo as coisas darem errado? São aspectos que dependem de mim? Ou o
fato de que algumas coisas aconteceram está além do meu controle? A primeira
coisa que farei é reservar um tempo, farei uma pausa para refletir sobre o que
aconteceu e esclarecer o que motivou essa concatenação de eventos negativos.
Devo
aceitar que existem aspectos que estão realmente além do meu controle, que não
dependem de mim. Há momentos difíceis, em que certas coisas não nos fazem bem.
Eu as assumo e, dentro dessa complexidade atual, procuro tomar novas decisões. Também
é necessário que eu me atente para a qualidade dos meus pensamentos. Estou
aplicando um filtro negativo à minha realidade? Eu me concentro excessivamente
apenas no que está dando errado?
Indago
as minhas emoções. O que estou sentindo? Há quanto tempo sinto essa frustração
ou apatia? Talvez o fato de tudo dar errado esteja enraizado no meu estado de
espírito. Posso precisar de ajuda, e esta é a área real na qual devo colocar a
minha atenção seletiva. [...] Em sua obra “Além do Princípio do Prazer”
(1920, p.34), Freud afirma: a compulsão a repetição também rememora do passado
experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo
há longo tempo, trouxeram.
Digamos
que estamos com queixas em um relacionamento e contrariedades no trabalho. Sem
o perdão a vida se torna inviável, pois é impossível viver carregando lixo
emocional, visto que este é altamente tóxico para nossa saúde física e
psíquica.
O
rancor, a mágoa, o ódio, o ressentimento e a falta de perdão são energias
estagnadoras que impedem nosso progresso e prosperidade. O perdão é a fonte da
transmutação do ser, da conexão com o eu divino. Deste modo, perdoar a quem nos
prejudicou não é somente um ato de benevolência para com o outro, apesar de
sobretudo ser uma atitude de inteligência para conosco, embora não seja um
processo fácil. Mas acredite, vale a pena.
Uma
vida de qualidade advém de bons sentimentos, de bem-estar e de completude.
Estes estados não apresentam afinidade com ressentimentos ou sentimento de
vingança. Descarregue os sentimentos ruins, perdoe, se alivie e siga em frente,
afinal de contas todos nós erramos. Como foi relatado anteriormente, devemos
ser proativos, ter atitude e sermos agentes de transformação das nossas
próprias experiencias. No entanto, em alguns aspetos, somos limitados.
Deste
modo, é necessário discernir entre o que podemos e devemos modificar e o que
não podemos sequer controlar. Não podemos controlar pessoas, não podemos
controlar prospecção de clientes pagos, algumas circunstâncias ou situações,
mas podemos modificar e controlar a nós mesmos. A partir de uma mudança de
disposição e de conduta, indiretamente as pessoas e circunstâncias também
mudarão ou não. Mantenha-se sempre motivado, agindo de acordo com os recursos
de que dispõe no momento, sejam econômicos ou emocionais.
Referência
Bibliográfica
FREUD,
A. O ego e os mecanismos de defesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal
Popular, 1968
FREUD,
S. (1920), "Além do princípio do prazer” In: FREUD. S. Obras completas de
S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XVIII.
FREUD,
S. (1996). Obras completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago. (1914).
"Recordar, repetir e elaborar ", v. XII
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